À QUEIMA-ROUPA / Edson de Castro
Presidente do Sindicato do Comércio Varejista (Sindivarejista)
O comércio está se recuperando depois do período de maior crise por conta da pandemia?
A recuperação é gradual, porém, real. Em sete meses de covid-19, pelo menos 850 estabelecimentos comerciais e 1.400 salas comerciais fecharam no DF, causando a demissão de mais de 10.250 pessoas. Sem falar nos 20 mil informais que perderam emprego. No Setor Comercial Sul, há pelo menos cinco edifícios vazios.
Qual é a solução para melhorar as vendas e gerar mais empregos e renda?
A saída passa pelo retorno ao trabalho presencial de funcionários de repartições do GDF, Executivo, Legislativo e Judiciário, além de embaixadas, que estão em home office. Estima-se que sejam mais de 320 mil pessoas no DF. Se 30% voltarem ao trabalho, teremos mais fluxo e consumo em shoppings e em lojas de entrequadras. De março até agora, as vendas caíram 60%. Um recorde negativo. Irrecuperável.
Acredita que empregados em trabalho presencial vão frequentar mais o comércio sem medo de contágio pelo novo coronavírus?
O comércio continuará respeitando as regras sanitárias que valem para trabalhadores e consumidores. O uso de máscaras faz parte do dia a dia da cidade. É uma nova cultura.
Abrir demais não acaba criando o risco de uma segunda onda de contaminação como está acontecendo na Europa?
Deve-se zelar pelo cumprimento de medidas sanitárias eficazes para o funcionamento do comércio. Os abusos ocorrem em festas, piscinas e nas águas do Lago Paranoá, o que é lamentável. A pandemia não acabou. Há riscos iminentes.
Existe alguma estatística sobre contaminação no comércio?
Não há, mas existe, sim, consciência em relação ao que deve ser feito para evitar uma segunda onda. A covid-19 está estabilizada e em queda no DF e em muitos estados.
Quem fiscaliza as medidas de segurança?
É o DF Legal, que substitui a Agefis. Os próprios donos de lojas também zelam pela segurança sanitária.
Vemos muitas lojas novas. A pandemia também abriu oportunidades?
Algumas empresas novas foram abertas porque as anteriores fecharam e isso abriu novas oportunidades de negócios e trabalho.
Quem cresceu mais?
Supermercados, padarias e farmácias. Confecções e calçados vêm se recuperando. A preocupação é com os estoques para o dia da criança, 12 de outubro, e para o Natal. As fábricas demoram 60 dias para entregar os pedidos. A matéria-prima está em falta. Será o primeiro Natal em que todos, inclusive o Papai Noel, estarão de máscaras porque as vacinas só virão em 2021.
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