Ricardo Vale: “Sem o Fundo Constitucional, instaura-se o caos do DF”

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Da coluna Eixo Capital, por Samanta Sallum

À Queima Roupa | Deputado distrital Ricardo Vale (PT)

A vice-presidência da Câmara Legislativa vai passar, em 2023, das mãos do Republicanos para as do PT, ou seja, da direita para a esquerda. O que isso significa na composição de forças da Casa?

Significa que teremos uma Câmara Legislativa mais equilibrada e democrática. Um representante do bloco de esquerda como Vice-Presidente será importante para harmonia e, consequentemente, a relação de respeito entre todos os deputados. Faremos uma gestão na Mesa Diretora com muita seriedade e transparência.

Como foi possível construir essa ampla aliança que vai conduzir o senhor e Wellington Luiz (MDB) ao comando do Legislativo local?

O principal articulador para essa construção foi o próprio dep. Wellington Luiz, que soube dialogar e construir uma grande maioria em torno de sua candidatura. Nós tivemos um papel importante também. Fomos o primeiro bloco a fechar com Welligton, após ouvir os três candidatos do MDB, que se colocaram para assumir a presidência naquele momento. Nosso bloco tem seis deputados e vai trabalhar muito por uma CLDF forte, respeitada e independente.

O PL de Bolsonaro e Flávia Arruda, por ter a maior bancada (quatro distritais), está sendo decisivo neste acordo?

Sim. Eles compreenderam a necessidade de construirmos uma Mesa e as comissões de forma plural, em atendimento à proporcionalidade partidária e ao pluralismo político da sociedade brasileira. Compreenderam também a importância de a oposição ficar com a Vice-Presidência e estão ajudando na formação das comissões para que todos os deputados sejam contemplados.

O senhor acha que no Legislativo local a polarização Lula/ Bolsonaro é menos agressiva?

Sim, muito menos. Até pelo perfil dos deputados eleitos. A gente se conhece. Temos divergências ideológicas, mas nos respeitamos. E, assim, devem ser sempre as relações políticas em todos os parlamentos. Respeito às diferenças, à diversidade e à nossa democracia.

Essa dobradinha MDB/PT vai imprimir que tipo de atuação no legislativo local?

Eu fui parlamentar juntamente com o Wellington em outra legislatura. Tenho ótima relação com os deputados Iolando, Hermeto e com outras lideranças do MDB no DF. Isso vai ajudar muito na execução do trabalho que faremos juntos na Casa, mas sabemos que todos os partidos e blocos parlamentares são e serão importantes para que a gente possa realizar um bom ritmo e trazer os resultados que a sociedade espera de nós. Não vamos, porém, nos afastar de nossas bandeiras, em especial continuaremos contrários à privatização de empresas estatais e engajados nas lutas pela inclusão social.

Como avalia a PEC apresentada pelo senador Randolfe, aliado de Lula, que acabava com o Fundo Constitucional do DF ?

Tenho profundo respeito e admiração pelo senador Randolfe Rodrigues, mas essa sugestão é um equívoco. Felizmente parece que já foi retirada. Apesar disso, creio necessário dizer que, sem o Fundo Constitucional, instaura-se o caos no Distrito Federal. A receita arrecadada com impostos locais jamais será suficiente para custear os inúmeros serviços públicos exigidos pela incumbência de ser a capital do País, muitos dos quais são destinados aos Poderes da República, às representações diplomáticas e a cidadãos de outras unidades da federação, em especial do Entorno. Não é justo que só os candangos assumam os custos dessas despesas.

Quais projetos o senhor avalia serem prioritários na pauta da Câmara para 2023?

Creio que a ordem do dia vai estar ocupada principalmente com as novas leis para o ordenamento, o uso e a ocupação do solo, como o PPCUB, o novo PDOT e, depois, uma nova LUOS e os planos de desenvolvimento local. Temos de nos ocupar também com a geração de emprego e renda, com a inclusão social, com o combate à fome e à miséria, com a preservação do meio ambiente e com os demais temas relacionados ao desenvolvimento social e ao desenvolvimento econômico sustentável.

E temos as demandas dos servidores públicos. O que o segmento pode esperar?

Os servidores públicos do Distrito Federal e suas pautas de reivindicações também deverão estar na agenda do Legislativo, pois estão com os salários congelados há cerca de oito anos. E a melhoria salarial dos servidores públicos é indispensável para impulsionar a economia local. Além da pauta do Poder Executivo, teremos de discutir e votar os projetos dos deputados, entre os quais o tarifa zero para os estudantes no transporte coletivo, facilitando-lhes o acesso ao esporte, à cultura, à educação e ao lazer.

Mariana Niederauer

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