Valdir Oliveira, do Sebrae-DF, defende privatização de empresas públicas

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<h5>Coluna Eixo Capital / Por Ana Maria Campos</h5>

Ex-secretário de Desenvolvimento Econômico do DF e superintendente do Sebrae-DF, Valdir Oliveira defendeu as privatizações no governo Rodrigo Rollemberg (PSB). A gestão do socialista, por questões políticas, não levou a questão adiante. Ele defende que é preciso seguir em frente nos processos, mas que o debate deve ser amplo. O processo de desestatização da CEB, por exemplo, foi acelerado pelo governo Ibaneis. “A opção por privatizar não pode e não deve ser uma resposta  emocional de quem quer que seja. Privatizar é decisão de gestão”, pondera.

Confira entrevista:

O senhor quebrou um tabu e defendeu privatização em um governo de esquerda, quando foi secretário de Desenvolvimento Econômico da administração Rollemberg. Agora a ideia surgiu como realidade, com a venda da CEB. Como você vê isso ?
Vejo que o debate sobre a privatização está amadurecendo na sociedade do Distrito Federal. Foi isso que defendi na época, que esse tabu fosse quebrado e que a sociedade decidisse o que é mais importante para ela, ser dona do serviço ou ter acesso a ele. A opção por privatizar não pode e não deve ser uma resposta emocional de quem quer que seja. Privatizar é decisão de gestão. O foco deve ser na melhoria dos serviços para a sociedade. A esquerda perdeu a oportunidade do protagonismo dessa mudança, prendendo-se a princípios do passado e a receio de fazer esse debate. O Estado tem de servir à sociedade, e não o contrário. Se a sociedade mudou, o Estado precisa mudar.

Falta debate?
Sim, ainda falta muito debate. A discussão concentra-se nos interesses políticos ou corporativos. Isso não é debate. Uns procuram defender os que sentem-se protegidos por ser a empresa estatal e outros usam da desqualificação do patrimônio para convencer que devemos nos desfazer do ativo público. A política se pauta pelo voto e a gestão pela necessidade. Prefiro a gestão, pois considero ser mais sensato e racional para a tomada dessa decisão. Entretanto, sem a política, esse debate não se viabiliza. Talvez, por isso, eu não tenha conseguido evoluir nesse debate quando fui secretário. A gestão mostrava a necessidade da privatização, mas a política não deixava o debate evoluir.

O processo está sendo conduzido de forma adequada?
Não conheço os detalhes do trabalho de avaliação da companhia nem os processos legais utilizados para essa privatização. O Presidente Edison Garcia nos mostrou alguns números que demonstram a inviabilidade da CEB Distribuição como empresa estatal, mesmo tendo um enorme potencial de mercado. Ele está muito seguro dessa decisão.

Essa divergência com Rollemberg atrapalha sua relação com ele?
Não. Não é porque fui secretário do governador Rollemberg que partilhamos e concordamos em todos os campos. Temos divergências em vários pontos, mas respeitamos democraticamente o debate. O governador Rollemberg nunca me impediu de fazer esse debate na época. Apesar das divergências, ele sempre ouviu os meus argumentos e me deixou debater. Porém, a posição política do governo era contrária à tese. Acho que o governo perdeu a oportunidade, na época, de fazer o que era necessário. A agenda política não permitiu.

A posição ideológica prejudica o debate?
Prejudica muito. A posição ideológica impede o verdadeiro debate, porque o reduz ao interesse do voto, à visão míope do Estado.

Existe defesa de privilégios para funcionários?
O empregado que colocar a dependência de seu emprego na natureza jurídica do empregador, se público ou privado, já perdeu o emprego há muito tempo e não sabe. A relação empregado/empregador deve ser pautada pelo resultado que a empresa apresenta e não pelo interesse político da corporação. Com a gestão privada, certamente o princípio que norteia a relação de hoje mudará.

Qual vai ser o benefício para a população?
A expectativa é que a entrada de novos recursos para investimento e a melhoria da eficiência trará a ampliação e melhoria no atendimento. Sendo assim, a sociedade ganhará. É bom lembrar da privatização da telefonia no Brasil. Minha única preocupação é o fato de ser monopólio. Nenhum monopólio é saudável para a economia, nem o público, nem o privado. Sem concorrência, precisamos ter uma regulamentação forte do Estado para evitar que o interesse privado inviabilize o atendimento da sociedade.

Acha que outras empresas deveriam seguir o mesmo caminho da privatização?
Sim. A sociedade ganharia muito com isso. Perdendo o medo de entregar a gestão ao setor privado, teremos a ampliação e a melhoria no atendimento à sociedade.

Ana Maria Campos

Editora de política do Distrito Federal e titular da coluna Eixo Capital no Correio Braziliense.

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