A delação do ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht Claudio Melo Filho, que revelou uma doação de R$ 50 mil da empresa à campanha eleitoral do distrital Robério Negreiros (PSDB) em 2014, está nas mãos do desembargador do Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios (TJDFT) Waldir Leôncio. No âmbito da Lava-Jato, o ex-executivo disse, em depoimento, que o pagamento aconteceu “pois, em algum momento, no futuro, poderíamos ter interesses locais a serem defendidos no Distrito Federal”.
O magistrado encaminhou a documentação, ontem, à Procuradoria-Geral de Justiça do DF para manifestação. Na prestação de contas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o parlamentar não declarou recebimentos diretos da Odebrecht. Contudo, detalhou doações que totalizam R$ 50 mil da Braskem, petroquímica controlada pela empreiteira.
Claudio Melo relata que não foi procurado pelo parlamentar, o qual concorreu à eleição pelo PMDB. A conversa sobre a quantia teria acontecido com o sogro de Negreiros, Luiz Carlos Garcia. “Ele foi a meu escritório e fez uma solicitação de pagamento de campanha para seu genro. Eu disse a ele que não tinha relações com deputados distritais e não era meu objetivo ter”, contou antes de garantir que a empresa efetivou o repasse. A doação foi direcionada ao Comitê Financeiro do partido.
Doação é “assunto morto”
O distrital ressaltou que o Supremo Tribunal Federal (STF) arquivou todas as petições que mencionavam o grupo de deputados federais que receberam repasses oficiais da Odebrecht e empresas controladas pela empreiteira na campanha de 2014. Negreiros participava do aglomerado. Mas, por ser distrital, o caso tem de passar pelo crivo do Conselho Especial do TJDFT e da Procuradoria-Geral de Justiça do DF. “O processo seguirá o mesmo caminho que todos os outros. Isso é assunto morto”, garantiu.
O parlamentar destacou também que as contas da campanha foram validadas pelo TSE sem ressalvas. “Eu nunca tive contato com o delator e nem sequer recebi o dinheiro diretamente”, disse.