Mister Hyde investiga corrupção no Fundo de Saúde da PM com a Máfia das Próteses

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Uma paciente, dependente do plano de saúde da Polícia Militar, que realizou uma cirurgia na coluna malsucedida com médico envolvido na Máfia das Órteses e Próteses, é a principal testemunha da nova etapa da Operação Mister Hyde. Filha de um policial militar, ela foi vítima do modus operandi da organização criminosa, segundo aponta a investigação.

Nesta fase, a Justiça autorizou a condução coercitiva de dois oficiais da Polícia Militar para prestarem depoimento a promotores de Justiça e policiais civis por suposto envolvimento no esquema.

São alvos da investigação o diretor da Diretoria de Assistência Médica do Departamento de Saúde e Assistencial ao Pessoal do Subcomando Geral da Polícia Militar do DF, Coronel Marcelo Gonzaga Peres, e o fiscal de Auditoria de Perícia Médica Major Marco Antônio Alencar de Almeida.

A 4ª Promotoria de Justiça de Defesa dos Usuários de Saúde (Prosus) e a Delegacia de Combate ao Crime Organizado (Deco) apuram “a evidente participação do plano de saúde da Polícia Militar” na organização criminosa que criou esquema de lavagem de dinheiro, superfaturamento e uso de próteses desnecessárias ou de baixa qualidade por meio do ajuste feito por médicos, hospitais e empresas de órteses e próteses.

O plano de saúde da PM recebe recursos públicos, o que pode configurar crime de corrupção por parte dos oficiais envolvidos. “O plano de saúde da PMDF é um daqueles que recebe quantias milionárias dos cofres públicos, via fundo de saúde da PMDF, verbas estas destinadas por meio de emendas parlamentares”, registrou o Ministério Público nos autos da investigação.

Além de lesão aos cofres públicos, o esquema pode ter provocado vítimas.

Depois da deflagração da primeira fase da Mister Hyde, uma dependente do plano de saúde da PM, procurou a DECO e informou que em 2011 fez uma cirurgia autorizada pela Polícia Militar que foi realizada pelo médico Leandro Flores, um dos denunciados na Operação Mister Hyde.

A cirurgia teria contado ainda com a participação do auxiliar Wenner Costa e da instrumentista Rosangela Machado. Os dois também foram denunciados pelo Ministério Público como integrantes da Máfia das Próteses e Órteses.

Para o Ministério Público, a investigação apontou uma “forte ligação e intimidade” entre o médico Leandro Flores e integrantes do Plano de Saúde da PM. Segundo a Operação Mister Hyde, Marco Alencar autorizou “sem adotar cautela e cuidado” cirurgia extremamente dispendiosa para o plano de saúde da PMDF. Ele chegou a anotar num caderno escolar o valor dos materiais que seriam usados na cirurgia, no montante de R$ 50.892,00. Todo o processo de análise levou apenas uma semana.

O pior é que a cirurgia foi um fracasso. O próprio médico teria afirmado para a paciente que “um parafuso ficou solto”. Ele disse que ela deveria ser submetida a nova operação. Para espanto dos investigadores da Mister Hyde, uma nova cirurgia de coluna foi autorizada à mesma paciente entre agosto e setembro deste ano depois da deflagração da Operação Mister Hyde.

Documentos aprendidos com o médico Juliano Almeida também corroboram a suspeita de envolvimento do plano de saúde da PM no escândalo. Ele fez anotações sobre percentuais que deveriam ser divididos. Veja:

Ana Maria Campos

Editora de política do Distrito Federal e titular da coluna Eixo Capital no Correio Braziliense.

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