AGATHA GONZAGA
“Quando se vê que, assinada a Lei Áurea, houve a liberdade, mas nenhuma política de inserção de pessoas negras no mercado de trabalho, percebe-se que a marginalização do povo negro foi uma escolha do Estado.” A afirmação é da procuradora do Trabalho da 10ª Região Cecília Amália Cunha Santos ao defender a existência de cotas raciais para cargos públicos. Segundo ela, a ação afirmativa é fundamental na reparação histórica e na oferta de emprego a uma população marginalizada. Para ela, nada mais justo as ações de reparação aplicadas pelo Estado.
As afirmações foram feitas durante o programa CB. Poder, parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília, na tarde desta segunda-feira (9/12). A procuradora, que integra o grupo sobre raça do MPT e também é representante da Coordenadoria Nacional de Promoção de Igualdade de Oportunidades e Eliminação da Discriminação no Trabalho (Coordigualdade) do órgão, debateu questões de gênero, falou sobre assédio moral e sexual no trabalho.
De acordo com ela, o Ministério Pública faz um trabalho de conscientização das empresas em relação às questões raciais. “O que a gente percebe são pessoas negras em sub-empregos, ganhando menos, com maiores dificuldades para alcançar cargos de destaque. O que o MPT têm feito são grandes campanhas, grandes debates e simpósios para a conscientização da necessidade de que as pessoas negras entrem no mercado de trabalho em todos os cargos aos quais elas estão preparadas” declarou.
Cecília também apresentou um panorama da situação do trabalho escravo no Brasil, sobretudo das rotas de produção do açaí e da castanha no Pará e no norte do Tocantins, e sobre o trabalho infantil que se repete tanto nas áreas rurais quanto dentro das cidades, nos semáforos das capitais, entre outras situações.
Assista à íntegra da entrevista: