ANA MARIA CAMPOS
Depoimentos em delações premiadas de altos executivos da Odebrecht apontam que o ex-governador Agnelo Queiroz (PT) recebeu R$ 1 milhão da construtora em 2010. O dinheiro saiu do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, que ficou conhecido como o “departamento da propina” da maior empreiteira do país.
Segundo esses depoimentos, o ex-governador José Roberto Arruda (PR) recebeu R$ 996 mil na campanha de 2014, por meio de recursos não contabilizados, o chamado caixa dois. Arruda chegou a lançar candidatura ao GDF, pediu votos, mas teve o registro cassado pela Justiça por enquadramento na Lei da Ficha Limpa.
Em outra frente, Arruda e o ex-secretário de Obras Márcio Machado são citados em depoimentos como tendo participado de reuniões em que se tratou da licitação para construção do BRT-Sul, o expresso que liga Gama e Santa Maria ao Plano Piloto.
De acordo com as delações, houve cobertura na licitação da obra, com o envolvimento de outras empresas e seus respectivos diretores. A construção do empreendimento ficou a cargo das empresas Andrade Gutierrez e Via Engenharia.
O ex-senador Gim Argello (Sem partido), no xadrez há um ano e já condenado pelo juiz Sergio Moro a 19 anos de prisão, aparece em duas petições da lista bomba do ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).
Numa das petições, Gim é apontado como beneficiário de R$ 2,8 milhões da Odebrecht em 2010 e 2014. A suposta propina foi repassada como forma de garantir proteção à empresa prestada por Gim que, durante seu mandato, exercia forte influência política no Senado. Em 2010, ele não foi candidato. Em 2014, o então senador pelo PTB concorreu à reeleição e perdeu.
Gim também teria exigido propina para interferir em favor de executivos da empresa na CPI da Petrobras, ocorrida no Congresso em 2014.
Em outra petição, o deputado distrital Robério Negreiros (PSDB) é citado pelo colaborador Cláudio Melo Filho, ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht, como beneficiário de vantagens indevidas a título de doação eleitoral não contabilizada.
Nesta terça-feira (11/04), Fachin levantou o sigilo das investigações encaminhadas ao STF pelo procurador-geral da República, Rodrogo Janot. Parte dos pedidos, relacionados a quem tem foro especial, vai caminhar no STF e no STJ, no caso de governadores. As demais petições foram remetidas à Justiça nos estados e no DF.
Além das petições em nome de políticos, Fachin relacionou obras em que houve pagamentos de propina ou combinação de mercado para beneficiar empreiteiras. São elas: a PPP do Centrad, o Projeto Habitacional Jardins Mangueiral e a construção do estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha.
As investigações serão aprofundadas e outros nomes de políticos devem aparecer. A lista de Fachin teve efeito devastador no meio político. Cinco ex-presidentes da República foram citados. A Lista aponta 9 ministros do governo atual e vários deputados e senadores.
Veja o há nas petições relacionadas ao Distrito Federal:
Deputado distrital Robério Negreiros (PSDB)
Colaborador Claudio Melo Filho relata pagamento de vantagens indevidas a pretexto de doação eleitoral não contabilizada.
Ex-governador Agnelo Queiroz (PR)
Segundo os colaboradores Joao Antonio Pacífico Ferreira e Ricardo Roth Ferraz de Oliveira, Agnelo recebeu R$ 1 milhão em 2010. O repasse foi feito por meio do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht.
Ex-senador Gim Argello
Os colaboradores Márcio Faria da Silva e Rogério Santos de Araújo narram que, em 2014, foram procurados por Júlio Camargo, ex-consultor da empresa Toyo Setal, que mencionou cobrança de propina por parte de Gim para interferir a favor deles na CPMI da Petrobras.
Ex-governador José Roberto Arruda e ex-secretário de Obras Márcio Machado
Declarações prestadas pelos colaboradores João Antônio Pacífico Ferreira e Ricardo Roth Ferraz de Oliveira apontam irregularidades ocorridas durante a execução da obra do BRT Sul. Houve, segundo os delatores, cobertura na licitação da obra, com envolvimento de outras empresas e seus respectivos diretores. Eles contaram que tiveram encontro com Arruda e com Márcio Machado.
Ex-governador José Roberto Arruda e o empresário Sérgio Andrade do Vale
Declarações prestadas pelos colaboradores João Antônio Pacífico Ferreira e Ricardo Roth Ferraz de Oliveira apontam pagamento de R$ 996 mil, por meio de recursos não contabilizados, a José Roberto Arruda, em 2014. Arruda era candidato ao Palácio do Buriti. A transação teria sido operada por Sérgio Andrade do Vale.
Pagamento de vantagens indevidas no Projeto Habitacional Jardins Mangueiral
Em declarações prestadas, Paul Elie Altit relata o pagamento de vantagem indevida destinada a agentes públicos a GDF. Esses pagamentos estavam associados ao projeto habitacional Jardins Mangueiral, PPP firmada entre o governo e a Odebrecht.
Ex-senador Gim Argello
Declarações dos colaboradores Cláudio Melo Filho e Marcelo Odebrecht apontam pagamento de R$ 2,8 milhões, nos anos de 2010 e 2014, para Gim. Objetivo foi que o então senador defendesse interesses da empresa.
Acordo de mercado para o Centrad
Os colaboradores Alexandre José Lopes Barradas, João Antônio Pacífico Ferreira e Ricardo Roth Ferraz de Oliveira relataram que houve combinação entre as empresas Odebrecht, Via Engenharia, Delta e Manchester para execução das obras do Centro Administrativo do DF.
Acordo de mercado para Mané Garrincha
Em depoimento, os colaboradores João Antônio Pacífico Ferreira e Ricardo Roth Ferraz de Oliveira apontam a ocorrência de de acordo no mercado associado às obras do estádio Mané Garrincha.
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