À Queima-roupa conversa com Leandro Grass, presidente do Iphan
Por Ana Maria Campos
“Mesmo divergindo do meu opositor, nossa campanha respeitou as regras eleitorais e o processo democrático. Vou recorrer da decisão confiante em que a justiça vai prevalecer”, diz Leandro Grass
Como o senhor recebeu a decisão do TRE-DF de decretar a sua inelegibilidade por oito anos, depois de uma reviravolta no julgamento?
Com surpresa. O julgamento estava 5×0 a meu favor, rejeitando a ação movida pelo meu adversário. Alguns desembargadores mudaram o voto e o resultado foi 4×2, decidindo pela minha inelegibilidade. Estou tranquilo, pois tenho a convicção de que fiz uma disputa eleitoral limpa, de baixo custo financeiro e sem abuso de qualquer tipo de poder. Mesmo divergindo do meu opositor, nossa campanha respeitou as regras eleitorais e o processo democrático. Vou recorrer da decisão confiante em que a justiça vai prevalecer.
A condenação é por injúria e fake news. Houve alguma falha na sua campanha?
Como a decisão ainda não foi publicada, não é possível precisar os argumentos do acórdão. O voto do relator rejeitava a ação do meu adversário, que alegava disseminação de fake news. Mas o que fizemos durante a campanha, na comunicação e nos debates, foi demonstrar as contradições entre suas promessas e realizações. Em nenhum momento, promovemos notícias falsas nem atacamos a honra pessoal de qualquer candidato.
Decreto federal estabelece que, em situações como essa, o candidato condenado não pode exercer cargo público. Acredita que o TSE vai conceder uma medida com efeito suspensivo para o senhor continuar no Iphan?
O decreto estabelece critérios para investidura no cargo, os quais cumpri quando tomei posse. O que a norma determina é que eu comunique ao Ministério da Cultura, assim que a decisão for publicada, quando conheceremos seu teor e seus efeitos. O acórdão, que sequer foi publicado, não transitou em julgado, cabendo recurso e suspensão. Diante disso, não há efeitos sobre a minha permanência no cargo de presidente.
O recurso já foi protocolado?
Será protocolado logo que for publicado o acórdão do TRE-DF.
Uma demora em julgamento do seu recurso no TSE deixa a sua situação de elegibilidade em dúvida. Acredita que isso atrapalha seus planos eleitorais para 2026?
Não, pois confio na justiça e na verdade. O que está acontecendo só me dá mais ânimo. Eu amo Brasília e quero o melhor para a nossa gente. Mais do que nunca, estou empenhado em unir pessoas, ideias e propostas para livrar nossa cidade de tudo o que estamos passando. Vivemos o pior momento da história. O Distrito Federal foi o palco dos crimes do 8 de janeiro; sofre com a omissão local no enfrentamento da dengue; tem um dos piores transportes do mundo; uma imensa população em situação de rua; as salas de aula estão abarrotadas; e a população sofre com uma das maiores cargas tributárias do Brasil. Isso precisa acabar.
Você tem recebido muitos apoios de aliados. Acredita que esse movimento pode fortalecer uma eventual candidatura?
Recebi ligações e mensagens de lideranças de diferentes campos políticos — da esquerda, do centro e da direita, entre deputados, senadores, ministros, prefeitos, governadores e presidentes de partidos. Também de representantes de entidades, movimentos sociais, empreendedores, jornalistas, sindicatos e lideranças religiosas. Sem contar as inúmeras pessoas que se manifestaram pelas redes sociais e me encontraram nas ruas desejando força. Foram muitas. Todas indignadas com o que ocorreu. Eu me senti honrado e acolhido. Esse movimento não fortalece apenas uma possível candidatura, mas simboliza a preocupação com a Justiça, a democracia e o futuro do Distrito Federal.