Bruno Lima
No primeiro ano à frente da presidência da Câmara Legislativa do DF, Joe Valle (PDT) apresentou, na tarde desta quarta-feira (20/12), um balanço dos trabalhos da Casa em 2017. No evento, com ares eleitorais, o pedetista apontou cortes de despesas durante sua gestão, voltou a alfinetar Rodrigo Rollemberg (PSB), o qual classificou como “desorganizado”, e disse que está “na fila” da disputa pelo Palácio do Buriti.
Quanto às eleições de 2018, o pedetista admitiu a pretensão de concorrer ao posto de chefe do Executivo local. Ainda assim, manteve cautela. “Eu estou na fila. Mas essa fila vai andar no momento necessário. Isso é uma coisa importante que aprendi na política. O Jofran [Frejat] está na minha frente e o próprio governador também”, revelou ao dizer que depende da decisão do seu partido. A sigla aguarda as costuras nacionais para definir o posicionamento local.
Ao mencionar Rollemberg, o parlamentar afirmou que o governador “se perdeu”. “Por isso, não estou mais o ajudando a governar. E nem quero. Tentei fazê-lo quando sai dessa Casa e me coloquei à disposição dele”, disse, referindo-se ao período em que se licenciou do mandato de distrital para assumir a Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos. Após dois anos e dez meses de aliança marcados por desentendimentos, o pedetista deixou a base governista.
Durante a votação da Lei Orçamentária Anual (LOA) 2018, no último dia 14, Valle já havia chamado o chefe do Executivo local de “moleque” e dito que “caso ele desejasse fazer da Câmara Legislativa um puxadinho do Buriti, teria de ter competência ao menos para emplacar o presidente da Casa”. Ao CB.Poder, nesta quarta-feira, Rollemberg afirmou que tem “desprezo enorme pelo uso de ataques pessoais na política”.
Contenção
Na apresentação do saldo da própria gestão, Joe Valle apontou as medidas adotadas que aumentaram a transparência dos trabalhos, além do estímulo à participação da população nos debates sobre propostas. O pedetista, inclusive, anunciou que a TV CLDF, criada para transmitir as sessões e audiências públicas, deve voltar a funcionar em fevereiro de 2018.
O distrital também destacou ações voltadas à redução dos gastos da casa. De acordo com ele, houve economia de 16,3% nos ressarcimentos de verba indenizatória, correspondente ao valor de R$ 478 mil. Ainda assim, os gastos continuam altos. Entre janeiro e novembro, os distritais torraram R$ 2.449.154,52 com a cota parlamentar.
As despesas com correspondência foram reduzidas em 88,2%, o que significa uma economia de R$ 628 mil. A contenção começou após o Correio publicar matéria, em fevereiro, com o detalhamento dos envios de cartas.
Ressignificação
Ao ser eleito presidente do Legislativo local, Joe Valle afirmou que a Casa passaria por um processo de ressignificação. A parcimônia dos parlamentares com os colegas denunciados, entretanto, não mudou. Neste ano, os distritais arquivaram processos por quebra de decoro parlamentar contra Celina Leão (PPS), Bispo Renato Andrade (PR), Cristiano Araújo (PSD), Julio Cesar (PRB), Raimundo Ribeiro (PPS) e Sandra Faraj — todos respondem a processos na Justiça. Além disso, a Mesa Diretora não deu andamento ao pedido de cassação contrário a Liliane Roriz.
“Minha posição pessoal é sempre pelo prosseguimento, mas é um órgão colegiado. As votações na Mesa Diretora acontecem. Depois, na avaliação da admissibilidade [na Corregedoria e no Conselho de Ética] ou é arquivado ou prossegue”, justificou-se.