Por Ana Maria Campos – À queima-roupa – Willian Amaral, fundador e COO da Nice House, plataforma de entretenimento com foco em vídeos verticais e geração Z
“Enquanto os millennials tinham a certeza viabilizada pela estabilidade e prosperidade, a GenZ cresce em meio a um mundo de incertezas”
Em relação ao trabalho, qual é a principal característica da geração Z, os jovens nascidos entre 1995 e 2010, que estão iniciando a carreira ou ainda vão ingressar no mercado?
Existem inúmeras características inerentes à GenZ, sejam elas consideradas positivas ou negativas, que impactam diretamente seu desempenho no trabalho e relacionamento com líderes e gestores de gerações anteriores (millennials e boomers) no dia a dia. Sendo a primeira geração 100% nativa digital, isto é, que nasceu com smartphones, tablets, computadores e todas as telas possíveis, trata-se de uma população fluente na linguagem digital, com extrema facilidade de adaptação às novas tecnologias e ao acelerado avanço técnico-científico de maneira geral. São profissionais pouco resistentes à inovação e que, se mentorados corretamente, tornam-se grandes catalisadores de novas ideias, processos e inovações. Por outro lado, esses jovens profissionais se deparam com uma ampla resistência de seus colegas millennials e boomers, sobretudo devido a divergências comportamentais. Claro, há de se considerar que a educação recebida em casa sempre gera grande impacto na formação cognitiva dessas pessoas. No entanto, estamos falando de profissionais que encaram o trabalho como um meio para viver, como uma fonte de renda, ao contrário de seus líderes, que viveram para trabalhar. Logo, a grosso modo, esperar que esse profissionais se sobrecarreguem de trabalho, abram mão de fim de semana e feriados, trabalhem horas além de seu período regular ou, até mesmo, passem cinco dias da semana trancados em um escritório em modelo presencial, acaba sendo fora da realidade.
Existem verdades e mitos. Essa geração tem menos compromisso com o trabalho?
A GenZ encara o trabalho sob uma ótica diferente de outras gerações. Os millennials presenciaram um Brasil próspero economicamente e relativamente estável na política, com inúmeras possibilidades de sucesso profissional, financeiro e intelectual. Dedicar-se incessantemente ao trabalho, permanecer por anos e fazer carreira em uma grande empresa, passar por graduação, pós-graduação, mestrado e doutorado significava uma oportunidade de ter mobilidade sócioeconômica. Em um país extremamente desigual, melhorar a própria vida e a da família, conquistar a tão sonhada casa própria, o carro do ano e viajar para a Disney todo ano se tornou possível. Quando falamos da GenZ, estamos falando de pessoas que, muito cedo, acabaram enfrentando o início e agravamento da crise econômica e política no Brasil, uma pandemia que os prendeu em casa no auge de sua infância e adolescência por mais de dois anos, o início de novas guerras ao redor do mundo e uma redução drástica de oportunidades e possibilidades de mobilidade social. Naturalmente, o presente passa a ser o momento mais precioso e valorizado por essas pessoas e a carreira profissional passa a ser um meio para viverem, uma das inúmeras esferas de sua vida, um compromisso com local, data e horário, não mais sua vida inteira, para a qual estão preparados para abrirem mão de todo o resto. Afinal, enquanto os millennials tinham a certeza viabilizada pela estabilidade e prosperidade, a GenZ cresce em meio a um mundo de incertezas (não à toa, a distopia se torna um dos gêneros mais consumidos por essa população na literatura e no cinema, por exemplo).
Prefere trabalhos remotos?
É possível afirmar que a GenZ tem preferência pelo modelo de trabalho remoto por toda a flexibilidade que esse tipo de regime traz a suas vidas. Pensando superficialmente, só de não terem de se preocupar com todo o desgaste e custo de locomoção e alimentação nas grandes cidades, por exemplo, já estamos falando de profissionais muito mais dispostos e produtivos. Além disso, estamos falando de pessoas que dominam e se adaptam facilmente à tecnologia e aos novos recursos de trabalho e gestão. Por outro lado, o modelo híbrido também é amplamente apreciado pela geração Z, uma vez que líderes e gestores podem, ao menos uma ou duas vezes por semana, fazer um trabalho de acompanhamento e orientação muito mais próximo e eficaz, propiciando um ambiente de aprendizagem mútua mais assertivo e benéfico para todos.
Qual é o impacto no trabalho de já nascer num ambiente digital com todo tipo de informação ao alcance da mão? Qual é a grande virtude desses jovens?
A maior virtude da GenZ, ao já nascer em um ambiente digital repleto de todas as informações possíveis, é a resiliência e multidisciplinaridade desses jovens. Por serem a primeira geração 100% nativa digital, existe uma facilidade de adaptação gigantesca desses profissionais a novas tecnologias, metodologias e fluxos de trabalho, os quais passam por mudanças recorrentes dia após dia. Além disso, são pessoas multidisciplinares, porque as profissões e skills exigidas pelo mercado têm se modificado na mesma velocidade em que a tecnologia avança, com o surgimento de novas carreiras, funções e metodologias. Por já estarem inseridos nessa realidade desde o nascimento, a geração Z tende a receber mais facilmente e tranquilamente esse tipo de mudança, sobretudo em relançar a millennials e boomers.
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