À Queima-Roupa, por Ana Maria Campos
Entrevista com o deputado distrital Gabriel Magno (PT)
Poderia fazer um balanço do que as urnas nas eleições municipais trouxeram de mensagem que pode ser aproveitada para os acordos, para a construção das chapas para 2026?
O primeiro turno mostrou, primeiro, é óbvio, uma vitória do Centrão. É fruto ainda de um processo político anterior, das emendas no Congresso, as emendas Pix, orçamento secreto, essa coisa do poder econômico muito forte ainda lá no município, lá na ponta. Então acho que isso ainda é um reflexo desse último momento da política, mas acho também que há sinais importantes para nós. O PT cresce, talvez não tão forte quanto a gente gostaria, mas tem um crescimento que acho importante e mostra uma capacidade de se reconectar com outras agendas. E nós temos um segundo turno que está em aberto, com disputas que são fundamentais.
Mas, em cidades como Porto Alegre e São Paulo, a disputa está difícil para a esquerda…
Porto Alegre e São Paulo mostram um fiasco das gestões, da lógica da privatização. São Paulo agora com a crise da energia… Porto Alegre recentemente com a crise do alagamento, da enchente ambiental por descuido do Poder Público. Eu acho que são debates importantes, são questões que vão entrar no centro da pauta, que aparece com essas gestões desastrosas. Então, esse é um desafio que o campo progressista precisa entender. Como conectar essa agenda, como conectar a importância de ter o Estado.
“Não acho que Brasília é hoje a capital da direita. Não acho que Brasília seja uma cidade conservadora, pelo contrário. Brasília nasceu com uma vocação para ser vanguarda”
O que o PT precisa fazer para que novos quadros surjam, sejam eleitos? Uma aposta mais nos candidatos no Legislativo?
O PT tem feito esse esforço. Acho que a prova disso é o próprio resultado eleitoral. Nós temos conseguido eleger novos quadros, novas figuras. Mais um exemplo: em Natal, a candidata a prefeita é a Natália, uma jovem com mandato excepcional de deputada federal, um quadro novo de idade também, mas com uma agenda política importante. Acho que tem feito esse trabalho, mas não é automático nem tão rápido esse processo. É fundamental lançar candidaturas para poder também reconectar muito com novas pautas. Vou dar alguns exemplos: quais são os movimentos sociais que mais mobilizam gente hoje, botam mais gente na rua em manifestação? Pauta LGBT. Não existe nenhum movimento social que coloque muita gente na rua quanto uma Parada LGBT. Junta quatro milhões de pessoas na Paulista. Aqui em Brasília, 100 mil pessoas, com uma agenda de direitos que é uma agenda da esquerda, do campo progressista. O próprio carnaval, os blocos de rua, as escolas de samba levam também e mobilizam muita gente, como a lógica da cultura, a lógica da festa, da alegria, mas como direito também de ocupar a cidade, de ocupar o território, e sempre com provocações muito críticas, que também é uma agenda histórica do PT, da esquerda, do campo progressista.
Com as redes sociais fortes, as pessoas se comunicam muito com mensagens rápidas e curtas, em memes e imagens. Às vezes, uma piada, um meme, cola na pessoa. E a direita sabe explorar isso muito bem. Você acha que essa é uma dificuldade de entrar nesse tipo de comunicação?
Acho que esse é um desafio para nós, para o nosso campo. Óbvio que esse é um fenômeno global. Não acho que seja uma questão apenas nacional. Isso começou mais fortemente no Brexit, na Inglaterra, depois nas eleições do Trump e nos próprios parlamentos europeus muito forte. Chegou no Brasil, na Argentina. Então, essa operação que a extrema-direita no mundo inteiro tem feito, eu acho que acende um alerta para o nosso campo. Mas também um alerta para o conjunto da sociedade de como se regula esse processo. Não na lógica como tentam dizer de censura ou não, mas porque também são nesses mecanismos que estão acontecendo mentiras, fake news, processos de ataques, inclusive, que não têm nenhum lastro na realidade. A rede social, a internet, não podem ser um lugar que a gente faça aquilo que nós não temos coragem de fazer porque tem regulação na vida real.
Acredita na união das esquerdas no DF?
Eu acredito, por duas razões importantes. Primeiro porque acho que é fundamental, do ponto de vista da disputa que nós estamos fazendo hoje na sociedade. Ela é importante aqui em Brasília para a reeleição do Lula em 2026. Também é importante para uma cidade nacional do país que já elegeu três governos progressistas. E eu não acho que Brasília seja hoje a capital da direita. Não acho que Brasília seja uma cidade conservadora, pelo contrário. Brasília nasceu com uma vocação para ser vanguarda, aqui a gente desenhou uma série de políticas públicas que são inquestionáveis, aqui a gente chegou a ter um modelo de organização do sistema de saúde que se antecipou ao SUS. A própria criação do Sistema Único de Saúde teve uma experiência do “Saúde na Família”, “Saúde em Casa”. O Bolsa Escola, que depois é aperfeiçoado e vira o Bolsa Família. Tem uma faixa de pedestre. Nós temos uma série de políticas públicas, orçamento participativo, que a experiência de governar Brasília mostrou para o próprio Brasil como experiências muito exitosas. Então, eu acredito que essa unidade é possível por isso.
E qual a segunda razão?
Acho que é uma questão de necessidade, uma tarefa urgente. Acho que governar o Distrito Federal, de novo, tem uma importância e não dá para se tratar apenas do número de eleitores aqui, não podemos mais pensar nessa lógica. O Distrito Federal tem 3 milhões de habitantes. Somos a terceira maior cidade do país. Isso já é um motivo da sua importância, mas essa relação também com o poder federal, com os três poderes, a gente viu no 8 de janeiro, é muito importante também para a própria República brasileira, a preservação da democracia, ter um governo que está muito conectado com essa agenda. Então eu tenho defendido muito essa unidade dos oito partidos. Tenho dedicado muita energia e muito esforço para isso acontecer. E eu acredito que vai acontecer.
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