À QUEIMA-ROUPA, com Izalci Lucas (PSDB-DF), senador
O senhor liderou a criação de uma comissão para acompanhar as ações e gastos do GDF para o enfrentamento da covid-19. Como será a atuação do grupo?
Em razão do volume de recursos e equipamentos disponibilizados ao GDF e a falta de transparência nas informações, vamos analisar as medidas emergenciais direcionadas, especialmente, a quatro frentes que são as seguintes: 1. Saúde, com o intuito de avaliar o planejamento e os investimentos em prevenção e tratamentos; 2. Social, a fim de avaliar a eficácia dos desembolsos do auxílio emergencial durante a pandemia, tanto às pessoas que estão em situação crítica de vulnerabilidade social quanto no que tange a crimes cometidos por obtenção do benefício por meio de informações falsas; 3. Economia, para analisar a efetividade das medidas destinadas às micro, pequenas e médias empresas, com o objetivo de garantir sua saúde e os empregos dos trabalhadores; 4. Educação, para acompanhar as consequências da suspensão das aulas e avaliação das providências encaminhadas para retorno à normalidade. Além disso, como temos várias ações de fiscalização feitas por diversos órgãos e instituições como o MPDFT, TCDF, Senado, Câmara, OAB, CLDF, a ideia é de que façamos juntos. É mais eficiente e reduz tempo e custo.
Como o senhor vê a condução dessa crise pelo governador Ibaneis Rocha?
Creio que a condução não está sendo feita com base em dados confiáveis e tampouco com base técnica. Por isso, ora ele anuncia a liberação das atividades, ora volta atrás. Também com relação a equipamentos e leitos, ora tem, ora não tem. Portanto, creio que precisa achar um rumo.
E pelo presidente Jair Bolsonaro?
Com relação ao governo federal, o Ministério da Saúde olha a árvore, a questão da saúde, já o presidente tem que olhar a floresta. Daí, a preocupação com a retomada das atividades econômicas.
Acredita que já é hora de, de fato, haver liberação geral das atividades comerciais?
Muita coisa já poderia estar funcionando. Cada segmento e porte de empresas teriam de ter tratamentos diferenciados e, com cuidado, prudência e respeitando os protocolos de segurança, em alguns locais, acredito que poderiam voltar a funcionar.
O quanto essa série de confusões no Ministério da Educação atrapalha o desenvolvimento da área no país?
A educação no Brasil é prioridade só nos discursos, quando entra na prática, deixa de ser prioridade. A situação aqui é caótica. Desde a merenda, passando pela tecnologia, falta total de apoio aos profissionais da educação, descaso com os alunos com deficiência, descaso com o repasse de recursos para as escolas, dificuldade de aplicação de emendas. Não há falta de recursos, o que falta é execução.
Que avaliação o senhor faz das ações na educação no governo Bolsonaro?
Creio que houve boa intenção e alguns projetos, se tivessem seguido, poderiam trazer alguma mudança interessante, mas a comunicação falhou não só junto ao Poder Legislativo, mas principalmente junto aos professores e aos alunos. Teve um momento em que se dizia: não vi e não gostei. Quer dizer, havia uma animosidade total.
O senhor foi cotado algumas vezes desde o início do governo Bolsonaro. Aceitaria se o convite tivesse sido feito de fato?
Minha principal bandeira é e sempre foi a educação. Mas, o cargo de ministro é prerrogativa do presidente e assim tem que ser. Se ele tivesse feito o convite, eu teria aceitado.
O que seria possível mudar já de início?
Creio que algumas coisas já podem ser melhoradas como a aprovação do Fundeb como definitivo; a definição do retorno às aulas com a participação e decisão do município, pois o aluno está lá e essa discussão tem de ser feita no município, envolvendo os profissionais da saúde, a capacidade do município de fazer a prevenção e entendimentos com os pais. Também fazer investimentos com recursos do Fust (Fundo da Universalização dos Serviços de Telefonia) e da Telebrás para dotar as escolas e os alunos de tecnologia e internet banda larga. Sempre defendi que aqueles alunos que foram beneficiados com bolsas ou financiamento poderiam dar uma contrapartida no atendimento aos estudantes com defasagem de aprendizagem e também na implantação da educação em tempo integral. A educação infantil e a expansão da educação profissional são duas áreas que precisam de investimentos urgentes.
O que o senhor achou da escolha do pastor Milton Ribeiro para o MEC?
Não o conheço, mas espero que ele tenha condições de fazer toda a articulação com o Congresso, com os secretários municipais e estaduais e com a sociedade civil organizada. Na prática, como o MEC está com dificuldades, isso é muito importante. Como não o conheço, não sei se ele tem esses atributos, mas torço, de qualquer forma, para que faça uma boa gestão.