ANA MARIA CAMPOS
A prisão preventiva do ex-delegado-geral da Polícia Civil do Distrito Federal Robson Cândido foi realizada nesta manhã (04/11) a pedido dos promotores do Núcleo de Investigação e Controle Externo da Atividade Policial (NCAP/MPDFT), com o apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO/MPDFT) e do Centro de Inteligência (CI/MPDFT).
Motivo: suposto uso da estrutura da Polícia Civil para perseguir uma mulher com quem o então delegado-geral teve um relacionamento. Segundo a investigação, a empresa COGNYTE, foi utilizada por policiais para inserir ilegalmente o número de telefone da vítima em interceptação telefônica em curso e que apura crime de tráfico de entorpecentes.
A prisão foi decretada pelo Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Águas Claras. Além da prisão do ex-delegado-geral, os promotores cumprem dois mandados de busca e apreensão. Um dos alvos é a 19ª Delegacia de Polícia (DP), de Ceilândia.
As investigações tiveram início a partir da notícia da exoneração de Robson Cândido. Segundo a apuração do Ministério Público, os investigados utilizaram a estrutura da própria Polícia Civil, como viaturas descaracterizadas, celulares corporativos e carros oficiais, para fins ilícitos e particulares.
A ação desta manhã foi denominada pelos promotores de Justiça como Operação Vigia (uma alusão ao software de mesmo nome usado para interceptar o telefone da ex-namorada de Robson Cândido).
De acordo com as apurações, os agentes públicos investigados promoveram de forma clandestina e criminosa a interceptação telemática da ex-namorada de Robson, monitorando sua localização em tempo real no sistema VIGIA para, de posse das informações obtidas ilegalmente, praticarem o crime de stalking e a violência psicológica.
Segundo a investigação, o delegado-chefe da 19ª DP, Thiago Peralva Barbirato, valendo-se de operação de interceptação em curso em uma das Vara de Entorpecentes do Distrito Federal, teria inserido no sistema o prefixo telefônico da vítima. Os promotores de Justiça também cumpriram busca e apreensão na casa de Peralva, em Águas Claras.
Na investigação, foram colhidos elementos que apontam a existência dos crimes de interceptação telefônica ilegal, corrupção passiva, violação de sigilo funcional, invasão de dispositivo de informática e descumprimento de medida protetiva de urgência.
O advogado Cleber Lopes, que representa Robson Cândido, disse ao Correio que acompanha o caso, mas ainda não tem todas as informações. Ele vai entrar com pedido de habeas corpus para relaxamento da prisão na segunda-feira quando encerrar o plantão do fim de semana e o juiz natural da causa puder avaliar as argumentações da defesa.
A Divisão de Comunicação da PCDF informou que a corporação não tem contrato ou acesso a qualquer sistema da empresa COGNYTE, apontada na investigação do Ministério Público como usada para incluir o telefone da vítima para interceptação telefônica.