Dinheiro gasto na construção do Mané Garrincha daria para comprar mais de 30 mil respiradores

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Coluna Eixo Capital/Por Ana Maria Campos

Não deixa de ser uma ironia que o estádio Mané Garrincha se torne um hospital de campanha para receber pacientes da Covid-19. Imaginem o que se poderia fazer na saúde pública com os R$ 2 bilhões usados na construção. Nunca ficou tão evidente que esse dinheiro poderia salvar vidas. Seria suficiente para comprar mais de 30 mil respiradores, equipamento fundamental nos casos críticos de Covid-19.

Dinheiro vai fazer falta

A Operação Lava-Jato de Curitiba recuperou mais de R$ 4 bilhões que circularam no esquema de corrupção da Petrobras. Essa é apenas uma parte, a que retornou aos cofres públicos. Essa bolada vai fazer falta na solução para a pandemia de coronavírus no país. Pelo Twitter, o coordenador da força-tarefa, Deltan Dallagnol, chamou a atenção para o colapso que pode ocorrer no Brasil: a falta de leitos hospitalares no auge da pandemia. O Brasil tem 1,95 leitos para cada mil habitantes. Na Itália, o caos mundial, tem 3,2.

Na paz

O governador Ibaneis Rocha (MDB) pensa diferente do presidente Jair Bolsonaro em muitas coisas, inclusive nas medidas necessárias para combater a disseminação do novo coronavírus. Mas Ibaneis não quer confronto aberto com o Palácio do Planalto. Sabe que, com crise na saúde e na economia, vai precisar muito do governo federal.

Só papos

“O Brasil está recebendo solidariedade do mundo inteiro. Não por conta do estágio em que a pandemia se encontra aqui, e sim por causa da forma como estamos sendo liderados em direção à crise”

Presidente da OAB, Felipe Santa Cruz

“O procurador Julio José Araujo Júnior pediu e a Justiça Federal de Duque Caxias suspendeu a parte do decreto presidencial que tornou lotérica serviço essencial a ser aberto durante quarentena.Decisão usou OMS para sua fundamentação. Quantos votos de brasileiros teve o presidente da OMS?”

Deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP)

Desinfetante

Os ônibus estão sendo higienizados após cada viagem. A São José, por exemplo, está usando quadrilátero de amônia, um produto de última geração que é usado até para desinfetar as ruas. É o mesmo grupo que tem sido usado na China.

Bancada do DF destina R$ 80 milhões contra a Covid-19

Além dos recursos expressivos em emendas ao Orçamento individual e de bancada já destinados à Saúde, os parlamentares decidiram remanejar mais R$ 79,9 milhões para que o Governo do Distrito Federal possa reforçar as ações e programas de combate ao coronavírus, principalmente o atendimento à população que busca o sistema público de saúde. Segundo o coordenador da bancada, senador Izalci Lucas (PSDB/DF), a decisão atende ao pedido do governador Ibaneis Rocha para combater a doença no DF.

Sem manifestações e sem Congresso

Difícil imaginar o impeachment do presidente Jair Bolsonaro num momento como esse: deputados e senadores trabalhando remotamente e o povo impedido pelo risco de contaminação de sair às ruas.

Resgate aéreo

O Ministério da Saúde habilitou o aeromédico, o resgate por helicópteros, do SAMU. Repasse de R$ 2 milhões por ano para o DF.

Em casa

Comentário da deputada Bia Kicis (PSL-DF), ontem no Twitter: “O motorista do Uber acaba de sentenciar: voltamos à época das cavernas. Só os fortes saem pra buscar comida”. Melhor todos ficarem em casa.

Mandou bem

Metade das pessoas que testaram positivo para o novo coronavírus no DF está recuperada, segundo divulgou a Secretaria de Saúde do DF. Na sexta-feira, eram 120 curados de um total de 240 casos. Nenhuma morte.

Mandou mal

O número de mortos pela Covid-19 passa de 10 mil na Itália. E os novos casos são registrados todos os dias. Morrem muitos idosos, mas jovens também são diariamente vítimas do coronavírus.

Enquanto isso… Na sala de Justiça

O Sindicato dos Médicos do Distrito Federal (Sindmédico) ajuizou ação com pedido de liminar que pede a suspensão temporária de cirurgias e procedimentos eletivos de baixa e média complexidade na rede pública. O parecer da Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde (Prosus) foi favorável à medida. O objetivo é, enquanto durar a pandemia de Covid-19, manter apenas tratamentos de alta complexidade, como procedimentos oncológicos e cardiovasculares ou aqueles cujo adiamento possa colocar em risco a saúde dos pacientes.

Para o Ministério Público, a suspensão dos procedimentos cumpriria duas funções: liberar leitos e insumos para pacientes suspeitos e infectados pelo novo coronavírus; e preservar a integridade de pessoas saudáveis que poderiam ser expostas à contaminação pelo vírus no ambiente hospitalar.

A pergunta que não quer calar:

Em meio a tantas incertezas, se as lojas, cinemas, shoppings e academias voltassem a funcionar, você retomaria a vida com normalidade?

Ana Maria Campos

Editora de política do Distrito Federal e titular da coluna Eixo Capital no Correio Braziliense.

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