Leonardo Cavalcanti //
O principal beneficiado com o desgaste de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) em reajustar os próprios salários tem nome e sobrenome: Jair Bolsonaro. Três fatores combinados deram fôlego ao presidenciável do PSL até aqui: a desmoralização dos políticos envolvidos em denúncias de corrupção, a crise econômica permanente e a desesperança na Justiça.
Pode-se atribuir uma quarta explicação, consequência dos demais fatores, que pode estar na direita reacionária e adormecida ao longo dos quatro mandatos do tucano Fernando Henrique Cardoso e do petista Luiz Inácio Lula da Silva. Tal grupo, entretanto, seria insuficiente para engrossar o caldo do ex-capitão do Exército revelado pelas pesquisas eleitorais.
Se antes a descrença no Judiciário era reforçada a partir de decisões antagônicas em relação a envolvidos na Lava-Jato e das próprias brigas entre ministros no plenário do Supremo, agora, o descaramento do reajuste em causa própria aumenta ainda mais a sensação de descaso com o cidadão comum.
Não que tal constatação encontre eco apenas nos eleitores de Bolsonaro — a indignação é geral, ou alguém, que não seja beneficiado direto pelo abuso, concorda com a maioria do plenário do Supremo? A diferença é que, entre os candidatos, o que torce mais para o “quanto pior melhor no momento”, conforme a combinação dos fatores do início deste texto, é Bolsonaro.
O ex-capitão poderia agradecer ao STF pela força na campanha.