Ana Viriato
O Conselho de Planejamento Territorial e Urbano do Distrito Federal (Conplan) aprovou, nesta quinta-feira (25/07), a minuta do projeto de lei complementar que prevê a flexibilização das regras de uso e ocupação do solo do Setor de Indústrias Gráficas (SIG). A proposta, que segue para a Câmara Legislativa, libera atividades industriais, comerciais, de serviços e institucionais na região, com prédios de até 15m de altura.
No colegiado, o debate girou em torno da autorização a moradias em edifícios de uso misto. A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação, no entanto, optou por bater o martelo nos próximos meses, quando abrir a discussão sobre o Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCub) — a proposta encontra-se no Instituto do Patrimônio Artístico Nacional (Iphan). “Acreditamos que seja o fórum mais adequado, pois haverá mais participação da sociedade. Somos favoráveis a ideia, desde haja cuidado em estabelecer onde e como irão ocorrer as ocupações”, explicou a secretária-executiva, Gisele Moll.
A sugestão do aditivo partiu dos relatores da minuta do PLC, a representante do Instituto de Arquitetos do Brasil no DF (IAB), Carolina Baima, e o integrante da Federação de Comércio, Bens e Serviços (Fecomércio), Ovídio Maia. “Entende-se que o desempenho do setor como uma centralidade será tanto melhor quando maior for a diversidade de usos permitidos no local. Esta é especialmente gerada quando da inclusão do uso residencial, em associação com o uso comercial e de serviços, como já é encontrado hoje”, defenderam.
Representante do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do DF (CAU), Pedro Grilo engrossou o coro, sob a justificativa de que o incentivo ao uso misto trata-se de uma tendência mundial. “É uma ferramenta de transformação urbana, inclusive para resolução dos problemas de esvaziamento de centros urbanos”, argumentou.
Para a conselheira Maria Silvia Rossi, da Secretaria de Meio Ambiente, no entanto, o aval às unidades habitacionais no SIG desrespeitaria a vocação original da região. “Acredito que, neste caso, seria necessário um estudo das implicações. Em outras áreas do Plano Piloto, os inúmeros autos de infrações por barulho têm inibido o comércio, por exemplo”, pontuou. “Além disso, pode haver impactos na saúde dos moradores, pois aquela é uma área de trânsito de caminhões, o que pode causar problemas respiratórios a longo prazo”, completou.
No início do ano, o Iphan havia dado sinal verde às habitações no SIG, após verificá-las em três quadras. Àquela época, o órgão técnico lembrou que outro setores passaram por transformações semelhantes, sem prejuízos à preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília. “Foram capazes de ofertar um tipo de moradia mais barata, muito procurada no Plano Piloto, mas pouco consagrada pelo urbanismo modernista, destacou.
Uso desvirtuado
A atual permissão do uso dos lotes do SIG, criado em 1961, restringe-se às atividades bancárias, de radiodifusão e impressão de jornais e revistas. Ainda assim, o setor sofreu com um desvirtuamento nas últimas décadas, e boa parte dos lotes passou a abrigar atividades comerciais e de serviços. Como esse uso não está previsto nas normas de gabarito do SIG, os empresários não conseguem obter alvará de funcionamento.
A flexibilização das normas da região é debate recorrente no governo. Em 2010, por exemplo, verificou-se que a proximidade com o centro urbano da capital e a consolidação do Sudoeste contribuíram para a instalação de atividades distintas às permitidas. Àquela época, a discussão girou em torno da regularização dos usos comerciais e de prestação de serviços instalados, mantendo a restrição a moradias e ao aumento do potencial construtivo. As mudanças, entretanto, nunca saíram do papel.
A proposta seria incluída no PPCub, projeto de lei que vai detalhar as normas de ocupação na área tombada da capital federal. Mas, diante de pedidos do setor produtivo e do entendimento do GDF de que a medida é essencial para impulsionar o desenvolvimento econômico, o governo optou por destacar e encaminhar ao Legislativo um projeto à parte, com mais rapidez.
Coluna Eixo Capital, publicada em 21 de novembro de 2024, por Pablo Giovanni (interino) Um…
Coluna Eixo Capital publicada em 21 de novembro de 2024, por Pablo Giovanni Um áudio…
Da Coluna Eixo Capital, por Pablo Giovanni (interino) Um relatório da Polícia Federal, que levou…
Texto de Pablo Giovanni publicado na coluna Eixo Capital nesta terça-feira (19/11) — O ministro…
Coluna publicada neste domingo (17/11) por Ana Maria Campos e Pablo Giovanni — A Polícia…
ANA MARIA CAMPOS O colegiado da Comissão Eleitoral da OAB se reuniu na noite desta…