Por Ana Maria Campos — As provas encontradas na operação Tempus Veritatis de ontem da Polícia Federal, autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, agravam bastante a situação do ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública Anderson Torres. Quando a chamada “minuta do golpe” foi encontrada na casa dele, a tese da defesa era de que se tratava de um documento sem validade e sem fundamento. Mas agora se sabe que realmente havia um movimento golpista no governo e Anderson Torres sabia.
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Técnico?
Integrante da CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa, o deputado distrital Fábio Felix (PSol) diz que Anderson Torres mentiu em seu depoimento à comissão. Na ocasião, ele disse que era totalmente técnico em sua atuação no Ministério da Justiça e Segurança Pública.
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Arlete: “Forças Armadas precisam limpar seu nome”
A ex-deputada Arlete Sampaio (PT) defendeu ontem, pelas redes sociais, que as Forças Armadas reajam contra as articulações coordenadas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e reveladas ontem na Operação Tempus Veritatis da Polícia Federal. “Estou perplexa com as revelações que motivaram as operações da PF hoje (ontem)! Ainda se dizem perseguidos! As FFAA precisam limpar o seu nome maculado por Bolsonaro. Que a Justiça aja com o devido processo legal! Não quero ser ‘metralhada’ pelo simples fato de ser PT!”
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Desafiando o STF
Na onda dos bolsonaristas, o senador Izalci Lucas (PSDB-DF) pediu, da tribuna do Senado, a imediata votação do projeto que põe fim às decisões monocráticas no STF, diante da busca, apreensão e prisão do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, ocorrida ontem, por decisão do ministro Alexandre Moraes. Segundo Izalci, foi uma medida de cunho político. “Não podemos mais aceitar isso, principalmente num ano de eleições. Chega. O Congresso precisa cumprir seu papel, assim como estamos fazendo com o fim das saidinhas e faremos com a revisão da eficácia das audiências de custódia”, afirmou. Em novembro, o Senado aprovou a PEC que limita as decisões monocráticas de ministros do STF. A matéria precisa ser apreciada pela Câmara dos Deputados.
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Migração tucana
A posição do senador Izalci Lucas em defesa do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, preso por portar arma sem a devida autorização legal, e com possível envolvimento em atos golpistas, aumenta os rumores de que o tucano estuda um convite para migrar para o partido do ex-presidente Jair Bolsonaro.
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Terraplanismo
Para o ex-interventor da segurança pública do DF, Ricardo Cappelli, nomeado pelo presidente Lula depois de 8 de janeiro de 2023, não há mais como negar que houve uma tentativa de golpe no país. “Hoje, caiu por terra qualquer tentativa de minimizar o que ocorreu. Eu sei o que encontrei na Esplanada e no Eixo Monumental no dia 8 de janeiro de 2023. Depois das revelações feitas pela PF, questionar a tentativa de golpe virou definitivamente terraplanismo”, afirmou no X.
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Só Papos
“A gravidade das provas que deram origem à operação de hoje (ontem) é muito grande. Reforça ainda mais a importância de todas as pessoas que atuaram em defesa da democracia pós 8/1. E mais: precisamos ainda — e sempre — estar bem atentos”
Advogado Augusto de Arruda Botelho, criminalista, ex-secretário Nacional de Justiça
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“Perseguição política para cassar o registro do PL em pleno ano eleitoral. Gravíssimo. Uma narrativa de golpe baseada em conversas e cogitações nunca concretizadas. Desde quando isso é golpe?”
Deputada federal Bia Kicis (PL-DF)
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Julgamento adiado
Continua o suspense sobre o desfecho do debate no Supremo Tribunal Federal (STF) em relação às sobras eleitorais. O julgamento foi retomado ontem apenas para descartar o pedido de sustentações orais no plenário. Havia uma reivindicação dos advogados que querem manter os deputados no exercício do mandato, uma vez que a análise foi iniciada em plenário virtual. Mas o STF decidiu que não deve renovar as manifestações dos advogados. O julgamento deve ser retomado em 21 de fevereiro.
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Muita polêmica
Também ontem já tinha muita confusão no meio político para abrir nova frente de repercussões.