Chefe da Casa Militar não acredita em paralisação da PM

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Por Ana Maria Campos

Leia a entrevista com o coronel Márcio Pereira da Silva, chefe da Casa Militar do DF

Por que extinguir a Casa Militar causa tanta controvérsia?
A Casa Militar existe há quase 50 anos. Foi criada em 28 de setembro de 1970 e, desde então, sempre foi chefiada por policiais militares. É uma atividade muito peculiar, que muito afeta à PM e ao Corpo de Bombeiros. Temos incumbências como demissões de policiais, conselhos de disciplina para praças e de justificação para oficiais. Também avaliamos promoções, redução de interstícios, fazemos a interlocução com o governador.

E por que essa atribuição não poderia ser realizada diretamente pela Polícia Militar?
São incumbências intrínsecas à atividade do governador, que, por delegação, entrega à Casa Militar. Alguns atos são de atribuição direta do governador. Sem contar as atividades de segurança do governador e de seus familiares e de outros governadores em visita ao Distrito Federal. Essa estrutura de Casa Militar existe em quase todos os estados do país.
Um dos argumentos para extinguir a Casa Militar é o efetivo que seria exagerado…
Há um equívoco nesse argumento. Meu efetivo é de 178 policiais militares e 52 bombeiros.

É um espaço de poder pela proximidade com o governador?
Não é poder. É um órgão de assessoramento. Se alguém usou algum dia de forma desvirtuada, não se pode levar isso em conta agora.

Muito se diz que a Casa Militar faz espionagem, escutas e interceptações telefônicas ilegais. Existe isso?
Isso tudo é mentira. É fofoca. A Casa Militar faz inteligência de Estado. Fazemos levantamentos para a segurança do governador. Existe uma mística de que a Casa Militar tem superequipamentos para interceptações. Desafio que venham aqui e vejam se realmente existe.

Nem no passado?
Se houve, desconheço.

Acredita que oficiais realmente vão cruzar os braços em reação à extinção da Casa Militar, como afirma o deputado Alberto Fraga?
A PM é muito ordeira. Nunca fizemos isso. Com todo respeito e admiração ao deputado Alberto Fraga, mas não concordo com esse posicionamento. Defendemos, na verdade, o diálogo com o futuro governador, para mostrar o quadro verdadeiro.

Há uma crise com a Polícia Civil?
Desconheço crise. Historicamente sempre houve algumas rusgas, mas eu particularmente sou contrário a qualquer desavença. Fui secretário-adjunto de Segurança e sempre trabalhei pela integração.

Então, por que essa reação ao nome do ex-diretor da Polícia Civil Laerte Bessa no comando do GSI?
Porque a Casa Militar é um órgão clássico de gerenciamento por militares. E o Bessa é emblemático em relação ao enfrentamento à Casa Militar. Em 2016, ele achincalhou o então chefe da Casa Militar (Cláudio Ribas) e o chamou de filho da puta. Como uma pessoa com esse perfil pode chefiar um órgão que vai se transformar em outro, mas na essência será a Casa Militar?

A Casa Militar atuou na campanha contra adversários de Rollemberg? Há informações de que um coronel trabalhou contra o governador eleito, Ibaneis Rocha…
Não. Você está se referindo ao Coronel (Anderson) Ferrari… Ele deixou a Casa Militar em maio e estava à disposição da candidata Eliana Pedrosa. Esse cidadão não tem nenhum vínculo com a Casa Militar.

Ele fez algo irregular?
Até onde sei, o caso foi apurado pela Corregedoria da PM, a pedido do Ministério Público, e nada foi encontrado.

Qual é a sua avaliação sobre a escolha da coronel Sheyla Sampaio para o comando da PM?
Desejo toda a sorte do universo para ela. Vai encontrar um período difícil, mas torço por sucesso. Ela é muito competente.

Ana Maria Campos

Editora de política do Distrito Federal e titular da coluna Eixo Capital no Correio Braziliense.

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