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Brasil e Japão celebram 130 anos de relações diplomáticas com foco na causa ambiental

Publicado em Eixo Capital, Notícias

Por Ana Dubeux — Brasil e Japão celebram, em 2025, 130 anos de relações diplomáticas. Nos primeiros dias de maio, o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, chega a Brasília. Além de fortalecer os laços de amizade, estão nos planos do país ações concretas de parceria com o Brasil, especialmente na área de meio ambiente. Já está em negociação a participação no programa de recuperação de terras degradadas. Segundo os dados do governo brasileiro, 159 milhões de hectares do território nacional estão ocupados por pastagens, dos quais 78% estão sob degradação intermediária ou severa.

Recuperação

Por meio da Agência Internacional de Cooperação Japonesa, o governo de Kishida pretende compartilhar a sua expertise em reaproveitamento de terras e, assim, contribuir com o desmatamento no Brasil. Duramente atingido pela degradação ambiental, o Cerrado ganhará relevância nesse esforço de sustentabilidade.

Alma de artista

Essas iniciativas ambientais foram detalhadas ao Correio pelo embaixador Teiji Hayashi. O diplomata também comentou os atentados de 8 de janeiro. Artista plástico, lamentou profundamente a destruição de obras e artes e elogiou o trabalho de recuperação do material. Citou, especialmente, a tela Os bandeirantes de ontem e de hoje, do pintor japonês Massanori Uragami. Ele citou reportagem do Correio descrevendo o processo de recuperação do quadro. Na residência oficial do embaixador, as paredes expõem diversos desenhos em estilo suibokuga, feitos pelo próprio embaixador Hayashi.

Mergulho nipônico

Enquanto a programação para celebrar os 130 anos da relação entre Brasil e Japão é concluída, os brasilienses podem dar um mergulho na cultura nipônica em uma programação que se estende por todo este ano. O evento mais aguardado é o Anime Summit, de hoje a domingo no Parque da Cidade – em uma homenagem ao aniversário de Brasília. O embaixador Hayashi estará presente no sábado, dia 20, ao meio dia. No Museu de Arte de Brasília, está em cartaz até o dia 28 a exposição DO: a caminho da virtude. Além de admirar artes visuais, o público poderá assistir a apresentações de artes marciais, como aikidô, karatê e judô.

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Uma autoridade para a COP-30

Tudo indica que o pleno do Superior Tribunal de Justiça (STJ) elegerá, na próxima terça-feira (23), o ministro Herman Benjamin para a presidência da Corte. Caberá a ele o cargo se os ministros seguirem a ordem de antiguidade para a escolha, critério que tem sido adotado nos 35 anos de existência do tribunal. Eleito, Herman Benjamin deve tomar posse no final de agosto, quando termina a gestão de Maria Thereza de Assis Moura. O mandato é de dois anos.

Kleber

O ministro, natural do interior da Paraíba e oriundo do Ministério Público, é um dos maiores especialistas no mundo em direito ambiental. Se eleito na próxima semana, ele estará no comando da Corte quando as atenções do mundo se voltarem para o Brasil. Em novembro de 2025, a 30ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU) ocorrerá em Belém. A COP-30 reunirá lideranças mundiais para debater soluções para conter o aquecimento global e criar alternativas sustentáveis para a vida na Terra. Herman foi nomeado ministro do STJ pelo presidente Lula em 2006.

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Poder visto com as lentes da poesia e do humor

A estátua da Justiça em manobras de skate com uma espada nas mãos. As curvas do prédio do Supremo Tribunal Federal transmutadas em jangadas. Em sintonia com o aniversário de Brasília, o artista plástico Toninho Euzébio apresenta a exposição 64 anos de STF em Brasília, que será inaugurada pelo presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, hoje, às 13h30, no Museu Ministro Sepúlveda Pertence.

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Desafio único

Toninho considerou um desafio criar obras a partir de um único tema. Com olhar de ilustrador, ele costuma fazer imagens com o celular e, em seguida, inserir desenhos para intervenções nas paisagens registradas. Para realizar a série da exposição, ele caminhou pelo prédio e estudou a história da Suprema Corte. Na foto do busto de Joaquim Nabuco, ele inseriu o desenho de uma camélia, símbolo dos abolicionistas. São releituras e intervenções com um toque de poesia e de humor.

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Formosa, mas não tanto

Na frente de Formosa, cidade goiana a 110km de Brasília, existem quatro viadutos gigantes, inacabados, inúteis e que impedem o fluxo do trânsito. Não levam a lugar nenhum. De tão grandes, poderiam fazer parte do acesso a capitais como São Paulo ou Salvador. O último viaduto, que nem chegou a ser concretado, é o do Forte Santa Bárbara, onde estão aquarteladas as tropas brasileiras do Exército. Chama a atenção, nessa obra tão grandiosa, o volume de recursos, que poderiam ser utilizados para construir escolas ou hospitais. No entanto, são viadutos-fantasmas. Alô, prefeitura!

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Café originário

A maior mobilização do movimento popular indígena do Brasil ocorrerá entre os dias 22 e 26. O Acampamento Terra Livre (ATL), promovido pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), completa, em 2024, 20 anos de luta histórica pela garantia dos direitos dos povos indígenas e fortalecimento da democracia. Aproveitando a presença dos indígenas na cidade, a cafeteria Gentil Café, que tradicionalmente abre as portas para empreendedores, convidou alguns indígenas para expor e vender suas peças no espaço, que fica na 410 Sul.

Visibilidade

Dois deles (foto) são Júlio Yimufö, dos povos Kaxuyana e Tiriyó, do Parque do Tumucumaque (PA), e Elenira Apurinã, do Acre. Eles fazem acessórios, roupas e peças de decoração, feitas com sementes, miçangas, tecidos, rapé, penas e outros materiais. “É uma forma de dar visibilidade à arte indígena, que é linda”, diz Patrícia Gentil, uma das sócias da cafeteria.

Júlio Yimufö, dos povos Kaxuyana e Tiriyó, do Parque do Tumucumaque (PA), e Elenira Apurinã, do Acre | Arquivo pessoal