A representante do Distrito Federal afirmou que policiais militares estão desestimulados, durante reunião com Lula. E cobrou mais participação de secretários de Segurança em projeto do governo federal
Por Samanta Sallum
A governadora em exercício do DF, Celina Leão, foi uma voz contundente na reunião de governadores com o presidente Lula ontem para tratar do combate ao crime organizado. O governo federal planeja promover alterações na segurança pública por meio de uma proposta da emenda à Constituição (PEC), que será enviada para análise do Congresso. “Essa PEC é subjetiva, e a realidade das dificuldades da segurança pública é bem objetiva. Essa PEC não resolve nada”, comentou Celina com a coluna, após a reunião.
Na sua fala oficial, na reunião, ela defendeu mais prazo para os governadores analisarem a PEC. “A medida mais importante a se tomar não seria encaminhar de imediato esse projeto para a Câmara. Então, talvez um prazo, que seja de 10 a 15 dias, para o Fórum de governadores mandar uma resposta única deles, ou do Conselho de Secretários de Seguranças para aprimorar isso.”
A governadora foi enfática ao apontar que a população está descrente na atuação do Estado na segurança pública. “Ninguém aguenta mais viver numa sociedade que o bandido tem privilégios o tempo todo e homem de bem fica nas ruas. E talvez não tenha ninguém mais desestimulado do que os nossos policiais militares.”
Assassinato no restaurante comunitário
A representante do DF, ao questionar a legislação, que segundo ela beneficia criminosos, lembrou de um assassinato na capital federal. “Um cidadão que havia sido preso 20 vezes. Na 21ª, ele matou uma mulher dentro do restaurante comunitário. Então, algo precisa ser feito, e aí eu acho que existem algumas legislações que precisam ser visitadas efetivamente.”
“Se fala em contratar mais policiais. Mas não adianta continuar contratando e continuar soltando os bandidos.”
A lei da audiência de custódia é de um pacto internacional que a governadora sugeriu rever. “Será que o país vai continuar ainda signatário do Pacto de São José? Será que a gente pode pegar aquilo que é positivo do pacto e retirar aquilo que deixa os nossos policiais sem estímulo para sair de casa para prender bandido?”
Também manifestou a restrição de abordagens policiais determinada pelo Supremo a moradores de rua. “Para o governo é difícil tirar o morador de rua, que muitas vezes usa aquele ponto de estadia como local de tráfico de drogas. Eu sou impedida hoje pelo Supremo. Mas ao mesmo tempo sou cobrada pela população que paga impostos aqui no DF.”
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