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com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br e MAMFIL
Num mundo globalizado pelos efeitos instantâneos da internet, as informações correm o planeta com a velocidade da luz. Antes mesmo que as autoridades possam agir para peneirar as notícias, retirando de circulação aquelas mais incômodas para o governo, a verdade dos fatos já circulou por todos os cantos e se impôs soberana.
Com relação à epidemia do zika vírus que vem assolando o Brasil, o mundo sabe que, nessa altura dos acontecimentos, nosso país é o campeão em casos registrados. Nos últimos meses, mais de 91 mil casos dessa doença foram notificados. Somente na Região Nordeste, mais de 30 mil casos foram reportados entre janeiro e abril deste ano. Essa é a região com mais números de casos de microcefalia. Pelas estimativas, por baixo, mais de 1,5 milhão de brasileiros contraíram a doença. O problema é de tal magnitude, que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou, recentemente, o alerta de emergência global.
Além da microcefalia, o vírus da zika pode causar a síndrome de Guillain-Barré, grave enfermidade neurológica, que provoca paralisia e pode levar à morte do paciente. No primeiro trimestre deste ano, 802 mil casos de suspeita de dengue foram registrados, com 140 mortos. É tamanha a repercussão internacional com as notícias dessas epidemias que um grupo formado por cerca de 150 cientistas de renome mundial chama a atenção do governo para as graves consequências trazidas pelo vírus. Para o grupo de pesquisadores, algumas das consequências são bem mais graves do se supunha no início.
Da microcefalia aos distúrbios neurológicos, os vírus, transmitido pela picada do mosquito Aedes aegypti, são potentes, com predileção pelo sistema nervoso humano e ainda não se conhece, com exatidão, a extensão de seus malefícios para a saúde humana. Em mais de 60 países, a presença do vírus já foi detectada, dos quais 39 nas Américas, alerta a OMS. Pesquisadores e sanitaristas famosos têm sustentado, inclusive, a hipótese de as autoridades brasileiras reverem a realização das Olimpíadas do Rio de Janeiro, remarcando o evento para uma data futura, da mesma forma que foram adiadas ou canceladas as Olimpíadas de 1916, 1940 e 1944.
Com os altos investimentos já feitos na imensa infraestrutura do evento, o governo brasileiro tem relutado em encarar a possibilidade de adiar o torneio. A própria OMS tem sido acusada de rejeitar a proposta de cancelamento provisório do evento, pedida por muitos cientistas, devido a conflito de interesses e por ter parceria com o Comitê Olímpico. A consequência, dizem os cientistas, é que aumenta o risco de difusão do vírus e da enfermidade. “Com meio milhão de pessoas indo ao Rio para os Jogos — e não se trata de visitantes habituais, e sim que vêm de cada canto do mundo —, abre-se a possibilidade de que uma pessoa de qualquer lugar se contamine. Ao retornar ao seu país, os mosquitos locais podem transmitir a doença.” Para esses especialistas, há uma chance real de que a epidemia surja em outras localidades do planeta, com consequências imprevisíveis.
Depois da Copa do Mundo de Futebol, que deixou um rastro de obras mal explicadas por todo o país e um 7×1 intragável, a não realização das Olimpíadas no Rio de Janeiro, por causa de um mosquito, colocaria o Brasil na vitrine mundial, como exemplo de país em que o encontro do esporte com a política resultou no maior desastre que se tem notícia em todos os tempos.
A frase que foi pronunciada
“Corte-se até a verba para a alimentação. Mas não se sacrifique a biblioteca.”
Oswaldo Cruz
Mais cedo
A senadora Simone Tebet agitou as discussões sobre o impeachment. Depois que o presidente da comissão, Raimundo Lira, acatou o pedido da senadora para diminuir o prazo para a entrega das alegações finais da defesa e para a acusação de 15 para 5 dias ,o ambiente esquentou. A ideia é que tudo esteja resolvido em julho.
Iniciativa
Criar núcleos de planejamento, coordenados por pesquisadores de universidade e com a participação de atores locais, tanto de instituições públicas quanto privadas, com o propósito de fortalecer as economias e os sistemas produtivos das regiões. O objetivo está estampado nos informativos da Câmara dos Deputados.
Ação
O deputado federal Vitor Lippi é quem coordena o Centro de Estudos e Debates Estratégicos da Câmara dos Deputados. Dirigentes das principais universidades e especialistas em pesquisa de extensão discutem o conhecimento científico e ações que valorizam as microrregiões do país.
História de Brasília
Agora, ao dr. Jânio. Antes que o senhor chegue ao próximo porto, em seu navio de luxo, no exílio voluntário, saiba que o país tem novo governo. Sua ausência na hora necessária já está suprida, e lamentamos apenas os dias angustiantes pelos quais passamos. Hoje, todos procuram uma razão para o seu gesto, e nós encontramos apenas duas: ignorância ou má-fé. (Publicado em 6/9/1961)