VISTO, LIDO E OUVIDO – ARI CUNHA com Circe Cunha colabora MAMFIL

Publicado em Íntegra

ARI CUNHA – Visto, Lido e Ouvido Data de publicação 10/11/2015 Desde 1960 aricunha@dabr.com.br com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br                                                               

Ovo não fecundado                

Com a forte rejeição ao nome e ao partido, divulgada por recente pesquisa, o lulismo caminha trôpego para o colapso final. O símbolo da sigla partidária, representada pela estrela vermelha solitária, numa referência a seu único nome de peso, amarga um entardecer melancólico.

Aquele tempo do agitar as bandeiras sem pensar em pagamento se foi. Até artistas se envergonham de ter bradado por um Brasil que seria diferente. Irene Ravache declara que o PT foi a maior decepção da vida dela, e Regina Duarte permanece na elegância de quem sempre soube das coisas.

Com a saída de Lula, dono da bola e do campo petista, o jogo para a legenda murchou. A ideia de refundação do partido, levantada em outras ocasiões, permanece de pé. O brasileiro já sabe que isso não vai resolver. Quantos nomes teve a LBA? O rótulo nunca muda o conteúdo.

Refundado ou não, resta ao PT colher os frutos de sua lavoura nesses 13 anos. À medida  que as investigações vão cavando e revelando os cadáveres escondidos, aumenta também, na mesma proporção, o fosso que separa o partido e seu dirigente da sociedade brasileira. Se vencer a tese da refundação, o único caminho razoável será extirpar da sigla toda a antiga direção, inclusive o próprio Lula.

Aliás, qualquer refundação pra valer terá de que ser feita com gente nova. O estatuto do partido, que até aqui tem dado total proteção para acusados e condenados pela Justiça, terá que ser reescrito. Dada a pouca chance desses fatos ocorrerem, fica a impressão de que ou não haverá refundação ou a sigla rachará, a exemplo do que ocorreu com o brizolismo e a sigla do PTB, ocasionando o nascimento do PDT.

Desacreditado e com discurso esvaziado, restará ao PT se conformar com a nova estatura de anão político. A outra saída será se unir ao PSol e ao PCdoB, formando esquerda tipo maionese, onde ideários copiados do bolivarismo venezuelano, vãose misturar à nostalgia cubana dos anos 1960, com pitadas do Foro de São Paulo, num sarapatel requentado e até mesmo hilário. A foice deixou de eliminar a corrupção, o martelo bateu no dedo, a estrela é lixo celestial e o picareta, em alusão ao dono da bola, serão fundidos. Dessa amálgama nascerá um ovo. Um ovo choco.

A frase que não foi pronunciada “Uma democracia sem corrupção é reconhecida pela coragem da oposição.” Livro imaginário Antes do inteiro 13 e depois do partido 13 No tribunal

Em um caso em que a lei deixou escapar a previsão, o advogado perguntou ao juiz de onde ele tirou a ideia, onde estava escrita. Sabiamente, fazendo o papel que lhe cabe, o juiz respondeu: “No bom senso”.

Segurança                

Um cargo na diretoria de sindicatos rende 72 meses de emprego garantido. Ninguém vai demitir sem justa causa e ressarcir essa enormidade de tempo.

Trabalho                

Fiscais do Trabalho precisam sair no horário de almoço para dar uma volta no Senado, na Câmara e nos ministérios. Os terceirizados que cuidam da limpeza não têm onde descansar. Almoçam sentados no meio-fio, deitam-se na grama ou em calçadas. As condições de descanso nos intervalos precisam melhorar. Memorável

Quem comentou sobre o encontro com Claudio Coletti foi Helival Rios. Estava realmente emocionado quando voltou ao túnel do tempo e viu como foi a participação de toda a turma para a imprensa brasileira.

Legis

Pegando carona nas leis, a Editora Saraiva está legislando. O Vade Mecum volta e meia apresenta algumas correções incabíveis ou omissões inadmissíveis.

Saída                

Para o governo Rollemberg, a situação é insustentável. A saída foi inteligente. Para espaços públicos como a Torre de TV, parques e zoológicos, entre outros, a solução será a parceria com empresas privadas.

De graça                

Inspirada na tragédia Otelo, de Shakespeare, a Cia. Face e Carretos Alegre (RS) traz a temática do ciúme manipulado pela inveja e, com ela, constrói drama fantástico, em tom surrealista na peça O monstro dos olhos verdes, ou por quem morrem as pombas? Amanhã e quinta-feira, às 20h, no Teatro Plínio Marcos.

História de Brasília Observância ao Plano Piloto. Na W3 há diversas oficinas, principalmente de automóveis (Folks, DKW, Willys) tudo isso irregular. No Setor Escolar há uma estação de rádio. Em frente à Novacap, residências são transformadas em casas de comércio, e os cartórios dão mau exemplo. No SCL, a área de trânsito público é ocupada por bares, com mesas ao ar livre. (Publicado em 17/9/1961) 

ARI CUNHA – Visto, Lido e Ouvido Data de publicação

08/11/2015 Desde 1960 aricunha@dabr.com.br com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br                                                                 

Asas da liberdade                

Com a reabertura democrática,os movimentos sociais sufocados por duas décadas de opressão vieram à tona com toda a força, deflagrando pelo país as mais variadas reivindicações. Primeiro pela liberdade de organização e de sindicalização.

Realizada esta etapa, seguiram-se agitações por reposições salariais, planos de carreiras e outros auxílios diversos. Desse tempo ficou a esperança de que, para o funcionalismo público, se abririam dias de bonança. Passada esta fase “juvenil” de nossa democracia, depois de igual período experimentando o regime de liberdades plenas, outras e novas questões surgiram no rol reivindicações da categoria.

Para os professores, em especial, a realização de uma ou duas greves anualmente, deixou claro que algo errado persistia com a classe. A almejada liberdade, onde tudo seria conquistado pela pressão desses profissionais, não trouxe as melhorias sonhadas. As escolas continuaram no seu lento processo de sucateamento, os ganhos salariais obtidos numa ponta, foram facilmente corroídos no outro extremo pelos efeitos da inflação em cadeia. As vitórias do dia anterior eram facilmente ultrapassadas pela realidade do dia seguinte.

A mesmice das greves, entronizadas no cotidiano de alunos e pais, só fez crescer o processo de decadência acentuada do setor educacional.                 Desmotivação e professores cada vez menos preparados para a função foi o que restou de anos de paralisações.

Sem outra razão para existir do que fomentar greves relâmpagos, restou aos sindicatos o papel de piromaníaco das relações trabalhistas.                 Rapidamente alguns professores mais lúcidos começaram a perceber que neste labirinto não  havia saída  nem solução possíveis .

O problema da educação pública de qualidade é muito superior às questiúnculas sindicais imediatistas e de cunho ideológico partidário.

Definitivamente não há solução possível via greves e interrupções sistemáticas de aulas. Passou da hora de o governo Rollemberg tomar a dianteira em relação ao restante do país e buscar conjuntamente a solução definitiva ou de longo prazo para os muitos problemas do ensino público.

Propostas, como a mudança no método de custeio do ensino, através da adoção do financiamento do sistema com base em valores per capita  de cada aluno efetivamente matriculado e frequente, poderiam ser discutidas.  Em outras palavras, os recursos para bancar escolas e professores viriam de cada aluno financiado pelo governo. Os recursos ficariam sob a administração de cada regional que aplicaria diretamente em suas escolas.

A Secretaria de Educação precisa cortar as gorduras, assim como o restante da burocracia perdulária e inoperante. A autonomia das escolas daria sentido ao sistema da meritocracia, premiando as boas escolas e reorientando aqueles estabelecimentos menos capazes. Enfim, livrando as escolas da intromissão política dos governos e de quebra libertando os professores da opressão dos sindicatos.  A frase que não foi pronunciada “A gratidão tem memória curta.”

Benjamin Constant  

Posse                

Com 37 anos, o oncologista Gustavo Fernandes vai dividir a tarefa de dirigir o Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês(Unidade Brasília), e a presidência da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica. No discurso da posse na SBOC, o especialista em tumores gastrointestinais declarou que está pronto para trabalhar para que a entidade seja um modelo para o país.

Verdade                

Quem sempre teve ojeriza de imitar americanos agora compra a briga pela legalização do aborto agradando a multinacionais que gargalham frente às facilidades da corrupção no Brasil. O juiz que autorizou o primeiro aborto nos EUA, no caso Roe contra Wade, carrega o arrependimento por toda a vida. Ele disse que, se naquela época os aparelhos de imagem fossem tão avançados como os de hoje, jamais permitiria o assassinato intrauterino. Não faltam vídeos no YouTube mostrando o esforço dos bebês para sobreviver aos ataques patrocinados pela própria mãe.  

Em nada                

Com a timidez de sempre, os tucanos criticam a pizzada da CPI do BNDES. Deputados do PSDB comentaram sobre a falta de acesso aos documentos e ingerências políticas no processo. De acordo com o Coaf, as operações suspeitas somam R$ 500 milhões.  

Memória                

Foi só chegar às empresas telefônicas, pagar R$ 600 pelo extrato de ligações de quem quer que seja. Senadores já compraram o próprio sigilo telefônico. O senador Álvaro Dias conferiu a lista das próprias ligações. Estava certa. O deputado Gustavo Fruet também checou. Só o então senador Aloisio Mercadante disse que as informações eram falsas. O fato ocorreu em 2008.

 Perigo                

Que rigor é esse? 520 mil toneladas de agrotóxicos consumidos em 2014 no Brasil. Enquanto o mundo inteiro proíbe vários tipos desse do produto, o nosso país recebe sem burocracia. Os rios vão sentindo o impacto. História de Brasília

O  Ministro Pedroso Horta foi o primeiro a tomar conhecimento da decisão do sr. Jânio Quadros, mantendo, entretanto, segredo absoluto. (Publicado em 26/8/1961)   ARI CUNHA – Visto, lido e ouvido Data de publicação

07/11/2015 Desde 1960 aricunha@dabr.com.br com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br                                                                 

Conversa de comadres

Feita sob medida para buscar frestas de luz e ar fresco depois de soterrado e acuado por um mar de lama de denúncias de corrupção que envolve diretamente sua pessoa, seu governo, o governo da sucessora, seu partido e, de quebra, membros da própria família, o ex-presidente Lula usou da conhecida verborragia para dizer o que bem quis numa entrevista em que o interlocutor se limitou a abrir portas para o chefe do Partido dos Trabalhadores passar com o discurso ilusionista.

Nos bastidores, o que se comenta é que Lula teria ligado pessoalmente para Silvio Santos, dono da emissora, pedindo espaço para o “pronunciamento”, disfarçado em forma de entrevista, a fim de dar sua versão para o que já é chamado de década perdida. A imprensa séria, escaldada por esse tipo de fala ensaiada, preferiu ignorar o assunto. Ao contrário de blogs e do próprio Instituto Lula, que deram grande destaque ao fato. Entretanto, uma observação mais atenta, feita sob a lupa de um psicanalista interessado, pode revelar, nas entrelinhas, no omitido, muito sobre esse personagem controverso da política nacional.O cenário gigante, ao fundo, repleto de imagens do entrevistado em vários momentos de sua trajetória, até com a foto oficial ostentando a faixa da República, já denunciava o caráter propagandístico da conversa coloquial. A pré-pauta, com as perguntas conhecidas de antemão, eram recebidas pelo ex-presidente sem surpresas e com um sintomático sorriso no canto dos lábios que insinuava, além de falsa segurança no que dizia, tentativa de desqualificar, pelo deboche, o grande número de denúncias que lhe pesam sobre os ombros.

Entre um afago e outro na barba rala, afiando a ponta do bigode, Lula concorda com a deixa do entrevistador de que a bandeira de uma possível candidatura sua é pequena e se resume em apenas evitar a volta da oposição. “Não tenho vontade de ser candidato, sou candidato para defender o pobre”, disse.  O problema maior em buscar sentido prático em entrevistas ensaiadas é que cada gesto, cada fala passa a se incorporar intimamente ao gestual, ficando todo o enredo prisioneiro apenas da performance do ator.

No caso da entrevista em foco, quem estava sentado ao lado do jornalista do SBT era muito mais do que um político típico brasileiro. Na verdade, era alguém cuja grande proeza se resume na sobrevivência em meio ao grande sertão inóspito que provocou e deixou para trás.

A frase que não foi pronunciada

“Não sei como será o Brasil de 2050, mas o de 2017 vai continuar no vermelho. Em todos os sentidos.” Mente coletiva

Lado bom

Governador Rollemberg acertou quando convidou um professor da UnB para tomar corpo na Secretaria de Segurança. Arthur Trindade deixou sua marca nesse breve tempo. O corpo docente das universidades brasileiras precisa ser consultado mais vezes por todas as esferas do governo. Ganha a comunidade. Os ponteiros políticos vão se ajeitando com o tempo.

Preços

Novamente mostramos a forma de as indústrias venderem iludindo os consumidores. A falta de padrão de peso da mercadoria é utilizada sem ética por muitas indústrias para ludibriar o comprador no varejo. Paga-se mais caro e ainda se leva menos quantidade. A observação chegou pela missiva de Roldão Simas.

Pesos

A pipoca para micro-ondas foi lançada pela Yoki em embalagens de 100 gramas e é comercializada no Supermercado Wal-Mart por R$ 1,48. Na mesma gôndola encontramos pipocas de outras marcas em embalagens do mesmo tamanho e formato, mas com pesos (e preços diferentes). A Elma Chips, com 80 gramas, vendida por R$ 1,68 (equivalente a R$ 2,10 por 100 gramas) e a ACT II, da Cargill, com 85 gramas, a R$1,88, (ou seja, R$ 2,21 por 100 gramas).

Leitor

Cabe uma pergunta sobre a administração dos fundos de pensão: como acreditar na seriedade da administração desses recursos se, como fez o governador do Distrito Federal, no primeiro aperto que se apresenta simplesmente mete a mão nos recursos do trabalhador?

História de Brasília

Hoje cedo, era intenso o movimento no aeroporto, com todos os aviões lotados. O ministro da Educação conversava alegremente com todos os presentes, sem, entretanto, demonstrar o mínimo conhecimento dos acontecimentos. (Publicado em 26/8/1961)

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