VISTO, LIDO E OUVIDO

Publicado em Íntegra

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Colaboração Mamfil 

Francisco secular I
 
Quem conhece um pouco da história da Igreja e das diversas Ordens religiosas que  a compõem , logo reconhece na atuação  missionária e pastoral  do Papa Francisco,  traços nítidos de sua  formação, moldada  dentro dos princípios  que  orientam a Companhia de Jesus  criada em 1540.  
Nos “Exercícios Espirituais”, escrito por Inácio de Loyola, estão algumas pistas que identificam a postura do atual Papa e sua disposição para as tarefas desse mundo, neste conturbado século XXI. Firmeza de princípios e universalidade do apostolado, são algumas das características básicas que definem os Jesuítas.  
Bento XVI, que para muitos, é considerado um dos maiores teólogos da Igreja Católica, vislumbrou, como nenhum outro, no argentino Bergoglio ,  as qualidades essenciais, tanto pessoal , como de formação, para atuar como reconstrutor de uma Igreja em processo de acentuado esvaziamento. Como construtor de pontes, o pontífice Francisco vestiu-se  dos trajes do mundo e partiu para uma missão ao redor do planeta,   árdua  e sem data para terminar, da mesma forma que faziam seus irmãos jesuítas durante a fase dos grandes descobrimentos na idade moderna.
Naquela época , era comum encontrar os chamados “Soldados de Cristo” nas mais remotas e inóspitas áreas do planeta.  É  essa formação jesuíta que faz de Francisco um papa secular, mais preocupado com os problemas do mundo real do que em colar os cacos do grande vaso cristão, estilhaçado com as Reformas no passado e com o avanço das religiões pentecostais  sobre a massa de fiéis, no presente.
Neste sentido  sua atuação  hoje , se prende à uma lógica cartesiana: de que adianta remendos e reformas abstratas na Igreja,   se em seu entorno o planeta parece  se desmanchar a cada rotação.
No comando da Santa Sé, o papa se firmou como ser político , e como tal vem planejado minuciosamente sua agenda internacional, dotando-a do elemento de equilíbrio e negociação, sempre na busca da convergência das partes. A luta dos cristãos é pela santidade. Entenda-se compartilhar a alegria e estar perto na hora da tristeza. Ser santo não é ser santinho. Como bem lembrou o papa João Paulo II “O Brasil precisa de santos! O Brasil precisa de muitos santos! Santos no sentido de gerar frutos de justiça e paz. Santidade fundamental da Igreja, também na vida dos leigos”. Padre Leo também  não cansava de repetir: “Ser santo significa ser melhor para o outro. Procurar a paz com todos significa que eu fiz o possível para viver bem com a outra pessoa. Se eu não fiz isso, significa que não recebi a graça da cura interior. Paz é fruto do Espírito Santo e a santidade tem a ver com essa busca pela paz”.
Na visita recente a Cuba, “caminhou sobre papel de arroz” , ao se posicionar de maneira clara entre a gerontocracia dos Castros e os reclames dos dissidentes.
Francisco foi o elemento catalizador que acelerou o retorno das relações entre a Ilha e os Estados Unidos. Por isso, muitos cubanos veem em sua figura uma espécie de libertador moderno, vindo de uma das mais antigas instituições da Terra.  
No discurso que fez já no Congresso americano, o papa pediu a atenção e cautela com todo tipo de fundamentalismo, religioso ou não.
Ao lado da defesa dos refugiados e de temas como o aquecimento global, papa Francisco falou , sem destemor,  de temas como homossexualismo, aborto e divórcio. “Todos estamos plenamente cientes e também profundamente preocupados com a situação social e política inquietante do mundo atual. O nosso mundo torna-se cada vez mais um lugar de contendas. Conflitos  violentos, ódios e atrocidade brutais, cometidos até mesmo em nome de Deus e da religião. Sabemos que nenhuma religião está imune de formas de engano individual ou de extremismo ideológico. Isto significa que devemos prestar especial atenção a qualquer forma de fundamentalismo, tanto religioso como de qualquer outro gênero. É necessário um delicado equilíbrio para se combater a violência perpetrada em nome duma religião, de uma ideologia ou de um sistema econômico, enquanto, ao mesmo tempo, se salvaguarda a liberdade religiosa, a liberdade intelectual e as liberdades individuais.
Mas há outra tentação de que devemos acautelar-nos: o reducionismo simplista que só vê bem ou mal, ou, se quiserdes, justos e pecadores. O mundo contemporâneo, com as suas feridas abertas que tocam muitos dos nossos irmãos e irmãs, exige que enfrentemos toda a forma de polarização que o possa dividir entre estes dois campos.” 
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