Verde e amarelo de Brasil

Publicado em ÍNTEGRA

ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

Desde 1960

com Circe Cunha e Mamfil

colunadoaricunha@gmail.com;

Charge: humorpolitico.com.br
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         Uma coisa é certa com o resultado de ontem: os perdedores nesse processo serão, pela ordem, a corte e o próprio Lula, ambos visivelmente desgastados e antipatizados pela opinião pública. Pelas demonstrações havidas em todo o país, ficou mais do que evidente que a parte da população que pedia a prisão imediata do ex-presidente e a manutenção do entendimento da prisão em 2ª instância é largamente majoritária.

          Em todas as capitais onde houve manifestação de rua, o verde-amarelo foi a cor predominante, o que, para bom entendedor, significa que os brasileiros, em sua maioria, apoiam os trabalhos de investigação que vêm sendo feitos por juízes e promotores da 1ª instância, mormente os relativos à Operação Lava Jato, que tem o juiz Sérgio Moro à frente. Verde e amarelo de Brasil.

           Aliás, com relação a esse magistrado, o mínimo que se pode dizer é que se trata de uma unanimidade nacional, que vem recebendo as mais enfáticas manifestações de apoio, sendo aplaudido, de pé, por onde se apresenta. Nesse sentido, não há como não reconhecer que toda essa aura que parece emanar dele decorre, justamente, do apoio massivo que tem recebido da opinião pública. Em sentido contrário, o que se tem observado ultimamente é a hostilidade crescente da população com relação não só a figura do ex-presidente, mas a todos os políticos envolvidos em casos de corrupção.

        Nesse mesmo rol de desaprovação geral aparecem agora também alguns dos ministros do STF, sobretudo aqueles que têm demonstrado um comportamento mais benevolente com os ex-presidentes e staff petistas. Subestimar ou mesmo desdenhar a força onipotente da opinião pública, justamente num momento de grande tensão, é, para dizer o mínimo, perigoso. Nessas horas, em que o poder de inflamação geral parece atingir seu ponto máximo, inclusive com declarações límpidas e certeiras vindas diretamente da caserna, todo o cuidado é recomendado.

           Para os historiadores e cientistas sociais, a gravidade do momento revela, entre outras coisas, que a República, conforme foi estruturada após o retorno da democracia há trinta anos, vive seu momento de estertor máximo. A tentativa derradeira de estabelecer agora um ponto de inflexão a todo o processo de investigações, condenações e prisões, promovendo uma anistia geral e irrestrita aos políticos e empresários implicados nos rumorosos casos de corrupção, parece tão evidente como eminente. Mesmo assim, o campo político, maldição das instituições democráticas, será abordado de forma diferente. Em primeiro lugar, em termos práticos, é preciso uma ampla auditoria internacional nas urnas eletrônicas do país para evitar estragos maiores.

            Nossa realidade é assim. Cheia de entrelinhas tecidas com a diáfana da ilusão. Há então, a necessidade de uma estratégia mínima que traga resultados limpos, onde o povo tome as rédeas na declaração genuína da vontade de eleger a pessoa certa. “ Nós, o povo” funciona melhor do que “Nós, os representantes do povo.”

        Ninguém, com o mínimo de discernimento, tolera mais a costura de redes das narrativas sem fim, em que ululam ao mesmo tempo a destruição das oposições e a compra massiva de políticos. Dessa vez, de forma industrial, seguindo os parâmetros da esquerda de estandardização das vontades.

      Com a máquina do Estado nas mãos erradas, crescem interesses pessoais, vaidades, mentiras, subornos, ameaças, apropriação indébita dos votos, resumidamente. Ninguém, que ama o Brasil, tolera mais o nós contra eles, os números positivos produzidos nos estúdios da Elizabeth Arden da economia governo. Chega do festival de malas de dinheiro que ainda voam de um lado para outro, principalmente em direção à paraísos fiscais, do staff que amealha centenas de milhões, das contas de campanhas devidamente lavadas e branqueadas no TSE e das delações, feitas na eminência da prisão.

           O fio da espada da justiça enfim veio à baila. É esse o país que temos e é esse o destino que traçamos. Ontem foi dada a primeira senha para a deflagração de um novo país. Nunca mais o Brasil será o mesmo.

A frase que foi pronunciada:

“O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.”

Guimarães Rosa

Release

O combate à corrupção no Brasil foi tema central do 2º Congresso Internacional e 7º dos Auditores do TCU, que estão sendo realizados até 6ª feira em Fortaleza O congresso é promovido pela Auditar – União dos Auditores do Tribunal de Contas da União, presidida por Paulo Martins. Além da corrupção, também serão debatidos assuntos ligados à segurança pública, infraestrutura, previdência, governança, representação política e o papel do TCU no momento atual e no futuro.

Imagem: sindilegis.org.br
Imagem: sindilegis.org.br

Link para programação do evento:

http://www.oestadoce.com.br/wp-content/uploads/2018/04/Programa%C3%A7%C3%A3o-Final-Congresso-dos-Auditores.pdf.pdf

Expectativa

Obras iniciadas para receber o hospital completo Sírio Libanês, em Brasília. A sede será na L2.

Foto: setorsaude.com.br
Foto: setorsaude.com.br

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

O chapa 82, verde-amarelo, deve servir a algum vegetariano, porque eu nunca vi tanta verdura dentro de um carro só… (Publicado em 18.10.1961)

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