Desde 1960
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com Circe Cunha e MAMFIL
Palanque é tudo que um político finório precisa para exercitar a arte da ilusão. Encoberta sob três tampinhas idênticas, diante do espectador, estão a verdade, a mentira e a versão. Embaralhada com a habilidade de um prestidigitador da lógica, por mais que o ouvinte tente acompanhar o deslocamento rápido das peças, buscando a verdade ali escondida, o que acaba sempre surgindo quando a tampinha escolhida é retirada é a versão. Livre do peso da verdade e das armadilhas da mentira, a versão transita leve entre ambas, sendo impossível distinguir a fronteira entre uma e outra.
É dessa forma que Lula sempre se apresenta diante de plateias cativas. Não é por outro motivo também que ele não se faz de rogado, quando busca se comparar às grandes personalidades do mundo, inclusive a Jesus Cristo. Convenhamos: de jararaca, que afirmou ser, depois de levado coercitivamente para depor na polícia, ao Jesus, no último pronunciamento, houve uma evolução e tanto. É preciso reconhecer o fato de que quem presta atenção e divulga esses múltiplos personagens do figurino de Lula para as massas é a imprensa. Foi ela quem deu vida e fôlego a esse Macunaíma moderno.
Mesmo ajudado pelo poder das mídias eletrônicas, sem a imprensa, Lula nada seria. Sem os bilhões de reais gastos pela Secretaria de Comunicação do Planalto em propaganda, o governo petista seria ignorado. Autêntico produto do marketing moderno, Lula possui o exato fôlego que lhe dispensa o noticiário diário. É justamente pelos meios de comunicação que Lula consegue propagar a fantasia que mais lhe cai bem: de coitadinho, vítima de uma sociedade cruel e desigual. Entre fazer orelhas moucas a essa velha raposa de nossa história recente e dar-lhe visibilidade momentânea por conta de suas estripulias, melhor é deixá-lo exercitar sua retórica vazia.
Dessa forma, ficam registrados os arroubos finais de um político que, durante um certo tempo, chegou a merecer a atenção e mesmo a adesão de muitos brasileiros sérios. Da metamorfose ambulante que dizia ser, o que chega agora até nós é um personagem envelhecido e encurralado pelos fatos e que, por vaidade, insiste ainda em interpretar, de modo desafinado, suas antigas milongas.
Também uma observação atenta em cada indivíduo que formava a plateia presente ao pronunciamento pode ajudar a entender um pouco sobre a qualidade do público que restou como ouvinte desse canastrão embevecido. São todos oriundos da mesma fornada, feitos com a mesma farinha e com o mesmo fermento, e que o grosso da população já recusou como alimento muito fora do prazo de validade para ser consumido.
A frase que não foi pronunciada
“Me mandaram caçar emprego. Que arma eu uso?”
Bilhetinho no chão do Sine perto da rodoviária
Nota da Caesb
» “Não estamos fazendo racionamento de água. Essa possibilidade está prevista em resolução da Adasa, caso um dos reservatórios de abastecimento chegue ao nível de 20% — hoje, o Descoberto chegou a 40,9%. Várias medidas estão sendo tomadas para que não cheguemos a essa situação. A Caesb só coloca redes de águas em áreas que estejam contempladas nos Termos de Ajustamentos de Condutas (TACs) e atendam às exigências do Decreto 34.211/2013, que determina que essas estejam em processo de regularização junto ao IBRAM e à SEGETH. Assina o Assessor de Comunicação José Carlos Barroso.
Hoje
» Quem não gosta de sair à noite para shows tem uma grande oportunidade aos sábados. Hoje, por exemplo, às 11h30, o Clube da Bossa mais uma vez apresenta o Palco Aberto no teatro Silvio Barbato, Sesc do Setor Comercial Sul, Quadra 2, Edifício Presidente Dutra. A entrada é franca. Se quiser levar doações para pessoas carentes, a Mylene Sivieri organizará a entrega em Taguatinga.
Release
» Setembro é marcado pela luta das pessoas com deficiência (segundo o IBGE, 24% da população) por garantia de direitos, oportunidades, respeito e reconhecimento de seus talentos e possibilidades. O Coletivo cria Brasília abriu oportunidades para crianças, jovens e adultos com diagnóstoco de deficiência participarem de um ensaio fotográfico realizado pelo fotógrafo Marcello Lunière, brasiliense, residente em Paris, de passagem por Brasília.
Agenda
» A mostra fotográfica será no Shopping Liberty Mall — Coletivo Cria Brasília, de19 a 30 de setembro.
História de Brasília
Agora, que o sr. João Goulart está no governo, é preciso que faça se transferir para o Distrito Federal a Previdência Social. As alegações são as mais descabidas possíveis, e estão em nossas mãos os argumentos apresentados pelo Iapi ao então ministro Castro Neve. (Publicado em 14/9/1961)