A UNE e o enorme Zepelin

Publicado em ÍNTEGRA

DESDE 1960

aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br e MAMFIL

 

No imenso armário de esqueletos, deixados para trás pela gestão petista nos 13 últimos anos, jazem amontoados num canto escuro os escombros daquela que foi a mais importante organização estudantil brasileira. Fundada em 1938, durante o governo Vargas, a União Nacional dos Estudantes (UNE) tomou a frente nos principais acontecimentos políticos do país, angariando apoio e respeito não só entre os estudantes do ensino superior, mas do grosso da população, que via em suas bandeiras de luta uma oportunidade de tirar o Brasil do subdesenvolvimento econômico e político.

Tão grandes eram seu prestígio e atuação que, durante os momentos de fechamento político, foi a primeira organização a sofrer retaliações dos ditadores, temerosos do poderio e da abrangência de suas ações. Era, de fato, a voz dos milhares de estudantes de todo o país. Das suas trincheiras, saíram grandes lideranças que ainda hoje militam no front político. Eram outros tempos e a independência em relação aos poderosos granjeava apoio e simpatias de todos. Como nada é para sempre, o moedor de carne da história cuidou também da UNE.

Por mais incrível que pareça, os tempos de glória começaram a virar passado e pó, com a ascensão ao poder justamente do PT. Abduzida pelo poderio da máquina estatal e pelas doações generosas de dinheiro público feitas pelos ocupantes do Palácio do Planalto, a entidade, de autônoma, se transformaria em braço ou franja do Partido dos Trabalhadores perante os estudantes. Silenciada pelo aparelhamento do Estado, a UNE perdeu o seu mais precioso patrimônio, que era o respeito dos estudantes. Hoje, é comum nas manifestações e reuniões de estudantes que a entidade seja vaiada e mesmo hostilizada dentro da universidades, chamada de fascista e adesista.

Com relação aos casos de corrupção, o silêncio da entidade que irrompeu, a partir de 2005, com o mensalão e com os episódios do petrolão, bem como o apoio público dado pelos dirigentes da UNE às ditaduras de Cuba, da Venezuela e da Coreia do Norte, criou um fosso profundo entre ela e o grosso dos estudantes.

Melancólico, o fim da UNE chega agora com a instalação, na Câmara dos Deputados, de uma Comissão Parlamentar de Inquérito que vai buscar respostas para o paradeiro de mais de R$ 44 milhões recebidos pela entidade a título de “reparação pela perseguição sofrida no Regime Militar”, além dos repasses de mais de R$ 12 milhões que, de acordo com o Ministério Público, foram justificados com a apresentação de notas frias.

Para a sociedade, é uma ótima oportunidade de passar a limpo esse período em que a UNE se vendeu. Para a UNE, se ainda resta tempo, é uma chance de aprender com os erros e, talvez, recomeçar do zero, recriando uma entidade sem rabo preso com qualquer governo.

A frase que foi pronunciada

“A melhor maneira de começar uma amizade é com uma boa gargalhada. De terminar com ela, também.”

Oscar Wilde

Impressionante

Atentado ao território

da UnB já desperta a atenção das autoridades. Quem é a favor de preservar o patrimônio nacional está impressionado com a ousadia de terem autorizado uma obra da Caixa tomando a frente do ICC Sul.

Outros tempos

As avenidas principais de Taguatinga — Samdu e Comercial — terão mão única. Sandu, no sentido oposto, e a Comercial, no sentido centro. Não foi fácil para o vice-governador, Renato Santana, receber tanta pressão dos grupos políticos ligados a Taguatinga. Mas pôs um ponto final e a mudança vai acontecer.

It's only fair to share...Share on Facebook
Facebook
Share on Google+
Google+
Tweet about this on Twitter
Twitter
Share on LinkedIn
Linkedin