DESDE 1960 »
jornalista_aricunha@outlook.com
com Circe Cunha e MAMFIL
No embate entre a judicialização da política e a politização da Justiça, o que a nação vai assistindo é ao lento e histórico processo de ajuste de contas entre os Poderes da República. A rigor, a harmonia entre eles, vista dos bastidores, nunca existiu de fato. O que havia era uma relação mitigada com base em interesses mútuos nem sempre confessáveis. A antiga hipertrofia do Executivo, nos períodos de fechamento político, foi, com a redemocratização, sendo substituído pelo protagonismo dos demais Poderes, à medida que eles foram sendo recrutados para ajustar a máquina do Estado aos interesses crescentes da sociedade.
Com os gigantescos protestos de rua e com as ameaças de instabilidade social rondando, o que se vê é que chegou a hora de a República sacudir a poeira do passado e entender que o século 21 foi trazido pelas vozes não mais roucas das multidões insatisfeitas. Nesse sentido, é preciso entender que, nos longos e conturbados dias que se seguem, o jovem Estado democrático de direito, inaugurado pela Carta de 1988, tem sido submetido a um conjunto tão intenso de pressões que, se não resultar em situações de extremismo e violência generalizada, terá servido pelo menos como rito de passagem para o amadurecimento das instituições. Muito ainda terá de ser estudado e escrito sobre esse período especial. Mas é preciso aguardar ainda que o tempo e a distância tragam a serenidade necessária para esclarecer todo esse tempo especial de transformações.
Quem teve a oportunidade de apreciar o quadro A pátria, de Pedro Bruno, pintado em 1919, em que uma família aparece tranquilamente confeccionando uma enorme bandeira nacional, percebe que a construção de uma nação é laboriosa e lenta e exige a participação indistinta e permanente de todos. A esta altura dos acontecimentos, a população brasileira percebeu que uma das principais causas do atraso secular do Brasil, em relação às nações desenvolvidas, reside não apenas nas oportunidades desperdiçadas ao longo da história, mas sobretudo na baixa qualidade ética e profissional de grande parte dos dirigentes.
O que a sociedade brasileira mais tem feito, nos últimos 500 anos, é exercitar a própria capacidade de resiliência, até como meio de sobreviver a uma classe de mandatários predominantemente despreparados e desonestos. Os recentes embates que puseram em lados antagônicos o Judiciário e o Legislativo têm como origem não discussões de fundo filosófico e político, mas um motivo prosaico, oriundo de uma investigação policial corriqueira que visava apenas a apuração de supostos delitos envolvendo compra e venda de moedas estrangeiras, numa sobreloja localizada em um lava-jato de automóveis.
A frase que não foi pronunciada
“ Um por todos e todos por um!”
Três Poderes, se pudessem falar.
SMLN 9
» Em todo o percurso entre o Varjão e o Paranoá, as barreiras eletrônicas e pardais estão bem posicionados. Na curva antes do trecho nove, dois pontos precisam ser ressaltados para que o GDF se convença da necessidade de uma barreira eletrônica no local. A curva acentuada e a entrada e saída de veículos.
Pesquisa
» Ao final, ao cabo, depois do balanço do Bolsa Família, atestou-se que milhares de pessoas recebem o benefício sem obedecer às regras. É o lado corrupto da população com aval de prefeituras.
Estranho
» Leitor pergunta a razão de o emplacamento de carros solicitado no Detran do Paranoá não ser feito no próprio departamento. A notícia é que os motoristas devem se deslocar para uma empresa de família, a Internacional Placas, ali perto, efetuar o pagamento e o emplacamento é realizado.
Comunicação
» Os democratas norte-americanos passaram o ano inteiro pedindo pequenas doações para os filiados no partido. Perdida a eleição, os e-mails continuam. Dessa vez, para pagar uma festa de confraternização. Pelo próprio e-mail, o internauta garante o donativo.
Ano que vem?
» A carcaça das unidades de policiamento que foram doadas à Escola de Música de Brasília e seriam reutilizadas com criatividade ainda não foram aproveitadas.
História de Brasília
Nesta equipe, presidente, não há ciúmes. Há três nomes bons, três técnicos competentes, três homens que vivem Brasília desde seus primeiros dias, e entendem o seu funcionamento, o seu destino. Uma boa lista tríplice para V. Exa., dr. Jango: Israel Pinheiro, Vasco Viana de Andrade ou Afrânio Barbosa. (Publicado em 20/9/1961)