ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil
Como antiga capital do país, o Rio de Janeiro tem muito a ensinar a Brasília e aos brasilienses. O momento de grande aflição vivido agora pelos cariocas e que empurrou o estado para os limites imprecisos da intervenção militar na área de segurança, mostram que, à exemplo do ser humano, as cidades também possuem um ciclo de vida ou vitalidade que compreende etapas que vão desde o seu nascimento até o seu ocaso.
A decadência das cidades obedece também aos mesmos critérios que levam ao envelhecimento dos indivíduos e podem ser acelerados ou retardados de acordo com os cuidados preventivos que são adotados. No caso do Rio de Janeiro, a sequência contínua de maus gestores escolhidos pela população, ao longo de décadas, permitiu que a antiga cidade maravilhosa fosse sendo paulatinamente desfigurada pela especulação imobiliária desenfreada por um lado, e por outro, com a expansão e fixação desordenada de bairros inteiros, assentados de forma precária e sem infraestrutura adequada.
Abandonados à própria sorte nas encostas de morros, sem ruas, sem calçadas, com esgoto correndo a céu aberto, sem as mínimas condições de salubridade, as oitocentas favelas que compõem o Grande Rio se transformaram num problema de dimensões ciclópicas.
A situação chegou a um tal ponto que já é possível observar as áreas irregulares e caóticas literalmente engolindo os bairros planejados, transformando a cidade numa massa disforme, onde a racionalidade urbanística deu lugar ao improviso e a demagogia.
Não há exemplos em todo o mundo de cidades com esse grau de desarrumação urbana que tenha sobrevivido sem empreender reformas profundas em seu traçado. Contrariamente ao que muitos apregoam, a violência que assola o Rio de Janeiro tem relação direta com o caos urbanístico, sendo que não se pode falar em resolver definitivamente essa questão sem antes solucionar os aspectos urbanos.
Neste sentido, o trabalho de Hércules, deixado no colo dos militares, ao atuar apenas na ponta, ou seja, o combate às diversas formas de criminalidades, parece já com prazo de validade vencido. O que o Rio de Janeiro necessita, ao lado de outras medidas saneadoras, é de um profundo trabalho de recuperação das áreas degradadas semelhante ao que foi feito, no século XIX, em Paris, por Haussmann, ou em Barcelona, por Cerdá, ou nos mesmos moldes realizados pelo antigo prefeito Pereira Passos, que, no início do século XX, empreendeu um grande plano de transformação da cidade e ajudou no controle da febre amarela, da varíola e do cólera.
A valorização dos espaços físicos é condição sine qua non para o renascimento da cidade e muito mais prática e eficaz do que sitiar populações inteiras com canhões.
A frase que foi pronunciada:
“A maior atração de uma cidade é a qualidade de vida de seus moradores.”
Jaime Lerner
Tensão
Andando pela W3 é possível ver o abandono. Não só do GDF, mas dos próprios lojistas que acham que tudo é obrigação do governo. Aquelas marquises, as calçadas com desníveis, bueiros sem tampa, buracos pelo caminho. É impossível andar com tranquilidade. A atenção e tensão são constantes. Veja no blog do Ari Cunha algumas fotos tiradas no local.
Release
A Fundação da Câmara de Dirigentes Lojistas do Distrito Federal (Fundação CDL-DF) vai celebrar uma parceria com a Abrace. Juntas, as duas instituições vão promover o “Troco por Sorrisos”, que consiste em recolher, nos estabelecimentos participantes, o troco dos consumidores que quiserem doar para projetos sociais da Fundação CDL-DF e da Abrace. O evento de lançamento da campanha será no dia 21 de fevereiro, às 9h, no Espaço Pedagógico da Abrace.
Ok
Em protesto, o pessoal do Iguatemi ligou dizendo que o passe gratuito para o estacionamento do idoso foi uma decisão legislativa por iniciativa da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping, e não do Iguatemi em particular.
Envenena Brasil
Mais uma mineradora sairá ilesa do crime ambiental causado. Dessa vez, a multinacional canadense Kinross Gold Corporation contaminou a água de Paracatu com arsênio. Napoleão Bonaparte disse que “os homens são porcos que se alimentam de ouro.”
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Para os menos enfronhados no assunto, informamos que a Battes detém o monopólio da fabricação, no Brasil, de sacos para açúcar e cimento, folheados, e, recentemente, seu representante do Brasil foi substituído. (Publicado em 14.10.1961)