Um ano fora da curva do tempo

Publicado em ÍNTEGRA

DESDE 1960 »
jornalista_aricunha@outlook.com
com Circe Cunha e MAMFIL

Para muitos brasileiros, 2016 ficará gravado na memória como um ano de grande frustração provocada, sobretudo, pela classe política, cujas desandanças ampliaram, ainda mais, a alarmante crise econômica, aspergindo seus efeitos maléficos sobre todos. Para um país onde o Estado ainda é o principal indutor da economia, desajustes no funcionamento da máquina pública afetam todo mundo.
O fechamento de milhares de negócios, o desemprego e a falta de perspectivas se tornaram a colheita dos brasileiros em 2016. Para remendar o que foi rompido pela incúria política, houve mais uma convocação da sociedade para dar sua contribuição compulsória ao ajuste: congelamento de gastos por décadas, reformas trabalhista e previdenciária, aumento de impostos e tributos, arrocho e todo o receituário recessivo e conhecido há décadas. É preciso ressaltar que esta “caixa de Pandora” foi aberta pelos legítimos representantes da sociedade, eleitos, nos parece, para impor o flagelo eterno à população.
É justamente do abismo existente entre a classe política e a sociedade que ressurgiu, com potência, o dragão da inflação. Em qualquer direção que se olhe, em busca das causas da depressão econômica, surge vistosa a impressão digital política. Numa democracia, não se pode prescindir da atividade política. Mas, no caso do Brasil, a população se vê obrigada a conviver na intimidade com os próprios algozes. Pior: tem ainda que alimentar, com bilhões de reais, seus partidos, que nada mais são do que clubes fechados e distantes do olhar público, nos quais praticam todo o tipo de negócios particulares por meio do Estado.
Alheios ao padecimento da população, protegidos pela armadura marota da prerrogativa de foro e com os cofres cheios dos fundos partidários, esses brasileiros, muitos dos quais tornados milionários da noite para o dia, não têm do que reclamar. A bem da verdade, o chamado “Custo Brasil”, conjunto de características que são responsáveis pelo subdesenvolvimento crônico, podem ser reduzidos a um único elemento: a estrutura política do país e principalmente a classe política atual.
Se os brasileiros insistirem em não enxergar que esse é o fulcro do problema e que em 2016 ele se mostrou mais visível do que nunca, todos estaremos condenados a prosseguir como estamos fazendo desde 1500. Não é por outro motivo que volta e meia surgem na imprensa listas intermináveis de acepipes da mais fina culinária que são adquiridos com os recursos daqueles que não têm o que comer, para abastecer as copas e cozinhas dos diversos Poderes, nas mais diversas instâncias, e que são servidos em banquetes onde, logicamente, somente eles continuam a se empanturrar.

A frase que foi pronunciada
“O governo mais difícil é o governo de si mesmo”.
Sêneca

Máscara
» Anatel anuncia queda nas reclamações contra operadoras telefônicas. Não que os consumidores estejam mais satisfeitos. A estratégia para baixar as estatísticas é a quantidade de dados necessária para identificar o reclamante. Muitos desistem.

Simples assim
» O governo federal quer mais cisternas para compensar a seca no semiárido. Para
tanto, anuncia que investirá R$ 755 milhões nos estados mais atingidos pela seca. Nesse momento, deveria disponibilizar em rede, pela internet, quanto foi, para que estados, o que será feito com o dinheiro e qual a contrapartida dos governos estaduais. Tudo on-line,
com o acompanhamento
da população.

Release
» A previsão orçamentária do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO), para o exercício de 2017, é de R$ 9,7 bilhões. Empresários contarão com R$ 5,4 bilhões para investirem em seus negócios (55,7% do total), enquanto produtores rurais terão
R$ 4,3 bilhões (44,3%) à disposição para financiamentos. O valor é 59% maior do que foi disponibilizado neste ano. Com o acréscimo, o governo visa estimular os tomadores e fomentar a economia regional.

De Brasília
» Recebemos um e-mail assinado pelo senhor Luiz Solano sobre uma obra incômoda na entrada da garagem do Shopping Pátio Brasil. Pequenos acidentes são recorrentes no local, principalmente quando há maior movimento. Alexandre, outro leitor, dá a dica: durante a semana, se você não tiver preguiça de andar, estacione o carro nas cercanias do Econotel, bem na esquina da W3 Sul com o Eixo Monumental. Normalmente, é fácil encontrar vaga lá, e o estacionamento é público e gratuito.

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