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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)
Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
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Planejamento é tudo. Seja para o que vier a ser feito. Aliás, essa é uma das principais características a dar status, dentro da criação, diferenciando o ser humano das demais espécies existentes sobre o planeta. Foi justamente esse atributo que possibilitou a sobrevivência da nossa espécie. A capacidade de pensar além do presente, projetando a vida para depois de amanhã.
Ainda hoje, quando, teimosamente, deixamos de lado essa qualidade e não planejamos nada, deixando o barco ser levado pelos ventos da ocasião, normalmente, deparamo-nos com problemas sérios. Se a capacidade de planejar é importante e vital para cada um de nós, imagina, então, para toda uma cidade, com sua complexidade e tamanho e que vai nos servir de moradia e abrigo por um longo tempo.
Cidades, desde sempre, não lograram subsistir, ao longo de toda a história da civilização humana, sem o devido planejamento. Não é por outra razão que as melhores cidades do mundo são justamente aquelas que devotam grande importância ao ato de planejar. Aqui mesmo, sob nossos pés, está Brasília, a capital de todos os brasileiros, planejada para ser o centro das mais importantes decisões do país. Uma espécie de torre de comando, nesse imenso transatlântico chamado Brasil.
Mesmo, antes de chegar ao papel, os principais eixos urbanos, dessa que seria posteriormente um patrimônio cultural da humanidade, já existiam na cabeça de seu idealizador. A razão aliada a um minucioso planejamento fez da cidade o que ela é hoje, ou, na realidade, o que poderia ter sido, caso fossem respeitados e seguidos, ao longo de décadas, os mesmos princípios que nortearam sua concepção primária.
O crescimento demográfico acelerado, experimentado pela capital, depois da chamada maioridade política, por suas características próprias, muitas delas, embasadas em critérios políticos eleitorais e momentâneos, trouxe sérios problemas não só para o complexo urbano, mas, sobretudo, na infraestrutura da cidade, que teve que ser ligeiramente adaptada ou acochambrada a uma nova realidade criada artificialmente.
Os seguidos e teimosos processos de moldar a cidade aos desejos da nova elite política no controle da cidade resultou no que presenciamos dia a dia. Hoje, é consenso, entre os urbanistas, que Brasília caminha, a passos largos, para uma espécie de envelhecimento precoce, tornando a cidade idêntica, em problemas, às demais capitais do país. Congestionada em suas vias públicas e em seus serviços à população, a administração da cidade representa, agora, um grande desafio para seus gestores, principalmente, para aqueles munidos da certeza de que sem planejamento é impossível prosseguir.
As manchetes diárias apresentadas em todos os noticiários locais comprovam que a cidade vive, a cada dia, envolta em problemas de toda a ordem. Na última quinta-feira (11), a chuva volumosa inundou, com uma enxurrada de água e lama, toda a rua da comercial da 202 Norte, causando prejuízos incalculáveis aos comerciantes e para aqueles que estavam naquela localidade. Carros e lojas foram tomados pela lama. Na origem do problema estão as obras feitas nas quadras 100 e acima. Pena que faculdades de arquitetura e urbanismo da cidade não se ocupem de realizar um levantamento sobre os pontos sensíveis e sujeitos a calamidades existentes hoje na capital, fazendo o trabalho em parceria com a secretaria de planejamento. A bem da verdade, a própria UnB foi palco de cataratas com água da chuva empurrando portas das salas avançando pelos corredores.
Em vários pontos da capital, as chuvas fortes deste ano mostraram a fragilidade da cidade diante desses fenômenos. Na maioria desses casos, a raiz do problema pode ser encontrada em obras emergenciais, realizadas sem a preocupação de um macro e cuidadoso planejamento.
A extensa avenida W3, Sul e Norte, que poderia ser o cartão de visita e um vigoroso centro da economia do Plano Piloto, estão tomadas por invasões de lata, instaladas não só nas paradas de ônibus como por todas as quadras, criando problemas para a cidade e seus moradores, apenas para atender as necessidades de um e outro comerciante.
Sem planejamento, temos os exemplos vistosos, como é caso do Estádio Mané Garrincha e o Buritinga, que consumiram bilhões de reais dos contribuintes locais e seguem erguidos como verdadeiros elefantes brancos, lembrança da falta de planejamento. Difícil hoje encontrar um prédio comercial que não esteja fora dos padrões normatizados. São puxadinhos de todo o tipo a avançar sobre áreas verdes e vias públicas e aéreas.
A descaracterização da cidade segue em ritmo ligeiro e toma impulso maior. Sem essa ideia de futuro e de preocupação com a qualidade de vida para as próximas gerações, que espécie e modelo de capital teremos no futuro para justificar o título de patrimônio cultural da humanidade? Essa é uma questão que merece ser pensada e sobretudo planejada com as tintas da razão.
A frase que foi pronunciada:
“Não adianta deixar um dragão vivo fora dos seus cálculos, se você mora perto dele.”
JRR Tolkien, O Hobbit
História de Brasília
As contas de telefones estão chegando com atraso ao Banco do Brasil, e quando chegam, são avolumadas, criando dificuldades orçamentarias para a maioria dos assinantes. (Publicada em 06.04.1962)
VISTO, LIDO E OUVIDO Criada por Ari Cunha (In memoriam)
Desde 1960 Com Circe Cunha e Mamfil
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Ao percorrer algumas áreas da parte central de Brasília, um turista acidental, do tipo que conheceu a capital ali pelos anos setenta, ou uma década após sua inauguração, constata, sem esforço, que a cidade idealizada por um dos maiores urbanistas do planeta envelheceu precoce e severamente em pouco mais de algumas décadas.
A decadência de áreas como as W2 e W3 Sul e Norte, das quadras 700, dos setores bancários, do setor comercial e principalmente de todo o perímetro em volta da Rodoviária do Plano Piloto, deixa claro que esses endereços, outrora chiques e disputados pela valorização local, hoje se apresentam como lugares perigosos, sujos, mal iluminados, tomados pelo mato, com calçadas quebradas e lixo, muito lixo, espalhado por onde quer que a vista alcance.
O Plano Piloto, ou seja, o coração da capital, com suas belezas arquitetônicas, seus espaços bucólicos, arborização, sua setorização arrumada, vai, pouco a pouco, desaparecendo ante o descaso, a falta de preservação adequada e outras atitudes de seguidos governos.
Não bastasse esse desmazelo com a capital de todos os brasileiros, circular por esses locais e mesmo em meio as Superquadras é se deparar a todo momento com menores abandonados, homens, crianças e idosos cheirando derivados de petróleo, usando entorpecentes à luz do dia. A poluição visual, com letreiros ocupando cada centímetro do espaço livre, as pichações e depredações dos móveis urbanos, fornecem os indícios de que essa é uma cidade sem lei ou, ao menos, sem fiscais da lei.
Difícil é andar nesses locais sem ser abordado por todo o tipo de pedinte, alguns ameaçadores. O descaso com a cidade, a falta de ação por parte das autoridades e mesmo de moradores, com muitas exceções, e comerciantes, parecem decretar o fim dos espaços públicos ou ao menos o respeito pelos espaços que são de todos. A noção errada de que nossa cidade termina onde começa a porta de nossas casas precisa ser reaprendida, sob pena de ficarmos ilhados e fechados dentro de quatro paredes.
Com isso, nossas ruas vão se transformando em áreas hostis, sem policiamento, escuras e malcheirosas, tal qual uma cidade abandonada à própria sorte. O desrespeito pelas normas urbanas está por todo lugar. Invasões, barracos de lata de comércio precário, puxadinhos dos comércios locais sem cerimônia. Vão se espraiando por áreas verdes, ocupando calçadas, canteiros, com cada um fazendo o que bem quer sob o olhar indiferente das autoridades.
A fragilidade de uma cidade planejada ou seu Tendão de Aquiles está justamente no comportamento sem urbanidade de seus cidadãos e dos seus responsáveis. A obediência aos códigos de postura, de edificações e ao que delimitam as leis é condição fundamental para a continuidade de toda e qualquer cidade. No caso de Brasília, considerada por muitos uma joia do modernismo e do empreendedorismo de uma nação, o descaso e o abandono continuado de suas áreas centrais, poderá, dentro do que ensina a Teoria das Janelas Quebradas, conduzir a capital para um estágio tal de desestruturação de seus espaços, que torne impossível a recuperação da beleza e harmonia originária, condenando a cidade e entrar para o rol das muitas capitais brasileiras depredadas e abandonadas pelo poder público.
A frase que foi pronunciada:
“Deste Planalto Central, desta solidão que em breve se transformará em cérebro das mais altas decisões nacionais, lanço os olhos mais uma vez sobre o amanhã do meu país e antevejo esta alvorada, com fé inquebrantável e uma confiança sem limites no seu grande destino.”
Juscelino Kubitschek
BSB, meu amor!
Por falar em Brasília, nas comemorações dos 59 anos da capital, as fundadoras do movimento Mexeu com Brasília, Mexeu Comigo – lançaram a primeira edição do Prêmio Olhar Brasília de Fotografia. O projeto tem curadoria do fotojornalista Alan Marques. As jornalistas convidam os brasilienses para se inscreverem até o dia 21 de abril com fotos que mostrem o amor pela cidade.
Arte
Até o dia 25 de maio, mais de 30 artistas participam da exposição Entre Cores e Utopias, que mostra os grafites da cidade. Renata Almendra, com fotografias de Juliana Torres, apresenta o movimento de Brasília nas mãos dos grafiteiros. Suas propostas, crenças e protestos. Veja o vídeo no blog do Ari Cunha sobre o lançamento do livro de Almendra sobre o assunto.
NET
Enquanto o internauta pensa que parece ter uma conta vencida sem ter sido paga, aparece no email uma mensagem falando exatamente sobre isso. Com dados completos, nome do cliente, endereço e a melhor parte: a Net propõe que você não fique inadimplente. Por isso dará 50% de desconto na mensalidade. Preocupado em não deixar passar mais nenhum dia de inadimplência, o internauta paga pelo código de barras. Confere e percebe que quem recebeu o pagamento foi uma pessoa física.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Mais de meio milhão, custou a limpeza dos trevos durante a última inundação. Nós já havíamos chamado a atenção contra a suspensão da plantação da grama, agora atacada pela Novacap. (Publicado em 17.11.1961)