O jeito é recuar

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Polícia isola local onde jovem foi esfaqueado na Rodoviária — Foto: Reprodução/TV Globo (g1.globo.com/df)

 

Quem circula pelos principais pontos turísticos da capital, ou por suas áreas centrais, constata não só o abandono dessas áreas pelo poder público, mas os perigos que correm os transeuntes displicentes por conta do grande número de pessoas desocupadas, inclusive muitos menores, que ficam nessas regiões consumindo drogas, praticando pequenos delitos e abordando de forma agressiva os passantes.

Quando a noite chega e a escuridão toma conta de tudo, essas áreas, consideradas nobres, ficam entregues a esses grupos de marginais que perambulam de um lado para o outro em busca de oportunidades. O policiamento é escasso e normalmente feito por viaturas que circulam a ermo, cumprindo uma rotina meramente burocrática e que não chega, sequer, a inibir a ação desses desocupados notívagos. Antigamente, quando as cadeias das cidades não eram tão lotadas, a prisão por vadiagem ocorria com mais frequência e a não ser por um bêbado ou um outro boêmio, a cidade e seus habitantes dormiam em paz.

Hoje, circular à noite por muitas áreas do centro da cidade, num raio de aproximadamente cinco quilômetros em torno da Rodoviária do Plano Piloto, é correr sérios riscos, inclusive de morte. O ciclo vicioso que começa pelo abandono de algumas áreas centrais da cidade pelo poder público e que culmina na ocupação desses lugares por desocupados e criminosos de todo o tipo, ao afastar as pessoas para longe, desvalorizam essas regiões, trazendo prejuízos para o comércio e para a arrecadação de tributos.

O toque de recolher imposto aos cidadãos de bem, criando, dentro da própria capital, regiões dominadas pelo poder paralelo ao Estado, demonstra, de forma clara, que essa já é uma situação que o poder público parece ter perdido todo o controle. Quem vive próximo a essas regiões se vê obrigado a mudar a rotina, evitando certos locais, não saindo à noite e não circulando desacompanhado. A falta de segurança, aliada a depreciação de muitos imóveis, por conta da crise econômica, ao envelhecer precocemente a capital, desestimula investidores, afugenta consumidores, criando um ambiente de decadência acelerada que vai se estendendo inclusive para outras proximidades, contaminando todo o conjunto urbano.

Com isso, muitos brasilienses vão se dando conta de que os altos custos para viver próximo às áreas centrais da capital já não compensam. Os valores exorbitantes de impostos como o IPTU, taxas de iluminação e de limpeza pública, de condomínios, somados à cobrança de água, luz e de outros serviços, simplesmente se perdem na ineficácia e na inexistência de retorno em serviços desses tributos para os cidadãos.

Ao avanço da decadência precoce e da tomada dessas regiões nobres e centrais da cidade por desocupados e marginais, o jeito, adotado por muitos é empreender um recuo tático para outros sítios mais seguros, de preferência para bem distante.

 

A frase que foi pronunciada:

“Certifique-se de colocar os pés no lugar certo e, em seguida, mantenha-se firme.”

Abraham Lincoln

 

Racionais

Em discussão ano passado, na Comissão dos Direitos Humanos, a senadora Regina Sousa, que presidia a reunião, disse que há um discurso equivocado onde espalham a ideia de que os direitos humanos existem para defender bandidos. Nos 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, as vítimas da violência pouco tiveram amparo do estado.

Charge do Alecus

 

Animais

Não só de Direitos Humanos vive a humanidade. Tão cruel é a humanidade que os animais também precisam de legislação para serem protegidos. O deputado Izar apresentou um Projeto de Lei estabelecendo um regime jurídico especial, dando a garantia de tutela jurisdicional em caso de violação dos direitos. Vai caber ao Ministério Público abrir processo investigatório para garantir a segurança do trato ao animal.

 

E mais

Outro projeto do reeleito senador Randolfe Rodrigues prevê a multa de 1.000 salários mínimos para estabelecimentos comerciais que maltratem ou abusem de animais, sendo que o responsável pode pagar com a própria liberdade por 3 anos.

Foto: Jefferson Coppola/VEJA

 

Novidade

É preciso que os consumidores tenham a consciência de que empresas tiveram o tempo reduzido de 5 para 2 dias para retirar o nome de clientes da lista de inadimplentes depois do pagamento total do débito.

 

Ordem e Progresso

Questões que envolvem educação se tornaram hoje prioridade máxima: o referencial de riqueza de uma nação é dado pela qualidade da educação de sua população na geração de conhecimento e de tecnologia. Países ricos são aqueles que produzem ciência e soluções técnicas para o mundo moderno. Mais do que petróleo, ouro ou grãos, é na educação de qualidade que estão os caminhos que afastam uma nação da miséria e do subdesenvolvimento.

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Este é um apelo que fazemos aos deputados, e, esperamos, alguma voz se levantará em defesa de Brasília. Quem ler esta coluna, por favor, não diga nada ao dr. Adauto Lúcio Cardoso, senão ele vai torpedear tudo. (Publicado em 08.11.1961)