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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)
Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
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Infelizmente, o Governo do Distrito Federal não possui ainda uma secretaria, com status executivo pleno, para cuidar especificamente da área tombada de Brasília e dos protocolos que instituíram esses espaços como Patrimônio Cultural da Humanidade, conforme decidido pela Unesco em 1987.
De lá para cá, por mais que as autoridades neguem, foram diversas alterações no plano original, o que levou aquele órgão da ONU a alertar para os riscos de a capital vir a perder esse título. Lembrando aqui, que com seus 112,25Km², essa é a maior área tombada do mundo, o que confere aos seus governantes uma responsabilidade ainda maior e um compromisso, não só com a cidade e seus habitantes, com todo o mundo civilizado.
Ao contrário do que muitos políticos locais costumam dizer, o tombamento da capital, fato inédito e que deve nos orgulhar, não configura necessariamente um engessamento da cidade e a impossibilidade de mantê-la dentro das exigências urbanas de uma capital moderna e funcional. Há riscos constantes sendo perpetrados contra esse tombamento. A maioria, evidentemente, parte de políticos locais e de empresários em busca de lucros e vantagens diversas a todo custo.
Os seguidos Planos de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCUB) são sempre um motivo de preocupação para a população e para todos os que amam a cidade e a viram nascer. A falta de uma secretaria autônoma especializada em cuidar da tarefa do tombamento dessa imensa área, dotada de amplos poderes no que concerne as diretrizes da Unesco, é visível, bastando o leitor ou interessado circular pelas diversas localidades dentro do chamado Plano Piloto e cercanias.
Nas superquadras e em outros endereços espalhados pela cidade, multiplicam-se os quiosques de lata, onde são vendidos todo tipo de mercadorias. A invasão desses verdadeiros barracos de lata ocorre até nos pontos de parada de ônibus, desvirtuando e enfeiando a cidade, transformando-a numa desordenada grande feira a céu aberto.
As avenidas W3 Sul e Norte formam hoje um retrato desse abandono e da proliferação de invasões improvisadas e de puxadinhos que se prolongam, sem cerimônia, pelas áreas públicas. Os comércios locais, com raríssimas exceções, vão se expandindo pelo entorno, alterando o desenho original da cidade, dificultando a passagem de pedestres, além de alterar e depredar as áreas verdes, importantíssimas para o complemento paisagístico da cidade e para o conforto ambiental.
A poluição em suas variadas formas é outra consequência da falta de fiscalização e de um maior rigor nas posturas urbanas. Letreiros de lojas invadem todo e qualquer espaço, sem regras e de muito mau gosto. Somam-se a esses problemas a questão das pichações que estão por toda parte, mostrando ao brasiliense que a cidade é uma terra sem lei e sem xerife. Não é preciso lembrar que a decadência urbanística da capital é, também, uma porta escancarada para que criminosos ocupem as ruas. A questão é simples: onde não há organização urbana, lixo por toda a parte, falta de iluminação, de disciplina ou de posturas, os delinquentes entendem que aquela área está abandonada e, portanto, têm sinal verde para a desordem e para o cometimento de crimes.
Como se não bastassem esses cenários de franca decadência que vão contaminando a cidade, a mendicância parece ter tomado conta do Plano Piloto e das áreas verdes, onde passaram a viver livremente sem serem incomodados pelo poder público. Ao longo de todo o Eixão é visível a instalação de inúmeras barracas abrigando moradores em situação de rua. Tudo, nestes tempos nebulosos, parece permitido, inclusive tolher a liberdade de ir e vir dos brasilienses, de andar pelas ruas sem ser furtado ou abordado.
De certo que essa não era a cidade sonhada por seus idealizadores. Entregue à própria sorte, Brasília parece ir de encontro a um processo acelerado de decrepitude precoce, sem que nada nem ninguém impeça essa marcha fúnebre.
A frase que foi pronunciada:
“Espaço, luz e ordem. Essas são as coisas de que os homens precisam tanto quanto de pão ou de um lugar para dormir.”
Le Corbusier
Sem freios
Constantemente, recebemos mensagens de amigos e familiares mostrando o telefone clonado para alertar a não enviar dinheiro. Até o ex-governador Rodrigo Rollemberg foi vítima desse tipo de quadrilha. Operadoras de celular e bancos têm recursos para evitar esse tipo de crime. Resta saber por que não o fazem.
Direito humano
Em mudança para os Estados Unidos, cidadã brasileira ficou impressionada. Antes de escolher a casa, uma amiga a orientou a pesquisar na página Family Watchdog. Lá, os pagadores de impostos têm, à disposição, um mapa da cidade com marcadores em todas as residências de pessoas que já foram presas ou acusadas de molestarem crianças. Mesmo que esses criminosos já tenham cumprido a pena, continuam marcados. A segurança da criançada vem em primeiro lugar.
História de Brasília
Os japoneses que foram expulsos da W-4 estão explorando o pessoal do Gavião. Para mostrar que é verdade, um quilo de tomate no supermercado custa 45 cruzeiros, e na Kombi do japonês custa 90 cruzeiros. Isto, sem falar do resto. (Publicada em 08.04.1962)
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Em qualquer cidade do mundo, uma das grandes atrações, preferidas por 9 em cada 10 turistas, é poder caminhar com tranquilidade pelas ruas e avenidas, observando as pessoas, as praças, o comércio local e as vitrines das lojas, com suas variedades de produtos e preços. Nesse tipo de esporte, andam-se quilômetros sem perceber. É assim em Nova Iorque, Paris, Londres, e na maioria das grandes cidades, onde as ruas são limpas, iluminadas, seguras e aprazíveis. Sentar em um banco, ver o público se movendo de um lugar para outro, fazer um lanche, tomar um café, repor as energias e seguir desbravando a cidade, a pé, conhecendo seus segredos, sua gente.
Não apenas turistas buscam esse prazer, mas os próprios moradores também buscam as ruas para se distrair. A rua é a extensão natural da casa e uma necessidade do ser humano para interagir, conversar, encontrar amigos, se divertir. Muito mais do que um lazer, as ruas representam um fator de saúde para muitos que vivem fechados em espaços exíguos e com poucos movimentos.
Em Brasília, essa necessidade foi amplamente pensada e posta à disposição de seus moradores, principalmente dentro do Plano Piloto, que, à época da construção da capital, se acreditava ser o espaço principal e único da cidade. Dentro dessa concepção é que foram projetadas as avenidas W3 Norte e Sul.
Com uma extensão de aproximadamente 13 quilômetros, incluindo o trecho em que corta perpendicularmente o Eixo Monumental, essas duas avenidas, outrora o centro nervoso da capital, são reconhecidas, pela maioria dos urbanistas, como o principal e potencial eixo de comércio da cidade. Com um desenho e uma topografia para lá de favoráveis a todo o tipo de atividade comercial e de lazer, essas, que poderiam ser duas das maiores e mais aprazíveis avenidas do mundo, continuam esquecidas e adormecidas numa espécie de sono profundo
Com isso, um processo lento e gradual de decadência foi-se instalando nessa vital artéria, propagando seus males para as várias ruas adjacentes. Os prejuízos econômicos para a capital, ao longo de todos esses anos de abandono, são incalculáveis e, se corrigidos, dariam para construir uma outra capital.
Inconcebível que numa moderna vitrine do que de melhor se fez em arquitetura e urbanismo nesse país, uma longa via como essa, praticamente esperando uma oportunidade para acontecer e brilhar, não se tenha um projeto racional e belo que possa restituir a vida a essa avenida.
Enquanto esse dia não chega, os shoppings, que se aproveitaram dessa leniência de seguidos governos continuam faturando. Do estacionamento aos preços de qualquer produto, o custo pela manutenção desses edifícios gigantes são repassados aos consumidores. Um simples cafezinho, que na rua você encontra por até R$ 4, nos shoppings chegam a custar R$ 10. Essa majoração de preços assustadora vem por conta dos altos alugueis e de outros custos que esse tipo de mercado geram para os lojistas.
Revitalizar as avenidas W3 Sul e Norte é acabar com esse tipo de monopólio de comércio que gera lucro apenas para os donos do empreendimento. O renascimento das W3’s significa a geração de milhares de empregos, aumento na oferta de produtos, concorrência mais intensa e melhores preços para os consumidores, além de uma excelente opção para os turistas e para os habitantes da cidade, que terão a oportunidade de fugir dos ambientes monótonos, caros e sempre iguais dos shoppings.
A frase que foi pronunciada:
“Susana estava mais W3 do que nunca.”
Nicolas Behr, candango construtor de poesias
Dia desses
Alegre e rodeado por amigos, o general Mourão se deliciava num restaurante especializado em carnes, na asa norte.
De olho
Em 19 de outubro de 1961, essa coluna publicava sobre o uso indevido de carros oficiais. Os abusos continuam 57 anos depois.
Cores e perfumes
Sucesso o FestFlor. Produtores como o seu Francisco Araújo puderam trocar cartões com negócios prósperos. O lucro foi satisfatório na mostra. Segundo a Emater, são 139 produtores de flores e plantas ornamentais que recebem capacitação pela instituição. Dados revelam que em Brasília, por consumidor, são gastos R$ 44,23 por ano na compra de flores contra R$ 26,27 da média nacional, movimentando cerca de R$ 200 milhões anuais até o consumo final.
Pega mal
É preciso o pessoal da página do governo do DF ficar mais atento às informações repassadas aos leitores. Há uma aba na página do GDF que chama a atenção pelo nome: “espalhe a verdade”. Ao acessar a url (http://www.brasilia.df.gov.br/category/espalheaverdade/), a notícia mais atualizada é de abril de 2017.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
A cidade livre está se acabando em matéria de comércio, e aumentando demais em miséria. É um horror, a gente ver aquilo que foi o núcleo pioneiro. As fossas estouradas, jogam esgotos na rua e a câmara aprova a “urbanização”. (Publicado em 30/11/1961)
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Na maioria das principais cidades do mundo, sobretudo nos países desenvolvidos, a exposição de objetos de arte ao ar livre, como fontes, esculturas, casarios e outras criações históricas e culturais é cultuada e preservada pela população como uma verdadeira riqueza material, que testemunha o talento de sua gente e o empenho de muitos em construir e manter uma cidade civilizada e bela, para ser apresentada ao mundo.
Um exemplo desse empenho em proteger e exibir com orgulho obras de grandes artistas pode ser observada em Roma, na Itália. A cidade é uma verdadeira galeria de arte a céu aberto e essa característica faz daquele sítio um dos mais visitados de todo o mundo, gerando enormes lucros para cidade, advindos do turismo. Infelizmente não é o que acontece atualmente no Brasil. O incêndio no Museu Nacional do Rio de Janeiro, uma tragédia anunciada por muitos especialistas, deu ao mundo o exato valor que dispensamos à cultura, à história e, sobretudo, às artes. O Rio de Janeiro, que no passado chegou a ser comparado em beleza à Paris, possuía, em suas principais praças e avenidas, um conjunto belíssimo de fontes e esculturas de grande valor artístico e que foram, ao longo do tempo, sendo depredados por vândalos, sob o olhar displicente das autoridades.
Até mesmo os cemitérios que abrigavam grande quantidade de trabalhos artísticos foram vilipendiados e roubados um a um. Nesse sentido, falar em arte num país onde se furtam até tampas de bueiro parece uma perda de tempo ou coisa de alienado.
Vivemos em outro planeta Terra, onde a violência e a ignorância parecem dar o tom ao nosso modus vivendi. Em Brasília, concebida para ser a capital de um Brasil, as coisas não são diferentes. Muitos trabalhos artísticos espalhados pela cidade, tanto ao ar livre como em muitos lugares de pouco acesso do público, sofrem com o descaso. Nossa desatenção, com um patrimônio que é de todos nós, já é notória.
O roubo de uma grande escultura em aço de autoria do consagrado artista Yutaka Toyota, situada no centro do antigo e movimentado Balão do Aeroporto, permanece ainda um mistério, cuja a desimportância dada ao fato explica muito nosso subdesenvolvimento. O mesmo continua a ocorrer hoje com obras de grandes artistas que contribuíram na elevação da capital como patrimônio cultural da humanidade. Status, diga-se de passagem, que corremos o risco de perder, a continuar o descaso com essa nossa riqueza. Nesses últimos dias, tem chamado a atenção as péssimas condições de conservação notadas nas obras de azulejos e painéis de Athos Bulcão, cujo os cento e um anos de nascimento foram comemorados nesse sábado, na sede da fundação que leva seu nome.
A situação levou inclusive o Ministério Público a intervir, como foi no caso dos painéis de aço no aeroporto internacional de Brasília. Há alguns anos, um prédio de uma antiga distribuidora de veículos na Asa Norte demoliu os azulejos em seu posto de combustível. Outro Painel, na mesma loja, foi coberto com propaganda da empresa, o que chegou a gerar protestos nos clientes. A maioria das obras desse artista, expostas ao ar livre, encontra-se em situação que requer reparos por conta dos maus tratos e pela ação de vândalos. Para os especialistas, é necessária uma ampla ação de educação patrimonial nas escolas e em toda a parte, de modo a chamar a atenção para essa riqueza que é a alma da cidade.
A frase que foi pronunciada:
“Arquitetura é música congelada”.
Arthur Schopenhauer, filósofo alemão do século XIX.
Ponte Norte
Com a expansão desenfreada das habitações e a quantidade de carros extrapolando a capacidade das pistas do Paranoá, Varjão e da Bragueto, o projeto da ponte do Lago Norte volta à tona. Ou deveria voltar. O problema é que terrenos já desapropriados para esse fim estão misteriosamente ocupados.
Em 30 dias
Saíram duas resoluções da ANP que determinam mais clareza nos preços de combustíveis líquidos e gás natural. Quem produz ou importa os derivados serão obrigados a publicar os preços de cada ponto de suprimento do mercado brasileiro. Já as distribuidoras continuam obrigadas a encaminhar seus preços apenas para uso interno da agência.
Censo
Tarefa que só alguns conseguem. Questionários extensos acabam mascarando as respostas, já que o entrevistado começa a se sentir incomodado. Com menos orçamento – mas não é essa a questão -, o IBGE terá pela frente um trabalho interessante: diminuir as perguntas sem perder a qualidade das informações. Isso acontecerá com o Censo Demográfico de 2020. Susana Guerra, presidente da instituição, explicou na Câmara dos Deputados que o mundo está com operações mais enxutas e que o trabalho terá a mesma qualidade.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Uma das poucas Comissões de Inquérito da Câmara que devolveram saldo, foi a do café, presidida pelo sr. Dirceu Cardoso, que, findos os trabalhos, devolveu aos cofres da câmara a importância de 80 mil cruzeiros. (Publicado em 24/11/1961)