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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)
Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
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De boas intenções o mundo dos idealistas está abarrotado. Portanto, não bastam ideias, mesmo assentadas oficialmente no papel branco, para transformar, em realização, o que está previsto nos projetos. Com o Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCUB), pode ser assim também. As mais de 1,2 mil páginas do documento, sancionadas agora pelo GDF, detalhando todas as classes e subclasses de atividades econômicas que podem ser empreendidas na área tombada, em conformidade com o Plano de Preservação, traz muito mais permissões para a realização de atividades do que restrições, em respeito ao que determinam as disposições da Unesco para áreas consideradas como Patrimônio Cultural da Humanidade.
E esse é um problema que pode, num prazo curto, levar ao começo do fim do que ainda entendemos como tombamento de Brasília. Primeiramente, o documento volumoso abre várias possibilidades de atualização das regras, sempre que novas alterações forem introduzidas. Essa alternativa torna o PPCUB um documento aberto a novas intervenções, vindas de pressão dos eleitores, do Lobby poderoso dos empreiteiros, da volúpia dos deputados distritais ou de qualquer outro lugar.
Para os leitores que se interessam pelo assunto e desconfiam das boas intenções políticas, basta cruzar as avenidas W3 Sul e Norte, observando, ao longo do trajeto, quantos barracos de latas existem hoje instalados em cada ponto de ônibus, vendendo de tudo. Em alguma dessas paradas, contam-se até quatro desses comércios improvisados, com caixa d’água no teto, cadeiras e mesas espalhadas impedindo a livre circulação, sujando a área.
Ciente de que o GDF não enxerga essa deterioração que só aumenta no coração da cidade, esses estabelecimentos seguem se proliferando. O mesmo ocorre nas entrequadras, onde esses barracos de lata vão tomando conta de cada esquina. A comercialização desses espações segue também em alta. São verdadeiros aleijões que ajudam no acelerar da decadência constante do Plano Piloto. Para os brasilienses, que olham com desconfiança o que promete o PPCUB, essa situação degradante notada, ao longo de toda as avenidas W3 Sul e Norte, mostram que, entre o que alardeiam os políticos locais com esse novo projeto, não confere com a realidade factual. E tende a piorar.
A cada nova eleição para a composição da Câmara Legislativa, a cada novo governador que virá, O PPCUB sofrerá pressões para se adaptar às exigências e aos novos ocupantes do Palácio do Buriti. Não é um documento que tem o poder de dizer “o que pode e não pode ser constituído dentro do local onde o empresário pretende empreender”, mas um órgão fiscalizador sério e eficaz, imune às pressões políticas, que aja com presteza, antes que o problema escale para outro nível.
Num país onde as leis abundam e a obediência escasseia, o que se faz necessário é a criação de uma autarquia local voltada exclusivamente para a preservação da área tombada, que trabalhe em consonância com o que dispõe o documento da Unesco e não com o que almejam os políticos locais. Note-se que a degradação não só da área tombada, como de todo o Distrito Federal, foi acelerada ao limite depois da instalação da Câmara Distrital e da chamada maioridade política de Brasília. Foi a união entre empreiteiros e políticos locais que criou toda essa situação de deformação urbanística da cidade, com um inchaço populacional, com o clientelismo desenfreado e outras mazelas filhas da má ação política. Mesmo essa história de que “uma cidade tombada não pode ser vista como um empecilho ao desenvolvimento e social, mas como uma oportunidade de valorizar a população e desenvolver novas atividades econômicas”, já mostra a porta escancarada para novas investidas contra a preservação do Patrimônio Cultural da Humanidade.
O futuro da área tombada com seus 112,5 Km² é o que deveria ser desde 7 de dezembro de 1987, época da inscrição de Brasília na Unesco. O que faz a beleza de muitas cidades milenares da Europa é justamente essa dedicação da população e do governo em manter intacta as obras artísticas, o traçado urbano e mesmo os edifícios dessas épocas, preservando a herança cultural e não permitindo o avanço empoeirado de uma espécie de progresso onde tudo é feito com base em lucros imediatos.
Na verdade, é a falta de cultura que impede a compreensão, em toda a sua extensão, do que é Patrimônio da Humanidade. Uma cidade que vai se constituindo de puxadinhos e de improvisações e que, por isso, ruma acelerada para o envelhecimento precoce, necessita bem mais do que um documento como um PPCUB; talvez, quem sabe de uma guarda ou polícia especializada em reprimir com energia as violações ao tombamento. Ou é isso, ou prosseguiremos a correr, como um cachorro louco, em volta do próprio rabo.
A frase que foi pronunciada:
“A forma segue a função: isso tem sido mal interpretado. Deveriam ser um só, juntos em uma reunião espiritual.”
Frank Lloyd Wright
História de Brasília
Se colocássemos tôdas as obras da Novacap num só bloco, daria um edifício de três andares com a extensão de tôda a Avenida Atlântica. (Publicada em 21.04.1962)
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É sabido que uma das formas de poluição que mais atentam contra a saúde humana e mais deterioram a qualidade do ambiente das cidades, é a poluição visual. Não por coincidência, as cidades que ostentam elevado índice de poluição visual, são também aquelas que apresentam os indicadores de violência mais altos, de caos urbano e de doenças de todo o tipo.
A poluição visual, sendo um fenômeno eminentemente moderno é hoje considerada como uma praga a adoecer os centros urbanos, principalmente nas cidades do terceiro mundo, e por isso se constituindo numa marca característica de cidades degradadas e sem controle.
As novas tecnologias de painéis eletrônicos, que podem ser vistas nas empenas cegas dos edifícios e em painéis espalhados em áreas de grande trânsito de pessoa e veículos, elevou a poluição visual a um status jamais visto. Hoje é impossível você caminhar pela cidade sem se deparar com essas televisões gigantescas apresentando todo o tipo de propaganda. Trata-se de uma comunicação exacerbada e cada vez mais sem controle, enfeiando as cidades e contribuindo fortemente para a degradação na qualidade de vida de seus habitantes.
Para onde quer que o indivíduo olhe, lá está um anúncio, uma placa, um poster, um banner, cartazes, pichações, fios elétricos emaranhados e todo o tipo de sujeira, lixo, entulhos a anunciar aos quatros pontos cardeais que as cidades assim como seus habitantes estão seriamente doentes. Brasília não está fora dessa praga moderna e a cada dia que passa mais e mais poluição visual é vista em nossas ruas.
No caso da área tombada pela Unesco, essa situação é por demais danosa para a população e para os brasilienses. Caso essa honraria seja revista e anulada, situação que é cada vez mais provável, a tendência é que a poluição visual que hoje já é excessiva, passe a tomar conta de todos os espaços possíveis, para o bem de poucos e para a infelicidade de muitos. De acordo com a Teoria das Janelas Quebradas, quanto mais poluição visual, mais abandono, mais degradação urbana e mais violência. Agora com o chamado Plano Diretor de Publicidade do Plano Piloto, mais uma vez Brasília, com sua área tombada corre o risco de se transformar em mais um exemplo de cidade em rápido processo de decadência. Infelizmente o grupo de trabalho encarregado que apresentar parecer sobre esse Plano é formado apenas por órgãos do GDF, como a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh), pelo Instituto Brasília Ambiental, do Metrô-DF e do Departamento de Estradas e Rodagens (DER-DF).
Caberia nessa discussão também as entidades de defesa do patrimônio, do Iphan, dos arquitetos e urbanistas e do próprio escritório representante de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, além, é claro da população.
Deixar uma questão dessa importância apenas nas mãos dos burocratas do GDF não parece ser uma boa solução. Existe hoje uma unanimidade dos arquitetos e urbanistas de que a área tombada deveria ficar totalmente livre de toda e qualquer poluição visual, seja ela publicitária ou não, seguindo o exemplo de outros sítios tombados pelo mundo afora.
A frase que foi pronunciada:
“O ar quando não é poluído, é condicionado.”
Jô Soares
Valor
Turzó Sándor, da Romênia, nos envia uma foto da cédula romena de 5 RON. Foi feita em homenagem ao músico compositor George Enescu(1881-1995) e traz figuras musicais, imagens nunca vistas antes em papel moeda. Notas de outros valores são homenagens a Nicolae Iorga (escritor e historiador), Nicolae Grigorescu (pintor), Aurel Vlaicu (engenheiro e piloto), Ion Luca Caragiale (dramaturgo), Lucian Blaga (escritor e filósofo) e Mihai Eminescu (poeta).
Tempos inocentes
Por falar em valorizar a cultura, foi em 2009 que o ministério de Juca Ferreira distribuiu panfletos pedindo apoio aos parlamentares que “votam pela cultura”. Na época, a oposição protestou afirmando que era uso indevido de dinheiro público.
Longa jornada
Foram quase 15 anos desde a primeira audiência pública na Comissão de Direitos Humanos na Câmara para chegar à políticas públicas voltadas para os autistas.
História de Brasília
Antigamente havia um “Viscount” da Vasp que saia de S. Paulo e ia até Recife. Depois, aumentara, a linha até Fortaleza. Depois, cortaram. Restabeleceram novamente, e agora cortaram outra vez. A criação de uma linha pela DAC deve ser resultado de estudos de mercado, de possibilidades, com lucro, ou uma linha de prestígio para uma emprêsa. O que passageiro não pode é ficar à mercê das empresas com a criação e os cortes constantes de linhas. (Publicada em 11.04.1962)
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No dia em que as autoridades e mesmo a população despertarem para a faculdade de relacionar fatos aparentemente desconexos e, com isso, passarem a ligar os diversos pontos, saberão, de uma vez por todas, que absolutamente tudo é parte indivisível de um conjunto. O que acontece a um elemento, mais dia, menos dia, acaba por afetar os demais, quer positivamente, quer de forma negativa. Infelizmente, aqueles que deveriam zelar para que o movimento em cadeia não seja deflagrado são justamente os que mais fazem para acelerar o processo de destruição.
Todo esse preâmbulo vem em razão de movimentos incessantes pela modificação da estrutura urbana da capital. As ações em direção ao inchaço populacional da cidade vêm sendo executadas de forma sistemática, e o que é pior, sem ser seguido do mais elementar e sério estudo de impacto ambiental e social. O horizonte estreito, que é estendido somente até as próximas eleições, faz com que não se atinem para a possibilidade de que, a médio e longo prazos, a destruição urbana da capital venha a ser um fato irreversível e de enormes prejuízos para os brasilienses e para o país.
Toda vez que a população ouvir falar em Planos de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília ou Projetos semelhantes, como o Reurb ou regularização fundiária urbana, pode ter a certeza que, por detrás desses eufemismos pomposos, esconde-se um fato inconteste: a alteração do planejamento urbano da capital, com vistas a atender aos anseios pressionados. Do mesmo modo, toda vez que uma autoridade reclamar do que chamam de “engessamento” da capital, por razão do processo de tombamento feito pela Unesco, que elevou Brasília como Patrimônio Cultural da Humanidade, saibam que essa é também uma outra premissa que precisa de discussão para não esconder propósitos que só interessam a um determinado grupo.
Voltando ao início, é preciso que todos os brasilienses comecem, imediatamente, a ligar as pontas soltas que surgem no noticiário local e que vão dando conta da decadência paulatina na qualidade de vida dos habitantes da capital. Quando os noticiários anunciam o aumento da violência, o abandono de áreas centrais da capital, o sucateamento dos hospitais e escolas, os constantes engarrafamentos de vias urbanas entre muitos outros assuntos negativos, que aparentemente não possuem ligação com PPCUBs e Reurbs ou coisa do gênero, saiba, o leitor, que todas essas dificuldades são consequência da ocupação ilegal de terras e das intermináveis intervenções políticas no ordenamento urbano de Brasília. Basta ao leitor que ama Brasília começar a colecionar as diversas manchetes do noticiário local. A manchete deste sábado, 29 de junho, traz em letras garrafais o seguinte: “Alerta, Descoberto e água de Brasília estão sob ameaça.” Com essa notícia, chega a previsão de que, já em 2040, a Barragem do Descoberto irá secar, devido ao consumo excessivo e retirada anormal de água desse reservatório.
A previsão dos ambientalistas é que em 2070, a capital terá metade da água disponível para consumo de uma população que não para de crescer. Adivinha por que isso acontece! Lembrando que, nos anos setenta, havia a previsão de ser construído o reservatório do Lago São Bartolomeu, com 110 quilômetros de espelho d’água, represando as águas do Rio São Bartolomeu e seus afluentes, como Mestre d’Armas e Rio Pipiripau. Toda essa imensa represa seria redenção para o fornecimento de água potável. Infelizmente, as ocupações irregulares de terras naquela localidade inviabilizaram essa obra importantíssima.
Exemplos como esse podem ser colhidos em toda a parte. Para desgosto e prejuízo do cidadão, quem deveria zelar por Brasília não aprendeu ainda que as consequências vêm depois. No nosso caso, as consequências têm, como causa, a visão obtusa e o descompromisso com o futuro da capital.
A frase que foi pronunciada:
“Sei que a paz é mais difícil que a guerra”.
Juscelino Kubitschek
Acesa
Interessante que, no prédio do Banco do Brasil, no Setor Bancário Norte, as cores do letreiro remetem a Portugal. O que era só verde passou a ser verde e vermelho. A foto está a seguir.
História de Brasília
Os funcionários do DCT, sem apartamentos, estão acampados em frente à repartição. É um movimento pacífico, mas deprimente para os chefes. Quem encara com seriedade que deve ter um serviço de comunicações, sabe que os funcionários encarregados devem ter o máximo de conforto. (Publicada em 10.04.1962)
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Nessa quarta-feira, 3 de maio, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), fez publicar em vários jornais do país, inclusive aqui no Correio Braziliense, um chamado para lembrar as comemorações pelo Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. É preciso destacar que, desde sempre, essa entidade tem se empenhado na promoção e defesa dos direitos humanos, o que inclui, nesse caso específico, a liberdade de expressão e sua congênere, a liberdade de imprensa.
Ao longo de todos esses anos, a organização vem atuando por meio de atividades de sensibilização e monitoramento, para que esses direitos sejam respeitados em todo o mundo. No Brasil, por exemplo, a UNESCO vem, nesses últimos anos, acompanhando, de perto e com profunda preocupação, as seguidas ameaças à liberdade de expressão e, particularmente, com relação à independência da imprensa, principalmente aquela que não integra os grandes canais de mídia do país.
Não é segredo para ninguém que a UNESCO tem defendido, abertamente e sem falsas retóricas, a independência da mídia e o pluralismo das ideias, como fatores fundamentais para a democratização e, sobretudo, para a construção de uma paz e tolerância verdadeiras. Para isso, a organização tem oferecido uma gama de serviços de assessoria em legislação midiática, como o objetivo de sensibilizar governos, parlamentares e outros tomadores de decisão sobre a importância desses princípios básicos.
A UNESCO tem atuado fortemente para garantir que a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa sejam respeitadas em todo o mundo, pois ela é a base de toda e qualquer democracia. Sem o pluralismo de ideias, todos os esforços em busca de um Estado Democrático de Direito são inócuos. Ditaduras só sobrevivem com a decretação do silêncio dos opositores. Não há paz possível, na sociedade, quando o pluralismo de ideias deixa de existir. Não por outra razão, nos países onde imperam as ditaduras, há sempre a presença da instabilidade social, política e econômica, o que leva esses países a amargarem os piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH), e de bem-estar de suas populações.
Nesses últimos anos, não tem sido fácil, a esse organismo, o papel de monitoramento e proteção da liberdade de expressão e de imprensa, já que o mundo parece caminhar em sentido oposto e em direção ao fechamento político dos Estados. Mesmo prestando atenção especial a países em situações de conflito, pós-conflito e de transição, o trabalho dessa organização, neste mundo distópico que vai nos prendendo numa espécie de areia movediça, parece ficar cada vez mais penoso e distante, com nações inteiras mergulhando de cabeça no inferno das ditaduras, acreditando ser o radicalismo o melhor caminho a ser seguido, nesses tempos de crise.
O Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, celebrado em 3 de maio, é uma oportunidade importante para a UNESCO e outras organizações que lutam pela liberdade de expressão e de imprensa destacarem a importância dessas conquistas para o bem da humanidade. O Prêmio Mundial de Liberdade de Imprensa UNESCO-Guillermo Cano é uma iniciativa que reconhece e celebra indivíduos e organizações que fizeram contribuições notáveis para a promoção e proteção da liberdade de expressão. Combater os discursos de ódio e extremismo nas redes é também um desafio complexo que exige uma abordagem multifacetada, mas sempre dentro dos princípios do pluralismo.
Algumas estratégias que poderiam ajudar a enfrentar esse problema, além do próprio marco da Internet, que já existe e que tem sido referência para outros países, poderiam conter a promoção da educação em mídia, o que poderia ajudar a aumentar a compreensão das pessoas sobre como as notícias e informações são produzidas, bem como a identificar a desinformação e o discurso de ódio.
Seria necessário ainda fomentar o diálogo e a empatia como meios para auxiliar na redução, na polarização e nas hostilidades, criando um espaço para discussões construtivas e sempre respeitosas. Outras medidas seriam a do fortalecimento nas leis já existentes, bem como seu cumprimento. Para os discursos de ódio, que parecem ter se espalhado por todas as redes, a responsabilização direta de quem a produziu e de quem a veiculou é sempre uma tarefa fácil para a polícia.
Incentivar a diversidade e a inclusão pode ser de grande valia, pois propicia a criação de um ambiente mais tolerante e aberto ao diálogo. Apoiar a mídia independente e a liberdade de imprensa é também uma estratégia positiva, pois são fundamentais para a pacificação da sociedade e, portanto, devem ser protegidas e incentivadas sempre. Sem essa pacificação do país, conflagrado desde que surgiram os primeiros discursos de ódio e repetiam o bordão: nós contra eles, não haverá legislação ou outra medida legal capaz de trazer o debate civilizado de volta. A censura apenas irá colocar mais gasolina na fogueira, incendiando um país ainda neófito em termos de democracia, e que parece não ter aprendido nada ao longo de sua história.
A frase que foi pronunciada:
“Se a liberdade significa alguma coisa, significa o direito de dizer às pessoas o que elas não querem ouvir.”
George Orwell
História de Brasília
Os pacotes de 5 quilos de arroz a 35 cruzeiros são disputados a cotoveladas e empurrões, e cada comprador leva a quantidade que deseja.
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Brasília, por sua arquitetura e traçado urbanístico, é considerada por muitos artistas, dentro e fora do país, uma obra de arte sem paralelo. Não surpreende que esse fato tenha chamado a atenção dos técnicos da Unesco, tornando-se, em dezembro de 1987, a primeira cidade moderna inscrita como patrimônio cultural da humanidade, honraria que colocou a capital do Brasil dentre importantes sítios históricos como a Acrópole de Atenas, Roma e outras cidades antigas e famosas dispersas pelo mundo.
Esse destaque internacional, contudo, não parece ter seu significado bem entendido pelos diversos governos locais que se seguiram, nem tampouco por parcela significativa dos brasilienses. Esse desdém, a revelar pouca ilustração e cultura tanto das elites dirigentes, como da população, reflete diretamente nos seguidos ataques que todo esse imenso conjunto artístico vem sofrendo ao longo dos anos.
Aos poucos, vai se perdendo, para sempre, a beleza e a simplicidade dos desenhos originais da cidade, por conta do que acreditam, esses “novos gênios”, ser um processo natural de adequação às novas necessidades. De puxadinho em puxadinho, de reforma em reforma, vai-se erguendo aleijões urbanos, a atender, apenas, a ganância especulativa que une empresários e políticos numa parceria marota, em prol do mau gosto e às custas do cidadão pagador de impostos.
Com isso, vão erguendo-se monumentos mastodônticos à inutilidade, como é o caso do Estádio Mané Garrincha, que mais se assemelha a um enorme presídio, por sua colunata monótona e pesada, cravada bem no coração da cidade.
Exemplos desse descaso se multiplicam em cada canto de Brasília e seria de pouca valia nomeá-los um a um, já que estão aí a olhos vistos. Com uma riqueza que é nossa, e que muito poderia contribuir para atrair turistas, convenções internacionais de arte e arquitetura, entre uma infinidade de outras atrações, próprias de uma cidade planejada e dinâmica, sofre, por conta do desleixo e da desinformação, uma espécie de apagão cultural que se estende par i passo para além das questões urbanas.
O descuido com o patrimônio artístico, espalhado por alguns pontos de Brasília também é uma realidade a envergonhar todos nós. Durante a construção da capital, numa época de grande otimismo e esperança no futuro, não havia uma dissociação entre arte e arquitetura. Daí porque todas as construções eram seguidas de obras de arte a ornamentar os edifícios e praças, formando um só conjunto onde a harmonia e a beleza eram os objetivos principais.
Artistas de todas as vertentes trabalhavam lado a lado com os arquitetos, completando as construções com jardins, esculturas, pinturas e outras obras que enriqueciam e emprestavam vida inteligente às construções. Infelizmente, esse foi um tempo deixado na poeira do esquecimento e que parece perdido para sempre.
Os novos administradores e mesmo parte significativa da população não entendem do que se trata e muito menos dão atenção a esse fato. Ataques a obras de escultures renomados, pichações em monumentos tombados e depredações já se transformaram numa situação de nosso cotidiano. Mesmo as autoridades, a quem compete cuidar desse patrimônio, pouco fazem.
Não existe um catálogo confiável e atualizado sobre as poucas obras espalhadas pela capital. Quando existem, os nomes das obras e dos respectivos autores, são grafados de modo errado e sem maiores dados. Outras obras famosas são simplesmente pintadas e emendadas sem o consentimento dos artistas.
O caso da Torre de Televisão é um exemplo. A obra, popularmente chamada de Berimbau (1970), não pertence, como afirma o GDF, a Alexandre Wakenwith, nem tão pouco se chama A Era Espacial. De acordo com pesquisa feita por João Vicente Costa, a obra se chama na verdade “Força Negra ou Odisseia dos Espasmos”, pertence ao artista arquiteto Lúcio Costa, foi instalada naquele sítio com a autorização do próprio Lúcio Costa e já se integra à paisagem local.
Da mesma forma, permanece ainda um mistério o roubo da escultura popularmente chamada de “o cubo”, do artista nipobrasileiro Toyota, que, durante muitos anos, ornava o balão de acesso ao aeroporto. Há pouco dias, aconteceu o que seria uma “reforma” à obra em homenagem a Renato Russo, instalada no Parque da cidade, de autoria da escultora Mara Nunes e que, segundo a autora, foi feita sem conhecimento, o que acabou por descaracterizar o trabalho original confeccionado em aço corten.
A frase que foi pronunciada:
“Os acasos acontecem em estranhas coincidências. Eles nos acenam. E nós já sabemos do que se trata: uma nova compreensão de coisas que no fundo sempre existiram em nós.”
Fayga Ostrower, Gravadora, pintora, desenhista, ilustradora, teórica da arte e professora
HISTÓRIA DE BRASÍLIA O segundo fato é a briga de murros dos deputados Arruda Castanho e Onofre Gozuen, perante as câmaras de televisão. Atestado humilhante de uma política sem vergonha desempenhada por gente idem.
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
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Passados 31 anos desde que Brasília recebeu o honroso título de Patrimônio Cultural da Humanidade, segundo avaliação feita pela Organização das Nações Unidas para a Ciência Educação e Cultura (Unesco), as comemorações sobre essa conquista inédita, desbancando, naquela ocasião, bens muito mais antigos e famosos como as Pirâmides do Egito, a Acrópole de Atenas e a Grande Muralha da China, as preocupações acerca da manutenção dessa façanha se sobrepõem às próprias comemorações.
O descuido com a preservação de nosso patrimônio histórico é patente e pode ser conferido com o dramático incêndio que consumiu o Museu Nacional do Rio de Janeiro, reduzindo a cinzas boa parte do acervo material que conta nossa história. Embora o tombamento como Patrimônio Cultural e o processo de emancipação política da capital tenham se dado em datas muito próximas, a decisão da Unesco em aceitar Brasília nesse distinto rol internacional significou um enorme empecilho burocrático contra a investida destrutiva da especulação imobiliária que, nessa altura, já atuava com grande desenvoltura.
A saída, pensada para driblar e romper as novas restrições, veio justamente da união entre os empreendedores da construção civil e a nova classe política que emergiu com a emancipação. Dessa união surgiu uma profusão de candidatos bancados diretamente pelos próprios empresários de olho nos rendosos negócios de terras no Plano Piloto e em todo o Distrito Federal. Não por outra razão, que a partir desse encontro formado por empreendedores gananciosos e políticos locais sem escrúpulos que os ataques contra o patrimônio passaram a acontecer numa constante surpreendente, o que necessariamente levou os técnicos da Unesco a incluir a decisão de reverter o ato de Tombamento, poucos anos depois, incluindo a capital modernista entre os sítios passíveis de perderem, para sempre, o status de Patrimônio da Humanidade.
Possuindo a maior área tombada do mundo, com 112 Km², Brasília poderia explorar muito mais a condição de turismo voltado para a arquitetura e urbanismo, mas os repetidos ataques especulativos ao seu desenho original, único em todo o mundo, tem afugentado a maioria dos turistas que viajam ao redor do planeta apreciando essas obras do gênio humano.
Para piorar uma situação que se agrava a cada ano, com as alterações ao gabarito original da cidade, que vão sendo costuradas a cada novo ciclo de governo e principalmente a cada nova legislatura que irá compor a Câmara Distrital, o silêncio e mesmo a ignorância demonstrada pelos novos postulantes que pretendem governar a capital torna visível a pouca importância que dão ao tema do Tombamento.
Para esses candidatos que ora se apresentam nas eleições gerais aqui do DF, o tema Tombamento significa, antes de tudo, o fim da moeda política de troca de lotes por votos, o que viria, inclusive, a decretar o fim da tão propalada emancipação política, feita em cima desses ativos.
De fato, a preservação de Brasília como Patrimônio Cultural da Humanidade não interessa nem aos políticos que ora correm atrás de votos, nem aos especuladores que os financiam e, por uma razão simples, nem um, nem outro sabe o que isso realmente significa para a capital e sua gente e qual a importância disso para o futuro da cidade.
A frase que foi pronunciada:
“A arte, como a natureza, cria formas para seus próprios fins, num mundo onde tudo é tanto tangível como intangível.”
Tomie Otake
Remuneração
No texto do Projeto de Lei que obriga os presos a trabalhar, uma nota técnica da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho propõe que haja a garantia da remuneração não inferior ao salário mínimo vigente.
Mãos à obra
Por falar nisso, uma parceria entre a administração do Varjão e a FUNAP possibilitará a prestação de serviços de manutenção, recuperação e conservação predial e de áreas públicas do Varjão.
Diagnóstico
Em entrevista na CBN, o Dr. Rodrigo Rizek Schultz deu informações importantíssimas para famílias onde há idosos. Além de esclarecer situações importantes sobre o mal de Alzheimer, trouxe uma novidade de conduta médica: os profissionais da saúde devem sempre perguntar ao paciente como está a memória. Se a resposta indicar uma pesquisa, os estragos da doença poderão ser minimizados.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Ocorre, entretanto, que o sr. Sette Câmara só tomará posse na próxima semana, e até lá a cidade não pode esperar. (Publicado em 31.10.1961)