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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)
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Inaugurado em março de 2001, depois de anos de hesitações, o Metrô-DF foi pensado para resolver, de forma rápida, o problema gerado pelo acelerado crescimento populacional de Brasília a partir da década de 90, quando a capital foi impelida a adotar a maioridade política. Com isso, o que era uma cidade planejada, dentro de parâmetros dos mais elevados conceitos urbanos, se transformou, da noite para o dia, em reduto de políticos afoitos que passaram a interferir de modo inescrupuloso no complexo ordenamento da moderna capital.
Da intromissão política atabalhoada, feita apenas para garantir redutos e nichos eleitorais, resultou uma cidade com suas áreas públicas invadidas, onde foram erguidos bairros inteiros e outros assentamentos improvisados. Com a explosão populacional, todos os serviços e infraestruturas da capital ficaram sobrecarregados ao máximo. Principalmente suas vias de ligação, dentro e fora do Plano Piloto. Congestionamentos, acidentes e engarrafamentos passaram a acontecer inclusive fora da hora de pico. A precariedade da malha rodoviária se somou à deficiência dos transportes, feitos geralmente por ônibus velhos e em péssimas condições de uso. Dessa forma, a capital moderna passou a ocupar um dos primeiros lugares, no nada honroso ranking da cidade com um dos piores meios de transporte do planeta. Como tem sido recorrente na maioria das grandes obras realizadas, desse período em diante, logo surgiram as denúncias de formação de cartel sobre preços, pagamentos de propina e outros descaminhos que acabaram por elevar os custos da construção do Metrô-DF.
Consultas aos jornais da época, estampando manchetes e notícias sobre esses episódios, dão a dimensão desses crimes já caídos no esquecimento e mesmo prescritos pela morosidade costumeira da justiça. Construído a duras penas graças aos recursos oriundos dos pagadores de impostos, essa que seria a primeira etapa do Metro, com aproximadamente 42 quilômetros, com 24 estações, ficaria como está, dada a crise nas finanças do GDF que se seguiu.
Uma vez em operação, o Metrô-DF, por algum tempo, atendeu a uma parte significativa dos brasilienses, que descobriu, nesse meio de transporte, a solução para chegar ao Plano Piloto em tempo razoável. Infelizmente, como tem ocorrido na maioria dos serviços, sob a responsabilidade do Estado, mesmo os mais essenciais, o Metrô-DF acabou por ser abduzido pelo sistema sindical. Para tanto, providenciou-se de imediato a criação de um SindMetrô-DF para organizar, contra a realidade do país, benefícios e outras diversas regalias, elevando os ganhos dos metroviários muito acima, inclusive, de outras classes profissionais, como os professores.
Hoje, depois de 77 dias de paralisação e de uma visível precariedade no atendimento aos usuários, o que se tem, na falta de investimentos que certamente não virão, é a certeza de que o governo local já se convenceu, a exemplo do que ocorreu com o Estádio Nacional, que é melhor que a iniciativa privada, por meio das PPP’s, assuma mais esse abacaxi, seviciado por administrações que nunca tiveram compromisso com a população nem com a cidade.
A frase que foi pronunciada:
Urbanidade
Desavenças entre vizinhos são mais comuns do que se imagina. Grande parte dos casos acabam no Projeto Justiça Comunitária, do MPDFT. Quem referenda os acordos é o Ministério Público, por meio da Promotoria de Justiça de Defesa da Comunidade – PROCIDADÃ. Os casos vão desde poda de árvores, cachorros que incomodam, barulho além do tempo e por aí vai.
Só respeito
Seria o ideal, mas não é o que acontece. Idosos devem ter atendimento prioritário e escalonado por idade. Enquanto as famílias e escolas não trabalharem a importância de se respeitar os mais velhos, e estarem convencidas disso, o ajuste ao Estatuto do Idoso será inócuo ou funcionará apenas por causa das penalidades.
Interessante
Desde maio desse ano, o Jornal da Câmara dos Deputados parou de ser feito. Não para economizar papel, já que o formato online, apesar de estar disponível, não foi atualizado desde então. Em compensação, o internauta pode ler as notícias da Casa de uma forma menos organizada que um jornal, mas com uma grande vantagem difícil de se ver na imprensa oficial. As matérias trazem os nomes dos repórteres.
Brasília teimosa
Motorista amigo parou na invasão a caminho da UnB e ofereceu caixas de limão da chácara para que os pedintes pudessem vender. A resposta veio com uma espécie de teimosia por trás. “Não vendemos nada aqui, não senhor. Mas se quiser trazer comida ou roupa a gente aceita.”
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Caso lamentável, a concordata da Sousenge. É uma história típica de Brasília. Todo o dinheiro que ganhou, a firma empregou na construção de um edifício. Era o tempo do dr. Juscelino. Todo o mundo fazia todos os negócios. Havia otimismo geral. (Publicado em 25/11/1961)
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
com Circe Cunha e Mamfil;
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Mesmo que haja alguns exageros ou má vontade por parte dos pesquisadores americanos da Expert Market, uma empresa de análise situada nos Estados Unidos, que, em levantamento feito em 74 dos principais centros urbanos do mundo, apontou Brasília como um dos 10 piores sistemas de transportes público do mundo, ainda assim, o estudo deve ser levado a sério pelas autoridades e merecer uma revisão detalhada desse importante serviço.
Se for levada em conta apenas a opinião dos usuários, sem dúvida, o sistema público de transporte será alvo de inúmeras críticas, talvez até mais ácidas do que as apresentadas pelos pesquisadores norte americanos. Excetuando os próprios usuários diários do sistema, a Secretaria de Transportes conhece bem os principais problemas que tornaram a capital deficitária no transporte de massa.
De fato, o que os pesquisadores não levaram em consideração, até por desinformação, e que é uma das principais causas que conduziram o sistema à exaustão, é justamente a questão do inchaço populacional sem precedentes que a capital passou a experimentar. O aumento no número de habitantes, decorrente direto da emancipação política feita à toque de caixa para beneficiar grupos poderosos da capital, provocou um colapso não só nos sistemas de transporte, mas em todos os serviços públicos, como saúde, educação, segurança, moradia, falta de infraestrutura, congestionando a circulação viária e exigindo, da noite para o dia, que o GDF tomasse medidas urgentes para contornar a crise provocada pela explosão demográfica desordenada.
Dessa forma, enquanto não forem devidamente resolvidos o problema do inchaço populacional, toda e qualquer medida visando à melhora nos serviços públicos, sejam quais forem, a demanda, exacerbada e sem previsão, tornará inócua qualquer reforma ou melhoria nos sistemas.
O pior é que essa situação de degradação nos serviços públicos foi alertada por vários urbanistas e pessoas responsáveis e que conhecem a fundo a capital desde seu nascimento.
Mas a insensibilidade dos políticos locais, movidos, como sempre, a interesses particulares e a ganhos imediatos, acabou por conduzir a moderna capital do Brasil à mesma situação que aflige hoje todas as grandes cidades brasileiras. Com certeza, se for analisada a prestação de outros serviços públicos, pela lupa da Expert Market, sem dúvida alguma os setores da saúde, da educação e da segurança, para ficar apenas nessas áreas, merecerão reprovação, sendo, sem susto, colocados nos últimos lugares nos rankings mundiais.
O que se constata e que salta aos olhos é que o problema não está precisamente na prestação dos serviços públicos, que outrora eram excelentes na capital, mas na maneira como ainda deixamos nossa cidade entregue àqueles que não têm amor e compromisso sério com essa terra e sua gente.
A frase que foi pronunciada:
“Vários parlamentares em Brasília estão usando ternos caríssimos, feitos sob medida… provisória.”
José Coutinho, na Internet.
Arte
Um sucesso a mostra Esfero-Gráfica de Julien Gorovitz, um gênio que ainda não deixou Brasília. Veja os detalhes no blog do Ari Cunha.
PT
Quem está vibrando com a candidatura da filha é o jornalista Nonato Freitas: Rebeca, que acaba de alcançar a maioridade. Rebeca Gomes é a pré-candidata a deputada federal mais nova do Brasil. Estudante do curso de História, na UnB, onde lidera um movimento em defesa do empoderamento da mulher no cenário político e cultural do país, ela participa neste sábado, no Rio de Janeiro, do projeto Elas por Elas, evento que reunirá, em dois dias de debates, todas as candidatas negras do Partido dos Trabalhadores. “Eu ainda acredito que a política é o espaço que o povo possui para ser representado”, diz Rebeca, cheia de esperança no futuro político do país.
Fim do mês
Por falar em petista, um grupo de militantes promete que fará greve de fome, no fim do mês, em protesto contra a prisão de Lula. Os manifestantes acamparão em Brasília e tentarão sensibilizar o Supremo Tribunal Federal.
Nome
Fica a cargo de Mauro Benevides Filho, a formulação do programa de governo do candidato Ciro Gomes na área econômica.
Na rede
No Maranhão, a PF descobriu que uma lan house era utilizada para a prática das fraudes em celulares de autoridades e familiares. O incrível nessa história é que há contas bancárias para o depósito com todo tipo de identificação dos donos.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
O Colegiado deve tomar conhecimento deste fato, para evitar que perseguições a funcionários venham prejudicar o desenvolvimento do trabalho. (Publicado em 25.10.1961)
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
com Circe Cunha e Mamfil
colunadoaricunha@gmail.com;
Da experiência traumática que ficou para a maioria dos brasileiros, depois de mais de uma década sob um governo politicamente vesgo, mas que ainda assim ousava a apontar o caminho da esquerda como a melhor trilha a ser seguida pelo país, restou, além da terra arrasada na economia e no prestígio da classe política e dirigente, a certeza de que o cidadão definitivamente já não alimenta ilusões sobre o futuro político do Brasil.
Essa desilusão, de certa forma, endureceu a alma do brasileiro e fez dele um novo ser, arredio e hostil aos apelos da política, principalmente se ela vier carimbada com qualquer proposta de viés partidário. A aversão à política e aos políticos às vésperas das eleições complica, ainda mais, o quadro nacional e nos leva por veredas ainda mais incertas. A decepção da população com seus dirigentes fez renascer em muitos o sentimento de intransigência diante de opiniões divergentes, ao mesmo tempo em que insuflou, no espírito, uma espécie de sectarismo do tipo selvagem.
Para muita gente, está fincada na política nacional a raiz e a razão de todas as crises que se abatem sobre a nação. Para alguns sociólogos, o ódio atual à classe política, como demonstrado de forma explícita em lugares públicos e nas redes sociais, restava latente no íntimo de muita gente, esperando apenas uma oportunidade para vir à tona. Percebe-se que não há amparo à população, principalmente nos momentos de crise. Postos de Montes Claros abasteciam gasolina misturada com água. Nas redes sociais um lembrete que traz à tona a participação desastrosa dos empresários. Diz a mensagem: “Japão – após o tsunami, a população comprava estritamente o necessário para não prejudicar o próximo. EUA – após o estrago do furacão Katrina, o comércio vendia bens a preço de custo para ajudar a população. França – depois dos atentados terroristas, os táxis faziam corridas grátis para a população. Brasil – Durante a greve dos caminhoneiros, comerciantes vendiam gasolina a R$9,99/l, a batata foi reajustada em 300% e supermercados cobravam R$7,00 por um pé de alface. O botijão de gás passou de R$ 65,00 para R$ 130,00.” O nosso problema não é apenas culpa dos políticos. Eles são o reflexo da nossa sociedade.
As radicalizações em posições têm aumentado em parcela da população os apelos pela volta dos militares ao poder, mesmo que não saiba exatamente aonde isso possa levar. Também o crescimento de movimentos de direita, impulsionado pelo ódio aos políticos tradicionais, fez brotar, do nada, candidaturas, que, em condições normais de estabilidade emocional coletiva, jamais seriam sequer ventiladas.
De fato, quem moveu todo esse volume de água para rodar os moinhos extremos da direita foram justamente os partidos e movimentos de esquerda. Com isso, a chegada desses novos inquilinos ao poder vai se consolidando como uma realidade. Mesmo elementos culturais simples, capazes de catalisar o desejo de união nacional, como a Seleção de Futebol, padecem hoje de uma indiferença e de um desdém por parte dos torcedores, colocados à margem dessas disputas pelo chamado padrão FIFA, que elitizou o futebol e fez de garotos bons de bola estrelas internacionais de uma galáxia distante.
A poucos dias da Copa do Mundo, o silêncio total e constrangedor avisa que esses são outros tempos, de outras e mais profundas rivalidades.
A frase que foi pronunciada:
“O tempo ruim vai passar. É só uma fase.”
Frase de caminhão
Novidade
Começam os preparos para a realização do Circuito de Ciências de 2018, organizado pela Secretaria de Educação. A etapa é regional. Trata-se de uma rica oportunidade de os alunos das unidades públicas de ensino desenvolverem habilidades científicas e tecnológicas usando o conhecimento interdisciplinar.
Leitora
Reclama Ana Paula da falta de transporte público no ParkWay. Piratas circulam livremente por ali cobrando R$5 pela passagem. Além do risco que os passageiros correm, ficam no prejuízo com o valor injusto da corrida.
Absurdo
Sempre que se passa pela Barragem do Paranoá vem a mente a preservação das pontes e viadutos da cidade. Mal acabaram de consertar o alambrado derrubado por um carro veloz, outra parte do alambrado foi danificada. Está a meses dessa forma. A área perigosíssima é protegida com umas fitinhas amarelas, provavelmente compradas por algum funcionário bem-intencionado.
Deus me livre!
Essa pergunta chegou na missiva de Renato Prestes. Dá até medo de o GDF adotar, mandando os funcionários beberem água da torneira. Segue a questão:
“A água disponibilizada pela CAESB é avaliada pela Companhia como 100% saudável para consumo humano. Então, por que os órgãos do governo local e federal compram água mineral?”
Inútil
O aplicativo +ônibus que é do GDF foi criado para mostrar as linhas e horários do transporte público. Não tem GPS nos ônibus, os horários são fictícios, enfim, farsa total. A resposta às inúmeras reclamações é padrão: “Suas observações já foram enviadas à nossa equipe de desenvolvimento.” Pode até ser verdade, mas nunca mudou.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Com poucos meses de uso, um prédio apresentar os defeitos que vem apresentando aquele, é uma falta de garantia muito grande para quem habita os demais prédios construídos pela Capua e Capua. (Publicado em 21.10.1961)