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ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
com Circe Cunha e Mamfil
colunadoaricunha@gmail.com;
Da experiência traumática que ficou para a maioria dos brasileiros, depois de mais de uma década sob um governo politicamente vesgo, mas que ainda assim ousava a apontar o caminho da esquerda como a melhor trilha a ser seguida pelo país, restou, além da terra arrasada na economia e no prestígio da classe política e dirigente, a certeza de que o cidadão definitivamente já não alimenta ilusões sobre o futuro político do Brasil.
Essa desilusão, de certa forma, endureceu a alma do brasileiro e fez dele um novo ser, arredio e hostil aos apelos da política, principalmente se ela vier carimbada com qualquer proposta de viés partidário. A aversão à política e aos políticos às vésperas das eleições complica, ainda mais, o quadro nacional e nos leva por veredas ainda mais incertas. A decepção da população com seus dirigentes fez renascer em muitos o sentimento de intransigência diante de opiniões divergentes, ao mesmo tempo em que insuflou, no espírito, uma espécie de sectarismo do tipo selvagem.
Para muita gente, está fincada na política nacional a raiz e a razão de todas as crises que se abatem sobre a nação. Para alguns sociólogos, o ódio atual à classe política, como demonstrado de forma explícita em lugares públicos e nas redes sociais, restava latente no íntimo de muita gente, esperando apenas uma oportunidade para vir à tona. Percebe-se que não há amparo à população, principalmente nos momentos de crise. Postos de Montes Claros abasteciam gasolina misturada com água. Nas redes sociais um lembrete que traz à tona a participação desastrosa dos empresários. Diz a mensagem: “Japão – após o tsunami, a população comprava estritamente o necessário para não prejudicar o próximo. EUA – após o estrago do furacão Katrina, o comércio vendia bens a preço de custo para ajudar a população. França – depois dos atentados terroristas, os táxis faziam corridas grátis para a população. Brasil – Durante a greve dos caminhoneiros, comerciantes vendiam gasolina a R$9,99/l, a batata foi reajustada em 300% e supermercados cobravam R$7,00 por um pé de alface. O botijão de gás passou de R$ 65,00 para R$ 130,00.” O nosso problema não é apenas culpa dos políticos. Eles são o reflexo da nossa sociedade.
As radicalizações em posições têm aumentado em parcela da população os apelos pela volta dos militares ao poder, mesmo que não saiba exatamente aonde isso possa levar. Também o crescimento de movimentos de direita, impulsionado pelo ódio aos políticos tradicionais, fez brotar, do nada, candidaturas, que, em condições normais de estabilidade emocional coletiva, jamais seriam sequer ventiladas.
De fato, quem moveu todo esse volume de água para rodar os moinhos extremos da direita foram justamente os partidos e movimentos de esquerda. Com isso, a chegada desses novos inquilinos ao poder vai se consolidando como uma realidade. Mesmo elementos culturais simples, capazes de catalisar o desejo de união nacional, como a Seleção de Futebol, padecem hoje de uma indiferença e de um desdém por parte dos torcedores, colocados à margem dessas disputas pelo chamado padrão FIFA, que elitizou o futebol e fez de garotos bons de bola estrelas internacionais de uma galáxia distante.
A poucos dias da Copa do Mundo, o silêncio total e constrangedor avisa que esses são outros tempos, de outras e mais profundas rivalidades.
A frase que foi pronunciada:
“O tempo ruim vai passar. É só uma fase.”
Frase de caminhão
Novidade
Começam os preparos para a realização do Circuito de Ciências de 2018, organizado pela Secretaria de Educação. A etapa é regional. Trata-se de uma rica oportunidade de os alunos das unidades públicas de ensino desenvolverem habilidades científicas e tecnológicas usando o conhecimento interdisciplinar.
Leitora
Reclama Ana Paula da falta de transporte público no ParkWay. Piratas circulam livremente por ali cobrando R$5 pela passagem. Além do risco que os passageiros correm, ficam no prejuízo com o valor injusto da corrida.
Absurdo
Sempre que se passa pela Barragem do Paranoá vem a mente a preservação das pontes e viadutos da cidade. Mal acabaram de consertar o alambrado derrubado por um carro veloz, outra parte do alambrado foi danificada. Está a meses dessa forma. A área perigosíssima é protegida com umas fitinhas amarelas, provavelmente compradas por algum funcionário bem-intencionado.
Deus me livre!
Essa pergunta chegou na missiva de Renato Prestes. Dá até medo de o GDF adotar, mandando os funcionários beberem água da torneira. Segue a questão:
“A água disponibilizada pela CAESB é avaliada pela Companhia como 100% saudável para consumo humano. Então, por que os órgãos do governo local e federal compram água mineral?”
Inútil
O aplicativo +ônibus que é do GDF foi criado para mostrar as linhas e horários do transporte público. Não tem GPS nos ônibus, os horários são fictícios, enfim, farsa total. A resposta às inúmeras reclamações é padrão: “Suas observações já foram enviadas à nossa equipe de desenvolvimento.” Pode até ser verdade, mas nunca mudou.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Com poucos meses de uso, um prédio apresentar os defeitos que vem apresentando aquele, é uma falta de garantia muito grande para quem habita os demais prédios construídos pela Capua e Capua. (Publicado em 21.10.1961)