O continente treme

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Foto: Protesto no Chile (Ivan Alvarado/Reuters)

 

Ao caminhar para o encerramento de 2019, o Brasil terá que mostrar ainda mais equilíbrio e bom senso no âmbito político, econômico e institucional caso tenha que se posicionar como mediador confiável das diversas crises que, nessas últimas semanas, se instalaram simultaneamente ao seu redor em todo o continente.

É sabido que, por sua importância geopolítica no Continente Sul Americano, o Brasil possui, quase que como missão estratégica, o intuito de cuidar para que seus vizinhos encontrem o caminho para uma convivência harmoniosa. Os desequilíbrios nessa região acabam por refletir internamente no Brasil, afetando não só parte de sua economia, mas trazendo problemas de outras naturezas.

O caso dramático que vem ocorrendo na Venezuela, com milhões de refugiados que fogem da fome e das perseguições políticas, demonstra a necessidade de um acompanhamento diuturno das condições internas nesses países da vizinhança. Nesses últimos dias, as tensões em vários países do continente aumentaram de forma significativa e acenderam a luz vermelha dentro do governo Bolsonaro, mostrando que boa parte da região parece assistir a um momento de escalada de crises sistêmicas, com turbulências políticas e grande pressão das ruas.

Além da Venezuela, que vive um momento particular de crise humanitária e falência total do Estado, a Argentina, por conta de uma crise financeira que já se arrasta por mais de uma década, corre um sério risco de se ver, mais uma vez, nos braços de um governo do tipo populista, de viés esquerdista, num retorno que parece cíclico e trágico a um passado perdido no tempo. Na Colômbia, o ressurgimento das Farc, possivelmente impulsionado pela Venezuela, promete voltar aos tempos de guerrilha, colocando fogo na região fronteiriça entre Brasil e Venezuela, o que também pode levar a um recuo no tempo, quando esses narcoguerrilheiros detinham parte do território, como um país paralelo. No Equador, os conflitos entre a população e o governo de Lenín Moreno, por conta do decreto que cancela os subsídios aos combustíveis, uma exigência do Fundo Monetário Internacional, tem chamado a atenção do mundo. No Peru, os especialistas apontam a atual crise como sendo uma das maiores de toda a sua história, com a maioria dos ex-presidentes investigados por conta dos casos de corrupção envolvendo a construtora brasileira Odebrecht e como resultado da Operação Lava Jato que se espraiou suas práticas criminosas por nada menos do que 49 países do continente, sob a tutela e orientação do Partido dos Trabalhadores. Houve até fechamento do Congresso que se opunha às investigações.

No Chile, as turbulências têm levado milhares de manifestantes às ruas, em conflitos com as forças armadas e um saldo, até o momento, de 15 mortos. Diversos são os motivos dessa revolta: desigualdade social e econômica, concentração de renda, aposentadoria privada, queda nos preços do cobre, desvalorização do peso chileno, além do aumento nos transportes públicos e outros itens. Na Bolívia a tensão vai aumentando a cada dia, ocasionada pelas fraudes nas eleições para presidente. O atual mandatário, Evo Morales, espera se sagrar vitorioso para seu quarto mandato. Sobre o Tribunal Eleitoral daquele país, pesam sérias suspeitas de fraudes. Observadores internacionais já declararam sua desconfiança de que nessa eleição atual está ocorrendo uma série de irregularidades, acobertadas propositalmente pelas autoridades. Os dois lados nessa eleição estão a um passo de iniciarem um conflito com graves previsões para o futuro. No Uruguai, a crise financeira, a proximidade das eleições e as reiteradas críticas feitas por políticos ao antigo regime militar vêm num crescendo que pode, a qualquer momento, acirrar os ânimos e levar esse país fronteiriço a uma instabilidade institucional, com sérios riscos, inclusive para o Brasil.

Além desses países, outros aqui não mencionados como a Nicarágua e o próprio México, na América Central, também atravessam fases delicadas que ameaçam a estabilidade do continente, com repercussões diretas e indiretas sobre o Brasil.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Escrever a própria essência, é contá-la toda, o bem e o mal. Tal faço eu, à medida que me vai lembrando e convindo à construção ou reconstrução de mim mesmo.”

Machado de Assis, escritor brasileiro.

Foto: escritas.org

 

Uber

Mais de uma vez, os assaltos a motoristas de Uber foram com chamadas para igrejas depois das 22h. Essa mentira é um dos sinais de perigo.

 

 

Celíacos

Atrasada, ineficiente e ineficaz é a legislação brasileira em relação aos celíacos. Está na hora de aparecer um parlamentar que enfrente a indústria de alimentos. Os rótulos nem sempre correspondem à verdade. A doença celíaca é autoimune. Por enquanto, o único tratamento é a dieta restritiva. O diagnóstico tardio é um perigo para o paciente. Restaurantes, empresas aéreas, indústrias alimentícias, precisam ser responsabilizadas na falha da prestação das informações sobre o assunto. Veja mais informações nos links: FENACELBRA, Mayo ClinicNational CeliacDeutsche Zoliakie Gesellschaft.

Imagem: fotosantesedepois.com

 

 

Novidade

Há uma pesquisa em desenvolvimento na Universidade de Northwestern, nos Estados Unidos, que mostrou que é possível induzir a tolerância ao glúten em pessoas com a doença celíaca (desordem autoimune que provoca inflamação no intestino delgado e outros problemas relacionados a isso). Ontem foi a apresentação da novidade na European Gastroenterology Week, conferência que acontece em Barcelona.

 

 

Brasil

No evento, onde Sebastião Salgado recebeu o Prêmio da Paz dos Livreiros Alemães, em Frankfurt houve choro, riso e declarações de amor à Lélia. Sebastião Salgado é o primeiro fotógrafo a receber a honraria que já agraciou Vaclav Havel, Jürgen Habermas, Susan Sontag e Margaret Atwood. Os principais jornais alemães deram bastante destaque ao evento.

Foto: Kai Pfaffenbach/Reuters

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Já que estamos no Banco do Nordeste, mais uma: o sr. Alencar Araripe mandou abrir concorrência para a compra de geladeiras para as agências de Recife, Maceió e Aracaju. Para esta concorrência, foram convidadas firmas dessas três capitais, e da cidade de Crato.  (Publicado em 03/12/1961)