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ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
com Circe Cunha e Mamfil;
colunadoaricunha@gmail.com;
Fôssemos escolher alguma logomarca que melhor sintetizasse, desde sempre, o peculiar jeitinho brasileiro de fazer política e os reflexos desse modelo para a vida dos cidadãos, sem dúvida, dentro dos vários exemplares à nossa disposição, a melhor imagem, capaz de traduzir com a fidelidade de um espelho esse modus operandi do poder, seria a foto, tirada em 1961, pelo fotografo do Jornal do Brasil, Erno Schneider, que mostra o então presidente Jânio Quadros com os pés enviesados, como alguém que titubeia e não sabe, com clareza, por que caminhos seguir.
No melhor modelo Curupira, a figura mitológica que possui os pés para trás, nossos políticos e seus respectivos partidos formam entidades que seguem ermas por caminhos tortos, guiadas apenas pelo faro aguçado das oportunidades, enganando aqueles que acreditam em seus estatutos e em suas orientações ideológicas.
Outro modelo desse desvario e que define esse titubeio foi dado pelo próprio ex-presidente Lula quando, em certa ocasião, afirmou ser a personificação de uma autêntica metamorfose ambulante. Com isso, buscar compreender políticos e partidos no Brasil é um exercício vão, destituído de lógica.
Na verdade, nossos políticos, de forma geral, se agrupam em torno daquelas legendas que lhes parecem mais passíveis de vir a conquistas nacos de poder. Grosso modo, essas agremiações tendem a se diluir em outras por ocasião da formação de um governo. A tradicional orientação partidária, apresentada durante as campanhas, cede lugar ao pragmatismo quando da distribuição de posições de gerência dentro da máquina do Estado.
O Norte, portanto, de partidos e de seus respectivos filiados é dado pelo praticismo imediato, representado pelas vantagens postas à frente de todos no balcão de negócios. Exemplos desse comportamento que perturbam a compreensão de muitos estrangeiros podem ser colhidos nos escândalos do mensalão e outros similares e mesmo no chamado presidencialismo de coalizão. Doutra forma, também exemplificam esse modelo tupiniquim as diversas coligações feitas nos mais variados estados da federação e que, enganosamente, parecem ir na contramão da lógica doutrinária dos partidos. Na realidade, essa lógica é montada apenas para atender as exigências da lei eleitoral, não correspondendo a nenhuma realidade factível. Nesse sentido, o tão propalado “nós contra eles”, difundido pelo lulismo, só possuía significado quando isso interessava aos dirigentes dos partidos, podendo ser alterado a qualquer hora, sem aviso prévio, ao sabor dos desenhos das nuvens no céu.
Por isso bandeiras, palavras de ordem, camisetas e comícios são usados apenas nos momentos certos de “ reunir os bois no curral”, perdendo seu significado, à medida que vão surgindo novos e mais rentáveis objetivos.
Jânio, com seus pés tortos, representa o cerne daquilo que entendemos como representação partidária e que, em outras palavras, pode ser descrito pelo filósofo de Mondubim: “Para aqueles que não sabem para onde ir, qualquer caminho vale”.
A frase que foi pronunciada:
“O futuro do país está na urna eletrônica.”
Resposta indireta do Supremo Tribunal Federal ao Congresso Nacional, que aprovou o voto impresso em 2015.
Fumo
Foi discutida e aceita na Comissão de Direitos Humanos do Senado uma sugestão para que os planos de saúde sejam obrigados a cobrir tratamentos contra o tabagismo. Parece que a responsabilidade deveria recair sobre as empresas tabagistas. Elas têm consciência do mal que o cigarro faz e continuam investindo na perda da saúde das pessoas.
É verdade
De madrugada, à noite e durante o dia, o brasiliense tem notado maior presença de carros de polícia nas ruas.
Sem estrutura
Difícil ver alguma movimentação dos companheiros socialistas brasileiros, amigos do regime da Venezuela, para abrigar os hermanos. Sérgio Etchegoyen, ministro de Segurança Institucional, deu entrevista informando sobre as ações sociais como os abrigos e tratamentos de saúde disponibilizados para os imigrantes venezuelanos. Só que as ações de rejeição aos imigrantes ocorridas em Paracaima podem contaminar outras regiões.
Alcântara
O ministro da Defesa, Joaquim Silva e Luna, consolida com a equipe a importância dos lançadores de satélites no Centro Espacial de Alcântara, o Maranhão, para uso civil e militar. O objetivo é melhorar desde a vigilância das fronteiras até a distribuição de banda larga e controle do tráfego aéreo. Em encontro no Brasil, o secretário de Defesa, James N. Mattis, deixa agradecimentos ao governo brasileiro pela iniciativa.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
O orçamento votado pela Câmara dos Deputados par ao Ministério da Educação, é de 32 bilhões de cruzeiros, sendo que 28 bilhões são destinados às Universidades. (Publicado em 27.10.1961)