Decisão em cima do laço

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

 

Charge do Sinfrônio

 

Cientistas políticos e outros entendidos no intrincado mundo das eleições sabem muito bem que as pesquisas de opinião, por conter um conjunto ordenado de informações, possuem um papel importante sobre a decisão do eleitor na hora do voto. Essa observação vale tanto para o chamado voto útil, quando o cidadão escolhe aquele postulante que aparece nas pesquisas com maior chance de vencer, quanto para aqueles eleitores que usam o voto para vedar a chances daqueles candidatos que eles desejam que perca o sufrágio. Ou seja, as pesquisas de opinião fornecem ao cidadão dados que ele usará para decidir seu voto, quer ele perceba ou não essa influência.

Para os candidatos e para os órgãos de imprensa, o material fornecido por esses institutos de pesquisa é base principal para uma infinidade de análises e informações que passam a ser veiculadas diariamente. Fossem apenas esses os objetivos dos institutos de opinião, estaríamos diante de um mundo ideal. Ocorre que os institutos, como empresas que são, e, sobretudo, seus proprietários trabalham também em pesquisas encomendadas diretamente por aqueles que desejam ver e difundir números favoráveis a seus escolhidos, como para encontrar dados que mostram as poucas chances dos adversários.

Nesse quesito, é possível afirmar que existem institutos sérios e outros nem tanto, basta ver o que diziam nas eleições passadas. Para aqueles que não são candidatos e que representam a grande maioria dos que consomem essas análises, pesquisas maldosamente orientadas e divulgadas para o público acabam exercendo um papel nefasto para a própria democracia.

Ao insuflar números de determinado candidato e desidratar outros, alguns institutos de pesquisa induzem mal os eleitores e prejudicam o próprio pleito, transformando as eleições num redemoinho de números díspares. Enquanto um instituto apresenta um candidato na dianteira para determinado cargo, outra empresa de pesquisa apresenta números totalmente contrários. Essa disparidade de números obviamente concorre para o descrédito de muitos institutos de pesquisa, sendo que, terminada as eleições, muitas dessas empresas simplesmente desaparecem na poeira. Numa democracia, os institutos de pesquisas possuem relevância na medida em que trabalham seguindo os parâmetros científicos de análise comparativa de números apresentados dentro da cartilha da Estatística. Somente institutos que prezam pelo rigor científico conseguem credibilidade e respeito do mercado, dos clientes e dos eleitores. Dos mais de 120 institutos de pesquisas que, desde 2018, vêm realizando pesquisas locais e no âmbito nacional, apenas uma dúzia delas se mantêm com relativa estabilidade no mercado. Outras, de tanto errar nos números e nas estatísticas, desaparecem ou mudam o nome de fantasia comercial para sobreviver.

A Justiça Eleitoral jura que controla com rigor essas pesquisas, fazendo uma série de exigências, como recortes por regiões, por sexo, escolaridade e outros dados obrigatórios. Para aqueles brasileiros que não consomem esses dados, as pesquisas são feitas de forma popular nas filas de ônibus, da padaria, das farmácias, feiras, nos táxis e nas ruas, sendo que cada um procura conhecer a opinião do próximo sobre determinado candidato e suas propostas, para depois decidir seu voto. A questão aqui é saber até que ponto os brasileiros confiam nas análises e nas pesquisas de opinião.

Levantamento recente mostra que os brasileiros estão divididos nesse assunto. O bombardeamento de números durante as eleições divulgados diariamente pelos institutos de pesquisa, mostrando a posição dos candidatos a cada momento, acaba exercendo influência sobre o eleitor que vê essa disputa acirrada como uma verdadeira corrida de cavalos, com chances ora para um jóquei, ora para outro. No geral, o que se nota é uma falta de conhecimento do eleitor sobre o sistema político e isso também conta na hora de votar. Num país tão diverso como o nosso, muitas vezes a decisão do eleitor é tomada no último segundo, ainda na fila de votação, quando o cidadão passa a escutar todo o tipo de história e toma aquela mensagem que lhe chega ao ouvido como decisiva e assim decide, em cima do laço, em quem votar, ou em quem não.

 

A frase que foi pronunciada:

“Os ingleses pensam que são livres. Eles são livres apenas durante a eleição dos membros do parlamento.”

Jean-Jacques Rousseau

Jean-Jacques Rousseau. Imagem: wikipedia.org

 

Novidade

A Câmara dos Deputados vai discutir um Projeto de Lei (n° 224, de 2021) que tipifica o crime de estelionato mediante a clonagem de dispositivo eletrônico ou aplicativo utilizado pela vítima.

Ilustração: Reprodução/TecMundo

 

História de Brasília

Dá a entender que houve propósito de ferir uma das relíquias de Brasília, porque nenhuma placa foi colocada no local. A tôrre não é da Novacap, nem do DTUI, nem do DFL, nem do Exército. Ninguém sabe quem construiu, nem com ordem de quem. (Publicada em 09.03.1962)

Lembretes mínimos aos eleitores

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

 

Foto: jornaldebrasilia.com

 

          De agora em diante, todo o cuidado é pouco. O que está em jogo é seu futuro e o daqueles que estão em seu entorno. O início oficial da campanha política, com tudo o que ela pode representar de simbólico e concreto, marca também o começo de uma caminhada, cujas trilhas e atalhos podem levá-los para bem longe da Terra Prometida. Por isso, mantenha sempre os pés atrás com relação às ideologias anunciadas e, principalmente, àqueles que a pregam com ardor pastoral. Do mesmo modo, tome distância em relação aos governos, desconfiando de seus membros e de suas falas. Fique de orelha em pé com o que ouve e com o que é dito pelos governos e não fie em suas promessas.

          Não seja hostil aos governos, mas também não se mostre amável. Todo o cuidado com os discursos políticos é pouco. Lembrem-se sempre do que dizem os políticos: 99% é propaganda e 1% é mentira. Tenha em mente que você sempre será melhor do que aqueles que irão lhe pedir votos, mas não deixe que isso transpareça. Não fale desse e de outros governos, quando for você, com o seu voto, o responsável por sua escolha. Não pense jamais que você é inferior e sem importância diante de qualquer governante. Lembre-se que os despossuídos são sempre aqueles que pedem.

          Os políticos são como pedintes ingratos. Não creia em promessas, sobretudo, naquelas feitas por esses pedintes. No dobrar da esquina eles já não irão lembrar de ti e podem até hostilizá-lo como um estrangeiro. A utopia, tão cara aos sonhos e aos poetas, é um veneno na boca de políticos. Portanto deixem de lado as utopias políticas e concentrem-se apenas em seus projetos. Seja tão criterioso com o seu voto como é com seus sonhos mais caros. Não ponha fé alguma no mundo idealizado pelos políticos. Também não desacredite em seus ideais. Tome ciência que você e a sua família são o Estado que importa.

         Impor vantagens de uma ideologia sobre a outra é perda de tempo. Todas as ideologias servem sempre somente aos políticos e não a você. Não discuta ou debata política com familiares e amigos. Entre amigos e familiares, os assuntos são sempre sérios. Tenha em mente que você é um privilegiado por não dever, nem pedir nada aos políticos.

          Não se filie a partido algum. O seu partido é sua família e seus amigos. Não creia na urgência em adotar esse ou qualquer outro modelo de política ou partidário. Em momentos de urgência, os caminhos tomados quase nunca são os melhores ou mais sensatos. Lembre-se de que você é mais sensato do que os políticos que vê e escuta. Feche sempre os olhos quando um político discursar, peneirando cada uma de suas palavras pela peneira da sensatez. Depois disso, despeje no lixo grande parte do que foi dito. Use apenas aquelas partes que serão devidamente analisadas. Políticos são como feirantes a anunciar mercadorias. Procure, em primeiro lugar, percorrer toda a feira, vendo e ouvindo tudo com atenção. Depois, verifique com atenção sua carteira e pense apenas naquilo que precisa no momento. Descarte todo o resto. Estude. Leia. Viaje pelo passado. Fique alerta contra os discursos de ódio e todo aquele que o professa. Preste atenção em palavras inventadas com o intuito de injetar veneno na cultura, na bondade, na solidariedade e na paz.

         Se não existem programas exequíveis a serem apresentados pelo político, desligue a televisão ou o rádio. Cuidado redobrado com os marqueteiros políticos. Lindas fotos com cores equilibradas, nitidez cirúrgica, sorrisos, não querem dizer absolutamente nada. São feitas de vento. Todos os marqueteiros vendem produtos que jamais comprariam para si.

         Não leve fé naqueles parlapatões que anunciam mundos fabulosos para o amanhã. O que interessa é o presente. Tenha para si a máxima de que Deus ri de quem faz projetos. Do mesmo modo, acredite que Deus joga dados e toda a realidade é dada pelo acaso. Você é e pode ser seu acaso. Lembre-se sempre de que o eleito é você e sua família. O Estado é uma criação política.

         Tome conhecimento de tudo à sua volta, retire para si o que possa precisar e descarte todo o resto. Quando se dirigir à cabine de votação, vá conhecendo cada um daqueles em que irá votar. Você deve conhecê-los como a palma de sua mão. Deve se lembrar de todos. Tenha presente a decisão sobre aqueles políticos em que você jamais irá votar. Ponha em sua cabeça a decisão de jamais perdoar políticos que cometeram crimes, sejam eles quais forem.

         Tome atenção, relação política nada tem a ver com afinidade pessoal. Não queira a companhia de políticos. Você tem coisa mais importante a fazer.

         Assenhore-se de sua dignidade e cidadania e não discuta em público temas políticos. Intimidade e sigilo das urnas é tudo o que você precisa em outubro. Fique longe de palanques e de todos aqueles que andam, neste mundo sujo, de colarinho impecavelmente branco. Lembre-se de que muitos desses políticos, que afirmam ter as mãos limpas, usam luvas de pelica.

 

A frase que foi pronunciada:

“A Grécia tinha sete sábios; mas no Brasil, só sete é que não o são.”

Marquês De Maricá

Marquês de Maricá. Foto: wikipedia.org

 

Embaixada do Piauí

Luiz Alencar Sousa, do bar e restaurante “Embaixada do Piauí”, na 313 Sul, foi surpreendido com uma declaração do ministro André Mendonça. Na verdade, elogios ao sabor da comida são constantes, mas a reverência do ministro realmente emocionou. Veja a seguir.

 

Imperdível

Hoje, 18h30min, na livraria da Travessa, no Casa Park, será o lançamento do livro de Samyra Crespo, contando 30 anos do ativismo ambiental no Brasil. André Trigueiro apresenta o livro “Conta quem viveu, escreve quem se atreve”. Mais detalhes a seguir.

–> “Conta quem viveu, escreve quem se atreve “

De maneira leve e divertida, na linguagem que costuma usar em seus artigos na internet, a autora Samyra Crespo nos brinda com 30 anos de história do ativismo ambiental. Depois de lançar com sucesso o livro em São Paulo e no Rio de Janeiro, Samyra vem à Brasília no próximo dia 18, na Livraria da Travessa, onde fará a leitura de uma de suas ‘crônicas’ – justamente sobre sua experiência aqui no Planalto. A partir das 18h30.

Samyra Crespo é ambientalista histórica com uma experiência singular no ativismo que abraçou desde que fez a primeira pesquisa de opinião no Brasil que se chamou “O que os Brasileiros Pensam do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável ” em 1991, às vésperas da Rio 92. A pesquisa seguiu por 30 anos com cinco edições. Ela dirigiu ONG, fez carreira acadêmica, trabalhou no Ministério do Meio Ambiente durante as gestões de Carlos Minc e Izabela Teixeira, parte deste período como presidente do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

Serviço:

Lançamento do Livro “Conta quem viveu, escreve quem se atreve “

Data: 18 de agosto

Horário: 18h30

Local: Livraria da Travessa, Casa Park

 

História de Brasília

Alguém sem escrúpulos salvo justificação em contrário, construiu uma tôrre metálica sôbre a cruz onde foi celebrada a Primeira Missa de Brasília. O monumento está coberto por armações de aço, num visível desrespeito a um dos lugares sagrados da cidade. (Publicada em 09.03.1962)