Dono é quem cuida

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Foto: BBC

 

Mesmo diante de um mundo em marcha rápida para um processo irreversível de globalização, nossas Relações Exteriores foram transformadas, de instituição do Estado, numa espécie de apêndice do governo, a experimentar as mais vexaminosas atuações nos foros internacionais. Ainda nos dias atuais, essa atuação apagada e sem o brilho e personalidade de outrora, permanece como um sinal desses tempos de mediocridade e de flagrante despreparo e falta de ética de nossas elites políticas.

Com a nossa diplomacia esvaziada e colocada a reboque dos anseios do governo e com o reconhecimento tácito de que nossas Forças Armadas, dificilmente, conseguiriam retaliar uma suposta tomada da região Amazônica por forças estrangeiras, não seria exagero acreditar que apenas a sorte ou um tipo qualquer de milagre assegura efetivamente a soberania do Estado Brasileiro sobre essa imensa região.

Diante de uma constatação como essa e diante dos conhecidos titubeios dos organismos internacionais em conter disputas territoriais, a sorte sobre os destinos da Amazônia está muito mais entregue às suas populações locais, do que propriamente ao governo. O governo já provou sua incapacidade total em combater e vencer inimigos como o fogo, os madeireiros, as invasões de terras, os pecuaristas, os mineradores e outros ecocidas dessa região.

Se nem mesmo esses destruidores desarmados são vencidos numa batalha interna, que dirá caso essa região venha a ser invadida por forças estrangeiras, sob o pretexto de preservação do ecossistema do planeta. Numa hipótese como essa e que não pode ser descartada, tendo em vista a situação global de alarme que atravessamos, de que adiantariam as bravatas e os apelos patrióticos e panfletários como os feitos pelo atual governo?

A Amazônia é nossa, na medida em que possamos demonstrar ao mundo nossas reais capacidades de cuidarmos dela comme il faut. Convenções, tratados e outros acordos podem muito bem serem desconsiderados e tornados letras mortas. A emergência do aquecimento global pode também, numa situação desse tipo, se sobrepujar aos conceitos abstratos como patriotismo, nacionalismos e outros ismos de apelo populista. A instalação de um general, como uma espécie de interventor nessa região, tem provado a pouca eficácia em conter o avanço de uma destruição que é acompanhada par i passo, ao vivo e a cores por todo o mundo. As declarações de êxito nessa missão são desmentidas a cada imagem de satélite que é publicada nas redes mundiais.

Numa emergência dessas proporções, o mais sensato, se é que se pode falar em sensatez nesses tempos atuais, seria a transferência provisória da capital para àquela região, com a concentração total de esforços para assegurar a preservação dessa região, que tem nos pertencido muito mais por questões de acidente geográfico do que por merecimento.

Não bastassem as ações tímidas e pouco eficientes desse governo em contornar essa que é uma crise, ao mesmo, tempo interna e externa, a atuação do atual ministro do meio ambiente vai na contramão do que se espera de uma pasta dessa importância numa época como a que atravessamos. A importância desse tema parece escapar à percepção de nossas autoridades, muito mais preocupadas com o processo eleitoral do que com a realidade debaixo do nariz.

Na Europa e nos Estados Unidos, a Amazônia e agora o Pantanal têm sido temas de discussões e preocupações nos diferentes fóruns de debates. Ameaças como as feitas pelo candidato à presidência dos EUA, Joe Biden, alertando nosso governo para parar de destruir a floresta ou vir a ter que enfrentar consequências econômicas, podem muito bem escalar para outros níveis, caso essas advertências não venham a se concretizar em ações de fato.

O mais trágico numa situação como essa é que, em caso de conflagração para retirar a soberania brasileira sobre essa região, terá que ser enfrentada não diretamente pelos responsáveis que erigiram essa tragédia, mas pelas mesmas populações de pés descalços e famintas que, há séculos, assistem a sequência de descaso do governo e os casos de corrupção que drenam recursos preciosos dessa região secularmente. Tal como na obra: “A Oeste nada de novo”, de Eric Maria Remarque (1898-1970), e que agora completa quase um século de sua publicação, fica a lição: as guerras não possuem nenhuma lógica do ponto de vista de quem está no front. Esses conflitos só interessam aos generais, ministros e outros membros da alta classe, que lucram com a morte de jovens inocentes.

 

 

 

 

A frase que foi pronunciada:   

“A Justiça é tão poderosa e necessária no mundo, que o próprio Júpiter não tem direito de ser injusto, uma vez estabelecidas as leis do universo.”

Plutarco

Provável busto de Plutarco, no Museu Arqueológico de Delfos. Foto: wikipedia.org

 

Carroças

Foi o então presidente Collor quem trouxe carros melhores para substituir as “carroças” dos anos 80 que haviam como única escolha no Brasil. Dê uma espiada no blog do Ari Cunha. Em termos de carros, continuamos com verdadeiras carroças. Veja o Mercedes Benz AVTR.

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Vou pedir ao Nauro Esteves para redesenhar a área interna das superquadras, para que os carros possam atingir os postos de assistência apenas por um lado, mantendo interrompido o tráfego na W-1. (Publicado em 17/01/1962)

Soberania nacional: hora de exercê-la

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Foto: defesanet.com

 

Nos últimos anos, aconselhado pelos assessores cubanos, russos e chineses, o governo de Nicolas Maduro investiu o que podia na aquisição de armamentos e todo o tipo de materiais bélicos, inclusive modernos aviões e outras belonaves de ponta, objetivando manter, pela força, o terrível status quo interno. A atração de russos e chineses para dentro do continente, gerou uma significativa mudança no tabuleiro geopolítico, aumentando a instabilidade numa região, até pouco tempo, considerada tranquila.

É sobre esse “entorno estratégico”, situado em plena região amazônica, que os militares passaram a centrar suas atenções em defesa dos interesses nacionais. Alguns observadores internacionais têm se referido também à possibilidade de a Argentina vir, num futuro próximo, constituir-se também numa área de preocupação, por conta de problemas políticos internos. Não se sabe ao certo se essa proximidade entre o atual governo brasileiro e as Forças Armadas poderão facilitar um maior protagonismo dos militares em toda a região. O certo é que, independente de governos, a atuação dos militares dentro desse novo quadro, que vai se desenhando no mundo e no continente, tende a se intensificar daqui para frente.

É corrente também a noção de que, para os próximos anos e talvez décadas, haverá necessidade de aumento de gastos na área militar, mesmo que ocorra um enxugamento no número de efetivos das Forças Armadas. Para alguns historiadores, estaríamos revivendo um período semelhante ao ocorrido com a guerra do Paraguai (1864-1870), época em que os militares, até então desprestigiados, passaram a angariar maiores simpatias e a desfrutarem de maior poder junto ao Estado.

Com um efetivo de aproximadamente 360 mil homens, preparados para a ação, e com um contingente que oscila próximo de 1.6 milhão de soldados, segundo dados de 2017, as Forças Armadas têm pela frente um grande desafio, semelhante a esforços realizados em tempos de guerra. O Brasil possui mais de 23 mil quilômetros de fronteiras, sendo 15.700 em fronteiras secas ou terrestres e outras 7.300 de fronteiras marítimas.

Para garantir a soberania de mais de 8.5 milhões de quilômetros quadrados, numa época de grande instabilidade mundial, quer queiram os pacifistas ou não, haverá necessidade de repensar o poderio militar de defesa e de dissuasão do Brasil. Soma-se a esses números o território marítimo brasileiro, determinado por acordo internacional, que inclui, sob nossa soberania, uma área de 22 quilômetros contados da costa em direção ao oceano (12 milhas náuticas). Incluem ainda, sob a tutela brasileira, uma área de 200 milhas náuticas (370 Km), contadas da costa, a denominada zona econômica exclusiva (ZEE), estabelecida pela Convenção das Nações Unidas em 1982. Temos aqui um caso clássico em que tamanho é responsabilidade e destino. Nessa área marítima, os estrategistas preveem também problemas, sobretudo, pela existência de grande quantidade de petróleo e gás, armazenados nas reservas do pré-sal.

Existe ainda a preocupação ambiental com essas áreas, chamada de Amazônia Azul, cobiçada por muitos países. Desde sempre, sabe-se que, onde há riqueza a ser explorada, há potencial para conflitos. Hoje, essa realidade não só permanece como era no passado, como tem sido agravada pela escassez progressiva de recursos.

Na nova política de defesa, nenhum ponto deve ser deixado de lado. Questões como as mudanças climáticas e mesmo a pandemia são hoje assuntos de interesse da defesa nacional e, como tal, não podem ser desprezados ou minimizadas. Mesmo com uma política ainda errática com a relação à Amazônia, o governo vem sendo convencido de que essa imensa região é de vital interesse estratégico para o Brasil, tanto pela biodiversidade, quanto pela existência de abundantes recursos minerais e hídricos, como pelo grande potencial energético para nosso país.

Por outro lado, sabe-se também do enorme interesse dos estrangeiros por essa região, ainda desconhecida por nós em sua totalidade. Há ainda a questão dos recursos hídricos, cada vez mais escassos em todo o mundo, e que, no futuro, será um dos motivos centrais para disputas de toda a ordem, inclusive pela força. Nesse quesito, o Brasil, como detentor de 12% das reservas de água doce do planeta, tem enormes desafios pela frente para garantir que essa riqueza fique sob a soberania dos brasileiros.

Não bastasse toda a responsabilidade sobre essa imensa área, que guarda riquezas para garantir nosso futuro, há ainda, sob a responsabilidade que recai sobre os miliares brasileiros, a atuação na segurança interna, por meio da Garantia da Lei e da Ordem (GLO), muitas vezes utilizada em todo o território nacional para o estabelecimento da paz social.

Diante de tantos e tão hercúleos desafios que têm que assumir nesse século, seria até compreensível que os militares, de uma hora para outra, deixassem as pastas que ocupam no governo para se concentrar apenas na gestão e operação da nova política de defesa nacional.

 

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“A história é um processo no qual as testemunhas se contradizem.”

Charles-Victor Prévost d’Arlincourt, romancista, poeta e autor dramático francês.

Charles-Victor Prévost d’Arlincourt.                                        Desenho de Robert Lefèvre (1822).                                  Imagem: wikipedia.org

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

O asfalto da Asa Norte, na pista leste do Eixo Rodoviário sofreu uma depressão muito grande, e está constituindo um sério perigo. É à altura da primeira tesourinha. (Publicado em 12/01/1962)