Um mundo distópico

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Foto: ARQUIVO/ FREEPIK

 

Quem poderia acreditar que o século 21, inaugurado, tragicamente, com a queda das Torres Gêmeas, em Nova York, traria também, em seu baú sinistro, uma pandemia de proporções bíblicas, paralisando o planeta e mergulhando a humanidade no que poderia ser definido como um perfeito e acabado mundo distópico, à semelhança de romances do gênero como 1984, de George Orwell.
É o que temos em mãos e o que nos resta para viver. Com um panorama dessa espécie, não chega a ser espantoso que tenhamos que experimentar, neste novo século, a total invasão de nossas vidas privadas, expostas e esmiuçadas pelos novos senhores do nosso tempo. Com isso, vai ficando cada vez mais evidente e até comum para muitos que estejamos em exibição numa espécie de vitrine virtual, secado por olhos pouco amigáveis.
É a realidade que construímos ou que deixamos que construíssem para nós. Essa superexposição que, para alguns, seria o desejado, para as pessoas comuns vai se configurando como um imenso e vigiado presídio de máxima segurança. A parafernália eletrônica que demos vida, com o avanço da tecnologia e que vai nos cercando com seus robôs e câmeras, cada vez mais invasivas, colocam-nos no centro, fazendo, de todos nós, suspeitos em potencial, até prova em contrário ou até a rendição total e submissão a pessoas e propósitos que desconhecemos. Para aonde seguimos? Para os ficcionistas, acostumados a um mundo além da imaginação, estamos imersos, coletivamente, em nossos próprios contos e fábulas.
Os aparelhos celulares, presentes em praticamente todas as mãos humanas e que, ingenuamente, acreditávamos ser a redenção nas comunicações entre os homens, levando ao entendimento e à concórdia, parecem ter caído, surpreendentemente, em mãos erradas, e hoje representam as novas algemas a nos encarcerar nesse Big Brother real. Infelizmente, não há nada de ficcional nesses fatos que vão se consumando às vistas de todos.
Talvez, não tenhamos percebido ainda que esse século nos coloca na mais temida e tenebrosa encruzilhada que a humanidade já vivenciou. Os aplicativos, todos eles, presentes em nossas vidas, vão armando exigências cada vez mais inexplicáveis, impondo novas regras de compartilhamento de informações, concordâncias sem fim.
Já não é segredo para muita gente que dispositivos e programas variados dessa tecnologia erguida para o controle, permitem aos governos capturar imagens, sons, e uma infinidade de dados pessoais dos cidadãos, colocados à disposição das autoridades para “eventuais providências”.
Câmeras nas ruas controlam o movimento do cotidiano e captam, pela biometria facial, a circulação de cada um de nós. Empurrados por esse século adentro, vamos nos distanciando de movimentos libertadores como a Renascença, do século XIV ao XVI, em que se pregava que o homem era o centro de tudo e em que conceitos como o humanismo nos fazia acreditar que os homens haviam renascido para o mundo. Esqueçam conceitos como cidadania e outros do gênero. Estamos imersos em uma nova história, sem chances de retorno.
A frase que foi pronunciada
“Não desertar a justiça, nem a cortejar. Não lhe faltar com a fidelidade, nem lhe recusar o conselho. Não transfugir da legalidade para a violência, nem trocar a ordem pela anarquia”.
Rui Barbosa, Oração aos Moços
Foto: academia.org
Ambiente
Imagine a criançada estudar em um parque vivencial. Árvores para todos os lados, ambiente amplo e contato com a natureza na hora do recreio. A Administração Regional do Núcleo Bandeirante passou, oficialmente, o antigo Parque Vivencial para a Secretaria de Educação do DF. O secretário Leandro Cruz garante que será um salto de qualidade para as unidades de ensino daquela região, que receberão os mesmos princípios da antiga Escola Parque.
Foto: Tony Winston/Agência Brasília
Em ação
Sorrisos em todos os rostos. Um curso online de extensão em histórias e culturas indígenas promove conexão pela primeira vez. A aula favoreceu que pessoas de diversos estados do país participassem da troca de experiências. O encontro foi organizado pelo Conselho Indigenista Missionário. Marlini Dassoler explicou que, nas edições presenciais, era mais difícil o deslocamento das pessoas das aldeias até Brasília. Esta edição proporcionou mais participação.
Logo: cimi.org
Aprendendo Inteligência
“Eu comecei a dar aula com 18 anos. Tenho 65. Quando completei 60, fiquei muito feliz. Descobri que o Estatuto do Idoso prevalece sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente. Agora, posso bater nos alunos que não me acontece nada.” Arrancando risadas da plateia, o professor Pierluigi Piazzi iniciou a palestra com essa pérola.
Prof. Pier (Foto: Divulgação)
Novidade
Contrato para mais de mil pessoas em Brasília. Por processo seletivo, a Saúde do DF recebeu 500 agentes comunitários e 500 agentes de vigilância ambiental. O subsecretário de Vigilância à Saúde, Divino Valero está satisfeito com o reforço no combate à dengue.
Foto: Geovana Albuquerque/Saúde-DF
História de Brasília
Mudança da Capital só se fará com pulso forte, e graças a Brasília, é o que temos encontrado no sr. Hermes Lima. Agora uma sugestão: verificação geral nas “dobradinhas” pagas a todos os ministérios, inquérito administrativo, para os que recebem sem morar em Brasília, confisco do apartamento e devolução do dinheiro recebido ilegalmente. (Publicado em 24/01/1962)

Três de Outubro e o fim da história

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Visitantes do Bürgerfest para o Dia da Unidade Alemã em 2018 – Foto: picture alliance / dpa (bz-berlin.de)

Fatos seguramente relevantes para a vida da sociedade possuem, junto aos historiadores, a capacidade de assinalar marcos que delimitam e fixam fronteiras temporais, separando tempos com características distintas. São as chamadas datas históricas que funcionam como uma espécie de coordenada temporal, facilitando, de forma didática, o entendimento de cada período dentro da história humana. Assim é que é o fato que melhor registra e delimita a entrada da civilização Ocidental no século XXI: o ataque terrorista às Torres Gêmeas do World Trade Center, nos Estados Unidos, em 11 de setembro de 2001.

A partir daquele instante, estava inaugurado um novo tempo em que as ameaças de grupos terroristas e suicidas iriam levar uma inquietude nunca vista pelos países desenvolvidos. Era como se as Cruzadas medievais iniciassem um caminho contrário, partindo agora do Oriente Médio, em direção ao Ocidente, opondo os guerreiros de Alá aos cristãos do mundo moderno e rico.

Da mesma forma em que o século XXI era marcado por esses ataques sangrentos e indiscriminados, o século passado terminava melancolicamente com a queda simbólica do Muro de Berlim. Com esse evento, ocorrido em 9 de novembro de 1989, era posto um fim à Guerra Fria e a divisão do mundo em dois blocos. Mais do que a reunificação das duas Alemanhas, a queda desse muro de 65 quilômetros, dividindo um mesmo país em parte Oriental e Ocidental, representou para muitos historiadores um marco que anunciava, de modo patente, o grande fracasso representado pela experiência do sistema socialista, em sua tentativa de igualar, à força, os desiguais e assim resolver essa que é a maior das contradições humanas.

Três de Outubro passou a ser a data oficial que marca a reunificação Alemã e que passou a ser chamada de Dia da Unidade Alemã (Tag Der Deutschen Einheit). Dessa forma, o conturbado e revolucionário século XX terminava de maneira triste, deixando em ruínas o que seria o grande sonho do marxismo, com a tomada do poder pelo proletariado. Na verdade, o que ocorreu, durante todo esse período, nada mais foi do que a tomada do poder pela nomenclatura do partido comunista, deixando os trabalhadores na miséria.

Nesse sentido, o século passado deixou ainda um enorme passivo para os cem anos posteriores que se iniciavam, entregando ao sistema capitalista a responsabilidade de pôr em ordem a questão das desigualdades, um problema aparentemente sem soluções à vista, mas que requer a tomada de um conjunto de providências capaz de evitar colapsos futuros.

Com o fim do socialismo e do estatismo sobre a economia, se cumpria a perspectiva proposta por Hegel no século XIX de que os últimos 25 anos do século XX seriam marcados pelo equilíbrio entre o liberalismo e a igualdade jurídica confirmado, no caso aqui, pelo chamado Estado do Bem-Estar Social, com o advento dos Direitos Trabalhistas e outras conquistas alcançadas pelos trabalhadores, como é o caso da previdência.

Para alguns historiadores, como Francis Fukuyama, a queda do Muro de Berlim significou “O fim da História”. Do comunismo, afirmou Fukuyama, não sobrará nem o rastro.”

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“A arte não é um espelho para refletir o mundo, mas um martelo para forjá-lo.”

Vladimir Maiakóvski, poeta, dramaturgo e teórico russo.

Vladimir Maiakovski (1893-1930) – comunidadeculturaearte.com

 

 

Dois

Já são dois os senadores que não aguentaram a seca do cerrado. O senador potiguar, Styvenson Valentim, e o senador capixaba, Marcos do Val. Receberam cuidados médicos para amenizar o mal-estar.

Foto: Ed Alves/CB/D.A Press

 

 

Sem cartaz

Na embaixada do Brasil em Berlim, uma iniciativa do Partido dos Trabalhadores em protestar contra as queimadas na Amazônia foi uma vergonha. Dez manifestantes ocuparam o local.

 

 

Desafio

Lançado nesse ano, pelo Conselho Nacional de Justiça, os procedimentos relativos a pessoas indígenas acusadas, rés, condenadas ou privadas de liberdade. Trata-se de orientações a Tribunais e Magistrados. Não sabemos, mas durante o caso Denílson, ficou claro que crimes envolvendo índios trabalham com uma nova ótica, conceitos multiculturais e necessitam equalizar o Estatuto do Índio, a Constituição e Convenções Internacionais de Direitos Humanos.

Leia mais em Manual Resolução 287/2019

 

Engraçado

No Hospital Brasília, uma placa indica a sala dos injetados com contraste. Abaixo, há o espaço para a tradução em inglês. Deixaram o espaço para o “english text”. Quem repara mostra um sorriso de soslaio. Veja a seguir.

 

 

Manutenção

Por falar em manutenção, é preciso uma manutenção nos semáforos da cidade. São muitos os que estão com o botão verde sem acesso aos pedestres durante a travessia.

Semáforo na via W3 Norte, em Brasília. — Foto: Káthia Mello/G1 DF

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

O Niemeyer é que anda meio triste. Acha a cidade meio parada, o povo diferente. Eu acho que é ciúme, natural em quem lega uma criação de muita estima. (Publicado em 30/11/1961)