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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)
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Obs.: o vídeo foi divulgado em 10 de set. de 2019, no canal Agência Brasília no Youtube.
Lembrava com propriedade o filósofo de Mondubim sobre as aparências superficiais e enganadoras que “o pavão de hoje, pode ser a alegoria do carnavalesco ou simplesmente o espanador de amanhã”. Essa imagem vem a propósito da beleza arquitetural de Brasília, admirada em todo o mundo como exemplo acabado e bem-sucedido da arquitetura moderna. Depois de percorrer os vários cantos da cidade, onde despontam exemplos do bom urbanismo e da arquitetura, idealizados num tempo em que o respeito pela escala humana e pela harmonia guiavam livremente os desenhos sobre as pranchetas, o visitante que terminar seu périplo na área central da capital, ou mais precisamente na Rodoviária do Plano Piloto, tem um choque de realidade, redescobrindo-se em pleno terceiro mundo.
Nesse ponto ficam bem visíveis os pés do pavão, mostrando o poder do tempo e do descaso em desfazer o sonho de cidade que se quis patrimônio cultural da humanidade. Não há como esconder que o principal terminal rodoviário de Brasília, que forma a junção dos quatro primeiros eixos de integração, e que deu partida para sua construção, apresente-se hoje, aos olhos de todos que por ali passam, como um dos mais feios e mal-acabados cartões-postais da capital.
Abandonada, suja e perigosa. Esses são os principais adjetivos aplicados à Rodoviária, não só pelos turistas que por ali se arriscam, mas por aqueles que têm esse terminal como ponto obrigatório de chegada e partida diária. Não é por outra razão que muitos brasilienses simplesmente evitam aquela região. Ao longo dos anos, no entra e sai de governos, a Rodoviária foi sendo submetida a um rotineiro exercício de obras emergenciais, mas que nunca conseguiram devolver seu aspecto inicial, quando a capital ainda contava com uma população pequena.
O aumento demográfico acelerado e sem planejamento, que se seguiu logo após a emancipação política da capital, cuidou para que, em tempo recorde, todo e qualquer esforço de revitalização daquela área resultasse em nada. Perto de completar sessenta anos, de todos os pontos dentro do Plano Piloto, a rodoviária é, de longe, o sítio que apresenta hoje o maior desgaste e deterioração.
Para essa região central da capital, parecem confluir, de uma só vez, todos os problemas da cidade. Numa fiscalização ocorrida nessa quinta-feira, representantes da Rede de Promoção da Mobilidade Sustentável e do Transporte Coletivo, chamada Rede Urbanidade, constataram que as condições de infraestrutura e acessibilidade do local continuam reprováveis.
Isso depois da realização de mais uma obra naquele local recentemente e que consumiu milhões de reais dos contribuintes. O grupo, criado em novembro de 2019 para a articulação da rede de promoção da mobilidade sustentável, constatou que os problemas daquele terminal persistem e vêm se agravando ao longo do tempo.
De acordo com o que foi vistoriado, os técnicos observaram que os elevadores e as escadas rolantes continuam quebradas. Os banheiros estão deteriorados, assim como as caixas de incêndio sem mangueiras. Faltam bicicletário e redes de conexão com as ciclovias existentes nas proximidades. Há deficiência de sinalização. A presença de ambulantes em locais de circulação ainda é intensa. O transporte “pirata” continua a operar nas barbas das autoridades. A precariedade das calçadas no entorno da rodoviária continuam visíveis, além de uma série de outros problemas.
Tudo isso sem falar na falta de segurança, não só no terminal, mas em toda a área do entorno. Quando a noite cai, nenhum brasiliense que conhece a região se atreve a circular dentro e fora da rodoviária. Persistem o consumo e tráfico de drogas na área. Também são comuns os assaltos e roubos de transeuntes. Menores abandonados são vistos com frequência naquele local perambulando sem rumo.
Esses são alguns dos problemas que cresceram e se firmaram naquele local e que parecem sem solução à vista. É o lado feio do pavão.
A frase que foi pronunciada:
“Os lugares mais quentes do Inferno são reservados aos omissos.”
Dante Alighieri, escritor, poeta e político florentino (1265-1321)
Cabeleira
Quebrar o ar sisudo das reuniões no Senado é praxe quando o senador Amin está presente. Nas notinhas abaixo, um pouco de cada dia para que o leitor tenha a oportunidade de ver que há sorrisos por ali. Essa foi do senador Omar Aziz, brincando com o senador Esperidião Amin e Confúcio Moura: “Vocês estão dando prejuízo para os cabeleireiros dos seus Estados”! Ao que o senador Esperidião completou: O Confúcio compensa! Ele é um falso exemplar. Ele ainda trata no cabeleireiro dos acostamentos…
Toma lá, dá cá
Só para registrar o ocorrido. Nenhuma gota de maldade, mas que foi engraçado foi. O senador Jean Paul Prates pediu a mudança de ordem no pronunciamento. Trocou com o senador Humberto Costa que seria o 4º a falar e o senador Jean Paul seria o 13º, coincidentemente o número de seu partido. Presidindo a comissão, estava o senador Dário Berger. Ao atender à solicitação do colega na mudança de ordem da fala, ponderou que aguardasse, já que havia passado a palavra ao senador Confúcio. Ao que o senador Jean Paul responde: “Eu aguardo, com prazer. Esse é o preço pela troca”.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Um defensor ferrenho das vantagens do pessoal do Banco foi o dr. Geraldo Carneiro que, morando em Brasília, conhece bem a situação dos funcionários, e fez uma brilhante exposição. (Publicado em 15/12/1961)
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Praticamente todos os governos que vieram a assumir o comando do Distrito Federal, depois da chamada maioridade política, trataram, a seu modo, de realizar algum tipo de reforma na Rodoviária do Plano Piloto. Algumas dessas reformas, na verdade, não foram muito além da maquiagem superficial do local, com a realização de pintura, limpeza dos azulejos, modernização de banheiros e outras remodelações para conferir um mínimo de apresentação desse que é o ponto central da cidade, visto por todos que aqui residem ou estão de passagem.
Dentro do projeto de concepção de Brasília, a Rodoviária ocupou, desde logo, o ponto central para onde convergiriam todos os eixos traçados no desenho original e de onde partiriam essas mesmas linhas que formariam o desenho característico do “pássaro” de asas abertas no sentido Norte Sul. Nesse sentido, a Rodoviária seria, na concepção do urbanista Lucio Costa, o ponto inicial ou marco zero da capital ou, como afirmou em sua biografia, “o gesto primário de quem assinala um lugar e dele toma posse.”
No início dos anos sessenta, era o local de peregrinação e de passeio para os primeiros moradores das Asas Sul e Norte. No mezanino que corta em sentido transversal toda essa estação, havia, naqueles longínquos tempos, uma agência dos Correios e Telégrafos, uma estação telefônica de onde eram realizadas todas as chamadas interurbanas para os mais distantes pontos do país, uma pequena lojinha de suvenir e um charmoso restaurante, frequentado pela gente elegante aos domingos. Era o ponto central da capital nos fins de semana.
Com o crescimento da cidade, a Rodoviária, embora tenha pedido um pouco dessa freguesia candanga para a W3 Sul, ainda mantinha seu charme e era ponto de encontro das pessoas na cidade. Infelizmente, o inchaço populacional, provocado diretamente pelo processo de emancipação política da capital nos fins dos anos oitenta, desfigurou completamente essa estação, que passou a ser sobrecarregada de veículos e pessoas.
Com isso, as plataformas inferiores foram invadidas por dezenas de instalações comerciais improvisadas, transformando-se numa verdadeira feira ao ar livre, onde se vende e compra de tudo, de comida a vestuário. Hoje o local é o retrato do descaso, sujo, com maus odores frequentes, perigoso e extremamente decadente.
Quando a noite cai, seus arredores são tomados por viciados, mendigos e menores de rua, o que faz do local um risco para qualquer um. Seis décadas depois de sua construção, a Rodoviária do Plano Piloto é tudo o que seu criador sonhou que não existiria na nova capital, um local pensado para ser a casa do homem novo, de um novo país, mas que ainda reflete os problemas de um velho Brasil, triste e desigual.
A frase que foi pronunciada:
“Pensar é o trabalho mais difícil que existe. Talvez por isso, tão poucos se dediquem a ele.””
Henry Ford empreendedor e engenheiro mecânico estadunidense.
Volta
Foram os próprios alunos da 5ª série do Colégio Marista da Asa Sul que conseguiram reduzir em 80% o uso de copos descartáveis. A escola espalhou mais bebedouros e o resultado foi mais que positivo. As crianças voltam a usar os antigos copos retráteis.
Voto já
Talvez os ouvidos moucos da Câmara Legislativa deem mais força ao Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral – MCCE. A Mesa da Câmara retirou da pauta o Projeto de Resolução nº61 de 2018, que permite a coleta de subscrições digitais ou eletrônicas em projetos de lei de iniciativa popular. A cobrança é do MCCE, o mesmo que conquistou, pela vontade dos assinantes, a Lei Contra a Compra de Votos (Lei no 9840 de 1999) e a Lei da Ficha Limpa (Lei Complementar no 135 de 2010).
Não se procura emprego
É preciso saber se a taxa de desemprego alcança a população que não quer trabalhar porque vive às custas do Bolsa Família. Uma observação importante se dá no Paranoá, Santa Maria, Ceilândia. Basta dar uma volta no dia de semana à tarde pelas principais avenidas. Adolescentes e mulheres passeando, no parque, nas praças.
Para meditar
Por falar nisso, esses projetos tidos como sociais que dão imóveis precisam ser revistos com urgência. Os imóveis, apesar da proibição, são vendidos. Correto seria o governo cobrar um aluguel de valor proporcional à renda da família. Assim a propriedade seria do governo. Arruaças, drogas, ou qualquer prática ilícita seria motivo para ser declarado despejo imediato.
Casa da mãe Joana
De repente, deputados federais resolveram colocar placas nos corredores da Casa marcando o gabinete como “Rua Marielle”, “Lula Livre”, “Marginal Lula”, “Tá preso babaca”, “Avenida Operação Lava Jato”. A diretoria geral explicou que apenas a Comunicação Social da Casa autoriza a fixação de placas. Algumas já foram retiradas.
Divas
Gloria Menezes e Fernanda Montenegro estão internadas.
ARI CUNHA – In memoriam
Visto, lido e ouvido
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Sobre os trinta anos, comemorados agora, pela nossa 7ª Constituição, muita coisa ainda pode ser dita contra e a favor, mas seguramente o que todos concordam é que esse documento foi, entre todos os anteriores, aquele que mais foi submetido a provas e testes de grande impacto, provando não só a robustez jurídica de seu texto, em erguer o Estado de Direito, mas o claro delineamento entre os Poderes da República e o papel fundamental das Forças Armadas em tempos de crises severas. De lá para cá, foram inúmeras as vezes que o país se viu à beira do precipício.
Do lado do Poder Executivo, o falecimento do primeiro presidente eleito após o regime de exceção reascendeu suspeitas de que sua morte não fora apenas uma fatalidade médica, mas um atentado, visando um retrocesso político. Seu vice assume em meio à uma grande recessão econômica, a mesma que tirou as bases do regime militar, sendo que, durante todo esse período de agitação e de caças aos bois no campo, não se cogitou, em tempo algum, alterações de rumo da Carta Magna.
Em meio a um governo sem rumos e com poucos planos para o país, estoura, no início dos anos noventa, o escândalo dos Anões do Orçamento no Congresso Nacional. Esse foi, sem dúvida, um momento de grande perplexidade para o país e a primeira grande decepção com os representantes eleitos pelo povo. Com a instalação de uma barulhenta Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), descobriu-se que mais de R$ 100 milhões dos cofres públicos haviam sidos roubados por meio de esquemas de propinas no orçamento da União.
A mesma Constituição que havia conferido mais poderes à Comissão de Orçamento previu também a cassação política dos principais envolvidos. Anos passados, assume a presidência da República um vice que passa a dar apoio às ideias de uma reforma geral na economia, introduzindo o Plano Real.
Com Fernando Henrique, o governo vive seu primeiro período de estabilidade econômica e social, depois da redemocratização. Com a chegada ao poder de seu sucessor, o país entra num novo ciclo onde, não poucas vezes, um partido e uma ideologia tentam se sobrepor aos Poderes constituídos. É justamente nesse período, que irá se prolongar por longos treze anos, que o país assistiu as mais tenebrosas tentativas de sabotagem da democracia.
Em 2005, estoura o escândalo do Mensalão, com a descoberta de compra de parlamentares pelo chefe do Executivo. Nesse período, discutem-se, à boca miúda, alterações no texto constitucional de forma a garantir maiores poderes ao Executivo. A todas essas tentativas, a Constituição sobreviveu incólume. Com a chegada da primeira mulher ao posto de presidente do Brasil, novos e preocupantes episódios iriam, mais uma vez, por em teste a Constituição. Tentativas de reformas no texto se seguiram, sem sucesso. O país começa a despencar ladeira abaixo na economia. Desmandos e tentativas de implantar um regime novo de orientação marxista se seguem sem sucesso. Em seu segundo mandato, as descobertas sobre um gigantesco esquema de corrupção bilionária vêm à tona. Segue-se o impeachment de mais um ocupante da presidência da República. Novamente um vice assume o poder.
Novas denúncias de corrupção atingem esse novo governo. Prisões são feitas, inclusive de um ex-presidente da República e grande parte de seu grupo político. O país mergulha na maior depressão econômica de toda a sua história. Em todos esses momentos de crise, a Constituição Cidadã pairou tranquila sobre a agitação do mundo político, do caos social, da crise econômica, demonstrando o poder e abrangência magistral de suas leis.
Agora, e com razões de sobra, quando o país se acha dividido claramente entre dois grupos, novamente se ouvem vozes clamando por uma nova Constituição. Não passarão!
Frase que foi pronunciada:
“A democracia vai nos tirar dessa chuva ácida, vai nos salvar. Sou um otimista e não estou delirando.”
Ministro Ayres Britto em entrevista à TV Brasil
Falhas
Estamos longe da cultura da prevenção. A Rodoviária e o parque Nicolândia são os exemplos mais recentes. Falta proatividade.
Profecia
A ideia de chamar o piscinão do Lago Norte de A Praia Norte arrepia os moradores da região. Pagam o IPTU mais caro do DF e estão perto de perder o sono com festas noturnas em vários decibéis.
Enfim
Foram os estudantes que se mobilizaram para colocar câmeras na biblioteca da UnB. O furto de material e computadores era frequente.
Leitura
Por falar em UnB, é no subsolo da biblioteca, sala148, que acontecem as Rodas de Leitura. No dia 25 desse mês, a obra comentada será Frankenstein, ou o Prometeu moderno, de Mary Shelley. De 12h às 13h.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
As pessoas residentes nas Casas do Lago estão reclamando do Chefe de Polícia contra a falta de policiamento. Outrora, a Polícia Montada fazia ronda em toda a zona residencial, mas agora, com a falta da polícia, os assaltos têm se sucedido todos os dias. (Publicado em 31.10.1961)