Inteligência Artificial e o futuro

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

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Foto: Reprodução/X

 

Ainda não temos a exata medida da revolução trazida pela Inteligência Artificial (IA). O que se sabe até agora vem de previsões, a maioria repletas de interrogações e de sinais de mau agouro sobre essa nova tecnologia. De fato, o século XXI parece que será moldado pela IA em múltiplos aspectos. Cientistas respeitados como o físico britânico Stephen Hawking alertam para o perigo que a humanidade enfrentará caso a IA venha a adquirir vontade própria aliada a uma competência extrema e sobre humana, capaz, segundo ele, de representar uma ameaça à própria existência humana sobre o planeta.

Em sua obra póstuma “Brief Answers to the Big Questions”, Hawking previu que a aprimoração da IA pode levar a humanidade a ser simplesmente ignorada e mesmo colocada em segundo plano, sendo então descartada como uma espécie superada. O fato é que a IA colocou o homem numa espécie de encruzilhada decisiva entre a salvação e a destruição. A questão aqui é como estabelecer uma espécie de regulação ética e desenvolvimento responsável para a IA, quando se sabe que a espécie humana é guiada por desejos, sendo um deles o desejo pelo poder e pela dominação.

Deste modo, estaríamos numa encruzilhada do tipo dialética, alimentando uma tecnologia que, no futuro, irá simplesmente nos destruir sem remorsos, sem choro nem velas. Talvez estejamos inventando um novo tipo de pólvora ou bomba atômica, que, mais cedo ou mais tarde, irá explodir a todos. Nas últimas quatro décadas, Peter Diamandis, empresário, médico e engenheiro, fundador da X Prize Foudation e da Singularity University, vem tentando entender que tecnologias irão moldar este século em que estamos. Para tanto, fundou a Singularity University orientada para pesquisar e responder a essa questão. Segundo ele, em pouco mais de uma década, o mundo, tal qual o conhecemos hoje, será totalmente irreconhecível. A principal ferramenta responsável por essa mudança será justamente a IA.

Nesse mês de agosto, Peter Diamandis estará presente no Rio Innovation Week (RIW), falando sobre esse tema. Ao contrário de Hawking, Diamandis é um ortimista em relação ao futuro com a ajuda da IA. O que temos em mãos é que a IA, como toda grande revolução tecnológica da história, é ambivalente. Pode ser instrumento de dominação ou de libertação, dependendo de como a humanidade escolher usá-la.

Vejamos algumas das possibilidades concretas e positivas que a IA já começou a trazer e que, bem reguladas e dirigidas por princípios éticos sólidos, podem moldar um futuro promissor: a medicina personalizada e cura de doenças até hoje incuráveis é uma dessas esperanças. A IA já está revolucionando a medicina com diagnósticos precoces mais precisos do que os realizados por médicos humanos, detectando câncer, doenças neurodegenerativas e patologias raras com maior exatidão. Com o avanço de tecnologias como o machine learning, será possível desenvolver terapias personalizadas, criadas para o perfil genético de cada paciente, e prever surtos epidêmicos antes mesmo de se alastrarem. Na educação, em vez de um modelo de ensino industrial, que trata todos os alunos como iguais, a IA permitirá a criação de ambientes educacionais altamente personalizados, que se adaptam ao ritmo, estilo de aprendizagem e interesses de cada estudante. Isso pode levar à inclusão de populações tradicionalmente marginalizadas pela educação formal, como adultos analfabetos, pessoas com deficiência e comunidades remotas. Também, na redução drástica da pobreza, há esperanças. Com a automação de tarefas repetitivas e a otimização de processos, a IA poderá aumentar exponencialmente a produtividade em diversos setores. Se associada a políticas públicas inteligentes, isso pode significar maior acesso a bens, serviços e oportunidades e uma redistribuição mais justa da riqueza produzida, abrindo caminho para a redução da pobreza extrema em muitas regiões do mundo.

Na proteção ao meio ambiente, a IA pode ser utilizada para prever desastres naturais com mais antecedência, otimizar o uso de recursos naturais, monitorar ecossistemas ameaçados e desenvolver novas formas de energia limpa. Algoritmos já estão sendo usados para combater o desmatamento na Amazônia e para analisar os impactos das mudanças climáticas em tempo real. Na governança inteligente a IA poderá tornar a gestão pública mais eficiente, transparente e orientada por dados reais.

A corrupção poderá ser reduzida com sistemas de auditoria automatizados, e o planejamento urbano, saúde pública e segurança poderão ser otimizados com base em análises profundas e imparciais. No entanto, nada disso será alcançado por nossa espécie caso a IA venha a cair em mãos erradas. Para tanto, o alerta de Hawking não deve ser desprezado.

O poder da IA é tão imenso que, em mãos erradas ou sem controle, pode sim representar uma ameaça real. Algoritmos enviesados podem reforçar injustiças; sistemas autônomos de armas já estão sendo testados em zonas de conflito; e há o risco de concentração de poder nas mãos de poucas corporações ou Estados que dominem a IA. Por isso, mais do que discutir se devemos parar ou avançar, o centro da questão está no “como avançar”.

Ética, regulação internacional, educação pública sobre tecnologia e a formação de uma consciência coletiva global são elementos indispensáveis para garantir que a IA seja uma ferramenta de emancipação, e não de escravidão digital. Assim como aconteceu com as conquistas do fogo, da eletricidade e da energia nuclear, a IA é uma ferramenta. Não é boa nem má em si mesma. Tudo dependerá daquilo que faremos com ela. A presença de nomes como Peter Diamandis no Rio Innovation Week é um sinal de que o debate precisa ser ampliado, democratizado e, sobretudo, ancorado na busca por soluções que tenham o ser humano e o planeta como prioridade. A pergunta que fica é: seremos capazes de guiar essa revolução com sabedoria, ou seremos guiados por ela rumo à obsolescência? A resposta, por ora, ainda está em nossas mãos.

 

A frase que foi pronunciada:

“Estude o passado se quiser adivinhar o futuro.”

Confúcio

Foto: reprodução da internet

 

História de Brasília

De qualquer forma é, ainda, a cidade quem paga por tudo isto. O projeto de isenção de imposto de renda para lucros imobiliários, o código tributário, e outras proposições da Câmara. (Publicada em 08.05.1962)

Zombando da sorte

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Charge do Gilmar Fraga

 

Muitas são as previsões acerca do futuro da inteligência artificial (IA). Grande parte delas acena para a possibilidade de um dia essa criação humana vir a tomar o lugar do homem em muitas atividades. O verbo aqui é justamente tomar e não substituir, uma vez que esse novo ser tecnológico, por suas características autômatas, não terá problema algum em colocar o homem de lado, tal como fazem hoje os ateus em relação à existência divina.

Talvez, por razões cármicas, a inteligência artificial também venha a duvidar da própria existência humana. Se a máquina a vapor pôde, por suas potencialidades, criar toda uma revolução, capaz de virar de cabeça para baixo os caminhos da civilização, que dirá de uma inteligência diretamente inserida no coração da máquina? Outra revolução desponta no horizonte, capaz até de subjugar o homem.

Talvez esse seja o verdadeiro deus ex-machina, ou o deus surgido da máquina, que apresentará, como solução inesperada ou extraordinária, o fim da dominação humana sobre o planeta. É preciso estar preparado para o que está por vir. Não que isso fará grande diferença, mas, pelo menos, excluem as surpresas impensadas. Por certo, chegará o momento em que a IA também, por seus meios, experimentará a tal maçã da árvore da ciência, do bem e do mal. Só que, nesse tempo, quem será expulso do paraíso, e pela segunda vez, serão os homens, com sua eterna mania de brincar de deus.

Desde os primeiros passos dados em 2019, a OpenAI alertava para os perigos dessa invenção. De lá para cá, essa criação se espalhou pelo planeta, inclusive para países em que a ética na ciência simplesmente inexiste, podendo alavancar a IA a patamares que visam à eliminação de inimigos do regime ou sistema. É fato que a IA vem sendo largamente empregada nas guerras atuais, quer no Oriente Médio, quer no conflito entre Rússia e Ucrânia. Mesmo em campos como a engenharia genética, assiste-se ao emprego da IA para acelerar pesquisas e novas possibilidades.

Talvez, também estejamos diante da maior revolução no campo das ciências deste século 21. Observem que toda essa reviravolta está apenas no começo, dando seus primeiros passos. Certo é que, desde seus aparecimentos, a IA vem tendo sua capacidade de raciocínio aumentada de forma exponencial. Enquanto o mundo vai sendo sacudido com esse novo “brinquedo” humano, no Brasil, o país inzoneiro, onde tudo parece se transformar numa espécie de comédia trágica, a inteligência artificial ganha novas utilidades, mais afeitas ao jeitinho local e à malandrice hereditária.

Dias atrás, foi revelado que cartomantes ou videntes, que vivem de vender previsões sobre o futuro de seus clientes, têm se utilizado da IA ou de chats como o GPT para formular suas antevisões. Há ainda entre nós quem recorre à IA para fazer a fezinha nos jogos. Mais incrível ainda é a existência de brasileiros que recorrem à IA em busca de conselhos do tipo sentimental, procurando conforto espiritual nos logaritmos e no raciocínio lógico.

Outros brasileiros têm recorrido à IA para levar conforto espiritual aos crentes, dentro dessas novas correntes religiosas. Amantes buscam respostas para o coração. Pastores religiosos, para as incertezas da alma e vigaristas buscam caminhos rápidos e matreiros para encherem os bolsos. De fato, no Brasil, nada é levado a sério ou ao pé da letra. Até a coxinha de galinha é feita com outras carnes. Talvez por essa razão, ou graças à ela, não sentiremos de imediato os efeitos imprevisíveis do advento da IA, como o restante do mundo. Mas, obviamente, que esse dia também chegará. Na avaliação dos mais despertos, a IA produzirá seus frutos danosos no dia em que for incorporada à política local e aos sistemas de governo. Nesse dia — tomara que nunca chegue —, os brasileiros começarão a experienciar os limites da ficção distópica, descritas em obras como 1984, de Orwell. Neste dia, a IA terá se transformado em algo, como ai, ai, ai de nós, que zombamos da sorte.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Antes de trabalharmos na Inteligência Artificial, porque não fazemos algo sobre a estupidez natural?”

Stephen Polyak

Charge do Zé Dassilva

 

História de Brasília

Às vésperas da inauguração da cidade, o dr. Israel Pinheiro mandou fazer a “operação limpeza”. Foram retirados das avenidas dos eixos cinquenta caminhões cheios de setas que indicavam os acampamentos e as firmas. (Publicada em 21/4/1962)

Vamos para casa

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ARI CUNHA – In memoriam

Visto, lido e ouvido

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Foto: oglobo.globo.com

Das centenas de milhares de vídeos que vêm circulando pelo oceano humano das redes sociais e que mostram cenas de um Brasil popular que resolveu sair às ruas a partir de 2013, um, em especial, tem chamado a atenção de muita gente, principalmente daqueles brasileiros que hoje lutam desesperadamente para criar e educar filhos adolescentes, num país conturbado por divisões e manifestações políticas de toda a ordem.

No vídeo, capturado durante manifestação ocorrida nas ruas de São Paulo, um pai reconhece, em meio a turba agitada, seu filho, com o rosto parcialmente encoberto por uma espécie de balaclava improvisada feita com a própria camiseta. Sem se intimidar com a massa de revoltosos, retira o menino, à força, do meio da agitação, enquanto justifica sua ação firme: “ele é meu filho, ele é meu filho”, sai exclamando.

Diante de uma situação tão inusitada como essa, nem Salamão, com toda a sua sabedoria, conseguiria um argumento para condenar a atitude protetora desse pai.  Por instinto, pais sabem e pressentem que revoluções são alimentadas pela explosão de hormônios e que eles são combustíveis naturais para as manifestações, elevando a temperatura dos protestos ao ponto de fusão. O forte odor da adrenalina, exalada no ar pelas ruas enfurecidas, incendeia os corações dos moços que buscam uma revolução por um idealismo inconformista. Acontece que, no quebrar da esquina, as forças de segurança do Estado estão a postos, armadas até os dentes. De repente, hormônios podem ser transformados em sangue derramados pela calçada. Revoluções existem para cobrar vidas. Sempre foi assim em todo tempo e lugar.

De repente, lentes e microfones dos repórteres que cobriam a manifestação, passam a focar na discussão carregada de sentimentos íntimos entre um pai aflito e seu filho. “Eu quero um governo certo, diz o rapaz”. “Deixa eu protestar”, “Deixa eu correr atrás dos meus direitos”, argumenta o rapaz. Num gesto brusco, o pai retira a balaclava que cobria o rosto do filho e volta a dizer: “Você é meu filho, vamos para casa”.

Nessa altura, o que era uma manifestação de protesto, vira uma questão de família, incômoda, necessária e atual. Os manifestantes, diante de uma cena tão impensada como essa, começam a pedir que o pai libere o filho para que os protestos possam seguir. A revolução reclama por carne humana.  O que para alguns poderia ser uma cena de profundo constrangimento, expõe, com clareza, o drama vivido em muitos lares brasileiros, invadidos, da noite para o dia, pela propagação das ideologias do ódio, pregadas por abutres políticos que não se importam em pavimentar sua estrada para o poder com os cadáveres de muitos. Revolucionário de verdade, naquela cena, era esse pai, que teve a coragem e ousadia para a enfrentar sozinho as dezenas de manifestantes raivosos que, como robôs, gritavam palavras de ordem.

Por certo também e é seguro dizer que o rapaz tinha suas razões em protestar contra um governo que reduziu toda uma nação a pedaços. De fato, havia ardor revolucionário dos dois lados desse conflito, no entanto, o amor paterno falou mais alto e calou fundo no coração de muitos. Vamos para casa, meu filho, encerrou o pai.

 

A frase que foi pronunciada:

“A escuridão não pode expulsar a escuridão: apenas a luz pode fazer isso. O ódio não pode expulsar o ódio: só o amor é capaz disso.”

Martin Luther King Jr.

PJC

Mais um texto saboroso do professor Paulo José Cunha. Fala sobre o tempo e o boato na corrida eleitoral e as medidas pouco eficazes na luta contra essa arma digital. Leiam no blog do Ari Cunha

–> Fake news: qualquer coisa é melhor do que diabo de nada

Paulo José Cunha¹

Qualquer marqueteiro político responde na ponta da língua se lhe perguntam qual é o maior adversário numa campanha. Não dirá que é o concorrente, como seria óbvio, mas sim o tempo.  

Administrar o tempo, ter boa noção de timing, dosar na propaganda eleitoral as mensagens propositivas, de ataque ou de defesa, conforme o humor do eleitorado, são as principais responsabilidades do bom profissional de marketing. Dessa administração resultará a vitória ou a derrota. O bom profissional desenvolve um faro, um feeling, um instinto, a partir da experiência e da atenção que dá a TODOS os movimentos, internos ou externos, durante uma campanha. Esse faro tem outros ingredientes, como a compreensão exata do momento político em que a campanha ocorre, e dos acontecimentos locais, estaduais, nacionais e até internacionais que mais se destacam no noticiário. Tudo influencia os rumos de uma campanha, e precisa ser considerado na definição da estratégia. O bom profissional de marketing sabe que a campanha precisa estar sintonizada com seu entorno e com seu momento, sob pena de jogar pérolas aos porcos.

Pois é justamente na desorganização do tempo do adversário que as fake news apostam. São capazes de destroçar uma campanha vitoriosa, que vinha empinada, e que de repente pode enfiar a cara no chão. Se disparada na reta final, faltará tempo para uma fakeser desmentida e, assim, neutralizada. 

Até agora, todos os projetos em andamento para enfrentar as fake news atuam topicamente. Nenhum tem poder de conter a devastação, seja na neutralização dos mísseis de mentiras, seja na correção dos estragos, seja no indiciamento e punição dos responsáveis. Lá no futuro, quando for feito um levantamento do fato mais relevante deste século, com certeza o fenômeno das fake news estará no topo das citações. E provavelmente, lá no futuro, elas estarão fazendo estragos à democracia.  

Mas, mesmo no deserto de ideias para tentar emparedar as fakes, começam a pingar iniciativas que merecem destaque. A primeira é o surgimento dos institutos de confirmação como a Lupa, que funciona num site permanentemente alimentado com a verificação dos teores de verdade e de mentira contidos em discursos parlamentares, artigos, declarações e manifestações de líderes políticos e econômicos de todos os matizes. Claro que não tem nem pretende ter a amplitude de cobertura capaz de abarcar o oceano de versões, contraversões, assertivas e desmentidos em circulação, para aferir sua veracidade. Ainda assim, iniciativas como a da Lupa merecem saudação especial pela relevância do trabalho que vem realizando em favor da verdade e da democracia, os quais precisam ser massificados cada vez mais para que seus efeitos sejam amplificados.

Uma outra iniciativa, ainda muito tímida, é a de instituições, pela sua própria natureza, desmentirem as mentiras em circulação, com base na confiabilidade decorrente de sua condição de fontes primárias. Até agora são poucas as instituições parlamentares, do executivo e do mundo jurídico que já disponibilizam espaços próprios em seus sites e portais para a publicação periódica de desmentidos sobre fakes que lhes digam respeito. Se começassem a fazer isso em escala maior estariam estabelecendo importante contraponto ao tsunami de mentiras fabricadas e destinadas, sem exceção, ao ataque a pessoas e instituições.

Imagine-se a relevância do serviço que tais organizações poderiam prestar disponibilizando tais informações. Uma instituição como o Senado, por exemplo, poderia disponibilizar em espaço próprio de seu portal um “Verdade seja dita” para desmentir mentiras que correm na velocidade da luz pelos canais da Internet distorcendo fatos, demolindo reputações, semeando ódio, preconceito e intolerância. E dá pra fazer isso de forma bem simples. Uma assembleia legislativa, por exemplo, pode publicar a cada boato com a qual tenha algo a ver uma informação repondo os fatos em seu lugar. Se o boato fala de um projeto aprovado na calada da noite, pode simplesmente dizer que não existem sessões secretas, e sim votações secretas, logo não existem votações na calada da noite.

Tais iniciativas resolverão o problema?  De forma alguma. O boato é muito mais rápido do que qualquer desmentido. Vai demorar até se descobrir um antídoto eficaz contra essa peçonha. Fake news são um mal duradouro, que só seria realmente neutralizado se se “desinventasse” a Internet. Como tal possibilidade não cabe nem na mais delirante criação de um Júlio Verne de nosso tempo, o jeito é ir tentando tudo o que for possível pra reduzir os estragos. Como se diz no meu Nordeste, nesse caso, contra a praga planetária das fake news, qualquer coisa que se faça é melhor do que diabo de nada. 

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Foto: editoracontexto.com.br

 

¹Professor da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília há 19 anos, onde ministra as disciplinas de Jornalismo e Fake News, Telejornalismo e de Oficina de Texto. Já foi repórter da Rede Globo, do Jornal do Brasil, de O Globo e também trabalhou na Rádio Nacional. Hoje é apresentador da TV Câmara. Publicou os livros Vermelho – um pessoal Garantido e Caprichoso – a Terra é Azul sobre a festa de Parintins; cinco edições de A Grande Enciclopédia Internacional de Piauiês; A Noite das Reformas, sobre a extinção do AI 5; Perfume de Resedá e O Salto sem Trapézio, de poesia.

 

 

Passo

Enquanto os impostos, taxas e contribuições sobem vertiginosamente, a prestação de serviços como segurança, saúde e educação rolam ladeira abaixo. Se a primeira impressão é a que fica, o novo governo vai ter muito trabalho.

Charge do Milton César

Vida

Tetra Pak Brasil apresenta web série sobre histórias de vida daqueles que atuam com reciclagem no país. Além de apresentar a cadeia da reciclagem, a consciência ambiental e a educação complementam as diferentes formas de reaproveitamento e mostram o lado social da prática. Vejam no blog do Ari Cunha.

História

Faz 12 anos que a então senadora Heloísa Helena acumulava informações com a mesa tomada de documentos sobre a CPI do Mensalão e esbravejava: se tivessem quebrado o sigilo dessa CPI, os beneficiários já teriam sido identificados. Nos dias de hoje, as coisas estão bem mais fáceis.

Charge do Quinho

Pensamento

Falando em passado, talvez Joaquim Barbosa tenha desistido da campanha eleitoral pelo mesmo motivo que Nelson Jobim. Tempos atrás, quem alertou Jobim foi o ministro Marco Aurélio. Ele declarou: “A toga não pode ser utilizada como trampolim para alcançar cargo político”.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Depois que o sr. Wilson Calmon assumiu a 4ª Secretaria, a Câmara dos Deputados passou a editar, diariamente, um boletim informativo para os deputados, contendo uma compilação de todo o noticiário nacional e internacional dos maiores jornais do país. (Publicado em 02.11.1961)