Tag: #RelaçõesHumanas
VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)
Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
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Já se sabe que a dependência cada vez maior das pessoas em relação a Inteligência Artificial tem poder de comprometer a capacidade cognitiva humana. Segundo pesquisadores, o uso excessivo da IA pode levar à atrofia cognitiva, limitando a capacidade mental, diminuindo o pensamento crítico e mesmo a criatividade. Com isso, o ser humano deixa de inovar e criar novas ideias. Tudo isso pode afetar a saúde mental. A situação tem escalado a um tal ponto que hoje se fala em uma “Psicose de IA”.
São milhares de casos reais que mostram pessoas passando a acreditar que a IA possui consciência própria e que, por isso, começam a se relacionar com essa ferramenta, na tentativa de encontrar o que elas, definitivamente, não possuem.
Há poucos dias foi revelado o caso de uma jovem irlandesa, que, magoada com o fim abrupto de um relacionamento sentimental, passou a buscar uma espécie de consolo com a IA, fornecendo a ela todos os dados de sua personalidade e de seu antigo namorado, suas movimentações na cidade, seus relacionamentos, livros e filmes preferidos, casos de família, até fofocas compartilhou com a máquina. Com base nesses dados, a IA passou a fazer uma série de conjecturas e previsões que, de certa forma, alimentavam a esperança de que haveria um reatamento desse namoro, mostrando, em seguida, todas as possibilidades para que isso se concretizasse. Jamais discordou da interlocutora. Sempre elogiando sua inteligência e amabilidade.
A jovem, diante dessas afirmações, imediatamente adotou a IA como uma espécie de cartomante ou aconselhadora sentimental, estabelecendo uma relação tão próxima à IA que já não dava um passo fora sem antes consultar sua “cigana eletrônica”. Outros casos mostram até envolvimentos amorosos entre pessoas e IA. O preenchimento de um vazio existencial ou mesmo a solidão, tão comum hoje em dia, têm levado muitas pessoas a buscar, nessa lacuna, o auxílio da IA. O pior é quando essa dependência chega às raias da loucura.
Na educação de jovens é que os estragos são ainda maiores. Estudos realizados na Universidade de Carnegie Mellon, junto com a Microsoft, observaram que, com o uso intensivo da IA, os estudantes tendem a confiar mais nas respostas da IA do que em si mesmos. De certa forma, não é a IA que reduz o pensamento crítico, mas a forma como se utiliza essa ferramenta. A própria Psicologia se ressente com a IA. Não que a IA vá substituir os psicólogos, mas o uso da IA no tratamento de casos que requerem a intervenção de um psicólogo ainda é um assunto mal resolvido. A questão é como encontrar um equilíbrio entre tecnologia e humanidade. O que muitos não entendem ainda é que a IA é uma ferramenta e não uma muleta.
O tema é um dos mais instigantes do nosso tempo, porque toca diretamente no ponto em que a tecnologia deixa de ser apenas ferramenta e passa a ocupar um espaço íntimo na vida das pessoas — às vezes, substituindo vínculos humanos, emoções e capacidade de pensar por conta própria. De fato, os riscos não são desprezíveis. A dependência excessiva da IA pode, como já citado, comprometer o pensamento crítico. Quando alguém confia cegamente nas respostas de uma máquina, perde, gradualmente, o hábito de questionar, de duvidar e de elaborar hipóteses próprias, exatamente as competências que moldam a criatividade e a capacidade de inovação. Esse processo é comparável ao enfraquecimento muscular por falta de exercício: quanto mais se terceiriza o raciocínio, mais atrofiada fica a mente.
O caso da jovem irlandesa ilustra isso de forma dolorosa, ela deslocou seu sofrimento para uma “cigana eletrônica”, projetando sobre a IA uma consciência que não existe. Aí se revelam um dos perigos: a confusão entre simulação e realidade, entre respostas probabilísticas e sabedoria humana. No entanto, seria ingênuo pensar apenas nos perigos sem reconhecer as vantagens.
A IA pode ser uma poderosa aliada no campo humano quando usada com consciência. Ela pode servir como suporte para pessoas solitárias, funcionando como um espaço de expressão emocional em momentos de vulnerabilidade. Pode auxiliar psicólogos no acompanhamento de pacientes, fornecendo dados e padrões de comportamento que talvez escapem à percepção humana. No ensino, pode personalizar o aprendizado, adaptando o conteúdo às dificuldades e ao ritmo de cada estudante. No trabalho criativo, pode inspirar novas combinações de ideias, funcionando como uma espécie de “laboratório de possibilidades”. O desafio, portanto, está no equilíbrio. A IA deve ser entendida como ferramenta e não como substituto da experiência humana.
Como qualquer tecnologia, ela amplia nossas capacidades, mas também pode nos fragilizar se usada de forma acrítica. O que falta é alfabetização digital e emocional: ensinar, desde cedo, que a IA não é oráculo, nem consciência autônoma, mas um espelho sofisticado que reflete, com distorções, os dados que colocamos nela. No fundo, o perigo maior não é a IA em si, mas a nossa tendência de projetar nela aquilo que falta em nós: consolo, direção, afeto, certezas. Se conseguirmos usá-la sem entregar a ela nossa autonomia mental e emocional, a IA funcionará a contento.
A frase que foi pronunciada:
“A IA tem o potencial de ser mais transformadora do que a eletricidade ou o fogo.”
Sundar Pichai, CEO do Google

História de Brasília
Não repercutiu bem a campanha de pichamento da cidade pedindo Sette Câmara para Primeiro Ministro. Aliás, estas campanhas à base do piche não dão certo. Exemplo: Vital é Vital ; Queremos votar; JK-65; e Edmilson para o. Foram Gama campanhas à base do piche que ficaram no esquecimento. (Publicada em 04.05.1962)
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Hoje, mais do que em qualquer outro tempo ou lugar na história da humanidade, os vícios do que o cristianismo classifica como sendo pecados capitais, tornaram-se comuns nas relações sociais, a tal ponto que passaram a compor, com naturalidade, o trato das pessoas no dia-a-dia. A presença constante desses vícios humanos faz parte integrante da paisagem da contemporaneidade e, de tão comuns, já não nos apercebemos de seus efeitos nefastos.
Curiosamente, a lista desses vícios apareceria justamente com o desenvolvimento da fase pré-capitalista, configurado no chamado capitalismo comercial. Por essa e por uma série de outras razões, é comum confundir e mesmo associar os pecados capitais com o capitalismo propriamente dito.
Para alguns autores da história econômica, os pecados capitais se inscrevem no próprio mecanismo desenvolvido pelo capitalismo, como uma espécie de subproduto desse sistema. Se formos analisar hoje quais seriam os efeitos colaterais da instalação, sem regras rígidas, do capitalismo do tipo predador, veríamos que, nesse caso, o surgimento dos pecados capitais viria como uma condição sine qua non desse sistema.
De uma maneira até sintomática, não se verifica em escola alguma, seja pública ou não, a educação de jovens alertando-os para os danos causados por esses vícios para a sociedade e a vida em comum. Não se trata aqui de destacar o combate a esses vícios como uma espécie de moral cristã rasa e sem sentido. O que importa nesse caso é a formação de jovens dentro dos princípios cristãos de sociabilidade, condição que se alcança, sobretudo, por meio da solidariedade e do respeito à dignidade das pessoas.
É importante para os jovens alertá-los para os efeitos da gula, que se relaciona diretamente com a falta de amor próprio. A cobiça com o egoísmo humano. Esse é um dos traços mais visíveis hoje na sociedade de consumo, com as pessoas desejando cada vez mais, comendo e consumindo além da conta e da temperança. Os shoppings hoje representam uma espécie de catedral dedicada exclusivamente ao culto da gula e do consumo.
Obviamente que aquelas legiões de jovens que passam parte da semana dentro desses shoppings, na impossibilidade de consumir tudo o que ali se apresenta, acabam, na sequência, desenvolvendo um tipo de comportamento ligado ao segundo vício humano que é a avareza, ou seja, o apego descontrolado pelos bens materiais e pelo dinheiro. Nesse ponto, passa a desenvolver uma relação de idolatria pelo poder das posses materiais e pela capacidade que esses bens têm para adquirir tudo nesse mundo, inclusive, aqueles que normalmente não se comprariam com moedas, como é o caso da amizade, solidariedade e do amor.
Nesse mundo, sem freios morais de toda a espécie e sem decepções naturais à vista, essas gerações, independentes da classe social que pertençam, passam a recorrer a um terceiro vício ou pecado capital representando pela luxúria ou a busca pelo prazer sensual e material, deixando-se levar pelas paixões e pelos desregramentos carnais, experimentando de tudo em matéria da busca pelo prazer sexual.
Daí decorrem os abusos com sexos grupais, como em bailes funks, homossexuais, com animais, ou mesmo a abstinência total de sexo, motivado por padrões anormais e opostos a esse tipo de comportamento.
Na impossibilidade de conquistar todo o mundo de uma braçada só, esses seres humanos da modernidade desenvolvem ainda o que seria um quarto vício ou comportamento negativo representado pela Ira, ou o sentimento de ódio a tudo e a todos, resultando em brigas de gangues, espancamentos de pessoas diferentes, mortes por motivos torpes, feminicídios, ligação a grupos extremistas e outros comportamentos destrutivos.
Com esse desejo exacerbado por tudo conquistar, dentro do que ensina e induz o capitalismo inumano, muitos jovens e até mesmo adultos passam a desenvolver também o sentimento de um quinto vício, caracterizado pela Inveja. Nesse ponto a pessoa despreza suas próprias conquistas, passando a compará-las com outras mais exitosas, mesmo que isso não reflita a realidade.
A preguiça, como quinto pecado ou vício capital, vem na sequência do que chamamos vida moderna e pode ser vista na inaptidão dos jovens para enfrentar as tarefas da vida diária. São aqueles indivíduos que não trabalham, nem estudam, conhecidos popularmente hoje como “ nem, nem”.
Por fim, dentro desse novo modo de encarar um mundo onde tudo parece possuir um valor quantitativo, as novas gerações passam a desenvolver o que seria o sétimo pecado capital, representado pela Soberba ou Vaidade, que faz com que esses novos cidadãos adquiram um sentimento de falsa superioridade em relação aos demais, quer sejam de outras classes sociais, de outra cor, de outra origem, ou mesmo de outras idades. De posse desse vício, as novas gerações passam a não respeitar nas leis vigentes as experiências de pessoas mais velhas, os professores, família e todos aqueles que se interponham em seu caminho.
De uma forma até cruel, é possível verificar que esses sete vícios capitais atingem não só os jovens atuais, mais a população em geral e decorrem basicamente das relações desequilibradas e desiguais existentes entre os cidadãos e o Estado ou entre consumidores e fornecedores, numa economia de mercado sem leis e com poucas proteções.
Exemplos abundantes ao longo da história da humanidade mostram, de forma clara, que nenhuma sociedade minimamente civilizada logrou se desenvolver de modo satisfatório e longevo, apresentando conjuntamente esses vícios ou pecados capitais e por uma razão simples: toda e qualquer sociedade é baseada, desde sempre, nas relações humanas.
A frase que foi pronunciada:
“Você não conseguirá pensar decentemente se não quiser ferir-se a si próprio.”
Wittgenstein, filósofo austríaco, naturalizado britânico.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA
E completam a acusação, com a denúncia de que o contrato exige 70 mudas por metro quadrado, e a média de plantio está sendo de 25. (Publicado em 15/12/1961)


