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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)
Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
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É próprio da modernidade criar novos vocabulários para nomear a novidade e o espanto. Desde o início da Revolução Industrial, cada salto tecnológico obrigou o homem a reinventar as palavras e, com elas, sua própria percepção de mundo. Agora, com o advento da Inteligência Artificial, não é apenas a linguagem que se transforma: é a própria essência da existência humana que parece passar por uma mutação silenciosa, porém profunda. O termo tec-existencialismo, cunhado pelo futurista Roge Spitz, surge justamente para tentar capturar essa transição, num chamado à reflexão sobre como a tecnologia, especialmente a IA, começa a moldar não apenas o que fazemos, mas o que somos. Spitz alerta que “a tecnologia não é neutra: ela cria realidades e redefine os contornos da existência humana”.
É próprio da modernidade criar novos vocabulários para nomear a novidade e o espanto. Desde o início da Revolução Industrial, cada salto tecnológico obrigou o homem a reinventar as palavras e, com elas, sua própria percepção de mundo. Agora, com o advento da Inteligência Artificial, não é apenas a linguagem que se transforma: é a própria essência da existência humana que parece passar por uma mutação silenciosa, porém profunda. O termo tec-existencialismo, cunhado pelo futurista Roge Spitz, surge justamente para tentar capturar essa transição, num chamado à reflexão sobre como a tecnologia, especialmente a IA, começa a moldar não apenas o que fazemos, mas o que somos. Spitz alerta que “a tecnologia não é neutra: ela cria realidades e redefine os contornos da existência humana”.
Seu tec-existencialismo nos convida a olhar para a inteligência artificial não como ferramenta, mas como espelho um espelho que reflete e, ao mesmo tempo, distorce a nossa humanidade. Trata-se de um alerta contra a complacência: a de aceitar que as máquinas decidam por nós sob o pretexto da conveniência. É o risco de trocarmos a liberdade pelo conforto de uma mente coletiva programada por algoritmos invisíveis. Vivemos, talvez sem perceber, a entrada em um labirinto de alta tecnologia. Nele, cada passo é guiado por dados, sensores, câmeras e inteligências que aprendem com nossos erros e nossos hábitos.
Como o antigo mito do Minotauro, esse labirinto contemporâneo tem um guardião monstruoso não mais uma criatura mitológica, mas uma rede invisível de códigos, cálculos e logarítmos. Diferente do mito grego, entretanto, não há um fio de Ariadne que nos leve de volta à luz. O filósofo Byung-Chul Han, em Psicopolítica, adverte que “o homem contemporâneo acredita ser livre, mas vive em uma prisão de transparência e desempenho”. Na era digital, a submissão não se dá pela força, mas pela sedução dos sistemas inteligentes. Yuval Noah Harari, em Homo Deus, prevê que “quando os algoritmos nos conhecerem melhor do que nós mesmos, o livre-arbítrio deixará de existir como crença coletiva”. Estamos, portanto, diante de um ponto de inflexão histórico: a tecnologia que criamos começa a nos recriar à sua imagem e semelhança. A política, nesse cenário, parece cada vez mais impotente.
Estados e governos, outrora senhores da ordem social, se veem agora dependentes das máquinas que criaram e dos sistemas que não compreendem plenamente. A burocracia se digitalizou, o controle social se sofisticou e o poder tornou-se algorítmico. Spitz adverte que “quando a inteligência artificial começa a intermediar todas as nossas escolhas, a autonomia se torna uma ilusão polida”. A soberania das nações começa a ceder lugar à soberania das corporações tecnológicas, que operam acima das fronteiras e fora do alcance das leis. No campo religioso, a crise não é menor. Como responder à angústia de uma humanidade que já não crê na transcendência, mas confia cegamente na promessa da imortalidade digital? Quando o homem passa a se ver como um conjunto de dados, e não mais como um ser dotado de alma, o sagrado perde espaço para o simulacro da perfeição artificial.
Igrejas, templos e seitas talvez ainda resistam, mas o culto da era moderna é outro: o culto à máquina, ao cálculo, à eficiência. Surge, então, uma inversão simbólica: o Deus ex machina expressão que, na tragédia clássica, designava a intervenção divina que resolvia o enredo agora se transforma na própria máquina que assume o papel de deus, decidindo destinos, emoções e valores. O tec-existencialismo, portanto, é o espelho diante do qual precisamos ter coragem de nos olhar. Ele não propõe apenas uma crítica ao avanço tecnológico, mas uma reflexão sobre a erosão daquilo que nos tornava humanos a dúvida, o erro, a imperfeição.
Hannah Arendt já advertia que “a perda do pensamento é o prelúdio de toda forma de totalitarismo”, e o totalitarismo digital talvez seja o mais sutil de todos: aquele que domina não pela violência, mas pela conveniência. O risco maior não é que as máquinas dominem o mundo, mas que nos convençam de que já não precisamos de alma para viver nele. Em um futuro não muito distante, talvez despertemos para perceber que o labirinto não tem saída. Que o Minotauro já não está fora de nós, mas dentro, integrado ao nosso modo de pensar, sentir e decidir.
A modernidade, que começou prometendo libertar o homem do trabalho e da ignorância, pode terminar aprisionando-o em um cativeiro de luzes e códigos. E, nesse ponto, nem a política, nem o Estado, nem mesmo as religiões terão a chave para abrir as portas do labirinto. O tec-existencialismo, se levado a sério, é um convite à resistência interior. À redescoberta da consciência humana em meio ao ruído digital. Porque, se há ainda uma chance de salvação, ela não virá das máquinas virá do homem que se atrever a desligá-las por um instante e voltar a escutar o próprio silêncio.
A frase que foi pronunciada:
“Para não ser substituído por um robô, não seja um robô”.
Martha Gabriel

Rascunho
Entrada e saída do Lago Norte planejadas por quem não conhece o movimento da região. As faixas de pedestre recém-colocadas são prenúncio de muitos acidentes, prejudicando pedestres e motoristas. Sem sinalização prévia suficiente para prevenir os motoristas de uma parada repentina, a iniciativa deve ser revista e colocada em prática com mais técnica e estratégia.
História de Brasília
O regime parlamentarista trouxe, também, alteração no sistema escolar. No Colégio D. Bosco, de Brasília, os alunos estão organizados de maneira parlamentarista, e o Primeiro Ano B, já elegeu o seu presidente e o Conselho. (Publicada em 11.05.1962)
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Infelizmente, o século XXI, com todos os avanços na ciência que estamos presenciando, não foi capaz ainda de se livrar dos vícios do mundo antigo. Não do mundo, propriamente dito, mas do comportamento dos homens nas suas relações entre si. Movidos pela força da seleção natural das espécies, herdada de nossos antepassados, prosseguimos ainda em disputas que só nos tem trazido decepções, guerras e mortes.
Movidos por impulsos ainda muito ligados à seleção natural, à hierarquia, ao domínio, seguimos como homens das cavernas. Apesar de termos evoluído das armas convencionais para as digitais, seguimos numa disputa incessante que, ao invés de nos levar à utopia, nos arrasta ao palco de decepções, guerras e mortes. A era da informação de massas, das redes globais, dos algoritmos, nos dotou de poderosas plataformas de visibilidade e de invisibilidade. E é justamente nesse limiar que surge o fenômeno do cancelamento do indivíduo: a exclusão, a “ban” simbólica, a condenação pública que retira a voz, o trabalho, o espaço social, não necessariamente porque se cometeu um ato claro de violência, mas, muitas vezes, porque se ousou questionar o consenso, pôr em dúvida a narrativa dominante, desafiar o que está “aceito”. Com a tecnologia da informação de massas, passamos agora a ter em mãos a mais nova arma de aniquilação do outro, o cancelamento do indivíduo nas redes e no mundo virtual. A arma que mata a voz.
O que hoje se chama de “onda woke” ou “justiça social” emergiu com vocação crítica dirigida aos abusos, às minorias historicamente oprimidas, ao poder que silencia. Contudo, esse impulso tem um lado sombrio: a definição de quem “merece” permanecer ativo e quem deve ser retirado do palco. Basta que alguém postule um pensamento divergente, ainda que legítimo, para que surja o linchamento virtual, a pressão de públicos ou empresas, o “cancelamento”.
Como define de forma generalista o conceito: a retirada de apoio, o boicote, a expulsão social de alguém por algo considerado ofensivo ou incompatível com o discurso dominante. Esse movimento, que muitas vezes nasce com propósitos emancipatórios, corre o risco de se tornar opressor: quando a lógica do punir substitui o diálogo; quando o erro humano deixa de ser oportunidade de aprendizado e passa a ser sentença irrevogável; quando a pluralidade é trocada por conformidade. Em outras palavras: quando o “cancel” (o apagamento) se torna a nova forma de poder silencioso, implacável, mas ainda tão brutal quanto qualquer “carta de execução” do passado.
Vejamos alguns exemplos concretos. A autora J.K. Rowling, mundialmente conhecida, enfrentou boicotes e forte reprovação pública após declarações que muitos interpretaram como transfóbicas. O caso mostra como até figuras de enorme projeção se tornam vulneráveis quando se afastam do discurso aceito. Outro exemplo: o ator Liam Neeson, em 2019, ao contar uma história de intolerância que teve, sofreu forte reação negativa, cancelamento promocional imediato e prejuízos à divulgação de seu filme. E mais: a ativista digital Suey Park, ao lançar a hashtag #CancelColbert, em 2014, tornou-se símbolo de como o “cancel” também se volta contra quem julga expondo-se a represálias, ameaças, perseguição online. Esses casos expõem nuances importantes: nem todo cancelamento é igual, nem todo discurso “cancelado” é injusto, mas o padrão revela algo maior. O padrão de silenciar vozes incômodas, ou simplesmente diversas, elimina o risco, a diferença, a contradição. É uma forma moderna de “apagamento social”.
Em sociedades distópicas (e estamos perto disso), apreender quem pode falar e quem deve calar é um dos modos de controle mais eficazes invisível, digital, rápido. Um clique, um tweet, um julgamento coletivo: e lá se vai o indivíduo. Mais ainda: se considerarmos que a tecnologia da informação de massas está nas mãos de poucas plataformas, algoritmos, corporações percebemos que o poder de “cancelar” não é igual para todos. Aqueles dentro da bolha dominante disciplinam quem sai dela. Ser “fora do consenso” implica risco de exclusão. O “apagado” deixa de existir no feed, no trending, na visibilidade como se sua perda tivesse menos valor que a de uma árvore derrubada no deserto. Isso não significa que não haja responsabilidades ou que tudo deva ser aceito sem crítica. Muito pelo contrário: o combate ao ódio, à discriminação, à injustiça ainda é urgente, necessário, vital. Mas a questão central é: quem decide o que é ofensivo? Qual o critério para exclusão? Qual o direito de redenção, de retratação, de falha humana?
Porque se o mecanismo se torna automático, implacável, sem margem de erro ou recuperação ele cria uma nova tirania moral. E, para quem questiona, o maior perigo talvez seja que esse fenômeno se naturalize. Que a sociedade chegue a um ponto em que o simples ato de pensar diferente ou de questionar o “mainstream” seja suficiente para desencadear seu “apagamento”. A lógica da disputa permanece: seleção, porém, agora digital, social e não evolução. A guerra, não entre exércitos, mas entre narrativas, reputações, visibilidades. E o vencedor é aquele que permanece no palco, não necessariamente o que propõe o melhor argumento. É preciso, portanto, retomar o valor do debate, da heterodoxia, da contradição, mesmo quando incômoda. No fim, fica o desafio: viver sem a máscara do agrado, discordar sem o pânico da exclusão. E lembrar que a maior arma hoje pode não ser o rifle ou a bomba, mas o silêncio imposto. E que silenciados, por vezes, são aqueles que mais precisavam falar.
A frase que foi pronunciada:
“Eis uma definição de wokeismo: Há pessoas sentadas ali, esperando deliberadamente pela emoção de se sentirem ofendidas.”
John Cleese

História de Brasília
E’ preciso que se esclareça de uma vez por tôdas, que Brasília não pode ser dividida em capitanias políticas, e que interesses particulares não podem prevalecer em administração publica. (Publicada em 11.05.1962)
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Constitui-se, um dos efeitos colaterais mais proeminentes da modernidade digital, a irrupção e a subsequente proliferação de uma vasta e heterogênea plêiade de generalistas em todas as esferas do conhecimento e da opinião. Encontram-se, frequentemente, estes indivíduos imbuídos de certezas inabaláveis e de uma vaidade desmedida, elementos que, paradoxalmente, os credenciam, no ambiente virtual, à oferta irrestrita de conselhos normativos e à disseminação de modelos comportamentais pretensamente universais. Essa vã ambição de assumir um status de especialista que não corresponde à sua formação ou experiência real adquire contornos de periculosidade ainda mais significativos quando as análises e prescrições destes novos “gurus” digitais são adornadas e instrumentalizadas pela moldura político-ideológica que professam publicamente.
Excetuando-se o contingente restrito de profissionais do jornalismo investigativo, cuja natureza do mister exige uma imersão constante e abrangente em uma vasta gama de assuntos e especialidades, o cenário contemporâneo das mídias sociais se configura, fundamentalmente, como um incessante festival de superficialidade e besteirol. Observa-se que a adesão entusiástica e a crítica a esse conteúdo se revela tão perigosa para a integridade intelectual quanto a metáfora de caminhar inadvertidamente sobre um terreno pantanoso sem sustentação firme. Desapareceu do horizonte de análise a aplicação criteriosa do bom senso e da reserva epistemológica, embora existam, evidentemente, notáveis exceções que merecem ser registradas e valorizadas no debate público.
Hoje, sob o pretexto de preencher um aparente vazio de ideias e de conteúdo, verifica-se a tendência perigosa e generalizada de todos falarem sobre tudo, o que culmina, tragicamente, na mútua ininteligibilidade entre os interlocutores. Vivencia-se, em decorrência, uma espécie de moderna Torre de Babel, onde a própria linguagem parece ter se despojado de sua força primordial como veículo de comunicação efetiva e de entendimento consensual.
Surpreendente se mostra a ocorrência e a intensificação desse fenômeno, no qual o poder comunicativo da linguagem foi drasticamente reduzido, precisamente no momento histórico em que as tecnologias de comunicação baseadas na internet parecem concretizar a conexão instantânea do globo em tempo real e com riqueza audiovisual. Demonstra-se igualmente intrigante o fato de que este período de profunda dissonância e ruídos comunicacionais já havia sido previsto e teorizado em épocas pretéritas. O caos político-institucional observado no cenário nacional serve como eloquente evidência para esta tese, e a persistência de inúmeros conflitos armados e guerras em escala global atua como um reforço empírico inquestionável.
Ocasião propícia para uma revisão e repensamento dessas previsões foi o ano de 2011, quando se celebrou o centenário de nascimento do influente filósofo e professor canadense Marshall McLuhan (1911-1980), formulador do controverso conceito de Aldeia Global. Sustentava, McLuhan, que os meios de comunicação emergentes teriam se transformado em uma extensão natural e quase orgânica do ser humano moderno. Postulava que as novas tecnologias não só interligariam o mundo geograficamente, mas também promoveriam uma unificação cultural, dada a sua capacidade de influenciar estruturalmente os modos de pensar e de perceber a realidade da sociedade. Nesse sentido, é crucial rememorar o aforismo central de sua teoria: O meio é a mensagem (McLuhan, 1964), indicando que a forma da tecnologia, e não seu conteúdo, é o agente transformador da sociedade.
Concretizaram-se, em parte, algumas dessas projeções mcluhanianas, mas a custo de uma realidade profundamente paradoxal: jamais, em toda a história registrada, a humanidade esteve tão tecnologicamente conectada e, simultaneamente, tão psicologicamente isolada e solitária. Tal paradoxo se manifesta no comportamento dos usuários: mais de 90% dos entrevistados em pesquisas sobre o uso da internet no Brasil relataram conectar-se diariamente (TIC Domicílios, 2019), o que sublinha a ubiquidade do meio, mas não garante a qualidade ou profundidade das interações sociais que dele emanam. Fomos alimentados pela ideia utópica de uma intrínseca igualdade humana universal, mas, quando nos defrontamos com a manifestação incontornável das diferenças, reagimos com hostilidade, arredamento e polarização. Um caso paradigmático, que toca diretamente a realidade nacional, reside nos intensos debates políticos envolvendo as vertentes ideológicas da esquerda e da direita.
Embora a divergência essencial de perspectivas entre estas duas vertentes seja intrinsecamente compreensível e inerente ao jogo democrático, o que se torna absolutamente inaceitável é a exclusão e a marginalização do Brasil e dos cidadãos brasileiros das discussões substantivas. Tal exclusão não se deve primariamente à ação da direita política, mas sim, em grande medida, a uma visão obtusa e anacrônica professada por setores das esquerdas, os quais demonstram uma recalcitrância em aceitar a transformação social e ideológica pela qual o país tem passado. Evidencia-se a incapacidade destes setores de reconhecer que a sociedade brasileira evoluiu, e, com ela, surgiram diferenças e demandas expressadas agora por uma parcela majoritária da população, que exige ser representada e ouvida no processo de deliberação política.
A frase que foi pronunciada:
“Uma coisa sobre a qual os peixes não sabem absolutamente nada é a água, uma vez que não têm um antiambiente que lhes permita perceber o elemento em que vivem.”
Marshall McLuhan

História de Brasília
Rebatemos as insinuações, porque custa-nos crer que homens de gabarito como o cel. Barlem e o dr. Valdir Santos participem de uma Comissão para não apurar a verdade. (Publicada em 10.05.1962)
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Não são poucas as pessoas que reconhecem, hoje, que o chamado quarto poder passou da imprensa para as mídias sociais, propagadas pelas diversas plataformas que desfilam no mundo digital. Daí porque não são poucas também aquelas elites no poder que anseiam por uma severa regulação nessas mídias digitais. Nos países onde a democracia é uma miragem e mesmo naqueles Estados em que a liberdade de expressão é uma farsa bem montada, as mídias sociais são vigiadas de perto e, não raro, alguns desses programas exibidos por críticos ao governo são postos fora do ar e desmonetizados entre outras ameaças veladas.
Com isso, quer queiram ou não, aqueles que se abrigam à sombra do sistema e do Estado “mídias sociais deram voz aos imbecis”, no dizer zombeteiro de um alto membro do Judiciário. Nesse caso, os imbecis citados formam uma espécie de sans culottes modernos. São os manés que deram certo ou os matutos que não se deixam levar pelas canções de ninar dos demagogos.
Talvez seja essa a causa por trás a explicar porque tantos artistas brasileiros de grande projeção e sucesso no passado recente, hoje, amargam o descaso e mesmo o desprezo por parte do grande público. Trata-se de um fenômeno novo no cenário nacional e de grande abrangência e adesão popular. Produções e shows caríssimos, protagonizados por esses personagens, são abertamente boicotados pelo público, que virou as costas para esses ídolos de pés de barro.
Aqueles que pensaram que os antagonismos políticos e ideológicos fossem ficar apenas no mundo desalmado da política erraram feio. A polarização política, como todo veneno de frasco pequeno, contaminou, com seu conteúdo deletério, famílias, amigos, grupos sociais, chegando até a classe artística.
Tem-se aqui também um fenômeno novo a mostrar um país cingido, desde que alguém, que todos conhecemos, lançou, sobre todos, a maldição do “nós contra eles”. De lá para cá, muita coisa mudou na vida e no cotidiano do país, inclusive a reversão dessa praga política, que, hoje, pode ser dita como “eles contra nós no poder”.
Essa história de que o rei nunca perde a majestade tornou-se falsa no Brasil e aqueles que se consideravam ungidos por uma espécie de coroa eterna, hoje, veem-se despossuídos não só de realeza, como também foram postos na condição de párias.
Aqueles “imbecis”, que ganharam voz por meio das mídias sociais e que nada mais são do que autênticos cidadãos brasileiros, uniram suas vontades e, simplesmente, passaram a deletar ou cancelar toda uma gama de artistas e atores, cozinheiros, empresas, lojas de departamento, supermercados, produtos que perderam o brilho ou aquilo que de mais precioso tem uma marca, que é a estrela do carisma. Sem essa estrela, que ilumina o mundo do faz de conta, pouca ou nenhuma luz resta no mundo real. O grande público não aceita ser enganado.
61992228720
Esse é um dos números de uma organização que usa o telefone para passar golpes. Dizem que seu cartão foi usado, que a ligação está sendo gravada. Dizem que vão pedir uma confirmação para a contestação de cancelamento da compra feita sem sua autorização. Falam por script, enganando quase que perfeitamente. Pedem informações sobre o limite da conta e do cartão. O mais impressionante é que a ANATEL, agência reguladora, não apresenta uma solução para esses golpes.

Mudou
Brasília sofre com a falta de educação no trânsito. Aquela cidade onde buzinar era um absurdo já começa a dar sinais de mudança. Principalmente os motociclistas, que carecem de uma boa aula antes de terem a autorização para fazer parte do trânsito da capital. São uns irresponsáveis. Ultrapassam pela direita, nas comerciais jamais usam as tesourinhas, fazendo a volta no meio da rua, andam pelas calçadas nas quadras. Alguma atitude precisa ser tomada para cortar o mal pela raiz.

Dificuldades
Daniel Donizete é o deputado distrital que se elegeu para proteger os animais. Depois disso, quem puxa o carro com os descartáveis é o ser humano, um animal também, mas racional.

Chamados
Em Portugal, acontece o seguinte. Todas as chamadas feitas pela população aos Bombeiros, tão logo são atendidas, são seguidas pela polícia. Dados detalhados são cadastrados para as providências às reincidências e investigações.

História de Brasília
Alguém sem escrúpulos salvo justificação em contrário, construiu uma tôrre metálica sôbre a cruz onde foi celebrada a Primeira Missa de Brasília. O monumento está coberto por armações de aço, num visível desrespeito a um dos lugares sagrados da cidade. (Publicada em 09.03.1962)
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Que papel caberá às mídias sociais em tempos de pandemia? Essa parece ser a grande questão posta nesse momento e que poderá, de uma vez por todas, esclarecer a todos sobre o papel e a importância desse novo meio de comunicação mundial em tempos de crise.
Um dos elementos que pode servir para ajudar a população a tomar decisões corretas em momentos de tensão, não só agora, mas ao longo de toda a história da humanidade, sempre foi a divulgação da verdade. E é aí que mora o problema. A verdade parece ser uma mercadoria escassa entre os homens desde que desceram das árvores, separando-se de outros ramos dos símios.
A verdade nas mídias sociais é um produto que tem seu valor de face colocado para ser aferido ao sabor justamente da flutuação dos acontecimentos. Assim, se um determinado problema exige apenas uma única solução, o número de alternativas apontadas nas redes sociais será infinito e sempre com prevalência por aquelas enganosas. Com a disseminação das chamadas fake news, verdade e mentira ocupam o mesmo lugar de destaque em todas as redes de informação. Uma das características prevalentes desse início de século parece ser o da pós-verdade. Entende-se por esse neologismo que modelar a opinião pública, conduzindo-a para o beco sem saída das emoções e das crenças pessoais, é tão ou mais importante do que revelar os fatos objetivos e a verdade em si.
As consequências para a própria vida das pessoas, advindas da pandemia do Covid-19, são secundárias em contraposição a outros fenômenos como a queda das bolsas, o fechamento de mercados e por aí vai. Às mídias sociais não importa a disseminação dos fatos tal qual eles ocorrem, mas tão somente o alarde que pode provocar qualquer informação.
Nesse mar de incertezas, o governo entra com sua contribuição para afastar todo e qualquer aspecto que poderia macular sua imagem. Não é por outro motivo que num momento de grave tensão, as análises feitas pelas autoridades sempre apontam para a minimização dos problemas, colorindo de rosa qualquer imagem em preto e branco da crise.
São as marolinhas, ou as fantasias e outros eufemismos que buscam dourar a pílula. Ao público em geral, bombardeado por informações contrastantes, resta fazer uma média de tudo que é lido, visto e ouvido e adotar estratégia próxima daquelas que seus vizinhos adotam. Se todos à sua volta correm para os mercados afim de fazer estoques, ele faz o mesmo por imitação. É nesse formigueiro impessoal e ao mesmo tempo ordenado por vontades alheias que as pessoas seguem suas vidas, alimentadas ainda por um maná sem fim de informações incertas, que chegam, ao mesmo tempo, de todas as partes.
Nesse mundo surreal em que nos encontramos agora, à imprensa caberá o papel de peneirar o oceano imenso de informações numa xícara e servi-la.
A frase que foi pronunciada:
“Ninguém faz bem o que faz contra a vontade, mesmo que seja bom o que faz.”
Santo Agostinho

Princípios
Radicalmente contrário ao PLN 4, o senador pelo DF, Reguffe, explicou: “Sou contra os 30 bilhões, 15 bilhões ou até um centavo para que o relator distribua a seu bel prazer. Entenda que não se trata de valores, o caso aqui são os princípios.” Na opinião do parlamentar, essa verba deveria equipar a rede de saúde pública. Essa é prioridade absoluta tanto para o governo federal como para o governo local, concluiu.

Na luta
Por falar em projetos que desviam recursos públicos, leia a carta aberta da Auditoria Cidadã sobre o PLP 459/2017 e a PEC 438/2018.

Prioridade
Recebemos notícias de Stamford (com m mesmo) em Connecticut. As aulas foram suspensas, mas os colégios estão usando a internet para não interromper o ano letivo. Isso é que é priorizar a educação.
Novidade
Outra notícia daquela cidade. Os hospitais criaram um drive-thru para fazer o teste do Codvid19. Assim, idosos e outros pacientes não correm riscos. Veja as imagens a seguir. Fica a sugestão para o governador Ibaneis.
DODF
Quem assume o HRAN é Fabiana Loureiro B. do Vale, supervisora da Gerência de Assistência Clínica do hospital. É importante saber sobre a saída de Leonardo Sousa Ramos. Enfrentou várias crises e, no momento em que o hospital é designado para enfrentar o coronavírus, pede demissão.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Outro inquérito que já está pronto, é o da aviação comercial, faltando apenas o nome das companhias culpadas. Sabe-se que um técnico do Banco do Brasil demonstrou em todo o inquérito, claramente, como se fraudava para a importação de peças de avião, e como se desviar a verba de subvenções a linhas deficitárias. (Publicado em 17/12/1961)
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Como território livre que é, em boa parte do mundo Ocidental, as redes sociais vêm se constituindo numa espécie de quarto poder, maior inclusive do que a própria imprensa e as mídias tradicionais, que até pouco tempo ocupavam essa posição de destaque. Em breve, esse fenômeno contemporâneo, intimamente ligado às novas tecnologias que estão surgindo, alterará o modelo secular de democracia que conhecemos até aqui e que tem conduzido o Ocidente democrático num caminho de razoável estabilidade. A rede de comunicação virtual adentrou para um mundo de novíssimas e amplas possibilidades, sequer sonhadas.
Quanto à essa constatação, o que parece mais importante e até urgente é passar a entender esse fenômeno, para que de alguma forma ele seja incorporado e aceito como uma força da cidadania. Outro ponto que parece indiscutível é que esse é um universo a ser explorado e não regulado como pensam os defensores do antigo regime e da velha política. Não é por outra razão que, durante a era petista, muito esforço foi empreendido no sentido de regulação das mídias, todas elas, inclusive as redes sociais.
Obviamente que não se trata aqui de implantação de uma democracia do tipo direta, saltando por cima do Legislativo, mas no sentido de fazer valer, ao pé da letra, o que diz o início da Constituição de 1988: “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.” Essa realidade, por seu poder numérico e onipresente, pode ser classificada como a democracia do “porvir”. De fato, está a balançar as colunas do poder, reclamando para si o que é seu por direito.
No Brasil e em alguns outros países, esse novo fenômeno, do cidadão onisciente ou plugado, tem provocado significativas modificações no velho edifício do Estado. Eleições como as realizadas por Barack Obama nos Estados Unidos mostraram o poder das redes sociais na eleição de candidatos, até aqui improváveis.
O mesmo fator levou também a eleição de Jair Bolsonaro ao poder, numa demonstração clara de que os velhos mecanismos eleitorais que consumiam bilhões de dólares ou de reais em campanhas sofisticadas, super produzidas e de alto nível de marketing, eram apenas um biombo a esconder trapaças de um grande e rico circo político. A derrocada pesquisa eleitoral em 2018, dos principais institutos de opinião do país, fala por si só.
É preciso notar ainda que, entre nós, o desgaste na imagem de políticos e de partidos tradicionais, sobretudo com a deflagração de uma série de investigações, realizadas pelo Ministério Público e pela Polícia Federal, revelaram para a população em geral que o modelo de delegação do poder de representação atual necessitava ser, mais do que depressa, revisto e redesenhado. Isso sem falar no poder de convocação instantânea para que a população ocupe as ruas em manifestações gigantescas e com resultados certeiros. É justamente nesse sentido que estão sendo preparadas as próximas manifestações previstas para o dia 15 desse mês. O bafo quente da multidão nas ruas vai, pouco a pouco, incomodando o velho establishment, pedindo passagem para o século XXI nascente.
A frase que não foi pronunciada:
“Qualquer eleição precisa ter mecanismo de auditoria. Não tem? Não serve.”
Presidente Jair Bolsonaro pensando com os seus botões

Repaginado
Um dos grandes problemas apontados para o futuro é o envelhecimento da população. Esses idosos não deixaram de pagar impostos, taxas e a previdência. Problema mesmo são pessoas saudáveis por todo o país que não querem trabalhar para não perder o Bolsa Família. Isso sim é perigoso.

Portaria 2362
Possivelmente a solução adotada pelo Ministério da Cidadania em cortar serviços de assistência social pelo país deverá colocar na balança apenas as pessoas que realmente precisam de atendimento. A gestão do recurso deverá ser criteriosa para atender quem realmente precisa.

Dúvida
Quem ficou de boca aberta foi a população com a ideia do deputado Emerson Petriv de propor um Projeto de Lei para cortar as mãos de políticos corruptos. Petriv, mais conhecido como Boca Aberta recebeu a seguinte pergunta de um eleitor: “E quem votaria nessa lei?”

Proatividade
Disse o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em entrevista à Folha: “Teimaram comigo. Falei: é uma pandemia, e desde a semana passada o Brasil já trata como pandemia. Porque era óbvio. Se você tem uma transmissão sustentada em tantos países, como vou ficar procurando país por país, quem veio de onde? Isso pelo menos três semanas atrás já era impraticável para os sistemas de saúde”. É médico, entende do assunto.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Outra coisa é com relação às nomeações. Os atos do presidente Juscelino estão rasurados, com visível troca de nomes, e há alguns casos, em que várias pessoas foram nomeadas para o mesmo cargo. (Publicado em 17/12/1961)


