Tag: #QuarentenaNoMundo
VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)
Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil
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Houve um tempo em que as interrupções no fornecimento de luz era uma constante em todas as cidades do país, principalmente à noite, quando as famílias reunidas mais necessitavam dessa tecnologia para as tarefas do fim do dia. Essa debilidade nas nossas fornecedoras tanto de água como de eletricidade eram bastante conhecidas e frequentes e, não raro, terminavam em letra de samba, como na marchinha carnavalesca “Vagalume”, de Vitor Simon e Fernando Martins, composta em 1954. “Rio de Janeiro/cidade que nos seduz/de dia falta água/de noite falta luz.”
Naqueles momentos de escuridão, que às vezes se estendia pela noite adentro, a rotina noturna mudava por completo, com todos forçosamente remetidos ao passado, postos à luz de velas ou de candeeiros. Para preencher esses momentos no breu, as rodas de conversas voltavam a ocupar o lugar da TV e do rádio. Histórias das famílias, anedotas e mesmo as estorinhas de assombração prendiam a atenção de todos. Era como se tempo parasse e todo o progresso das ciências desaparecesse como de vista. Normalmente todos iam para a cama mais cedo. Acontecia também de a luz voltar depois de horas de interrupção. Nesses momentos, e isso era um sentimento muito comum a todos, havia um certo desapontamento momentâneo pelo retorno da energia e pelo fato de a luz elétrica ter interrompido um instante de pura magia, com cada um voltando para seu canto e sua mesmice.
Não foram poucas as vezes que esse fato ocorreu e não foram poucas também o sentimento de que o retorno brusco da luz parecia anunciar o fim de um filme. Foi assim no passado e com certeza é assim também nos dias de hoje. Na verdade, a ausência de luz era apenas um pretexto inconsciente para os mais novos reaproximarem-se dos idosos, não só pelo medo do escuro e das almas penadas que perambulam pela imaginação de muitos, mas por um apelo ancestral, escondido no íntimo de cada um e que parecia adormecido pela dispersão da luz e do progresso.
Como podia a decepção imediata do corte de energia, interrompendo as tarefas noturnas e costumeiras, transformar-se radicalmente, pouco tempo depois, na mesma decepção pelo retorno repentino da luz? Por muitos anos, todos aqueles que têm se interrogado sobre essa questão, aparentemente banal, nunca chegaram a uma resposta convincente e satisfatória.
De fato, a resposta a essa contradição entre luz e sombra, ou entre a dispersão solitária e a união e o aconchego, é justamente o que parece ocorrer agora, com a quarentena forçada que muitas famílias se vêm obrigadas a cumprir. Ao interromper a rotina individual e mesmo egoísta de muitos, contrariando interesses, muitas vezes ditados pelo ego moderno, o corte de energia, ou a quarentena, lançou, mais uma vez, todos de volta ao passado e ao escuro, reunindo famílias em torno de um destino comum, do mesmo modo que faziam nossos antepassados em torno da fogueira. Por certo, quando a luz retornar sem aviso, interrompendo bruscamente a quarentena, não serão pouco aqueles que experimentarão o mesmo sentimento de desapontamento pelo fim desse confinamento no lar que os antigos classificavam como o escrínio da vida, onde todas as memórias repousam e onde, desde a origem da humanidade, todos buscaram refúgio e conforto.
Quando a luz verde acender, anunciando o fim da quarentena, dentro do coração de muita gente, com certeza acenderá a luz vermelha da volta à rotina solitária do que é feita a vida moderna.
A frase que foi pronunciada:
“Por mais constantes que sejam as águas correndo, por mais fresco e umbroso que se alargue o vale, a paisagem é intolerável se lhe falta a nota humana. Fumo delgado de chaminé ou parede rebrilhando ao sol, que revele a presença de um peito, dum coração vivo.”
Eça de Queiroz, diplomata e romancista
Mantendo os empregos
Começa a brasilidade para enfrentar a crise de forma criativa. A Pão Dourado contratou mais ciclistas para a entrega em domicílio. Sérvulo Batista, o proprietário, perdeu a mãe há seis meses. Com essa crise toda, imaginou a matriarca da família pedindo: “Meu filho, traga meu pão!” E assim, Sérvulo, que já sentia a clientela de cabeça branca mais afastada, criou essa solução: qualquer coisa da padaria entregue por ciclistas. Os clientes animados com a solução, criaram voluntariamente os flyers que foram distribuídos. Leia a seguir.
A PÃO DOURADO ESTÁ FAZENDO AS ENTREGAS EM CASA.
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Só entrar em contato e fazer o seu pedido.
Aumentou o número de bike nas entregas.
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haverá um bike para atendimento preferencial só para os idosos e pessoas com algum problema tipo dedelimitação.
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Olá queridos clientes mais experientes !
Se precisarem de qualquer coisa da padaria vamos levar para vocês.
VAMOS FAZER A NOSSA PARTE #FIQUEMEMCASA
PÃO DOURADO
32479495
991008635
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982054216
SEM TAXA DE ENTREGA
Sem limites
Da mesma forma que a Internet dissemina notícias falsas, há portais que trabalham incessantemente atrás da verdade. Antes de replicar qualquer informação, verifique primeiro se é verdadeira. Acabamos de receber um telefonema de uma idosa que soube que há um remédio que cura a doença causada pelo famoso vírus. Queria comprar para ela e para o marido.
Solidariedade
Stoniaice resolveu quebrar o gelo com o pessoal do Samu. Volta e meia leva sorvete para o pessoal que têm trabalhado sem parar. Outro lugar que virou a página de notícias que angustiam foi o restaurante Vila Carioca em Águas Claras. Colocou almoço para viagem e levou para a clínica Sabin, que também não para de trabalhar. Veja as imagens abaixo e os vídeos no link Solidariedade é isso!
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
61 termina com uma indignidade (ataque ao Binômio), uma catástrofe (circo) um aviso (penitenciária) e 62 começa sem dizer nada a ninguém. Há entretanto, esperança de consolidação do regime, da vida nacional, e a prova serão as próximas eleições. (Publicado em 04/01/1962)