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VISTO, LIDO E OUVIDO Criada por Ari Cunha (In memoriam)
Desde 1960 Com Circe Cunha e Mamfil
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Num país em que você se depara com escolas em precaríssimas condições materiais e humanas de funcionamento, algumas não possuindo, sequer, carteiras, tetos, banheiros ou mesmo professores qualificados para a função, desperdiçar tempo e recursos com discussões propondo o combate ao chamado marxismo cultural ou a implantação da Escola sem Partido, entre outras bobagens acadêmicas, parece coisa de lunático. Prioridades são, até para técnicos medíocres, em qualquer área, a maneira correta para atingir os objetivos propostos.
De um dirigente, principalmente dentro de um ministério com a importância e a urgência que a educação requer nesse país, espera-se, ao ser empossado, que faça, o mais breve possível, uma radiografia completa e detalhada sobre as prioridades que essa área reclama. Obviamente, aproveitando estudos nesse sentido já realizados pelos técnicos da área.
Sem o conhecimento das necessidades, muitas das quais até básicas, como quadro negro, exigidas nesse setor, toda e qualquer ação é inócua. O segundo ponto importante, é claro, é a colocação nessa pasta de um profissional com formação e atuação direta nessa área, ou seja, de um educador de renome. Dificilmente um setor delicado com tantos problemas e carências, como o da educação, alcançará resultados significativos com gestão centrada em parâmetros do tipo político partidária.
Realizados esses dois quesitos, a terceira tarefa prioritária, e talvez a mais importante de todas, seja a valorização do professor. Esse profissional é a mola mestra de todo o sistema educacional. Dele depende não só o desempenho dos estudantes, mas o bom funcionamento de toda a estrutura educacional. Desde sempre é sabido que os resultados na melhora do sistema educacional, seja aqui ou em outros países, passa primeiro pela melhora nos quadros dos docentes. Valorizar esse profissional importantíssimo para o desenvolvimento humano e social de um país requer cuidar, de início, de um conjunto de medidas que visem a formação de qualidade desses trabalhadores, bem como o estímulo à profissão por meio de um bem montado e completo plano de carreira, capaz de atrair cada vez mais brasileiros para esse setor.
O Brasil possui hoje aproximadamente 2,2 milhões de professores, sendo a profissão mais numerosa do país, o que, de certa forma, já facilitaria dar início aos trabalhos de transformação do país via educação. Ocorre que essa é ainda a profissão mais desvalorizada entre nós. Pesquisas recentes têm revelado que uma média de 71% dos educadores se declaram insatisfeitos com a profissão, sendo que muitos falam abertamente em abandonar o ensino, tão logo consigam outra ocupação remunerada.
A falta de incentivos, o desprestígio perante a sociedade e os próprios alunos, além dos casos recorrentes de violência nas escolas, tem afastado muitos professores do trabalho de ensinar. 67% dos professores entrevistados pela pesquisa elaborada pelo movimento Todos pela Educação revelaram que nunca foram ouvidos para a formulação de propostas para as políticas de educação. Quando o assunto é remuneração, a quase totalidade reclama dos baixos salários e de outros incentivos materiais, como auxílio para compra de livros, realização de cursos de aperfeiçoamento e outras ações capazes de manter esses profissionais seguros e bem preparados para a missão.
Fosse realmente colocado como prioridade nacional, e não apenas como discurso vazio de campanha por todos os candidatos, há muito a questão educacional já seria um assunto resolvido. Nesse sentido, começar pelo início, ou seja, pelo estabelecimento de uma lei que fixe como teto da remuneração dos servidores públicos do país o salário de um professor universitário ou pesquisador com dedicação exclusiva, carga completa e com todas as titularidades seria, com toda a certeza, o começo de uma nova era para a educação em nosso país.
Somente no dia em que a profissão de professor for considerada a mais importante do país é que estará solucionado esse problema secular que nos mantém presos ao atraso e ao subdesenvolvimento
A frase que foi pronunciada:
“Um professor é a personificada consciência do aluno; confirma-o nas suas dúvidas; explica-lhe o motivo de sua insatisfação e lhe estimula a vontade de melhorar.”
Thomas Mann, escritor alemão
Revisão
Na marcha em defesa dos municípios, o presidente Bolsonaro disse que o país sairá da crise se todos os brasileiros tiverem o mesmo objetivo: o bem-estar da população brasileira. Além da boa intenção, já é hora de os prefeitos prestarem contas obrigatoriamente a cada vez que pedem mais dinheiro. Prestar contas e contrapartida ao país.
Revogaço
O excesso de regras é a alegria de quem procura brechas para sair da linha. Ao prometer enxugar o roteiro burocrático, o governo mostrará, na prática, que o cidadão de bem é prioridade. Bom seria se o governador Ibaneis fizesse o mesmo.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Desde que o Major Dagoberto foi promovido a coronel, nunca mais tivemos telefone na redação. Vou mandar dizer isto ao José Paulo Viana. (Publicado em 17.11.1961)
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
com Circe Cunha e Mamfil;
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Pesquisas feitas pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e pela ONG Todos pela Educação, em tempo e lugares diferentes, usando também métodos diferentes, chegaram ao mesmo resultado: apenas uma pequeníssima minoria dos professores, tanto das escolas da América Latina como das escolas brasileiras, recomendam a profissão para seus alunos ou filhos.
O primeiro estudo, intitulado “Profissão Professor na América Latina – Por que a docência perdeu prestígio e como recuperá-lo?” mostrou ainda que apenas 5% dos indivíduos com menos de 15 anos desejariam seguir a carreira do magistério. Mesmo em países onde a educação da população é levada a sério esse índice não ultrapassa os 25%.
Um dado comum às duas pesquisas indica que os baixos salários continuam sendo o principal motivo para esse desinteresse geral. No Brasil, como no restante do continente, os salários dos professores seguem praticamente no mesmo patamar há décadas e, não raro, não acompanham a média salarial de outras categorias com o mesmo nível de formação.
São dados que apresentam um sério risco para todo e qualquer programa de educação, seja no Brasil ou mesmo na América Latina, e ameaçam seriamente o futuro de imensas legiões de jovens, se algo não for feito com urgência. Na maioria dos casos, a remuneração dos profissionais de ensino chega a ser menos da metade de outras categorias no mesmo nível.
Quando se atinge uma situação onde os próprios mestres, juntamente com os novos alunos, chegam a conclusão que seguir em frente com essa carreira é um erro e uma perda de tempo, é porque a profissão do magistério parece já ter atingido o patamar de uma ocupação em fraco desaparecimento. No caso da pesquisa mostrada pela ONG Todos pela Educação, o índice de professores que não indicariam a profissão para seus alunos ou para seus filhos é de 49%. Esse índice se eleva à medida que os professores possuem mais anos atuando no magistério. Quanto mais se entregam ao magistério, mais os profissionais em educação reconhecem o tempo perdido com uma profissão que não é valorizada, nem pelo governo e pelas secretarias de educação, nem mesmo pelas famílias dos alunos. No ensino médio, onde estão os alunos na fase da adolescência e com maiores problemas de comportamento, trazidos de casa e do meio onde vivem, a maioria dos docentes confessa arrependimento com a escolha dessa profissão.
Nessa etapa, contribui para o desinteresse os correntes casos de violência contra os professores. Nessa fase também é comum verificar casos de estresse e de doenças do sistema nervoso adquiridos por esses profissionais e onde estão os maiores casos também de pedidos de afastamento.
A realidade obriga os professores, como orientadores que são, a dizer a verdade aos seus alunos. Nesse caso, recomendam a todos que não sigam com a ideia de vir a se tornarem professores, para que não tenham que enfrentar os mesmos problemas de seus mestres. Salários baixos, violência, descaso das autoridades e as péssimas condições da maioria das escolas, tanto no Brasil como no continente, parecem decretar o fim dessa profissão e o futuro da própria América Latina.
A frase que foi pronunciada:
“O objetivo da educação é substituir uma mente vazia por uma mente aberta.” (Malcolm Forbes)
UnB
A Universidade de Brasília planejou para esse ano mais de 300 câmeras nos estacionamentos do campus. Os furtos a carros não estão controlados. A promessa também tratava de mais duzentos vigilantes de empresas privadas, outra centena do quadro efetivo e uma reorganização dos porteiros e pontos para a presença de segurança. Drones também estão no orçamento e os estudantes desenvolveram um aplicativo que conta com a comunidade universitária para apontar locais vulneráveis a furtos, assaltos e estupros.
Alambrado da barragem
Reforçado o alambrado destruído na barragem do Paranoá. Ainda parece frágil para segurar carro desgovernado, mas está bem melhor que antes.
União
Brasília passa por uma transformação cíclica. No início da capital, todos os moradores se cumprimentavam, eram verdadeiros solidários. Depois, os brasilienses passaram a reclamar que nos elevadores ou na rua ninguém dá um simples bom dia. Graças à violência imposta à cidade, moradores de casas e apartamentos começam a se unir por aplicativos para trocar informações sobre gente suspeita na redondeza. Parece que a camaradagem está voltando.
Agradecimentos
Mais uma vez, agradecemos o carinho de todos os presentes no cemitério, as cartas, e-mails, telefonemas e manifestações sinceras sobre a convivência com o querido Ari Cunha. A gratidão da família Cunha a todos.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Não repercutiu no Congresso nem na opinião pública a atitude de Nicolino Gozador do grupo (pequeno) comandado pelo sr. Adauto Lúcio Cardoso, mudando a capital cada seis meses para o Rio e para Brasília. (Publicado em 26.10.1961)