Tag: #PrevidênciaNoBrasil
VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)
Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
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Pelo o que se tem apurado até aqui, o rombo provocado pelos descontos criminosos aos aposentados chega a cifra indecente de R$ 90 bi. Sem dúvida, uma fortuna que ainda faz muita diferença nas mãos daqueles de direito. Nesse mais um escândalo do nosso país, temos que até mesmos idosos não foram poupados da sanha do banditismo. Mãos aos alto, vovôs e vovozinhas! O pior de tudo é que, na origem desses descaminhos, figura o INSS, que deveria, por lei, direito e ética, a proteção aos aposentados. Há os que já dizem publicamente que foi o INSS que desviou os recursos dos aposentados. Isso soa incrível… Mas é o que falam. Incrível e, ao mesmo tempo, trágico.
Quando se fala em um rombo da ordem desse montante, não se trata apenas de cifras, mas do destino de milhões de vidas que dependem diretamente da aposentadoria para sobreviver. A ironia cruel é que o próprio órgão, que deveria zelar pela segurança e pelo respeito aos idosos, aparece como protagonista de um enredo de negligência — ou pior, de cumplicidade. O país que já naturalizou escândalos de corrupção, desvios e má gestão, agora, assiste a um dos crimes mais perversos: atacar os mais vulneráveis, aqueles que trabalharam uma vida inteira e hoje deveriam colher algum amparo. Mais grave ainda é perceber como essa suspeita sobre o INSS fere de morte a confiança em uma instituição central para a seguridade social brasileira.
Se confirmada a participação direta ou indireta do órgão, o escândalo deixa de ser apenas contábil e passa a ser um crime do próprio Estado, que se volta contra seus próprios idosos rompendo qualquer pacto de ética social. O bom desse mais novo enredo é que a CPI sobre o caso vai fazendo seus estragos e já adianta o pedido de prisão preventiva contra 21 nomes ligados ao esquema. Como não podia deixar de ser, o nome de cada personagem dessa novela brasileira é espetacular. Membros da CPI já suspeitam que se os trabalhos da Comissão forem nesse embalo, a Comissão Parlamentar de Inquérito pode acabar com quase 500 pessoas presas ou com mandatos de prisão. O elenco é grande. A maioria ligada diretamente ao INSS. Esse rio mal cheiroso parece vir de dentro da Previdência, mas noticia-se ter também sua nascente dentro do próprio ministério. É a ação deletéria da política sobre a máquina pública do Estado. Na verdade, o Brasil estatizou até a política, ao oferecer bilionários fundos partidários e eleitorais e ainda permitir que bancadas partidárias inteiras se sentem à mesa do banquete onde o Estado é servido como acepipe.
A CPMI que hoje se desenrola em Brasília não poderia vir em momento mais simbólico: praticamente um ano antes das próximas eleições, quando o país inteiro já se encontra em clima de disputa política. O que a apuração tem mostrado até agora é que não se trata de um crime difuso ou sem rosto. Há indícios claros de paternidade: os esquemas teriam sido gestados ao longo de governos de viés progressista em conluio com estruturas tradicionais de poder como sindicatos, associações de classe e federações. Esses braços políticos, historicamente usados para sustentar projetos partidários, aparecem agora como engrenagens de uma máquina de desvio, funcionando na sombra sob a justificativa da “defesa dos trabalhadores”.
Essa ligação levanta uma contradição gritante. Aqueles que se apresentavam como defensores dos mais humildes, dos aposentados, dos que “construíram o Brasil”, podem ter sido os mesmos que traíram a confiança dessa base social. A CPMI, portanto, não investiga apenas um rombo financeiro: investiga a hipocrisia de um discurso político que se alimentou até da vulnerabilidade dos idosos.
O momento político amplia ainda mais a gravidade. A revelação de que sindicatos e entidades ligadas ao espectro da esquerda participaram, direta ou indiretamente, desse sistema de saque pode se transformar em um terremoto eleitoral. A narrativa de proteção social, que sempre foi bandeira desse campo político, pode ruir diante da constatação de que, na prática, o que houve foi um ataque direto ao bolso e à dignidade dos aposentados. Fosse deixado apenas ao escrutínio dos aposentados, 2026 poderá ser a pá de cal na cova de certas legendas.
A frase que foi pronunciada:
“Vamos retomar a política de valorização permanente do salário-mínimo. E estejam certos de que vamos acabar, mais uma vez, com a vergonhosa fila do INSS, outra injustiça restabelecida nestes tempos de destruição. Vamos dialogar, de forma tripartite – governo, centrais sindicais e empresariais – sobre uma nova legislação trabalhista. Garantir a liberdade de empreender, ao lado da proteção social, é um grande desafio nos tempos de hoje.”
No discurso de posse do presidente Lula, em 01 janeiro de 2023.

História de Brasília
Só nas proximidades de Brasília poderia acontecer isto. O Restaurante Geraldo, de Nova Flórida, contratou com salário mínimo , um funcionário que tem, no registro de empregados, a profissão de caçador. Recebeu uma espingarda, sai de madrugada e volta à tarde trazendo a caça para o preparo do almoço da freguesia. (Publicada em 09.05.1962)
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Pelo que se pode apreender, até o momento, com a aprovação da reforma da previdência na comissão especial da Câmara dos Deputados, é que as mudanças introduzidas no texto, no que diz respeito especificamente aos professores, ainda é tímida, para dizer o mínimo. O que parece ter predominado na queda de braço entre governo e as diversas categorias profissionais do país é a pressão de grupos corporativos e o forte lobby desse pessoal presente ao longo de todo o processo de discussões desse projeto. Quem fala mais alto e ameaça mais com retaliações de todo o tipo tem mais chance de ser contemplado com benesses no texto final. A eliminação de privilégios, que está na raiz do problema e que demonstra as injustiças e das desigualdades entre as diversas profissões, praticamente permaneceu inalterada. Nada foi modificado, substancialmente com relação à aposentadoria de políticos, de juízes e de outras categorias situadas no topo do funcionalismo. Para esses, até o presidente da República atuou para manter os privilégios.
Diante do que ficou posto no texto do relator e, de acordo com o que foi visto até aqui, foram justamente as categorias mais privilegiadas, aquelas que pressionaram no sentido de fazer da reforma, um texto anódino e até insignificante. De fato, o que se pode constatar, de forma melancólica, é que a montanha pariu um rato com o mesmo aspecto feio daquele gestado pelo legislativo no pacote anticrime.
Notícia pior é que esse texto pode, durante as votações nos plenários da Câmara e do Senado, ser alterado à tal ponto que, da proposta original, encaminhada ao Legislativo, reste somente o título do projeto “Reforma da Previdência”, escrito na capa.
Com relação aos professores, o pouco poder de lobby e pressão desses profissionais resultou numa proposta morna, que não chega a alterar em profundidade o sistema que aí está e que poderia ser melhorado, de forma a garantir melhor proteção à categoria tanto na ativa como na aposentadoria. Não se trata aqui de privilégio, quando se verifica que essa é a categoria profissional com melhor tratamento por parte do Estado na grande maioria dos países desenvolvidos. E por uma razão básica: a educação é, seguramente, o alicerce do desenvolvimento. Não existe país algum que logrou desenvolver-se sem a correta preparação intelectual e técnica de sua população.
Uma reforma que viesse a amparar adequadamente os professores poderia não apenas devolver o prestígio ao exercício do magistério, tornando para os mais jovens uma carreira promissora, mas, sobretudo, garantiria que, no futuro, as próximas gerações fossem libertas das correntes das desigualdades sociais por meio de uma educação de alta qualidade desenvolvida por profissionais com segurança e proteção trabalhista.
A frase que foi pronunciada:
“Eu tenho muita desconfiança dessa CPI. Ela não me agrada, a princípio. Eu não confio na motivação por trás dela. Acho que pode ser uma ameaça à liberdade de expressão”.
Deputada pelo DF, Bia Kicis, sobre a CPI de notícias falsas.

Só?
Cancún, Cidade do Panamá, Buenos Aires, Lisboa, Miami e Punta Cana. Isso é tudo o que o aeroporto Internacional de Brasília tem a oferecer de viagens internacionais na capital da república. Não há concorrência suficiente, por isso os preços estão nas nuvens.

Tornado
Um caminhão recolheu tudo o que via do lado de fora da Feira dos Importados. Foi um rebuliço, mas não houve quem impedisse a operação DF Legal. Do lado de dentro, tudo certo.

163 anos
Bombeiros do DF comemoraram de forma diferente o aniversário da corporação. Fizeram uma campanha para recolher doações e levaram no Lar dos Velhinhos, amenizando a preocupação dos dirigentes da instituição. O capitão Wilson de Souza não escondia a emoção de ver a participação da comunidade em ajudar.

Equilíbrio
Casos de excessos no TJDFT devem ser apurados internamente. Para a ouvidoria, não há novidade quanto ao número de reclamações em relação ao atendimento ao público. A atitude esperada é a apuração. Já os casos de elogios, que são muitos, não chamam a mesma atenção.

Necessidade
Com a expansão desenfreada das habitações e a quantidade de carros extrapolando a capacidade das pistas do Paranoá, Varjão e da Bragueto, o projeto da ponte do Lago Norte volta à tona. Ou deveria voltar. O problema é que terrenos já desapropriados para esse fim estão misteriosamente ocupados.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
O Caduceu e a cobra, que representam o emblema médico, sofreram alteração no desenho da ambulância do Senado. Parecem um cifrão de uma perna só. (Publicado em 24/11/1961)

