Clique aqui – A crise está de quarentena

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

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Charge do André Guedes, disponibilizada em seu canal no Youtube, intitulada “O maior traidor do Bolsonaro!”

 

Fernando Henrique Cardoso, quando era senador pelo MDB, costumava dizer, da tribuna, todas as vezes que o então presidente José Sarney saía do Brasil: “a crise viajou”. Com isso, o político pretendia ligar diretamente à pessoa do primeiro presidente da República eleito, depois da redemocratização, as seguidas crises que aconteciam naqueles anos no governo Sarney (1985-1990).

Embora a frase tenha ficado injustamente famosa, ao imputar ao governo Sarney a avalanche de crises que ocorriam, numa época em que ambiente político se encontrava totalmente confuso, com a sociedade civil e o Estado procurando se acertar depois de mais de duas décadas de governos militares, o fato é que nossos presidentes, desde 1889, são sempre associados como princípio e fim das instabilidades políticas. Isso decorre das características sui generis de nosso sistema presidencial, centralizador, com doses de um personalismo anacrônico, herdado ainda do tempo da monarquia, quando os poderes e o próprio rei se fundiam numa só entidade de Estado.

Hoje, até de forma grotesca, essa mesma imagem voltou a ser, apropriadamente, associada ao atual governo. Só que com uma diferença básica: ao contrário dos demais presidentes, Bolsonaro tem, dia sim e outro também, chamado as crises para si, dando vulto exagerado a problemas que, em outras mãos, politicamente mais hábeis, passariam imperceptíveis. O presidente é hoje, na visão de dez em cada dez analistas, e mesmo na visão de muitos políticos veteranos, a origem e o destino das crises que surgem e vão se avolumando a cada dia à sua volta.

Contrariamente a outros presidentes, Bolsonaro passou a encontrar, nas crises que dá vida, um mote e uma estratégia para seguir governando, enquanto se mantém como centro das atenções. O problema com essa tática bipolar, que para outros representaria um suicídio político, é que ela expõe a nudez de um governo que, apesar de vários projetos em andamento, parece não ter sido iniciado ainda. As consequências negativas dessa performance vão aparecendo dentro e fora do País.

Para alguns, esse modo pouco litúrgico de agir na presidência pode resultar, num momento derradeiro, na construção de um enorme labirinto a aprisionar todos igualmente. Enquanto procura a estrada por onde encaminhar seu governo, sem que o barulho externo atrapalhe, os efeitos nefastos seguem encolhendo as oportunidades e fechando portas ao Brasil.

O governo da Holanda comunicou, agora, que seu país não irá apoiar os acordos firmados entre o Mercosul e a União Europeia, o que pode render grande prejuízos a todos nós. No caso de a crise econômica mundial ganhar contornos mais sérios, depois da pandemia, os analistas de mercado acreditam que, dificilmente, o Brasil atrairá a atenção de novos capitais. Empresas estrangeiras, que passaram a buscar uma imagem de interação harmônica com o meio ambiente, também vão se afastando do Brasil, que é visto hoje, no exterior, como um pária na questão ambiental. Isso talvez explique, em parte, porque a “crise” não tem viajado como fazia com outros presidentes no passado, o que tem levado muitos a afirmar que a “crise” está hoje em quarentena entre os Palácios do Planalto e da Alvorada.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“O justo é o primeiro acusador de si próprio.”

L.de Tobiás, jurista francês

 

Gratidão

É preciso registrar elogios também. Um deles é da família de um rapaz que teve o cérebro operado. Ele foi atendido no Hospital de Base. Garoto novo, alegre, responsável, de repente é surpreendido com a necessidade dessa cirurgia. Dois dias depois já está totalmente recuperado. A família agradece, principalmente, pelo atendimento humanizado, tão importante para a recuperação quanto a competência médica. Desde o apoio de uma equipe de psicólogos, ao funcionário da limpeza que dá bom dia com um sorriso.

Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília-20.6.2017

 

Uber eats

Não adianta reclamar. Se esqueceu de mudar o endereço da entrega de casa para o trabalho, a venda é cancelada e não há ressarcimento.

Foto: uber.com

 

R$600

Usuários do cartão dado pelo governo elogiam a tecnologia aplicada. Quando o contemplado for fazer uma compra, basta apontar o celular para um QR Code que o dinheiro é liberado para o pagamento.

 

Mão na massa

Estudantes e educadores da Universidade paulista, São Judas, reuniram-se para desenvolver uma série de materiais educativos para orientar e conscientizar a população leiga e profissionais da saúde sobre a importância de adotar medidas de prevenção e o uso de equipamentos de proteção individual em meio à pandemia do coronavírus. Os conteúdos estão disponíveis de forma gratuita por meio de Ebook, histórias em quadrinhos, site, vídeos, WhatsApp e redes sociais relacionadas a cada tema. Veja como é fácil acessar, a seguir.

–> São Judas desenvolve material educativo para leigos e profissionais em tempos de pandemia

A disseminação do conhecimento pode salvar vidas e contribuir para o desenvolvimento social

Os materiais abordarão diversos assuntos, como: critérios para sair e para chegar em casa, higienização das mãos, covid-19 em crianças, saúde mental no isolamento, cuidados com familiar contaminado dentro de casa, paramentação de profissionais, limpeza e armazenamento do EPI após uso e seu descarte, lesão por pressão causada pelo uso de EPI, saúde mental dos profissionais de saúde, dados do número de óbitos e afastamentos por coronavírus dos profissionais de saúde, entre outros.

“Diante do contexto em que estamos vivendo, nós, professores, resolvemos desenvolver dois projetos de extensão, cujos objetivos são de conscientizar a população leiga e os profissionais de saúde. Neste sentido, utilizamos como estratégia a produção e divulgação de materiais educativos e de autoria dos alunos das diversas áreas do conhecimento. Além disso, poder trabalhar em parceria com professores e com alunos de outras instituições da Ânima está sendo uma experiência inovadora. Estamos encantados com o empenho e a qualidade dos materiais desenvolvidos pelos alunos”, destaca Sara Rodrigues Rosado, professora de Enfermagem da São Judas.     

A ação, que começou com a iniciativa dos alunos e professores da São Judas, ganhou força e mobilizou integrantes da UniBH, Minas Gerais, e Unisociesc, Santa Catariana, que também fazem parte da Ânima Educação. Com isso, 14 educadores da enfermagem e 154 estudantes de diversas áreas das três instituições se dividiram em duas frentes: uma para desenvolver conteúdos direcionados a pessoas leigas e que tem dificuldades para entender o contexto atual e outra para profissionais que estão na linha de frente no combate ao COVID-19.

A aluna do curso de Enfermagem, Geovana Custodio da Silva, por exemplo, está produzindo material sobre as lesões por pressões causadas nos profissionais de saúde pelo uso dos equipamentos a longo prazo. “Pela primeira vez participo de um projeto de extensão e fiquei muito interessada pelo tema e proposta, creio que essa ação é rica em conhecimentos e informações. Eu como aluna da área da saúde, vejo nessa oportunidade uma forma de assegurar o máximo de conhecimento que irá, com certeza, contribuir para da minha formação profissional”, destaca Geovana.

Sobre a São Judas

Fundada em 1971, a São Judas é a segunda melhor universidade privada do estado de São Paulo, segundo o Ministério de Educação (MEC), com nota 4 de 5 no Índice Geral de Cursos (IGC). Com aproximadamente 33 mil alunos, a instituição combina qualidade e acessibilidade, tradição e inovação, com o uso de novas metodologias educacionais, laboratórios de aprendizagem integrada e programas de desenvolvimento de competências socioemocionais. Além disso, o aluno aprende na prática desde o primeiro dia de aula. 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

O problema merece mais estudos, merece solução humana sem deixar de ser enérgica para com os que invadem terras alheias. (Publicado em 09/01/1962)

Clique aqui – Desarmonia entre poderes

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Imagem: veja.abril.com

 

Das muitas reformas que o País necessita para um progressivo aperfeiçoamento e estabilidade de nossa democracia, uma em especial vai se mostrando a cada dia mais urgente e inadiável: o fim do instituto da reeleição para presidente da República. Trata-se de um debate que vem se arrastando por anos dentro do Congresso, por conta de resistências múltiplas, todas elas embasadas em estratégias políticas, mas que não encontram acolhida junto à sociedade, que quer ver resolvida essa questão o mais rapidamente possível.

É fato que a sociedade brasileira já identificou, na reeleição do chefe do Executivo, o ponto de maior instabilidade desse e de qualquer outro governo, desde a posse de Fernando Henrique Cardoso, o primeiro beneficiado com essa possibilidade, depois da aprovação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) em maio de 1997. FHC também experimentaria com essa medida um conjunto de dissabores de tal ordem que, direta ou indiretamente, acabaram por afetar negativamente seu segundo mandato e, de certa forma, aceleraria a chegada de Lula ao poder.

A PEC 376, que trata do assunto, vem se arrastando no parlamento desde 2009, quando tiveram início as discussões sobre a reforma política. Acontece que todos os presidentes da República em primeiro mandato usam, invariavelmente, da força e da influência política que possuem no Congresso para empurrar essa discussão para frente, para o próximo candidato, e com isso o tema permanece sendo adiado sine die, prolongando também as agruras e as instabilidades políticas. Há exatamente um ano, o relatório dessa PEC era aprovado na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, mas por pressão dos líderes e do próprio governo.

Antes da eleição, a exemplo de outros presidentes, o candidato Jair Bolsonaro defendia o fim da reeleição. Depois de empossado, contudo, passou a trabalhar, desde o primeiro dia de mandato, e com afinco, para reeleger-se e não esconde isso de ninguém, E é aí que mora o problema. A PEC em tramitação propõe acabar com a reeleição para todos os cargos do Executivo – presidente, governadores e prefeitos –, aumentando de quatro para cinco anos os respectivos mandatos. Com a pandemia e a quarentena, imposta a tudo e a todos, ficou mais fácil, nesse momento, voltar a discussão também sobre a unificação das eleições gerais e municipais, bastando apenas prolongar os mandatos dos prefeitos para que coincidam com as próximas eleições.

Mas, mesmo esse tema, que vem sendo discutido há mais de dez anos dentro Congresso, não encontra unanimidade. Ao limitar os mandatos do Poder Executivo em cinco anos sem reeleição, o presidente da República não mais dispenderia esforços, tempo e recursos em busca de um novo mandato, concentrando sua atenção e atuação no presente, deixando o futuro e as incertezas para os candidatos vindouros.

Passadas mais de duas décadas da inclusão do instituto da reeleição na Constituição Federal brasileira, a percepção geral sobre essa matéria é que ela, por suas características e pelo modelo de presidencialismo do tipo coalização que possuímos, tem sido prejudicial à própria democracia, desvirtuando os mecanismos de eleições, favorecendo candidatos no poder, criando um clima de animosidade, cada vez maior, nas disputas entre outros malefícios para nossa democracia.

O uso claro da máquina pública, apesar da legislação, é outro fator a desmerecer esse instituto que, para muitos, não apenas compromete a moralidade pública, como também influi negativamente na probidade administrativa, na igualdade dos pleitos, contribuindo ainda para o abuso do poder econômico e de autoridade, além de obstruir a renovação necessária dos quadros políticos.

 

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Tenho visto óperas na Inglaterra e na Itália; são os mesmos enredos com os mesmos atores: mas a mesma música produz efeitos tão díspares nos habitantes dessas duas nações que parece inconcebível – uma delas tão calma, a outra tão entusiástica(…) Um moscovita precisa ser chicoteado para que comece a sentir qualquer coisa.”

Montesquieu foi um político, filósofo e escritor francês.

Reprodução da Internet

 

Solidariedade

Dia 6, nesse sábado, a Confraria Panelas da Casa, em parceria com a Cervejaria Colombina e a Pulso Distribuidora, fará um evento beneficente em prol dos trabalhadores do setor de bares, lanchonetes e restaurantes do Distrito Federal. Ao todo, doze restaurantes da capital serão pontos de troca para arrecadar alimentos não perecíveis que serão destinados para os funcionários mais necessitados das unidades fechadas devido à pandemia causada pelo novo coronavírus. Veja a lista dos pontos de entrega a seguir.

Cartaz publicado no perfil oficial do Panelas da Casa no Instagram

–> Atenção Brasília, vai rolar Chopp Solidário Colombina em parceria com o Festival Panelas da Casa! A ação tem como objetivo arrecadar alimentos para os funcionários de Bares e Restaurantes, categoria que esta enfrentando grandes dificuldades no cenário atual de isolamento social. A cada 2kg de alimentos não perecíveis (exceto sal) doados, o participante receberá 1 litro de chope Colombina, enquanto durar o estoque.

Drive Thru
Data: 06/06
Horário: 10h às 16h
Pontos de Troca:
1- El Paso – CLS 404
2- Cantucci – CLN 403
3- Carpe Diem – CLS 104
4 – Santé – CLN 413
5- Bem te vi – CLS 408
6 – Marvin – CLN 110
7 – Dona Lenha – CLS 202
8- Nossa Cozinha Bistrô – CLN 402
9 – Grano & Oliva – CLN 403
10- Dom Francisco – CLS 402
11 – Belini Pães e Gastronomia – CLS 113
12- The Plant – CLS 103

Apoio: Panelas da Casa e SESCHOC

*Limite de 2 Litros por CPF
* Não aceitaremos sal

 

Demais

Sobra liberdade nos supermercados. Os preços alcançam números inviáveis. No Extra, a marca mais conhecida do arroz alcança R$20. Seja crise econômica, crise elétrica, crise de caminhoneiros, pandemia, qualquer má notícia termina no bolso do cidadão.

 

A migração

Leia na íntegra, a seguir, as ponderações do professor Aylê-Salassié F. Quintão sobre o tempo em que a Educação à distância engole a escola presencial. “Cinco anos depois de ser demitido do quadro docente de uma universidade, onde havia sido professor por 15 anos, ao retornar ao campus, à convite, para receber uma homenagem, alguém me consultou se eu estaria disposto a voltar. Minha resposta foi rápida e rasteira”, diz o professor, instigando o leitor.

Aylê-Salassié F. Quintão. Foto: camara.leg

–> Educação à distância está engolindo a escola presencial

Aylê-Salassié F. Quintão*

Cinco anos depois de ser demitido do quadro docente de uma universidade onde havia  sido professor por 15 anos , ao retornar ao campus , à convite, para receber uma homenagem,  alguém me consultou, se estaria disposto a voltar . Minha resposta foi rápida e rasteira:

– Não.

– Por quê!

– É uma questão de “time” (momento adequado)

A sala de aula não era mais o meu lugar. Não que  estivesse zangado ou que me sentisse mais importante. Acabava de escrever o livro “Rupturas”, mostrando mudanças estruturais que estavam ocorrendo, na educação inclusive.  Concluíra que era ainda um analógico. Irritava-me ver os alunos  manuseando telefones celulares em sala ou fotografando os conteúdos inscritos no quadro ou projetados em power point.

Descobri que gente de fora da classe presencial assistia minhas aulas, em tempo real, por meio  da internet e, sem constrangimento, até davam palpites sobre o conteúdo. A demissão fora um prêmio. Desafogara a ansiedade – vinda dos “tempos brabos” da vigilância policial –  e, com a indenização trabalhista  reforcei meu caixa, que estava baixo.

Ora, essa pandemia e esses debates inócuos promovidos, dentro do Aparelho de Estado, é enganação. Tentativas de desviar a atenção de um cenário desafiador , que tende a afetar as estruturas de Poder, as rotinas sociais e as políticas públicas. A educação não será exceção. Não se resumirá às tentativas de  descobrir soluções para finalizar o calendário de 2020, mas para o que virá a partir de 2021. O convid 19 está ajudando a desmistificar alguns segredos protegidos no espaço do Estado e, particularmente, na educação brasileira

Metade, pelo menos, do corpo docente das escolas de nível superior não sabe manusear as ferramentas digitais que estão desembarcando por aqui.  Em razão das novas  tecnologias, as demandas pedagógicas passam a requerer  outros conhecimentos , novas estratégias e habilidades compatíveis com o desenvolvimento do sistema produtivo e das relações na sociedade. Convive-se no meio acadêmico brasileiro com um tipo de aristocracia aburguesada que fetichiza a ideia de  que a universidade destina-se  preparar massa crítica de professores e pesquisadores , e não profissionais para o mercado de trabalho.

 A partir de 2021, essa questão vai ter de ser repensada –  e  desde o ensino médio – a exemplo da velha reforma do ensino de 1º e 2º graus, feita sob encomenda para atender ao Programa Nuclear Brasileiro, que introduziu novas tecnologias e habilitações específicas de alta qualificação .

Caiamos na real. O corona vírus tirou a economia da  ilusória  trajetória da recuperação. Os produtos agrícolas estão voltando  à liderança, registrando-se, ao contrário, quedas significativas na produção industrial e dos serviços.  Projeta-se , para 2020, uma redução do Produto Interno Bruto do Brasil entre 6 à 7 % (Fundação Getúlio Vargas) e, para o 2º semestre, de 12 a 16 % (Bancos Goldman Sachs, UBS, XP Investimentos). Até o Itaú está calculando menos 10,6%.  Last but not least, a dívida bruta  de governo  ( União , estados e municípios) vai atingir este ano o patamar de 79,7 % do PIB, conforme previsões do Banco Central  . Por menos , muitos quebraram.

Isso tudo vai refletir na educação e revelar distorções históricas ( injustiças e privilégios) que os discursos ideológicos escondem da sociedade. Em que pese o véu das cotas  para pessoas de cor, indígenas e deficientes, as universidades públicas continuam a abrigar  uma maioria de estudantes originários das categorias de renda mais alta – acessam à internet, os smartphones o Whats App e outras tecnologias – e que, por isso, não tiveram o semestre interrompido, senão algumas disciplinas. As aulas são on line.

Os estudantes filhos de famílias mais humildes utilizam, no máximo, um telefone celular sem aplicativos adequados. O preço dos equipamentos os deixam de fora. De acordo com a Anatel, existem no Brasil ainda 70 milhões de pessoas com acesso precário ou sem acesso à Internet. Cerca de 23 milhões nunca chegaram lá. Nem sabem o que são redes de conexão digital. Considerada a renda familiar, somam 59 milhões. No meio rural são 56 milhões. Trinta  milhões ainda usam tecnologias 2G. Observe-se que estamos entrando na 5G.    

As diferenças vão refletir cada vez mais no seletivo mercado de trabalho e nas relações sociais, gerando instabilidades e conflitos inesperados. Esse caminho começa a ser traçado no ensino médio, com a educação primorosa nos onerosos colégios particulares e cursinhos frequentados pelos ricos. Apenas 8% dos alunos do ensino médio estão matriculados em programas vocacionais.

A universidade inverte essa equação. São 8 milhões de estudantes, mas a ociosidade está perto de 40 por cento. A evasão também . Enquanto isso o ensino superior à distância (EAD) cresceu, desde o seu aparecimento, há 15 anos, em 2.000 por cento: pulou de 100 mil para dois milhões de estudantes , e oferece mais vagas dos que as escolas presenciais.

O que se pode esperar da volta às aulas presenciais ? Um aumento da reprovação dos mais pobres e uma deserção em massa  de quem paga para estudar.  Quem for brasileiro siga o raciocínio – meio catastrófico, sim – mas não se deixe ser surpreendido.

*Jornalista e professor

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Já está na hora de a Novacap reaver as chácaras distribuídas injustamente á quem não quer nada com a terra. O que é fato, enquanto muita gente mora no Rio possui chácaras em Brasília, sem produção, candangos desesperados cometem excesso e invadem a área do cinturão verde do Distrito Federa. (Publicado em 09/01/1962)

Clique aqui – A democracia atada num pau-de-arara

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Foto: reprodução do site Yahoo

 

No longo roteiro seguido pelos governos venezuelanos de Hugo Chaves e de Nicolás Maduro até a implantação total da ditadura farsesca e sanguinária naquele país, eram frequentes os episódios de perseguição e ameaça a uma parcela da imprensa que se mostrava crítica e temerosa sobre o desenrolar dos acontecimentos. Vieram  num crescendo que prenunciava, seguramente, que o ovo da serpente, que vinha sendo chocado por etapas, já se encontrava prestes a romper. Vale lembrar que os episódios divulgados eram de chocar o mundo.

Enquanto a população passava fome, Maduro, nababescamente, fartava-se em restaurantes que cobravam o que grande parte do seu povo não tinha condições de ter nem por anos de trabalho. Hugo Chaves, em duas décadas de liderança, pautadas na revolução bolivariana, deixou pegadas da corrupção de seu governo com cifras divulgadas pela mídia, que beiravam 450 bilhões de dólares.

No início, as ameaças vindas desses dois déspotas eram feitas de modo velado, procurando criar o medo entre os jornalistas e o temor de que, a qualquer momento, algo de ruim iria acontecer com eles ou com seus familiares. Depois, essas intimidações passaram a ser executadas, colocando os mecanismos de controle do Estado para esmiuçar e perseguir a vida pregressa de jornalistas e de empresários da comunicação.

O fisco daquele país e os órgãos de inteligência eram direcionados para espionar cada movimento desses profissionais, enquanto os ratos roíam as roupas da população desesperada. Empreendiam escutas telefônicas, seguiam os profissionais da comunicação pela cidade e, não raramente, se deixavam mostrar que estavam realizando todo esse trabalho sujo e que nada adiantaria procurar proteção contra essas invasões de intimidade.

Acuados, restavam aos jornalistas mais corajosos recorrerem às organizações internacionais de imprensa e às cortes estrangeiras para cessar essas ameaças à integridade de cada um. Tudo em vão. Não havia nada a fazer, a não ser protestar e ouvir do governo que essas ameaças simplesmente não existiam, sendo fruto da imaginação fértil daqueles que escreviam.

Passou-se a uma fase posterior mais aberta e descarada, em que as ameaças se convertiam em agressões físicas e ao patrimônio dos jornalistas. Na sequência, os poucos que ainda resistiam em nome da liberdade de imprensa perdida, mas não olvidada, as agressões se consumaram em prisões, desaparecimentos e mortes. Para dar um verniz natural para aquilo que nunca será natural e aceito, o governo facínora plantava, no meio da população, a narrativa de que aqueles que haviam sido presos, desaparecidos ou mesmo mortos em acidentes foram por escolha própria, porque ousaram difamar a pátria e seus mais altos valores.

A fim de criar um ambiente favorável às medidas duríssimas que impunha ao que restou de imprensa crítica, o governo venezuelano insuflava a população contra esses profissionais, mentindo e propagandeando que eles faziam parte de uma elite que planejava destruir o país e o governo popular. Aliás, a mentira é a palavra-chave, enxertos em textos alheios também funcionavam como cerceamento à liberdade de imprensa. Essas eram as estratégias mais viáveis, enquanto a corrupção continuava a passos gigantescos.

Esses dois ditadores, suspeitos de serem alguns dos maiores corruptos que a América do Sul já abrigou, incitavam a população inculta e fervorosa a atacar os jornalistas e qualquer órgão de imprensa que ousasse tecer comentários sobre a real situação do país, escondida de todos por longos discursos diários, repletos de ilusões e fantasias. A história conta que os déspotas roubavam, matavam e destruíam.

Jornais, canais de televisão e rádios independentes foram depredados, seus proprietários, presos ou exilados. Propriedades foram confiscadas. A imprensa livre, simplesmente, desapareceu do horizonte. Obviamente que todo esse roteiro de horror seguiu o receituário prescrito pelos milhares de consultores, importados de Cuba, que passaram a ensinar, aos novos tiranos do continente, os mecanismos para colocarem um fim na diversidade de opinião, tão nefasta àqueles que almejam a tirania de um Estado absoluto. Nada diferente do que já foi perpetrado contra outros povos, em outros tempos, e que resultaram no banho de sangue que se seguiu.

Já no Brasil, país sui generis, o corte abrupto da corrupção tem catalisado o ódio, a revanche e até facada. Até agora nada disso deu certo.

 

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Curar a doença britânica com socialismo era como tentar curar leucemia com sanguessugas”.

Margaret Thatcher, ex-primeira ministra britânica

Margaret Thatcher. Foto: britannica.com

 

Lembranças

Maria do Barro foi secretária de Ação Social na década de 80. Uma mulher que marcou a vida de muita gente pela forma com que trabalhava. Quem precisava de tijolos ajudava a fazer as telhas. Se pedisse telhas a ela, era convidado a ajudar na horta comunitária. Todos se sentiam úteis, necessários e capazes. Descobrimos um vídeo simples, feito pelos que conviveram com essa mulher extraordinária. Assista o vídeo a seguir.

 

Da capital

Campus Party em Brasília será o centro brasileiro da primeira edição online. Dessa vez, o maior evento de tecnologia e conectividade terá mais de 30 países acompanhando virtualmente as atividades.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Mesmo depois do escândalo, mesmo depois do roubo, a Novacap ainda não instalou as câmaras frigorificas no Supermercado UV-2. (Publicado em 08/01/1962)

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Charge compartilhada no perfil oficial do deputado federal Kim Kataguiri no Instagram

 

Fôssemos qualificar os homens públicos brasileiros, numa escala de valores que incluíssem, além dos atributos éticos da temperança, o respeito devido a todos os cidadãos, tomando como parâmetro apenas o que dissessem em determinadas oportunidades, o quadro seria desolador, para dizer o mínimo. Frases e outras afirmações, feitas ao acaso, utilizando, para isso, apenas os músculos que movem a língua, sem o uso do cérebro ou de outros mecanismos do juízo, denotam não só a ausência de uma boa formação moral na maioria de nossos homens públicos, mas, sobretudo, de uma tendência que certifica que a nossa classe política tem sido normalmente recrutada entre aqueles brasileiros refratários aos mais elementares princípios éticos.

Esses chamados “deslizes verbais”, tão recorrentes hoje em dia, muito mais do que aparentemente frases lançadas a ermo contra o bom senso, traduzem um jeitinho muito próprio com que esses personagens agem no dia a dia no desempenho de suas funções. Na verdade, essas diatribes, destrambelhadas e repletas de abobrinhas, acabam revelando a verdadeira essência de seus emissores. São o que são e expõem isso, mesmo que não percebam, em suas falas toscas.

A lista contendo essas parvoíces, oficiais ou não, é imensa e daria para preencher bibliotecas volumosas. Fossem esses maldizeres apenas elementos para compor o imenso anedotário da política nacional, ainda assim seria um sinal de que os brasileiros têm sido, por séculos, regidos por mãos erradas, acionadas por cérebros vadios. Ocorre que, por detrás dessa pretensa inocência que deixa escapar frases ao léu, a revelar um conteúdo de poucas letras e de rudeza espiritual, escondem-se as figuras que não passam de maus gestores, alçados ao poder nas muitas encruzilhadas históricas que o Brasil encontra pela frente e que, não raro, infelicitam a nação.

Tomando como exemplo alguns desses deslizes verborrágicos mais recentes, e à guisa de comprovação do que foi dito acima, duas lideranças, uma do passado e outra do presente, ganharam, mais uma vez, nesta semana, as manchetes dos noticiários de todo o país com suas pérolas falsas. Lula, o ex-presidente presidiário, numa eterna luta entre uma língua rápida e um cérebro capenga, afirmou, com todas as letras que: “Ainda bem que a natureza criou o monstro do Coronavírus”. Sobre essa fala, e conhecendo como os brasileiros conhecem seu autor, não vale nem a pena analisar, apenas serve como ilustração de que esse deslize vocal revela bem quem proferiu tamanha sandice.

Outra frase, das muitas que têm sido ditas de modo dissociado entre cérebro e língua pelo atual presidente Jair Bolsonaro, na mais recente, ele voltou a brincar com a coisa séria que é a pandemia, dizendo que o pessoal de direita deve tomar a Cloroquina e o de esquerda, Tubaína. Nesse caso também e dada a recorrência com que frases do tipo “E daí?” são proferidas em momentos de grande agonia mundial.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Muitas vezes, nos arrependemos de ter falado, mas nenhuma de ter calado.”

Simónides de Ceos, foi um poeta grego, o maior autor de epigramas do período arcaico. (556 a.C. — 468 a.C.)

 

Dengue

Aumentam, assustadoramente, os casos em diversas regiões do DF. O governo do Distrito Federal iniciou uma força tarefa e já inspecionou mais de 34 mil imóveis e 72 mil depósitos no combate à dengue. Os agentes retiraram entulhos, verificaram focos e trataram 4.480 imóveis em 8.501.

Foto: agenciabrasilia.df.gov

 

Motos

Moradores do CA no Lago Norte e de outras regiões, com restaurantes com entrega em domicílio, reclamam das motos com escapamento manipulado. O barulho é ensurdecedor e constante. Hora de o Detran agir novamente.

Foto: Divulgação / Detran-DF

 

BRA-SIL separado

Oposição e entidades entram com pedido coletivo de impeachment do presidente Bolsonaro. “O Brasil é o único barco do mundo que enfrenta o maremoto do Coronavírus com os tripulantes brigando entre eles. Não é hora de pensar no que o Brasil pode fazer por você.” Foi mais ou menos isso o que disse o ministro Paulo Guedes, em uma entrevista, com toda propriedade.

Representantes dos partidos entregaram o pedido na Câmara dos Deputados
Foto: Agência Câmara de Notícias

 

Máscaras

Distribuição de máscaras hoje em todos os terminais rodoviários e em todas as estações do Metrô. Ainda, de forma itinerante, nas regiões e proximidades de Ceilândia, Taguatinga, Cruzeiro, Sudoeste, Octogonal, Sobradinho, Fercal, Planaltina, Samambaia, Águas Claras, Vicente Pires, Recanto das Emas, Riacho Fundo I, Riacho Fundo II.

Foto: Semob

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

O posto policial nas áreas verdes das superquadras trouxe um mal que vai se agravar na época da poeira: é o trânsito de carros em local não permitido. A W-1 é interrompida, mesmo, de acordo com o Plano da Cidade. (Publicado em 07/01/1962)

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Flávio Bolsonaro, Alexandre Campello, Jair Bolsonaro, Rodolfo Landim e o diretor de marketing do Flamengo, Alexsander Santos — Foto: Reprodução (globoesporte.globo.com)

 

Nesses tempos de crises agudas, dentre as diversas e graves questões que vão sendo postas diante dos brasileiros e depois de tudo o que se tem visto até aqui com relação ao desempenho do atual governo, um fato vem chamando a atenção de todos: a incapacidade pessoal do atual ocupante do Palácio do Planalto para exercer tarefa de tão grande relevância, ainda mais em um momento tão delicado para o País.

Nessa altura dos acontecimentos, dado o volume de problemas que se anunciam, pouco ajudaria ao país o encurtamento, por vias constitucionais, do mandato do atual presidente. Nem é papel da imprensa empreender movimentos nesse sentido, ocupando trincheiras da oposição, sobretudo num país onde é notório o niilismo irresponsável da imensa maioria dos oponentes políticos.

Essa incapacidade pessoal de conduzir o governo conforme os requisitos mínimos de postura e de liturgia do cargo, desse e de outros presidentes que o precederam, decorre e expõe, de forma trágica, nosso modelo de democracia, baseado em aspectos culturais que se fincam nos atributos apontados pelo historiador Sérgio Buarque de Holanda, em “Raízes do Brasil”.

De fato, nenhum outro presidente da República exemplificou, de forma tão precisa, o conceito de cordialidade, conforme descrita nessa obra de 1936. À guisa de ilustração, é preciso deixar claro o que se entende por “homem cordial”. De acordo com um dos maiores intelectuais brasileiros, Antônio Cândido (1918-2017), “o homem cordial não pressupõe bondade, mas somente o predomínio dos comportamentos de aparência afetiva, inclusive suas manifestações externas, não necessariamente sinceras nem profundas, que se opõem aos ritualismos da polidez. O homem cordial é visceralmente inadequado às relações impessoais que decorrem da posição e da função do indivíduo, e não da sua marca pessoal e familiar, das afinidades nascidas na intimidade dos grupos primários”. O atual presidente é, quase um século depois dessa análise sociológica, a personificação acabada do homem cordial.

Nesse ponto, é preciso salientar ainda que, dentre as questões que vão sendo postas acerca do desempenho do atual presidente, é preciso notar ainda que a Constituição, apesar de seu conteúdo prolixo, não poderia abrir espaços para discorrer sobre a postura pessoal necessária que seria exigida para o ocupante a cargo tão relevante. Apenas no sentido de apontar algumas tarefas cruciais e necessárias nesse momento de pandemia que caberiam a um governante, que tem ouvidos abertos aos bons conselhos, é preciso destacar que, em primeiro lugar, estaria a disposição de ouvir mais do que expor ideias apressadas. Para tanto, caberia a esse governo, apenas como exemplo, percorrer o país de norte a sul, com um grupo formado de especialistas em várias áreas, para tomar ciência das diversas situações in loco, tomando medidas imediatas e em consonância com a realidade de cada ponto visitado e à vista de todos os envolvidos.

Nada dessas medidas básicas foram adotadas. O presidente, durante todo o desenrolar da crise, ficou retido em seu gabinete, enquanto poderia se postar como chefe da nação, visitando hospitais, vendo a realidade do norte ao sul do país.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“As eleições comunistas são corridas de um cavalo só.”

Clement Attlee, que sucedeu a Winston Churchill como primeiro-ministro, após a derrota dos conservadores para o Partido Trabalhista nas eleições de maio de 1945.

Clement Attlee (wikipedia.org)

  

Parceria

Um pouco de Muitos – Memorizando, de Alencar Furtado, é uma das fontes de frases colhidas com todo o cuidado para os nossos leitores.

Foto: davidarioch.com

 

Bom ministro

Pena que os senadores provavelmente não tenham assistido a entrevista na CNN do ministro Abraham Weintraub, sobre as consequências de adiar a prova do Enem. Há muita coisa por trás desse adiamento e não é preocupação com os pobres. Veja a íntegra da entrevista no blog do Ari Cunha.

 

Utopia?

Essa dinheirama prometida aos estados e municípios só tem um destino seguro: o Portal da Transparência. Assim caberia, à própria população, acompanhar quanto seu estado ou município recebeu e onde foi aplicado o dinheiro. Usar a ferramenta do Portal da Transparência tendo o contribuinte como auditor parece uma ideia infalível.

Hospital de campanha no complexo do Maracanã. Foto: Fábio Motta (oglobo.com)

 

Solução

Tristeza geral a privação da alegria das festas juninas, onde a comunidade se reúne para saborear alimentos caseiros feitos com carinho. Outras regiões administrativas podem adotar a ideia da comunidade do Lago Norte, da igreja comandada pelo padre Norbey. Será uma festa online. Veja mais em Paróquia de Brasília realiza primeira festa junina on-line e adquira seu ingresso no site www.acessoingresso.com.br.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

No emplacamento de 62 esperamos que os taxis só sejam licenciados se possuírem taxímetro. É que está havendo abuso demais dos motoristas de praça na cobrança das corridas. (Publicado em 07/01/1962)

Clique aqui – “Confidências ao general Mourão”

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Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

 

Sem a sensibilidade das mais altas autoridades, como tem sido largamente apregoado, será impossível superar a grave situação vivida pelo Brasil. Com essas correções pontuais ao texto do vice-presidente da República, Hamilton Mourão, esse espaço humildemente se propõe a colocar numa ordem de coerência, dentro do que está por demais visto, o texto publicado nessa semana sob o título: “Limites e responsabilidades”.

De antemão, já é conhecido o exercício hercúleo que o general vem empreendendo, no espaço que lhe cabe, para recolocar o capitão reincidente e indisciplinado de volta à linha do bom senso e do comedimento. Está claro que a pandemia é um somatório de questões que vai da saúde, por seus efeitos sociais, atinge a área econômica, pela paralisação das atividades, chegando, na visão de Mourão, a alcançar a área da segurança, pelos reflexos que possivelmente trarão no aumento da violência, nas suas mais variadas formas.

Por isso mesmo é sistêmica. Mas ao contrário do que imagina o autor do texto, ela pesa sobretudo a um Poder em especial e, por uma razão até prosaica, nosso modelo de República de viés imperial. Jair Bolsonaro, ou a Constituição em pessoa, como ele se reconhece, confessa essa contradição de nosso federalismo e, por diversos meios, tem feito um exercício frustrado para enquadrar os governadores ao seu modo de governar. Ao contrário do que o senhor, a priori, imagina, a pandemia provocada pela Covid-19 não é, em sua essência, uma crise política. É isso sim uma crise de saúde pública e de gestão restrita à área de saúde. Também não pode ser combatida apenas pela ação do Estado, como tem sido largamente confirmada pela ação beneficente de empresas da iniciativa privada e pelos movimentos sociais de solidariedade existentes em muitas comunidades.

Talvez seja essa ideia de centralismo que tem dificultado uma ação mais coordenada por parte do Estado. O coronavírus encontrou, no Brasil, terreno propício para transmutar-se, evoluindo de organismo patogênico para uma enfermidade política sem precedentes. É fato que parecemos estar indo rumo ao caos por fatores que, diferentemente do que o senhor acredita, tem como sua origem centrada e conhecida por todos. É ainda um fato que o radicalismo desses tempos e sua filha predileta, a polarização extremada, foge das mesas de negociação e dos diálogos.

Por certo, a imprensa, com todo o poder que a comunicação lhe outorga, necessita, até constantemente, rever procedimentos, mas sem nunca abdicar da realidade, dos parâmetros racionais e até científicos, como tem sido o caso em muitos relatos. É também um fato triste a constatação de que vivemos tempos de degradação do conhecimento político, por parte daqueles que deveriam usá-lo de maneira responsável, e isso serve para todos indistintamente, a começar pelo presidente da República, o maestro e, afinal, responsável nesse momento pela grande orquestra desafinada que é o Brasil.

Ninguém pode contestar que, desde a promulgação da Carta de 88, os três Poderes vêm atropelando-se uns aos outros e isso denota, mais uma vez, os modelo tanto eleitoral quanto de indicação para as cortes. No entanto, é preciso ir com calma com relação ao desempenho do Ministério Público, de fato um grande avanço trazido pela Constituição, mas que o modelo centralizador de indicação dos procuradores vem deturpando.

Infelizmente, sob o ponto de vista da história do Brasil, a proclamação da República, como golpe efetuado contra a Monarquia Constitucional, não conseguiu depois de séculos levar o Brasil a um bom porto, o que tem custado muito caro ao País e à sua população. Também o prejuízo à imagem do Brasil no exterior, um fenômeno tão antigo quanto o país, vem sendo, sobremaneira, aumentado pelo desempenho confuso do atual governo.

É bem verdade que os governos passados muito mal fizeram aos brasileiros, sobretudo aqueles de esquerda, capitaneados por Lula e seus postes. Mas eles tiveram ao menos a esperteza de silenciar diante do que acontecia, o que dava a impressão de que faziam alguma coisa. O senhor, melhor do que ninguém, sabe que os efeitos de paralisação da economia, provocados pela pandemia, têm aspectos que vão desde a saúde da população a uma disputa política acirrada entre os diversos personagens em questão. Mas é fato também que o espírito belicoso e irascível do atual presidente, avesso a entendimentos, está na raiz desse problema. Por fim, nessa altura dos acontecimentos, é da concordância geral que fosse o senhor a liderar esse momento especial de crise, os desdobramentos positivos seriam outros e muitos mais necessários ao país.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Nenhuma coisa é mais própria do ofício de rei do que falar pouco e ouvir muito.”

Saavedra Fajardo, diplomata espanhol

Retrato de Diego Saavedra Fajardo, de Fernando Selma.                Imagem: wikipedia.org

 

Arte

Essa pandemia tocou direto na alma dos artistas. Atores, cantores, orquestras, poetas. Veja abaixo como fala a alma da prata da casa Adriana Bernardes. Crônicas e poemas para acalmar o juízo, como falaria o filósofo de Mondubim.

–> Desculpe a hora. Mas eu preciso te contar o que eu quero pra hoje. “…Quero dançar até o dia amanhecer!
Sentir o cheiro quente do perfume que exala do meu corpo misturado ao suor e à exaustão.
Sentar de frente pro mar, fechar meus olhos e esquecer do mundo!”.

Sabe o que mais quero pra hoje? Vem ver: O que eu quero pra hoje?

O blog: reboar.blogspot.com
Instagram: @rebo_ar

 

Iphan

Também ,a seguir, a manifestação recebida e assinada pelo Conselho Deliberativo do ICOMOS/Brasil sobre as recentes nomeações para a direção do IPHAN.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Não é só isto, porque um exemplo para as demais não será tão difícil, mas para fazer da Universidade de Brasília um verdadeiro centro de cultura e desenvolvimento do ensino superior, não é tarefa fácil. (Publicado em 07/01/1962)

A humanidade não deu certo

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Foto: Carolina Antunes/PR

 

Mais do que nunca, é preciso crer que para a atual secretária de cultura, Regina Duarte, a eterna namoradinha do Brasil, a morte do também ator Flávio Migliaccio deve ter calado fundo na sua alma, não apenas porque ambos dividiram o mesmo palco, atuando em algumas novelas de grande sucesso na televisão nessas últimas décadas, mas pelo fato de que hoje, quis o destino que cada um seguisse seu próprio caminho.

Para Migliaccio, a cortina de cena foi cerrada por um ato absoluto e brutal, daqueles capazes de colocar um ponto final no longo e tumultuoso trailer de nossas vidas. Daí por diante, resta apenas o silêncio do vazio. É preciso crer ainda que o silêncio oficial da atual executiva da equipe do governo Bolsonaro tenha sido, talvez, o melhor que se pode dizer num momento como esse. Talvez essa ausência de uma nota de lamento tenha sido provocada pelo choque da notícia, capaz de paralisar qualquer um. Ou talvez esse mutismo seja o que de mais verdadeiro possa existir na realidade do mundo atual em que estamos imersos até o pescoço.

Quem sabe até Regina e Flávio não se davam bem por detrás das câmeras. Vai saber. Talvez se gostassem sim. Na carta que endereçou a todos nós de forma direta, o ator que tinha entre suas maiores virtudes naturais o dom raríssimo do carisma e da empatia larga, característica fundamental a quem ganha a vida sobre o palco, chegou a triste conclusão de que a velhice nesse nosso país, como tudo de resto, é o caos.

Décadas atrás, a escritora Simone de Beauvoir já havia afirmado algo semelhante quando disse que a velhice é um naufrágio. Em meio a essa quarentena prolongada, em que as opções ficam entre as fronteiras do abismo ou na escolha entre falir ou falecer, Migliaccio deixa em sua carta derradeira sentença que assusta mais ainda. Quando escreveu, “ a humanidade não deu certo”. É difícil ter que engolir uma sentença como essa, ainda mais vinda de um indivíduo do alto de seus oitenta e cinco anos de experiência. De fato, dá para compreender o silêncio oficial da Secretária de Cultura.

Para aqueles que têm convivido com Regina, seu silêncio resulta de um medo que ela vem sentindo desde que assumiu esse novo personagem. Nessa sua nova interpretação, o medo de contrariar o chefe, de contradizer aqueles que a cercam é real. Muitos que a conhecem chegam a dizer que Regina está vivendo seu mais terrível e cáustico personagem, num dia a dia que vai lhe consumindo a alma pelas beiradas. Outros dizem até que ela já não sabe ao certo nem o que é e o que veio fazer nesse Planalto Central.

Aos poucos íntimos, ela tem confessado ter entrado numa fria, com o arrependimento de ter assumido algo que lhe parecia real e possível, mas que, de fato, é falso e sem remendo possível. Como disse seu antigo companheiro, em sua fala final e que ela podia muito bem usar para voltar à sua vida com a dignidade de sempre: “Me desculpem, mas não deu certo”, principalmente com “essa gente que acabei encontrando”.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Amar a humanidade é fácil. Difícil é amar os seres humanos.”

Kalman Shulman, autor russo, historiador e poeta.

Imagem que tem circulado na internet e nas redes sociais

 

Protesto

Mais uma vez, os contribuintes devem se preparar para as consequências da aprovação da PEC 10. No Art. 8º, há a permissão para que o Banco Central compre trilhões de papel podre da banca, transformando tudo em “Dívida Pública”. A denúncia é da auditoria cidadã.

Logo: auditoriacidada.org.br

 

Movimentos

Autoridades cobrem a boca ao cochichar no ouvido do outro porque já sabem que há os leitores labiais de prontidão. Geralmente eles têm alguma deficiência auditiva. Por isso, o uso das máscaras isolou essa fatia da população da possibilidade de compreender o que é dito. Nada que a criatividade não possa solucionar. Vejam que genial a solução para esse problema no link Ela criou máscaras para surdos e vai distribuí-las de graça.

Ashley Lawrence e sua mãe estão produzindo máscaras transparentes para que pessoas surdas possam se comunicar nos EUA

 

Aldir Blanc

Uma notícia atrás da outra, assuntos em repetição contínua e para quem sossega o pensamento para questionar, estudar, pesquisar, chega a conclusões diferentes. Aldir Blanc, ícone da música brasileira, morreu sem apoio de qualquer autoridade. Embaixador da música brasileira, pela arte, levou para o mundo a boa música, a poesia dos artistas de conteúdo. Estava debilitado, com pneumonia e problema nos rins. Segundo a própria filha, não morreu de Covid19.

–> “Oi, pessoal! Eu sou Isabel, filha de Aldir Blanc, ela está internado aqui no CER Leblon, na ala vermelha, e está precisando de uma vaga urgente na UTI. A gente veio para cá na sexta-feira com um quadro de infecção urinária e pneumonia leve, ele ontem (13), foi entubado porque esta pneumonia piorou. Segundo os médicos, ele não tem COVID (coronavírus) e a gente está precisando desta vaga urgente. Cada minuto que passa a situação dele se agrava se ele permanecer na sala vermelha e a gente está precisando desta vaga de UTI”, disse ela, em vídeo publicado na rede social.”

 

@FaelOficialBrasil

Campanha bandeira branca. A ideia de Rafael é que todas as pessoas que estiverem precisando de alimentos coloquem um pano branco na entrada de casa para que os doadores saibam quem ajudar. Veja o vídeo a seguir.

 

Pronto, falei

Em tempo. Quem é candango de verdade não compartilha a ideia de que candangos eram só os homens que trabalhavam na construção da cidade. Pioneiros e candangos. Isso sim. Brasiliense é uma imposição de recém-chegados. Pioneiros e Candangos de verdade sabem qual era a especialidade do 9º andar do Distrital na década de 60.

Praça dos Três Poderes, Brasília – DF

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Atualmente, com a obra do Palácio Municipal, o Setor Gráfico, está invadido por dezenas de barracos. Mas é que eles iam construir os barracos na pista norte do Eixo Monumental, e a Asa Norte, que tem administração, não permitiram. (Publicado em 06/01/1962)

Outra facada, não!

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Charge: Rocha Arts

 

Uma corporação, como o próprio nome diz, reúne indivíduos que possuem, em comum, os mesmos ideais profissionais e, de certa forma, acabam compondo um só corpo agindo em conjunto organicamente, de tal forma que o pleno funcionamento do todo depende, de forma vital, do funcionamento de cada uma das partes, como num relógio suíço, onde cada engrenagem possui sua função e importância específicas. O mal funcionamento de qualquer uma de suas partes compromete o todo de modo irreparável.

As Forças Armadas, são nesse sentido, um exemplo claro de uma corporação em que todos, do soldado ao general, possuem cada um, uma importância e uma função específica, sem a qual o organismo, como um todo, não pode, sequer, existir. Sobre esse ponto, qualquer falha ou deslize de um dos seus membros põe a perder o funcionamento do conjunto, comprometendo seu desempenho ideal.

Não estranha que, em suas fileiras, não cheguem a ser raros, episódio em que membros dessa corporação são desligados do organismo à bem do conjunto, o que, em si, é até uma medida necessária. Da mesma forma que uma parte gangrenada do corpo humano é amputada para a sobrevivência do todo, o afastamento de indivíduos que não coadunam com as diretrizes de uma corporação constitui-se numa ação profilática e vital ao organismo. Até aí não há dúvidas.

Colocada dessa forma, e visto em outro contexto a situação, trazida até aqui pelo presidente Jair Bolsonaro, pela insistência com que mantém um ambiente de permanente crise institucional, talvez até como uma espécie de estratégia política às avessas, tem, com relação às Forças Armadas, um efeito potente, diferente e também nefasto a essa instituição permanente. Não apenas pelo fato de o atual presidente ser um ex-militar de carreira, colocado à margem da corporação, por circunstâncias distantes aos ideais de Caxias ou ao regimento do Exército, de onde provém.

O fato de um ex-militar chamar, para compor seu gabinete de governo, membros das Forças Armadas criou, necessariamente, entre ele e esses membros fardados, um elo e uma associação, que como um nó, fica difícil de separar. Assim é que o destino de um é, em larga medida, o destino do conjunto, nesse caso específico, as Forças Armadas. Bolsonaro e os militares, por livre vontade, possuem, nos episódios que vão se desenrolando nesse governo, um destino e um futuro comum. Não há como dissociar o político que chegou à presidência, por obra e graça das circunstâncias de uma encruzilhada fatídica, do restante do seu gabinete, composto, em sua parte principal, pelo pessoal do alto escalão das Forças Armadas.

Uma possível descida do atual governo, ao fundo do poço, numa crise sem precedentes, fato que muitos apontam como uma grande possibilidade, mas nós, como brasileiros torcemos para que isso não aconteça,  arrastará, irreversivelmente, consigo, toda a corporação, numa espécie de abraço de afogados, transmitindo a essa zelosa corporação, o vírus da inépcia e lançando de volta seu prestígio atual aos tempos da ditadura, numa fase de nossa história que, a duras penas, tem sido deixada para trás, como página virada.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“A vida/Consumida/Em cuidados/Escusados,/ E sujeita a desconcertos da ventura,/Não é vida vital,/mas morte pura.”

Camões, poeta português.

Foto: wikipedia.org

 

Indo bem

Médicos têm elogiado as iniciativas do governador Ibaneis, que tem tomado as precauções contra o Coronavírus sempre colocando a vida da cidade em um lugar importante. A ideia agora é aumentar os exames por drive thru para mapear a cidade com a indicação de novas providências.

Os profissionais da saúde usaram câmeras térmicas para os exames
(Foto: Ed Alves/CB/D.A Press)

 

Cultura

Mudar a cultura de um povo é tarefa hercúlea. Para uma população que até pouco tempo espirrava em direção às pessoas, sem a menor consideração, já é possível ver adolescentes que vendem pipoca no sinal, espirrar na dobra do braço. O uso de máscaras, também está aumentando visivelmente.

 

Ideia

Por falar em máscaras, o repúdio ao material médico chinês é grande. Inúmeras mensagens pelo WhatsApp pregam que ninguém use material chinês no rosto. Se há possibilidade de costurar sua máscara nos moldes de correta higiene, a ojeriza faz sentido. Seria bonito o governo brasileiro conclamar as costureiras de escolas de samba para fazer máscaras para os brasileiros. Veja orientações sobre o assunto no link Camadas de diferentes tecidos deixam máscara caseira 99% eficaz, diz estudo.

 

Imprensa

Criada para levar alimentos saudáveis e de qualidade às famílias e pessoas em situação de insegurança alimentar e nutricional, o programa Cesta Verde do Governo do Distrito Federal também contribui para o desenvolvimento e geração de renda entre milhares de produtores rurais no DF. Veja detalhes do assunto no link Cesta Verde garante renda a produtores rurais e leva alimento de qualidade às famílias.

Foto: Agência Brasília

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

O dono de uma padaria me mostrou uma nota da “Indústria Mineira de Moagem S.A.”, de uma partida de farinha para Brasília. Cobrava por saco a importância de Cr$ 1.877,00. (Publicado em 05/01/1962)

Chega de faturar com a fatura

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Charge do Cazo

 

Analistas que acompanham de perto o desenrolar da atual crise política, entre o Poder Executivo e Legislativo, vislumbram, entre as diversas possibilidades de desdobramento de mais esse período de instabilidade institucional, a união do Congresso em torno da ressurreição de projetos que tratam da adoção do parlamentarismo como modelo de governo. Essa seria, na visão de muitos políticos utilitaristas, um remédio do tipo oportuno, capaz de fazer cessar as tormentas cíclicas que abalam a harmonia entre os poderes. Examinado de perto e com mais vagar, essa estratégia traria, isso sim, o ingrediente que falta para detonar uma crise sem precedente e com resultados imprevistos. O que se observa, a partir dos bastidores, é que esses atritos vêm acontecendo como resultado da intromissão indevida e sistemática de uns poderes sobre os outros. Fenômeno dessa natureza vem ocorrendo, sintomaticamente, desde a promulgação da Carta de 88, o que faz supor que algum dispositivo contido na Constituição ou não está sendo acatado ao pé da letra, ou padece de maior clareza em sua interpretação.

De qualquer forma, essas crises cíclicas opondo os três Poderes da República parecem decorrer do desaparecimento paulatino das fronteiras legais e de atribuições entre essas instituições. À cada um conforme sua competência. Nas últimas décadas, não têm sido poucos os problemas de relacionamento entre os Poderes. Da politização da justiça, passando pela judicialização da política e indo até a confecção de medidas provisórias e decretos-leis, tudo tem contribuído para a desarmonia.

Esse imiscuir-se, tantas vezes cometidos entre os Poderes, tem sido uma regra e não uma exceção. Para a Psicologia, essa confusão de atribuições teria sua origem centrada num desvio de conduta de indivíduos com o ego demasiadamente inflado pela posição que momentaneamente ocupam nessas instituições, reforçadas pelas mordomias infinitas e inexplicáveis que lhes são postas ao alcance e que os fazem sentir diferentes dos demais mortais. Seja como for, um fato a reforçar essa tese é o pouco preparo, não apenas intelectual, mas inclusive moral, de algumas dessas chamadas lideranças colocadas em posições tão significantes para o país. O que esperar de um país que obriga um postulante ao cargo de porteiro de um ministério ter formação escolar, preparo técnico e uma ficha de antecedentes completamente limpa para ser apenas declarado apto ao cargo e não exige nada de pessoas que irão ocupar o topo da hierarquia da administração pública? Pelo sim, pelo não, notícias têm dado conta de que o presidente da Câmara dos Deputados está em visita oficial à Espanha, conversando com políticos locais e com o próprio Rei Felipe VI sobre parlamentarismo e as relações bilaterais entre aquele país e o Brasil, com uma postura digna de um verdadeiro primeiro-ministro.

Tudo isso depois de obrigar o Palácio do Planalto a entregar ao Legislativo R$ 30 bilhões do Orçamento para serem distribuídos pelos políticos a suas bases eleitorais e depois de garfar outros R$ 3 bilhões para gastos dos partidos com as campanhas. O parlamentarismo branco, enfiado goela abaixo do presidente Bolsonaro, vai, aos poucos, tornando-se a condição sine qua non e um ultimato dado ao chefe do Executivo. O presidencialismo de coalizão, desprezado por Bolsonaro, começa a cobrar o preço alto da fatura.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Seja a mudança que você deseja ver no mundo.”

Mahatma Gandhi, especialista em ética política

Foto: Rühe/ullstein bild/Getty Images

 

Sem explicação

Policiais penam com a falta de conservação do 4º Batalhão de Polícia Militar (Guará) e o 15º Batalhão de Polícia Militar (Estrutural). Na estrutural, nem banheiro feminino existe. No Guará, poderia ser melhor. Não dá para entender a razão de o Centro Olímpico estar jogado às traças. Aproveitaram o espaço para que o batalhão funcionasse ao lado da favela Santa Luzia.

 

Por quê?

Vídeo de Alessandro Loyola é um dos mais compartilhados das redes sociais. Veja a seguir.

 

Sumidade

Que surpresa agradável reencontrar a professora Lois Gretchen Fortune, doutora em Linguística pela Universidade de Brasília. Gretchen traduziu a Bíblia para o Karajá. Está aposentada, o que favoreceu com que ela se dedicasse mais à pesquisa sobre a linguística indígena, sua paixão.

 

Omissão

Por falar em Bíblia, veja o que diz o padre Luiz Fernando da Catedral de São Dimas em São José dos Campos, em sua homilia. Os fiéis o aplaudiram de pé. Confira a seguir.

 

Prevenção

Crianças de 6 a 12 anos, da rede pública, receberão cuidados ortodônticos, preventivos e interceptivos pelo menos 1 vez por ano. Os objetivos são melhorar o bem-estar psicológico, autoestima e melhorar a saúde bucal. Especialistas em ortodontia e cirurgiões dentistas farão a prevenção de irregularidades faciais e dentárias.

Foto: noticiasdobem.com

 

Boa pauta

Foi aprovado no Senado e encaminhado para a Câmara, o PLS796/2015 proposto pelo do senador Roberto Rocha (PSDB-MA), que dá estabilidade provisória no emprego para trabalhadora adotante.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Em meio a isto, o dr. Paulo Nogueira deu a explicação: é que estavam vindo das solenidades comemorativas da fixação do Núcleo Bandeirante. (Publicado em 16/12/1961)

A mais penosa e gratificante das reformas

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ARI CUNHA – In memoriam

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Timing, uma expressão da língua inglesa, ganhou, entre nós, um significado além daquela proposta pela palavra em sua origem. Entre os brasileiros, a expressão passou a significar aquele que age no tempo certo, em sintonia com as demandas do momento. Foi justamente o que aconteceu agora com a eleição de Jair Bolsonaro. Não se sabe se consciente dessa atitude ou não. O fato é que apresentou sua candidatura à presidência mesmo contra todas as probabilidades e contra a previsão dos principais órgãos de pesquisa de opinião e de grande parte da imprensa televisiva, radiofônica e impressa.

Venceu com um discurso direto e sem rodeios, falando exatamente o que os eleitores queriam ouvir naquele momento. Pode ser que os ventos mudem, mas até lá terá feito seu trabalho. Nesse sentido, Bolsonaro teve o timing preciso e se destacou dos demais concorrentes e quase sendo eleito ainda no primeiro turno.

Foto: Patrick Rodrigues / Agencia RBS

Se de certa forma foi uma vitória fácil e de baixo custo, o desafio que terá pela frente será ciclópico. Bolsonaro sabe, e já disse, que se falhar nessa missão, as chances do Partido dos Trabalhadores, ou mais precisamente o lulismo, retornar são imensas e ele voltará ainda mais assanhado e arrasador. O futuro presidente sabe também que serão feitas todas as tentativas possíveis, lícitas ou não, para desestruturar sua gestão nos próximos anos. É do seu conhecimento também que a imensa rejeição ao lulismo, empurrou boa parte do eleitorado ao encontro de sua pregação.

Dos enormes desafios que terá pela frente, um se destaca como o fundamental e que poderá garantir, inclusive, sua reeleição. Trata-se de uma tarefa por demais delicada e que pode acarretar muitas críticas e dissabores, mas que se faz premente, se quisermos, algum dia, ocupar um lugar de destaque no mundo das ciências. Para tanto, terá que contar com a assessoria dos melhores e mais bem preparados auxiliares.

A reforma das universidades públicas é hoje o maior e mais sensível desafio de todos. Já se sabe que o conhecimento científico é um dos principais referenciais de riqueza de uma nação. País rico é aquele que produz hoje ciência e tecnologia. O problema maior nesse caso, e mais urgente, é descontaminar ideologicamente as universidades públicas, livrando-as dos grilhões obtusos de uma esquerda anacrônica, que usa essas instituições como braços avançados de partidos radicais. Deixando claro que há exceções.

Quem visita hoje qualquer universidade pública no país se depara com o caos, com a depredação, com as invasões, com as paralisações constantes dos trabalhos, com alunos semianalfabetos que só sabem repetir refrães gastos e sem sentido.

Foto: aluizioamorim.blogspot.com

Ademais, é preciso reforçar, lembrar e cobrar o fato de que essas instituições são bancadas pelos contribuintes. Obviamente que não se trata aqui de retirar das universidades a pluralidade de pensamento, necessária e fundamental para o desenvolvimento de toda e qualquer ciência. Que não venham com inversão dos sentidos semânticos. Sugestão de leitura: A corrupção da inteligência, de Flávio Gordon.

Quem viaja pelo mundo, e mesmo os estudantes bolsistas, se assusta com a qualidade das universidades estrangeiras, principalmente com a ordem interna adotada pelas reitorias. Não há depredação do patrimônio, não há evasivas para não assistir aulas. Professores e alunos produzem e são constantemente cobrados.

Não surpreende, pois, que esses países ostentem altos níveis de ensino e são detentores da maioria dos prêmios Nobel do mundo. Tristemente, o Brasil, pelo seu tamanho e importância, não sabe o que é e qual a importância dessa premiação.

De saída, uma boa medida seria o estabelecimento de um novo teto salarial, que passaria a ter como referência o salário de um professor ou pesquisador universitário, com dedicação exclusiva e no final de carreira. É um parâmetro justo para quem orientou e instruiu nossas autoridades e líderes.

Quando o país passar a adotar esse novo referencial, as coisas vão mudar, com todos voltando a desejar e respeitar a profissão de educador. Antes, contudo, é preciso fazer uma faxina geral nessas instituições, demitindo e jubilando professores e alunos que não fazem jus ao que recebem. Dispensar aqueles que os contribuintes desembolsam para bancar os privilegiados.

Ou é isso ou continuaremos patinando na lama por mais um século, vendendo milho e soja como feirantes do planeta, isso em pleno século XXI.

 

A frase que foi pronunciada:

“Se então um fim prático deve ser atribuído a um curso universitário, eu digo que é o de treinar bons membros da sociedade… É a educação que dá ao homem uma visão clara e consciente de suas próprias opiniões e julgamentos, uma verdade em desenvolvê-los, uma eloquência em expressá-los e uma força em exortá-los. Ensina-o a ver as coisas como elas são, ir direto ao ponto, desenredar um misto de pensamento para detectar o que é sofista e descartar o que é irrelevante ”.

– John Henry Newman, a ideia de uma universidade

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

PS.: A Embaixada de Israel quer saber a razão do título da nota “Atiradores”, na coluna do dia 04/11/2018. Eu não sei porque o título não foi dado por mim.

E mais: os parafusos da chapa são por conta do proprietário do carro. Então acontece isto: ou a chapa é presa com arame, ou o proprietário do carro terá que procurar o Paraguaio para lhe vender seis parafusos, que custam 60 cruzeiros. (Publicado em 04.11.1961)