Curupiras é o que somos

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Criada por Ari Cunha (In memoriam)

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Charge do Cazo

Claude Lévi-Strauss, nascido há exatos 110 anos na Bélgica, embora fosse formado em Direito, Filosofia e Letras, foi com a disciplina de Antropologia que alcançou fama e prestígio mundial. Esteve no Brasil entre os anos 1935 e 1938, onde ajudou a fundar a Universidade de São (USP) e onde ministrou aulas na área de Etnografia, oportunidade em que conheceu e estudou, de perto, algumas tribos do Mato Grosso e da Amazônia.

Apesar do extenso material que produziu ao longo dos seus mais de cem anos vividos, no Brasil esse pesquisador ficou mais conhecido por uma frase a ele atribuída, em que aparentemente sentenciou: “O Brasil é o único lugar que passou da barbárie à decadência sem conhecer a civilização.” De lá para cá, a frase em forma de predição, vem se confirmando com uma constância cada vez mais maior. Cuidamos, com zelo, de começar pelo final, como quem inicia a construção de uma casa pelo telhado, desprezando a importância estrutural do alicerce. São inúmeros os casos que exemplificam esse nosso modo muito sui generis de agir.

Na discussão atual das propostas que visam estabelecer uma chamada Escola Sem Partido, debate-se tudo, da doutrinação de alunos até as questões de gênero, tão cara aos partidos de esquerda, apenas por uma questão estratégica de atrair simpatias, já que nos regimes onde vigoraram esse matiz ideológico, qualquer desvio de conduta sexual era punido com a morte.

Levamos adiante temas com essa complexidade e sutilezas e não nos damos conta que muitas de nossas escolas espalhadas pelo interior do país sequer possuem telhado, ou carteiras escolares. Indagar alunos, que em alguns lugares andam quilômetros descalços para assistir aulas, com o estômago vazio, o que eles acham dessas propostas, chega a ser surreal. Do mesmo modo, quando se vêm casos de feminicídios e de abusos sexuais ou de agressões físicas violentas praticadas a cada minuto contra mulheres de todas as idades nesse país, com os agressores recebendo penas ridículas ou mesmo sendo liberados pela justiça, vemos que ainda temos muito que evoluir.

Por outro lado, o Legislativo aprova leis que aumentam para até quatro anos de detenção para os agressores de animais. Pune-se quem arranca a casca de uma planta medicinal para fazer remédio e nada acontece com quem arranca uma floresta inteira e aterra rios para plantar milho para galinhas. Prendem-se traficantes de animais, mas não traficantes de pessoas e de órgãos. Proíbe-se menores de trabalhar, mas faz-se vista grossa para aqueles que estão soltos nas ruas se prostituindo, usando drogas ou cometendo delitos.

Com isso, andamos com os pés virados para trás, como o Curupira, ou com os pés enviesados como o ex-presidente Jânio Quadros, preocupado com o uso de biquínis e de maiôs nas praias, enquanto as tropas militares já estavam na soleira de sua porta.

 

A frase que foi pronunciada:

“Mocidade vaidosa não chegará jamais à virilidade útil. Onde os meninos camparem de doutores, os doutores não passarão de meninos. A mais formosa das idades ninguém porá em dúvida que seja a dos moços: todas as graças a enfloram e coroam. Mas de todas se despiu, em sendo presunçosa”.

(Palavras à Juventude)

Rui Barbosa

 

Natal Solidário

O Restaurante Carpe Diem (104 Sul), em parceria com o grupo Setec, está arrecadando brinquedos novos e usados, em boas condições, que serão doados à Creche Fale. A instituição, localizada no Recanto das Emas, cuida de centenas de crianças portadoras do vírus HIV. Os objetos podem ser entregues nos pontos de coleta: Carpe Diem (104 Sul), The Room Bar e Lavanderia Acqua Flash, até o dia 21 de dezembro.

Cartaz: facebook.com/CarpeDiemBSB

Outro lado

“Em sua coluna de 12/12, há uma nota sob o título. É Natal. Esclarecemos que não é papel do Sindivarejista a formação de mão de obra para o comércio de entrequadras e shoppings. Fundado há 48 anos, o Sindivarejista reúne hoje 35 mil lojas. Cabe a cada uma delas decidir sobre as formas e metodologia de atendimento envolvendo empregados e consumidores. O sindicato defende o bom atendimento como forma de fidelizar clientes e dinamizar o comércio. Por derradeiro, com todo o respeito, discordamos da coluna quando ela afirma que, no quesito atendimento de lojas, “Brasília é um desastre””. A generalização é um equívoco que pode ser corrigido. A perspectiva é do amigo Kleber Sampaio, assessor de imprensa do Sindivarejista.

 

Escândalo

Segundo ambientalistas que trabalham em áreas remotas e em condições de risco de morte, existe hoje um incentivo velado ao desmatamento para a extração de madeira a baixo custo.

Charge do Amâncio

Arte e Cultura

O Google Arts & Culture, disponível em site e aplicativo (iOS e Android), tem parceria com mais de 1800 instituições culturais de 70 países, que disponibilizam seus trabalhos ao alcance global. São mais de 6 milhões de fotos, vídeos, manuscritos e outros documentos de arte, cultura e história, representados por mais de 7.000 exposições digitais em toda a plataforma. Veja um passeio no Museu Nacional, no blog do Ari Cunha.

Link de acesso: https://artsandculture.google.com/

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

A iniciativa privada está tremendamente prejudicada em Brasília. Precisa do prestígio pessoal do novo prefeito, para que o Congresso aprove mensagem presidencial que está na câmara, isentando do imposto de renda, construções para fins de aluguel. (Publicado em 07.11.1961)

Debates nas eleições

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ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

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Charge: humorpolitico.com.br/amorim
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            Para melhor entender os debates eleitorais que passam a ocorrer em todo o país, inclusive os realizados aqui na capital, é preciso, antes de qualquer coisa, que o eleitor atento as essas discussões encare, de forma crítica, a grande massa de informações, vinda sobretudo das mídias sociais. É preciso concentrar a atenção basicamente naqueles informes que, ao seu ver, fazem uma análise isenta o objetiva sobre cada um desses personagens que ora passam a desfilar seus valores diante de todos.

         Na era da chamada pós-verdade, em que a indiferença acerca dos fatos reais passou a ser uma evidência corrente, capaz inclusive de não modificar a opinião de muitas pessoas, todo o cuidado é pouco. A confirmar esse momento histórico de relativização da verdade, estão os múltiplos exemplos de decepção colhida com a escolha de candidatos que, uma vez alçados ao poder, transformam-se naquilo que sempre foram, dão as costas aos seus eleitores e aos seus reclamos, passando a usufruir, sem remorsos, das possibilidades do cargo, apenas para proveito próprio.

           É sabido também que a arte da mentira, entre nós, sempre foi um meio muito empregado por políticos de todos os matizes ideológicos para sobreviver nesse ambiente e dele colher os melhores frutos. Não é por outra razão que, não só aqui, mas em muitas partes do planeta, verifica-se, por parte dos cidadãos, um forte desencanto com o atual modelo democrático de representação política. Essa situação ganha ainda mais gravidade quando se verifica que muitos candidatos estão envoltos em uma grossa embalagem construída pelo marketing, impossibilitando ao eleitor uma visualização real desse postulante.

         A pós-verdade veiculada até por robôs, acaba impondo, pela massificação de informações a favor de uns e contra outros, um oceano de dados desconexos que, mais do que esclarecer fatos, contribui para criar a confusão na cabeça do eleitor. Há pouco mais de um ano, a prestigiosa revista inglesa The Economist alertava para o que chamava de “fragmentação das fontes noticiosas” em que fofocas, mentiras e rumores, pela velocidade de propagação, acabam contaminando o ambiente e ganhando ares de verdade.

          Nesse sentido, o mais próximo que o cidadão pode chegar da verdade sobre os candidatos e suas propostas é quando acompanha de perto aos debates feitos ao vivo e em que todos estão presentes. Infelizmente nem todos foram convidados, estando atrelados à representatividade dos partidos. Justamente os que pregam mudanças, ou uma nova política.

           É nos debates, principalmente naqueles em que os ânimos estão acirrados e os dedos em riste, que a verdade se insinua. Discussões muito comportadas e demasiadamente respeitosas tendem a camuflar os fatos e iludir os eleitores.

           Sendo a verdade uma pérola rara, ela só pode aparecer no calor das discussões, quando os pretendentes estão quase partindo para as vias de fato. Quando o circo pega fogo, a pós-verdade é a primeira a desaparecer, restando apenas os fatos.

A frase que não foi pronunciada:

“Não trabalho com a miséria, mas com as pessoas mais pobres. Elas são muito ricas em dignidade e buscam, de forma criativa, uma vida melhor. Quero com isso provocar um debate. A nossa sociedade é muito mentirosa. Ela prega como sendo única a verdade de um pequeno grupo que detém o poder.” 

Fotógrafo Sebastião Salgado

Foto: revistaprosaversoearte.com
Foto: revistaprosaversoearte.com

Absurdo

Mortes em silos é uma tragédia facilmente resolvida pela arquitetura. É inaceitável que, com a tecnologia disponível, homens pereçam sufocados em grãos. Dados apresentados pela BBC indicam que os Estados que mais tiveram casos são os mesmos que lideram o ranking de produção de grãos: Mato Grosso (28), Paraná (20), Rio Grande do Sul (16) e Goiás (9). Em 2018, houve mortes em 13 Estados distintos, em todas as regiões do país.

Ilustração: VITOR FLYNN/BBC NEWS BRASIL
Ilustração: VITOR FLYNN/BBC NEWS BRASIL

Outra realidade

A Lei 13.714/2018 é uma ilusão completa. O atendimento pelo SUS é gratuito, qualquer pessoa tem acesso. Agora, criar uma lei onde indivíduos em situação de vulnerabilidade e risco social tenham preferência no atendimento feito pelo SUS foge totalmente à realidade. Isso porque há atendimentos que demoram até 24h para acontecer. A gravidade dos casos dita a ordem do atendimento. Vai continuar assim dentro da precariedade habitual.

Charge: Ivan Cabral
Charge: Ivan Cabral

Reciclar

Depois de receber material eletrônico como descarte o projeto Programando o Futuro cataloga e separa, por fabricante, peso e modelo. A partir daí os aparelhos são consertados e doados para instituições de inclusão digital de todo o Brasil. O coordenador-geral do projeto Programando o Futuro, Vilmar Simion Nascimento, ressaltou que a parceria com o Sesc superou as expectativas.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Quanto ao fato de Jânio voltar, a minha opinião é esta: se isto acontecer, ele terá escrito a comédia, dirigirá a cena, aplaudirá como plateia, e nós, povo, ficaremos no picadeiro, com a cara pintada, nariz suposto, avermelhado, boca alargada com alvaiade, colarinho frouxo e sapato grande demais. Papel de palhaço, finalmente, terá desempenhado o povo e o Congresso. (Publicado em 28.10.1961)

“Postos estão, frente a frente”

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ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

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Imagem: g1.globo.com

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            Num país como o nosso, onde os fatos da História muitas vezes têm tomado ares de pura ficção, ultrapassando essa em imaginação, e onde o realismo fantástico dos acontecimentos ganha tonalidades reais, não chegam a surpreender as notícias de que um prisioneiro incomum, encarcerado por crime comum, apareça na dianteira das pesquisas para o cargo de presidente da República.

      Com as manobras urdidas a partir da própria cela, transformada, sob a complacência da Justiça, em sede de movimentadíssima campanha, o ex-presidente Lula vai lentamente conduzindo seu partido e seu nome rumo às urnas, há pouco mais de 1 mês para as eleições e sob os olhares perplexos de um país inteiro.

          A essa altura dos acontecimentos, muitos passaram a torcer para que a estratégia de esconder o candidato para que ele ressurja vitorioso como uma fênix de dentro da urna seja consumada com sucesso, apenas para dar mais tempero e sabor a essa história surreal. Caso tenha os caminhos desimpedidos pela justiça eleitoral e venha a ser sagrado, mais uma vez, presidente do país, o realismo fantástico dessa façanha possível terá ultrapassado léguas de qualquer ficção, mesmo as mais imaginativas. É justamente essa ausência física, consubstanciada em presença irreal que mais fascina seus eleitores, conferindo, ao pleito insosso, sabores de um conto mágico, bem ao estilo de um Gabriel Garcia Márquez. Para uma nação colonizada com amor e ódio por portugueses, a odisseia do ex-presidente parece nos remeter diretamente à metrópole no ano da graça do Senhor de 1578, quando na Batalha de Alcácer-Quibir, no Norte da África, o rei de Portugal, D. Sebastião, desapareceu sem deixar vestígios, possivelmente morto pelos mouros daquela região.

         O sumiço misterioso do rei e de boa parte de sua tropa criou entre a nação portuguesa um sentimento místico de que esse monarca mártir iria retornar, no momento certo, à terra natal para salvar seu reino das mãos dos espanhóis, que entre 1580 e 1640 uniram as duas coroas sob um mesmo reino. Com isso, foi criada a expectativa de cunho messiânico do retorno de D. Sebastião, conhecido naquela ocasião como Sebastianismo, que pode ser interpretado como um movimento de inconformismo com a situação política vivida por Portugal naquele período.

          Naquela ocasião, muitos prepostos apareceram se fazendo passar pelo rei desaparecido. A maioria encontrou a força como resposta. Essa crença no chamado “rei encoberto”, que viria para redimir o povo português, guardadas as devidas proporções, nos faz lembrar a saga vivida agora por Lula, o candidato encoberto, que promete retornar ao seu palácio, com todas as honras e glórias.

         Ainda hoje, passados muitos séculos, muitos místicos portugueses ainda acreditam no retorno do rei e de seu exército. O mesmo parece ocorrer com os lulistas que ainda acreditam no retorno de seu salvador, perdido no Magrebe de uma cela em Curitiba.

A frase que foi pronunciada:

“A política é quase tão excitante como a guerra e não menos perigosa. Na guerra a pessoa só pode ser morta uma vez, mas na política diversas vezes.”  

Winston Churchill

Charge: Ivan Cabral
Charge: Ivan Cabral

Boas Novas

Satisfeito com a estação experimental de plantios de mandioca, o professor Nagib Nassar convidou autoridades internacionais para conferir, no local, a produção. Causou surpresa ver que apenas uma raiz pesava 30kg. Com essa pesquisa, o fim da fome no mundo está próximo. Veja as fotos no Blog do Ari Cunha.

Grande mulher

Se existe cabo eleitoral familiar forte, pode-se dizer que Rogério Rosso está bem servido. Karina Rosso é anfitriã de primeira linha, sabe defender o marido mais ouvindo do que falando.

Foto: primeirasdamas.blogspot.com
Foto: primeirasdamas.blogspot.com

Faixas

É chegada a hora de reforçar as faixas de pedestres pelo Plano Piloto e demais regiões administrativas. Durante a noite, está bastante perigoso, principalmente com a chegada da chuva.

Foto: mobilize.org.br
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Novidade

Foram criadas, recentemente, duzentas novas autorizações para prestação de serviço de táxi adaptado no DF.

Foto: taxinforme.com.br
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“Eu sou confiável?”

Em tempos de eleições e escolhas individuais e coletivas, de norte a sul do país, é o tema do livro do psicólogo e palestrante Fauzi Mansur, em parceria com a, também psicóloga e escritora, Adriana Kortlandt. Está feito o convite para uma reflexão profunda sobre o tema da autocorrupção. Lançamento em Brasília, na segunda-feira, dia 27, das 18h30 às 22h, no Carpe Diem Restaurante (104 sul).

Imagem: fazeraqui.com.br
Imagem: fazeraqui.com.br

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Há blocos na Asa Norte, onde não há água há vinte dias. O Departamento de Águas e Esgotos, entretanto, não deu a público nenhuma nota explicativa, principalmente sabendo-se que os reservatórios de Brasília têm capacidade para reserva de 90 milhões de litros. (Publicado em 27.10.1961)

As rugas de um país

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ARI CUNHA

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Charge: Dalcío
Charge: Dalcío

         Pelas próximas três décadas, a população brasileira continuará a crescer, atingindo, ao final do ano 2047, 233,2 milhões de pessoas. Daí para frente, o número de brasileiros cairá gradualmente, chegando a se estabilizar em 228,3 milhões de pessoas no ano de 2060. Pelo menos é o que apontam os estudos contidos na revisão 2018 da Projeção de População elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

        Por essas projeções, um em cada quatro brasileiros terá mais de 65 anos em 2060 e é aí que o país terá pela frente que enfrentar novas realidades e novos desafios. Nesse caso, tudo dependerá das medidas que vierem a ser adotadas desde agora, para não haver surpresas desagradáveis e até trágicas quando esse futuro chegar.

        Além da queda média na taxa de fecundidade, haverá paralelamente um aumento na expectativa de vida dos brasileiros, passando dos atuais 72 anos para os homens e 79 anos para as mulheres, para 77 para os homens e 84,5 para as mulheres, em 2060. Com isso, o envelhecimento da população será um fato, com a população com mais de 65 anos chegando a 25,5% da população em 2060. Com mais pessoas idosas do que jovens, a reestruturação total de todos os serviços públicos, incluindo mudanças na infraestrutura das cidades oferecidas à população, será uma necessidade.

        Pelas estimativas do IBGE, a razão de dependência da população atualmente é de 44%, o que equivale a dizer que 44 indivíduos com menos de 15 anos e com mais de 64 anos dependem de cada grupo de 100 em idade de trabalhar. Em 2039, essa razão será de 51,5%, aumentando para 67,2% em 2060. Apenas com base nesses dados ficam patentes que reformas no sistema de previdência e de seguridade social, que até o momento não foram realizadas por questões políticas e eleitoreiras, terão que retornar a pauta, sob pena de simplesmente colapsar todo o sistema, empurrando uma imensa legião de brasileiros para a miséria. De saída, é preciso notar que o envelhecimento da população brasileira poderá acarretar uma redução sensível no Produto Interno Bruto potencial.

         De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), parte do crescimento potencial do país, nas últimas décadas, derivou da força de trabalho que ainda crescia. Com a mudança acentuada desse cenário daqui para a frente, a situação deve se inverter, com o crescimento econômico encolhendo, assim como a força de trabalho e de contribuintes.

         Nesse sentido, os especialistas no assunto recomendam a busca e a exploração por novas fontes de crescimento, como é caso de mais investimentos e de uma forte poupança externa. Questões simples, como a requalificação dessa mão-de-obra mais idosa, terão que ser pensadas, de modo a reinseri-las no sistema. Fora das variáveis econômicas, que são fundamentais, também questões mais simples e que dizem respeito ao dia a dia dessa população mais idosa deverão ser repensadas com urgência, como saúde, mobilidade, segurança, moradia, adaptação das cidades às necessidades específicas desse público, entre outros problemas.

         O século XXI, pelo que já deu para observar, trará desafios ainda maiores para os brasileiros e sobretudo para os próximos governos. Com isso, já é possível mensurar a importância crescente no instituto do voto. Votar agora, de forma esclarecida, em candidatos sérios, é mais do que necessário, é uma questão vital e irá dizer muito sobre nosso próprio futuro.

A frase que foi pronunciada:

“No Brasil de hoje, os cidadãos têm medo do futuro. Os políticos têm medo do passado.”

Chico Anysio

Charge: Ivan Cabral
Charge: Ivan Cabral

Iniciativa

Recebi a informação de Regina Ivete Lopes. Com o troco solidário, o supermercado Comper angariou R$49.698,80. O montante será doado à instituição social Ideias – Instituição de Desenvolvimento da Educação de Ações Sociais. Simples e eficiente!

Imagem: acritica.net
Imagem: acritica.net

Chegue cedo

Dia 31 de julho é dia de conferir a beleza das canções e performance do coral Watoto, de Uganda. O concerto será na igreja Presbiteriana da 313/314 Sul, 19h, entrada franca. Watoto significa criança. O coral é composto por crianças órfãs que perderam os pais com Aids ou em conflitos. O presbítero Toni, Francisco Antonio Oliveira Silva, da igreja Presbiteriana de Brasília, comunicativo como todos os cearenses, conheceu o grupo em Cocalzinho, Goiás. Conversou com os organizadores do evento e depois de reuniões na igreja conseguiu trazer os cantores para Brasília. Depois da apresentação, o grupo colocará à venda produtos promocionais que são parte do sustento para as viagens que fazem pelo mundo.

Luxo

Eram do STF os belos apartamentos do bloco B da SQS 313. Dois apartamentos por andar. Quando presidente, Collor deu a oportunidade para que os ocupantes comprassem o imóvel.

Ainda há tempo

Deputado Izalci Lucas, do DF, em entrevista, diz-se favorável ao voto impresso, auditável. Levantou a simples dúvida: “Se Japão e outros países, com tecnologia avançada, não adotam a urna eletrônica é porque o sistema não atrai, concluiu. É preciso ter a vontade do povo auditável, com transparência, para que não surja nenhum tipo de dúvida, o que não é o caso da urna eletrônica. A questão orçamentária colocada pelo TST não diz respeito ao tribunal, e sim ao Congresso.” Lembra o deputado.

Foto: blogdoeliomar.com.br
Foto: blogdoeliomar.com.br

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Eu não sei se posso dizer isto, mas é provável que no momento em que estejam gravando o jogo no Rio, a TV Brasília esteja transmitindo diretamente a imagem da TV Tupy. (Publicado em 26.10.1961)

Quando os gatos saem, os ratos fazem a festa.

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ARI CUNHA

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Foto: Show em protesto ao fechamento do Balaio Café na 202 Norte (Daniel Ferreira/CB/D.A Press )
Show em protesto ao fechamento do Balaio Café na 202 Norte (Foto: Daniel Ferreira/CB/D.A Press)

       Nos períodos eleitorais, principalmente quando o modelo adotado permite o estatuto da reeleição do mandatário, é comum verificar, durante o afastamento antecipado do chefe do Executivo e de sua equipe para se submeter ao longo processo de campanha, que o governo, como um todo, adentre numa espécie de vácuo, deixando uma sensação geral na população de apagão, onde nada mais passa a acontecer.

          É justamente nesse período de paralisação das atividades do Poder Executivo, com o desmonte temporário das estruturas de fiscalização e controle, que as maiores irregularidades passam a acontecer, quer pela inoperância dos órgãos de governo, quer pelo incentivo dos próprios candidatos, de olho nos votos que o apoio à essas irregularidades podem render.

       Assim, é que é nesses períodos de vazio do poder, que os grileiros passam a agir com maior desenvoltura, invadindo e parcelando terras públicas e alheias, vendendo e negociando livremente até condomínios inteiros sob as barbas dos candidatos oficiais, num claro acinte à toda a sociedade.

         Certos da impunidade e do descaso da justiça, a cidade fica entregue a ação desses malfeitores disfarçados de empresários. Por todo o canto, é possível verificar que é a falta de fiscalização e da punição que acaba servindo como incentivo para espertalhões de todo o tipo. O pior é que as autoridades conhecem esse fato e os delinquentes mais ainda.

         Para a população, só resta assistir inerte as estripulias que vão ocorrendo por toda a cidade. Empresários dos comércios locais aproveitam a oportunidade quando a maré está baixa para espraiar seus negócios, invadindo áreas verdes e outros espaços públicos como calçadas e até estacionamentos, colocando mais mesas, improvisando toldos e cercadinhos. Alguns armam churrasqueiras modernas, em plena passagem de pedestre, onde passam a dourar carnes e embutidos de origem desconhecida e totalmente sem controle das agências sanitárias.

          Nestes estabelecimentos inchados, quem produz os quitutes não conhece a qualidade do que está oferecendo; muito menos os consumidores. Aos poucos, sob o olhar adormecido do GDF, a cidade vai sendo invadida, áreas públicas vão sendo aviltadas, tudo sob o argumento do lucro, que, segundo reclamam, anda baixo. Infelizmente, as invasões o os abusos ao sossego dos moradores não se fazem apenas através das invasões físicas dos espaços, mas do próprio ar na forma de intensa poluição sonora, que passou a ser a marca registrada da cidade, sempre que os fins de semana se aproximam.

           O antigo silêncio é hoje coisa de conservadores e daqueles candangos cansados da labuta. Menos buzinas de dia e liberdade total nos decibéis madrugada adentro. Quando sexta-feira se anuncia, a cidade vira uma grande e ruidosa feira, onde se vende de tudo. Os festejos, regados a muita bebida e a outras substâncias, acontecem a céu aberto, para quem quiser ver. Andar pelas ruas, quando a noite cai, sob as sombras das árvores, virou rotina perigosa. Incrivelmente, o que os moradores das quadras mais tradicionais do Plano Piloto desejam quando o fim de semana chega é que ele acabe o mais rápido possível, de preferência sem acidentes e outras violências já tornadas comuns.

A frase que não foi pronunciada:

“O Brasil que eu quero é com eleitores que tenham orgulho dos políticos que enviarem para Brasília. Eles chegaram aqui pelo seu voto!”

Candango saturado de ouvir maus eleitores xingarem Brasília

Charge: Amarildo
Charge: Amarildo

Aborrecimentos

Novamente, passageiros do aeroporto de Brasília ficaram em polvorosa. Por muito tempo sem informação, os ânimos se acirraram. Mais de 10 voos atrasaram. Soube-se depois que foi problema no radar do aeroporto de São Paulo.

Meu Eixão

Movimento grande terá o encontro no dia 22. Quase 2 mil pessoas já confirmaram presença no evento que começa às 10h, na 108 Sul. Dança, fotos de lambe-lambe, gastronomia. A manhã do domingo promete!

Imagem: facebook.com/events
Imagem: facebook.com/events

Orientação

Com atendimento gratuito, o Centro de Valorização da Vida funciona desde o início do mês atendendo em todo território nacional pelo 188, pessoalmente ou pelo portal, pelo Skype ou ainda por e-mail. É conhecido e respeitado não só para atender pessoas que querem conversar, mas principalmente aqueles que pensam em suicídio.

Imagem: facebook.com/dce.unb
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Enap

Publicado na revista do Serviço Público o artigo de Bruna Ribeiro sobre Gerenciamento de crises no setor público e suas influências sobre a administração: o caso da Operação Voucher no Ministério do Turismo. Teve como objetivo analisar a crise ocorrida em 2011, bem como os impactos positivos e negativos decorrentes sobre a gestão do órgão.

Link para o PDF: Enap lança segundo número da RSP 2018 – Artigo Gerenciamento de Crises no Setor Público

Imagem: enap.gov.br
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Motocicletas

O Brasília Capital Moto Week espera receber mais de 680 mil pessoas. Bem organizado, o evento reúne uma das classes mais amigas da população brasileira: os motoqueiros. Eles viajam e participam de várias iniciativas importantes. Prestam solidariedade e mantém contato em todo o país. O evento é uma pequena amostra dessa união. Vale a visita! Veja algumas fotos no blog do Ari Cunha que tiramos quando estivemos lá.

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HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Está, igualmente, o sr. Oliveira Brito, reestruturando as diversas repartições de seu ministério, para maior rendimento do trabalho. (Publicado em 26.10.1961)

Faltam regras de transparência nas eleições de 2018

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ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

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Charge: Jarbas (redehumanizasus.net)
Charge: Jarbas (redehumanizasus.net)

                   Com o fim do ciclo militar, há mais de três décadas, ficaram pelo caminho importantes e vitais mudanças necessárias para o aperfeiçoamento do sistema democrático. Esse fato, acabou por nos conduzir a um tipo de Estado, que pela falta de transparência, pelos numerosos casos de corrupção envolvendo altos membros dos três Poderes e pelo excesso de mordomias e de gastos suspeitos, ainda está muito distante do ideário democrático imaginado pelos brasileiros.

                 Na realidade, para muitos analistas, a qualidade de nossa democracia, analisada sob o aspecto dos seguidos casos de corrupção, consegue ser ainda pior do que durante o regime militar. Na verdade, o modelo de democracia que temos hoje serve melhor aos políticos e às dezenas de partidos do que à população. Aliás, o imenso distanciamento entre a população e os partidos políticos é um dado que reforça a péssima avaliação de nosso sistema de representação.

            Há, e todos enxergam isso, a formação de um fosso intransponível entre a representação política e a sociedade. A desmoralização dos partidos, mesmo irrigados com bilhões de reais de recursos públicos, é outro dado que mostra claramente que passados todos esses anos, ainda engatinhamos no quesito democracia representativa ao estilo dos países desenvolvidos. Análises contábeis feitas em todos os partidos mostram que a prestação de contas dessas legendas é ainda uma obra de ficção. As auditorias feitas pelo Tribunal Superior Eleitoral, de forma lenta, evidenciam que nas prestações de contas dos partidos, referentes ainda à 2012, ocorrem as mesmas e velhas infrações, como apresentação de notas falsas, contratação de empresas que não existem, além de contratação de empresas ligadas a políticos e à gente do próprio partido.

             Segundo levantamento feito pelo Movimento Transparência Partidária, há cerca de 1.200.000 páginas referentes a eleições passadas pendentes de análise pelo TSE ainda sem data para finalização. Isso acontece porque as próprias legendas pressionaram, em 2006, para que a justiça Eleitoral não processasse essas declarações por um sistema eletrônico, como faz a Receita Federal.

                    Segundo o Supremo Tribunal Federal, os crimes de lavagem de dinheiro, seguidos de corrupção, peculato, crimes contra a Lei de Licitações, crimes eleitorais, formação de quadrilha e falsidade ideológica estão entre os principais crimes envolvendo 108 congressistas da atual legislatura. Pior é que a não adoção de práticas transparentes vem se tornando um fenômeno comum e já atinge todas as 35 siglas que disputarão as eleições esse ano. Sintomático desse descaminho é que mesmo os filiados desconhecem a situação do fluxo financeiro e a qualidade dos gastos dos próprios partidos. No Índice de Confiança Social (ICS) auferido pelo Ibope, os partidos estão entre as instituições com menores avaliações.

                 No nosso modelo de democracia, em que instituições privadas (partidos) são financiadas com bilionários recursos públicos e em que essas siglas são praticamente o único canal de ligação dos cidadãos com a prática política, a transparência se torna uma obrigação inarredável e o seu não cumprimento, conforme as regras, é uma ameaça direta a própria democracia.

A frase que foi pronunciada:

“Talvez o Brasil já tenha acabado e a gente não tenha se dado conta disso.”

Paulo Francis

Charge: sinpefmg.org.br
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Rumo da venta

Rubricas para uso de verba são transitórias. O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, explicou para os contrariados que os recursos podem ser remanejados como o governo priorizar. Talvez essa seja a ponta do Iceberg para compreender o que é um país sem planejamento.

Foto: sinpefmg.org.br
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Novidade

Comitê Gestor do eSocial está adaptando alguns dados que afetarão empreendimentos de todo o país. Com qualquer faturamento, as empresas deverão enviar os informes para a Receita Federal, Caixa e Ministério do Trabalho e Previdência por uma nova plataforma.

Democracia

Começou a costura entre partidos. A mentalidade continua a mesma: conchavos, inimigos viram amigos, composições absurdas, candidaturas duvidosas. O preparo da festa da democracia funciona assim: os representantes do povo convidam para a festa da democracia e nós, como sempre, pagaremos a conta. Aliás, uma conta muito mais alta se não houver a urna para depositar os votos impressos.

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Vale ler

Recebemos do leitor Paulo P. Queiroz um e-book daqueles bons de ler deitado na rede. Com o título “Acre-Doces” a leitura vai escorregando pelas páginas e plantando imediatas lembranças das palavras bem encadeadas. Vale a pena uma visita no portal www.poesiasacredoces.com.br.

Pior que fakenews

É preciso saber o que disse Thales Mendes Ferreira sobre as acusações que recebeu. Esse tipo de escândalo só deveria vir à tona se confirmado, julgado e condenado. É um desgaste injusto e precipitado.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Está o DCT entregue a quem entende. Resta, agora, que os próprios funcionários compreendam que é o momento de se sacudir a repartição. É o momento para se modernizar os métodos obsoletos atualmente em uso. (Publicado em 21.10.1961)