A não moral

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

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Não compactuar com atitudes de desrespeito às leis, regramentos administrativos ou de ofensas às pessoas, principalmente em momento de grave pandemia, conforme diz a nota distribuída pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, seria o mínimo a ser exigido de qualquer cidadão, em qualquer circunstância e, sob qualquer pretexto. Ainda mais em se tratando de um órgão de justiça, que tem como missão precípua: cuidar para o cumprimento fiel das leis.

A nota emitida em decorrência do episódio que mostra, em vídeo, o desembargador Eduardo Almeida Prado da Rocha destratando, de forma absolutamente desrespeitosa e vil, os guardas municipais da cidade de Santos, anuncia ainda, e de forma vaga, que irá apurar a conduta do magistrado rufião. As imagens dizem tudo e, em um mundo dominado pela velocidade e crueza das redes sociais, o caso ganhou repercussão não só no país, mas também em outras partes do mundo, enriquecendo, ainda mais, a coleção de casos esdrúxulos que caracterizam este Brasil inzoneiro.

De fato, o mínimo que se pode dizer de mais esse caso de empáfia, que marca a maioria de nossas elites, é que é uma vergonha ter que assistir cenas dessa natureza, justamente quando se sabe que parte de concidadãos nossos e em momento de grande aflição vivida por todos. O prejuízo que cenas como essa causam à credibilidade de uma justiça já abalada e desprestigiada pelo grosso da população é de tal monta, que, dificilmente, será sanado, enquanto não houver uma punição severa e exemplar que, pelo menos, aplaque a ofensa que causou à coletividade.

Não será uma nota vaga e protocolar que porá uma pedra sobre mais esse acontecimento odioso. A desenvoltura e desfaçatez do desembargador, que enxovalha o sobrenome famoso, formado por farmacêuticos de renome e compositores ilustres, só mostra, desta vez, em som e imagem, o que há séculos vem acontecendo com esse Brasil desigual, onde os poderosos tudo podem e, aos demais, só cabem os rigores da legislação.

A coleção de casos desse tipo, em que a posição hierárquica é também um salvo-conduto ao cometimento de crimes de toda ordem, daria para encher vários tomos de enciclopédias. A instauração da República, com igualdade de todos perante às leis, é ainda uma miragem distante, com os casos que exemplificam essa disparidade acontecendo a todo o momento, e sem uma solução minimamente aceitável.

Situações, como a mostrada agora em vídeo, reafirmam e põem a nu nosso eterno subdesenvolvimento cultural, econômico, social e político. Somos ainda a pátria dos impunes, das carteiradas, do sabe com quem está falando, dos blindados e daqueles que usufruem de imunidades, inclusive para o cometimento de delitos. Muito antes da divulgação e da intenção desse Tribunal, ou mesmo de órgãos como o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) se pronunciarem de forma burocrática e corporativista, a população, de uma opinião quase absoluta, deu seu veredito condenando esse anão moral às penas do desprezo e do desterro, já que, como punição legal, poderá ser castigado com uma aposentadoria, recebendo seu polpudo salário.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Não é a criação de riqueza que está errada, mas o amor ao dinheiro por si só.”

Margaret Thatcher, Primeira-Ministra do Reino Unido de 1979 a 1990

Margaret Thatcher. Foto: britannica.com

 

Saudades

Ontem, relia a coluna do Ari Cunha que completaria hoje 93 anos: Adeus ao eucalipto. “Já no chão, derrotado pelo homem, o enorme eucalipto deu seu adeus à natureza, jogando perfume com toda a majestade, e os galhos trêmulos, na queda, como se despedindo do malvado que o derrubava, como se fosse um aceno. Eram dois. Mandei que o outro ficasse.”

 

Muda já!

No Brasil, foi o lobby quem não deixou passar um projeto de lei que limitava o tempo de espera para atendimento em consultas. Nos EUA, o aplicativo MedWaitTime ajuda os pacientes a terem noção de quanto tempo a consulta vai atrasar. Naquele país, se houver atraso superior a 40 min, o valor da consulta é menor.

Charge do Bruno

 

Inacreditável

Aconteceu no posto de saúde da 612 sul. Uma senhora que trabalha em casa de família chegou para atendimento médico com todos os sintomas do Coronavírus. Foi informada de que deveria voltar à tarde pois, pela manhã, não tratavam desse assunto. Usou o transporte coletivo para o deslocamento novamente. À tarde, abatida, buscou o atendimento. Dessa vez, o remédio prescrito foi para que voltasse para casa e ficasse por lá, “porque não tem o que fazer e nem outro lugar a ir, só se for para um hospital particular.”

 

Para todos

Advogado, magistrado ou parte, que quiser entrar no chat do TJDFT para tirar dúvidas, basta se identificar e enviar a questão. Para mais informações, acesse o link TJDFT cria chat para sanar dúvidas acerca do PJe. Vamos acompanhar se funciona.

 

Atenção!

Bohmil Med avisa que está acabando o prazo para participar do sorteio para ganhar o metrônomo alemão da marca Wittner. Mas, o melhor mesmo, é que o pai do Vademecum da Teoria Musical acaba de lançar novo livro: Ritmo Calculado. Assista o vídeo a seguir.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

O que há com os postes do aeroporto é isto: A SIT fez o serviço de instalação, montagem dos postes e ligação. Quando o Ministério da Aeronáutica mandou os geradores, é que foram verificar que eram trifásicos. (Publicado em 12/01/1962)

As armas e as igrejas

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Foto: Tony Winston/Agência Brasília

 

Desde a antiguidade, é sabido que onde há poder a ser alcançado, haverá disputa. É da natureza humana. Não por outro motivo o poder sempre foi considerado como o principal motor da história. O poder move homens e reinos inteiros, subjuga uns e enaltece outros, ao mesmo tempo que vai produzindo ruínas e colossos pelo caminho.

Se formos em busca das principais forças históricas que, desde sempre, travaram disputas pelo poder, três protagonistas surgem como os mais importantes: o exército ou a força das armas, a religião ou o poder espiritual, e mais modernamente a política ou a arte de negociar o impossível.

Assim como no resto do planeta, o Brasil também vem, ao longo dos séculos, experimentando o protagonismo e as disputas alternadas entre essas três forças em torno do poder e em busca de maior hegemonia. Mesmo as medidas contidas nessa e em outras Cartas Magnas anteriores, visando cercear a atuação de um e outro desses atores, não tem rendido grandes efeitos. Basta constatar que as Forças Armadas e a igreja tiveram participações efetivas em vários momentos da história, quer lutando por direitos, quer simplesmente se colocando contra ou a favor de determinados governos.

Mesmo a laicização do Estado, com a separação entre esse e a igreja, não é seguido à risca. O poder espiritual da Igreja Católica, ou mais modernamente das igrejas, se faz sentir também no campo temporal, relativos às coisas do mundo. É possível até se falar em um certo utilitarismo religioso.

Lembrem o caso da Amazônia e da interferência da Igreja nesses assuntos. Ou a teimosia de alas de muitas igrejas, com relação a temas polêmicos.

A própria formação de bancadas evangélicas no Poder Legislativo demonstram, na prática, essa inter-relação presente e atuante, que desmente a laicidade do Estado. O mesmo vale para as Forças Armadas, chamadas na Constituição de 1988 a ser a guardiã dos poderes nela estabelecidos, sempre tiveram e ainda têm protagonismo político em vários momentos de nossa história, agindo decisivamente em muitas ocasiões. De uma forma até surpreendente, o atual presidente da República, a despeito do que esta constitucionalmente assente, tem tanto em relação às Forças Armadas quanto em relação às bancadas religiosas que o apoiam um certo comprometimento que vai muito além dos impeditivos jurídicos dispostos na Constituição.

Tudo isso demonstra, de forma clara, que essas instituições, tanto armadas como religiosas, são um esteio importante desse governo e de outros no passado. De uma certa forma, as tentativas do ex-presidente Lula buscar uma aproximação com os religiosos, “forçando a barra” ao visitar o papa Francisco, correspondem a esse reconhecimento do poder temporal das igrejas ou mais precisamente do fenômeno da “espiritualização da política”, não como uma ação de busca da luz divina, mas, simplesmente, de busca do poder terreno.

Não se enganem. Para políticos dessa natureza, caso fosse concedida a ventura de encontrar o próprio cálice do Santo Graal, contendo o sangue de Cristo, a primeira e mais rápida providência seria derreter o recipiente de ouro para vendê-lo no primeiro mercado do caminho.

 

 

A frase que foi pronunciada

“Tudo o que pode ser dito ode ser dito claramente.”
Ludwig Wittgenstein, filósofo

Foto: Wikipedia

 

Alegria, alegria!
Você que abriu mão do carnaval, já pode baixar o aplicativo da Receita para a Declaração de Imposto de Renda 2020. Quem tem certificado digital receberá parte do arquivo já preenchido.

 

Final infeliz
Aumentam as reclamações contra o laboratório EMS. Medicamentos de uso contínuo sumiram das prateleiras deixando milhares de pacientes sem alternativa. Nesse caso, o medicamento genérico cloridrato de amilorida mais hidroclorotiazida está fora de circulação. O colírio de Euphrasia também foi abolido. Sem a menor satisfação aos consumidores.

Foto: www.ems.com

 

Outros tempos
Há 42 mil famílias prontas para a adoção e 4,9 mil crianças aguardando um novo lar. No passado, num mundo sem apologia à violência, as mães entregavam a criança na roda dos enjeitados ou a algum casal de amigos que não podia ter filhos, deixavam a criança abandonada num cesto, tocavam a campainha e iam embora. O amor fazia o resto.

 

CyBeR
Saiu a pesquisa da britânica GlobalWebIndex. O Brasil é o segundo país que mais fica conectado às redes sociais. As Filipinas lideram o ranking. A empresa britânica usa os dados para insights impactantes, definição de público-alvo, comparação de mercados globais e várias ferramentas estratégicas.

Ilustração: reprodução da internet

 

História de Brasília

O que acontece é isto: há uma área para embarque e desembarque onde ninguém estaciona. Vai daí o verde-amarelo chega, para ali mesmo, e quem quiser que salte na lama, porque o pátio de desembarque está ocupado pelo carro do governo, que está desorganizando o serviço. (Publicado em 16/12/1961)